Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades é a autocrítica de Alejandro G. Iñárritu

O longa foi exibido no Festival de Veneza e teve uma pré-estreia presencial no Brasil, na seção Perspectiva Internacional da 46ª Mostra SP (Foto: Netflix)

Bruno Andrade

O que parece ser unânime em relação a Alejandro González Iñárritu é que ele nunca se esforça em agradar. Disso surgem virtudes e defeitos: ele pode criar obras originais e autênticas, com refinado valor estético, mas também pode cair no escárnio, na decepção, na epopeia que pode ser o ego de um diretor. Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades parece ser o meio termo entre essas duas situações. Com uma trama que se propõe a traçar a história de um renomado jornalista e documentarista mexicano, Silverio Gama (Daniel Giménez Cacho) – personagem marcado por uma profunda crise existencial –, o longa integrou a seção Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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Cuidado: Aftersun causa enjoo emocional

Cena do filme Aftersun, mostra pai e filha dançando abraçados. Ao fundo, vemos pessoas desfocadas.
Irlandesa radicada em Nova Iorque, Charlotte Wells impressionou Cannes e Toronto antes de trazer Aftersun para vencer a Competição Novos Diretores da 46ª Mostra de SP (Foto: MUBI)

Vitor Evangelista

Trabalhar o conceito da memória na Arte é uma artimanha e tanto. Para evocar o sentimento que viveu há cerca de duas décadas, é atrás das lembranças que vai a cineasta Charlotte Wells na confecção de Aftersun. A trama reflete um episódio experienciado pela irlandesa no fim dos anos noventa: uma viagem de férias à Turquia ao lado do pai, e seu apreço pela imagem como instrumento de ternura e captura do tempo.

A pequena Sophie (Frankie Corio) é a bússola do longa de estreia de Wells, parte da Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e eleito o Melhor Filme pelo Júri com o Troféu Bandeira Paulista. Ao lado do pai Calum (Paul Mescal), ela comemora o aniversário de 11 anos entre o quarto de hotel, a piscina, o oceano e as muitas caminhadas pelo ensolarado país euro-asiático, gravando as aventuras por meio de uma filmadora miniDV.

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Em Triângulo da Tristeza, ricaços escrevem ‘Deus’ com ‘d’ minúsculo e caem em tentação

Cena do filme Triângulo da Tristeza, mostra um homem branco, sarado e sem camisa, tirando uma foto com um celular em posição horizontal. Ao fundo, vemos o céu e está de dia.
Depois de vencer Cannes com The Square, Ruben Östlund repete o feito com Triângulo da Tristeza, exibido na Perspectiva Internacional da 46ª Mostra de SP (Foto: Diamond Films)

Vitor Evangelista

Ruben Östlund não se preocupa em soar presunçoso ou em talhar o discurso com o intuito de mastigar a jugular que atinge. O sueco, que levou para casa sua segunda Palma de Ouro meses atrás, chega em Triângulo da Tristeza num patamar de sátira e escárnio para além do já apresentado em seu currículo no Cinema. Parte da Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, seu premiado filme está interessado em caçoar.

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Nada de Novo no Front: um filme de guerra humanista em que falta humanidade

Cena do filme Nada de Novo no Front. No lado direito da imagem, temos um homem branco não identificado, vestindo blusa preta, touca cinza e uma máscara facial branca. Ele está abraçando o ator Felix Kammerer, um homem branco de expressão triste, vestindo um casaco cinza e um capacete preto. Ao fundo, temos algumas estacas e o resto do cenário está desfocado. A cena acontece durante o dia, mas a foto está tratada em preto e branco.
Na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a nova versão de Nada de Novo no Front, exibida na seção Perspectiva Internacional, mantém a mensagem anti-guerra do material original (Foto: Netflix)

Nathan Nunes 

Nada de Novo no Front é um livro escrito por Erich Maria Remarque, baseado nas suas próprias experiências como veterano alemão na Primeira Guerra Mundial. Publicado em 1929, o texto não demorou a ser transposto para o Cinema, com a adaptação Sem Novidade no Front sendo lançada um ano depois. Dirigido por Lewis Milestone, o longa fez tanto sucesso que venceu o Oscar de Melhor Filme em 1931, consagrando-se como a primeira adaptação literária a conquistar essa honraria, bem como a primeira vitória conjunta da categoria principal com o prêmio de Melhor Diretor. Agora, 91 anos depois, o diretor Edward Berger (Patrick Melrose e Your Honor), em parceria com a Netflix, traz uma nova versão de mesmo nome do material base para o streaming, exibida na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na seção Perspectiva Internacional. 

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15 anos de Na Natureza Selvagem: a felicidade compartilhada com a totalidade do nada

Cena do filme Na Natureza Selvagem. Nela, Alexander Supertramp, um jovem branco de cabelos volumosos e barba, ambos castanhos, está sentado em uma cadeira na frente de um ônibus nas cores verde e branca. Ele veste uma camisa xadrez nas mesmas cores que o ônibus, porém com sujeira mais visível, calça bege e galocha preta. Ele segura um caderno azul aberto, o qual está olhando. Ao redor do ônibus, há plantas e flores na cor rosa.
A adaptação da história de Christopher McCandless por Sean Penn é carregada de significados (Foto: Paramount Vantage)

Guilherme Veiga

Solidão. Substantivo feminino. Estado de quem está só, retirado do mundo ou de quem se sente desta forma mesmo estando rodeado por outras pessoas; isolamento. Solitude. Substantivo feminino. Condição de quem se isola propositalmente ou está em um momento de reflexão e de interiorização. Popularmente usada em oposição à solidão para indicar que estar sozinho não implica obrigatoriamente estar em sofrimento. Associada à alegria de estar sozinho.

Se tudo é algo, então nada é algo. A relação entre preenchimento e vazio sempre bailou mais junta do que se imagina. Por mais que esses dois extremos estejam bastante próximos, a jornada para percepção dessa curta distância é bem trabalhosa. É essa via-crúcis que Na Natureza Selvagem (2007), filme que completa quinze anos em 19 de Outubro de 2022, busca percorrer.

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Família, sangue, vingança e meio século de tradição reunidos em O Poderoso Chefão

Cena do filme O Poderoso Chefão - Família Corleone reunida para a foto oficial do casamento de Connie. A imagem exibe os principais membros da família Corleone. Vemos Don Vito centralizado com um smoking preto ao lado de sua esposa, Carmela Corleone (Morgana King). Do lado direito estão: Sonny (o mais velho), Sandra (esposa de Sonny), as filhas gêmeas de Sonny e Sandra à frente, Michael e sua namorada Kay. Ao lado esquerdo estão: Carmela, Connie Corleone (noiva) e seu marido Carlo Rizzi, Freddo e Tom Hagen. Todos os homens da família Corleone estão trajados de smoking preto, exceto Michael e o noivo Rizzi. Michael está com um terno oficial militar verde e Carlo aparece com uma gravata preta. Todas as crianças estão à frente de seus respectivos pais.
Coppola não poderia ser mais assertivo ao trazer o casamento de Connie Corleone como cartão de visita para apresentar o núcleo das personagens e, ao mesmo tempo, a dicotomia entre família e negócios (Foto: Paramount Pictures)

Gabriel Gomes Santana

Por que você veio até mim antes de ir à Polícia prestar queixas?, disse o grande padrinho, Don Vito Corleone, no início de O Poderoso Chefão. Aclamado pela crítica, vencedor de três Oscars e dono da mais alta charmosidade cinematográfica, o filme de Francis Ford Coppola celebra cinco décadas. Você conhece aquela expressão “old but gold, ou “velho, mas brilhante”? Se encaixa perfeitamente para resumir essa fantástica ascensão de um império americano à moda italiana. Este texto traz como tema central as nuances e razões que fazem da obra algo irrecusável, à frente de seu tempo e referência na arte de expor a máfia nas telonas.

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Exercitando o sonhar, Marte Um mira nas estrelas

Cena do filme Marte Um, a imagem mostra duas pessoas sentadas lado a lado na calçada. À esquerda está um homem idoso, de camisa azul e laranja. À direita está uma mulher adulta, de roupa amarela. Os dois são negros e está de noite.
Longe da corrida de Filme Internacional desde os tempos de Central do Brasil, o país escolhe pela primeira vez um longa dirigido por um homem negro para nos representar no Oscar (Foto: Filmes de Plástico)

Vitor Evangelista

Uma família negra de Minas Gerais navega por um Brasil incerto e nebuloso, afetado pela eleição de um presidente que representa o oposto de quem são. O véu de mundanidade da trama, escrita e dirigida por Gabriel Martins, chamou atenção por onde passou, sendo condecorada em Sundance e em Gramado, chegando, enfim, às portas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que escolheu a obra como a representante nacional na corrida pela estatueta de Melhor Filme Internacional no Oscar 2023.

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10 anos de Valente: a escolha pelo nosso destino só depende de nós

Cena do filme de animação Valente. No centro em destaque há Merida, uma mulher branca, jovem, de estatura média, quadril largo, de longos cabelos ruivos cacheados e bagunçados, ela está vestindo um vestido verde escuro, com pequenos detalhes e um tecido branco bufante nas mangas, preso em um cinto de couro marrom em sua cintura há um suporte com algumas flechas. Ela está em pé e segura uma espada prateada com as duas mãos, seu corpo está movimentando como se jogasse a espada para a esquerda do corpo, e o tecido de seu vestido e seu cabelo acompanham o movimento. Sua feição é de desafio ao proteger o urso preto atrás dela, que é sua mãe Elinor, e está com o corpo rente ao chão presa por cordas grossas, olhando pedindo ajuda para Merida. Ao fundo, à esquerda da imagem, segurando as cordas e algumas armas, há alguns homens, em destaque está Lorde Dingwall, um homem branco, gordo, de braços finos, baixo, de cabelos brancos espetados, ele veste um kilt em tons de verde, ele está em pé, parado olhando Merida. Atrás dele há um homem branco, magro, de estatura média, cabelos castanhos, e usa um kilt vermelho e marrom, ele segura uma das cordas. Ao lado quase saindo da imagem há um homem grande, alto e forte, de pele levemente bronzeada, que usa um kilt e está sem camisa, ele segura uma lança e tem três espadas penduradas nas costas. Todos os personagens estão dentro de um círculo de pedras verticais, mas apenas duas aparecem na imagem, o chão é formado por uma grama baixa e ao fundo há o céu quase noturno e cinzento, com a silhueta de árvores altas, com muito galhos e uma quantidade média de folhas. Tanto Merida quanto o cenário ao fundo são iluminados por chamas amarelas que não aparecem na imagem
“Dizem que nosso destino está ligado à nossa terra. Que ela faz parte de nós, assim como fazemos dela” (Foto: Pixar Animation Studios)

“Nosso destino vive dentro de nós. Você só tem que ser valente o suficiente para vê-lo.”

Júlia Caroline Fonte

Qualquer criança nas últimas décadas, com certeza, em algum momento, sonhou em viver em um castelo e encontrar um príncipe encantado, mas hoje sabemos que as coisas não são bem assim. Há 10 anos, a primeira e única princesa dos estúdios Pixar veio para mostrar isso: Merida (Kelly Macdonald), a corajosa protagonista de Valente, protagoniza uma história empoderadora sobre liberdade e amadurecimento, que mergulha em uma aventura mística e afetiva.

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O Segredo de Brokeback Mountain: um romance infeliz

Cena do filme O Segredo de Brokeback Mountain, na imagem está o casal de protagonistas, Jack interpretado por Jake Gyllenhaal e Ennis, interpretado por Heath Ledger. Jack tem a pele branca, cabelos castanhos escuros lisos e curtos e bigode cheio; Veste camisa social azul escura de um tom quase preto, calça jeans azul escura e seus acessórios são: um anel prata e um chapéu preto. Em seu rosto mantém um sorriso animado e com uma das mãos segura um vidro de Whisky. Ennis tem a pele branca, cabelos loiros curtos, veste camisa social branca, jaqueta bege de lã por dentro e usa calça jeans clara; Seu único acessório é um chapéu bege. Ambos estão sentados em cadeiras dobráveis de cor azul, ao fundo é possível haver uma grande árvore cortada e um pouco de vegetação, no chão tem grama e algumas pedras.
Apaixonante e doloroso. Brokeback Mountain entrega um amor cruel e visceral (Foto: Focus Features)

Thuani Barbosa

Dois jovens cowboys em um trabalho de verão nas montanhas, e nenhum dos dois poderia imaginar o quão alterado seriam seus destinos. O Segredo de Brokeback Mountain é o tipo de filme que surpreende o espectador a cada vez assistida, seja nas paisagens montanhosas que emanam a sensação de vastidão e plenitude, na singularidade de seus personagens, na interpretação impecável do elenco ou na explosão de emoções que chocam o peito de qualquer um. 

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Red: Crescer é uma Fera é uma viagem de volta à época dos tamagotchis e da nostalgia dos anos 2000

Cena do filme “Turning Red'', na imagem a protagonista Meilin Lee faz uma careta divertida, mostrando a língua e piscando um dos olhos, ela é interpretada por Rosalie Chiang. Meilin tem a pele branca, seus cabelos pretos, curtos e lisos, e estão com duas presilhas, seus olhos são alaranjados; Ela veste um cardigan vermelho de lã e usa um óculos de armações finas e prateadas. Ao fundo um céu azul com nuvens brancas e prédios.
Vermelho e boy bands invadiram a sua tela? Esse é Red: Crescer é uma Fera (Foto: Pixar Animation Studios)

Thuani Barbosa

Se você está procurando algo fofo e divertido, mas que tenha sua pitada de realidade e lição de vida, Red: Crescer é uma Fera é o filme certo. Mantendo uma estética focada nos anos 2000, a era dos tamagotchis e boy bands, a animação esbanja fofura, musicalidade e tradição. Lançado em março de 2022, o longa animado faz parte do conjunto de produções da Pixar com a Disney, assim como Luca, Soul e Viva: A Vida é uma Festa. 

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