O nome Selena, além de significar brilho e luz, remete à uma forte influência latina. Quintanilla ou Gomez, duas gerações não tão distantes, mas que representaram e representam toda uma origem. Ambas texanas, nunca deixaram de lado as raízes mexicanas da família. Apesar de uma carreira majoritariamente cantada em inglês, Selena Gomez sempre exaltou sua ascendência mexicana paterna e dessa vez concretizou ainda mais um dos maiores orgulhos de sua vida. Dez anos depois da promessa do disco em espanhol, Revelación finalmente nasceu e está incrível.
Em 21 de março de 2011, a Rede Record de televisão exibiu o primeiro capítulo da adaptação da tão aclamadaRebelde mexicana, que marcou a vida de muitos e chegou a ter sucesso a nível mundial. Muitos dizem que a versão de Anahí e companhia é insubstituível e que o remake fracassou, porém a adaptação brasileira também teve seu sucesso e merece ser melhor lembrada, mas antes de tudo, é preciso algumas contextualizações. Em 2008 a Record TV e a emissora mexicana Televisa anunciaram a parceria, envolvendo a exibição de tramas produzidas no México, além da regravação dessas tramas com roteiro e atores brasileiros. O primeiro reboot feito pela emissora brasileira foi Bela, a Feia, protagonizado por Giselle Itié e Bruno Ferrari, sendo exibida entre 2009 e 2010. Já o segundo é nosso assunto da vez, a queridinha e polêmica Rebelde, escrita por Margareth Boury e dirigida por Ivan Zettel.
O legado na música brasileira não é o suficiente para eu me conformar. Vez ou outra, ainda me pergunto como é que alguém conseguiu convencer o sofrido povo brasileiro de que “viver é melhor que sonhar”. O sentido ensaia desenhar-se segundos depois, quando eu me lembro que quem cantou isso foi a sonhadora que é a concretização da ideia mais pura e completa do que pode vir a ser a vida. Mas mesmo assim, ainda é instigante, já que ela, em toda sua grandiosidade e relevância, ainda acrescenta que “qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa”.
Quer profundidade mais condizente com a maior artista do Brasil do que a que ela mesma cria na obra que conta a sua história de vida, realiza seus maiores sonhos e desmistifica sua própria arte? Muito significado, muita intensidade e muita pulsão de vida: assim foi Elis Regina, e assim foi Falso Brilhante, cuja riqueza era autoexplicativa em 1976 e assim permanece até os dias de hoje – e muito provavelmente, assim será por todo o resto da nossa história.
A cerimônia do Grammy Awards 2021 foi delas. Beyoncé quebrou o recorde de artista feminina com mais gramofones ao receber o prêmio de Melhor Performance de R&B, pela importantíssima BLACK PARADE, somando 28 estatuetas no total. Taylor Swift também quebrou um recorde ao receber o prêmio de Álbum do Ano, por folklore, ao se tornar a primeira mulher com três gramofones na categoria.
Praticamente ninguém saiu de mãos abanando: diferentemente do ano passado, quando Billie Eilish rapou as quatro categorias principais de uma vez – fato que só tinha acontecido uma vez na história até então, em 1981 –, em 2021 assistimos uma diversidade maior de premiados. Eilish levou para a casa a estatueta de Gravação do Ano pela segunda vez consecutiva, e em uma surpresa muito positiva, H.E.R. venceu o gramofone de Canção do Ano, com a tocante e política I Can’t Breathe.
Megan Thee Stallion derrotou as fortes competidoras Doja Cat e Phoebe Bridgers e foi consagrada a Artista Revelação de 2021, de forma muito merecida. A dança da chuva de Lady Gaga e Ariana Grande deu certo e as queridinhas do pop venceram a categoria Melhor Performance de PopDuo/Grupo, se tornando a primeira dupla feminina a alcançar tal feito. E Dua Lipa, que perdeu AOTY, ROTY e SOTYpelo menos pôde levar o gramofone de Melhor Álbum de Pop Vocal para a casa.
Fiona Apple, ao vencer o gramofone de Melhor Álbum de Música Alternativa por Fetch the Bolt Cutters, se tornou a terceira mulher na história a realizar tal feito. Nas categorias Melhor Álbum de Country e Melhor Canção de Rock também assistimos mulheres fazerem história: pela primeira vez mais da metade dos indicados eram artistas femininas.
Porém, competições também dão margem para injustiças: infelizmente alguns grandes nomes não levaram para casa nem um mísero gramofone. É impossível não citar The Weeknd, que nem indicado foi e denunciou a corrupção e racismo dos votantes do Grammy. Mesmo com quatro indicações, a genial Phoebe Bridgers perdeu todas as estatuetas que concorria. Jhené Aiko, Chloe x Halle e Doja Cat, com três cada, também perderam tudo. As talentosíssimas irmãs da banda HAIM também foram embora da cerimônia principal só com os salgadinhos do buffet no estômago.
Pelo menos o quesito apresentação compensou a ida das três irmãs ao Centro de Convenções de Los Angeles. Elas cantaram a excelente The Steps, que concorria a Melhor Performance de Rock. Assistimos também Dua Lipa entregar um eletrizante medleyde Levitating (com o rapper DaBaby) e Don’t Start Now. Taylor Swift, Megan Thee Stallion e Cardi B também apostaram no modelo. A loirinha cantou as suaves cardigan, august e willow, com participação especial de Jack Antonoff e Aaron Dessner. Já a dupla Megan e Cardi colocou todo mundo para dançar com Body, Savage (Remix), Up e a lendária WAP, que ganhou trecho especial com o remix do brasileiro Pedro Sampaio.
Outro representante da América Latina que cantou e encantou no Grammy foi o maravilhoso Bad Bunny, com DÁKITI, que contou com participação de Jhay Cortez. Do outro lado do mundo, os meninos do BTS explodiram o palco com o hitDynamite. Doja Cat não aguenta mais cantar Say So, mas ainda sim entregou tudo em sua apresentação. Harry Styles e Billie Eilish abriram a premiação com performances individuais de Watermelon Sugar e everything i wanted, e os Black Pumas transbordaram talento com Colors.
Também assistimos apresentações de Silk Sonic, DaBaby, Roddy Rich, Anthony Hamilton, Mickey Guyton, Miranda Lambert, Maren Morris, John Mayer, Post Malone, Lil Baby, Tamika Mallory e Killer Mike. E as homenagens para os que já nos deixaram ficaram na voz de Lionel Ritchie, Brandi Carlile, Brittany Howard e Chris Martin.
A Editoria do Persona se reúne num Nota Musical Especial, e comenta os méritos, deméritos, prós e contras dos principais indicados e vencedores do Grammy 2021, em forma de resumão. Falamos das categorias da premiação, chances de vencer, campanhas na imprensa e, no caso de injustiças, quem merecia ter ganho. Fique por dentro do que rolou na premiação mais importante do mundo da música com o Persona.
Em 2016, após seu sucesso como comediante no Porta dos Fundos, a atriz, roteirista e também produtora, Clarice Falcão deu uma pausa nas telinhas para dedicar-se ao seu segundo álbum, Problema Meu. Nessa produção, a cantora pernambucana manteve sua figura fofa e sarcástica, que ficou famosa com seu primeiro álbum, Monomania (2013), onde estreou com um compilado de canções monocordicamente mais acústicas e que contavam as vivências de uma garota loucamente apaixonada. O disco que completa 5 anos em 2021 marcou sua carreira por trazer uma temática que aborda diretamente complicações amorosas, autocrítica e o cotidiano, só que de uma forma totalmente trágica e cômica, do jeito que Clarice sabe e gosta de cantar.
Justin Bieber é o queridinho declarado da música pop, e tirar ele desse posto não vai ser tão fácil. Aos 15 anos de idade, o rostinho já conhecido de vídeos do YouTube deu entrada no mundo da música com seu álbum de estreia, My World. Seu carisma e rostinho adorável de imediato desencadearam uma pandemia fanática ao redor do globo terrestre, que, mais tarde, com o My World 2.0, o consagraria como o mais novo ídolo adolescente.
Uma marca dos anos 2000 foi a introdução do YouTube na indústria da música. Além do grande consumo de videoclipes, a plataforma foi palco para a descoberta do que viriam a se tornar grandes nomes da música, como Justin Bieber e Shawn Mendes. E foi este o berço de Madison Beer, que lança em 2021 seu álbum de estreia, Life Support.
A dona da voz suave e encantadora que nos acompanha em MUSIC FOR THE FELLOW WITCHES OUT THERE é Aurora Aksnes, mais conhecida apenas por AURORA. A cantora, compositora e produtora norueguesa, iniciou sua carreira em 2012 com seu primeiro singlePuppet, mas foi em 2015 que realmente estreou na indústria musical com Runaway, alcançando um milhão de streams no Spotify do Reino Unido, e Runaway with The Wolves, que após seu lançamento disparou nas rádios locais, recebendo atenção principalmente pela BBC Radio. Agora em seu atual projeto, AURORA está complementando sua discografia com o mais novo EP de compilados de sua trajetória.
Às vésperas do Super Bowl LV, The Weeknd lançou o álbum The Highlights. Esse trabalho, como o próprio nome diz, relança ao público as músicas que marcaram a sua brilhante carreira musical. Abel – nome de batismo do canadense – compilou sucessos desde sua mixtapeHouse of Balloons até seu último álbum After Hours, ainda contando com músicas de parcerias grandiosas com Ariana Grande e Kendrick Lamar.
No mês que antecede o evento mais importante da música ocidental, alguns dos grandes nomes do Grammy 2021 aproveitaram para agitar a campanha para a premiação, que acontece no dia 14 de março. A dupla Chloe x Halle vestiu tons frios para Ungodly Hour (Chrome Edition) e para o clipe futurista da canção-título. Dua Lipa juntou novos singles com a tracklist mais famosa de 2020 em Future Nostalgia (The Moonlight Edition).Doja Cat e Megan Thee Stallion comandaram um remix de Ariana Grande, e a banda HAIM cantou mais uma vez – e agora pra valer – com Taylor Swift.
Falando nela, a artista que protagonizou a maior polêmica do mundo pop dos últimos anos iniciou sua volta por cima. Depois de jogar a ***** no ventilador e suscitar uma discussão importante sobre a relação complicada que existe entre direitos autorais, artistas jovens e a indústria musical, Swift alertou que não deixaria barato e que faria o possível para tornar seus trabalhos, que foram vendidos sem a sua permissão, obsoletos, regravando-os. É fato que a cantora de reputation é firme com sua palavra, e assim ela apresentou ao mundo Love Story (Taylor’s Version), anunciando que a nova versão de Fearless, seu segundo álbum, também chegará aos nossos ouvidos em breve.
O maior injustiçado da temporada, por sua vez, brilhou forte em sua performance no intervalo do Super Bowl promovendo The Highlights. A coletânea reforça a relevância e impacto do trabalho de The Weeknd, que não engoliu a desonestidade da Recording Academy. Quem também superou cenários hostis foi Rebecca Black, o assunto da internet e alvo de um episódio de cyberbullying massivo em 2011, que dez anos depois do fatídico clipe de Friday, retorna àquele lugar para um remix da música original.
Ascensão também é uma palavra que se aplica aos artistas brasileiros, que mantiveram a atividade em um fevereiro sem carnaval. Pabllo Vittar voou alto ao interpretar o remix de Man’s World com MARINA e Empress Of. Ludmilla, que sabe pregar o funk como ninguém, colaborou com o trio Major Lazer e ainda encontrou espaço para trazer visibilidade ao grupo baiano ÀTTOOXXÁ e ao artista jamaicano Suku Ward. Luísa Sonza mostrou mais uma vez sua versatilidade num pagode ao lado de Thiaguinho, e Papatinho fez o mesmo ao misturar samba, funk e rap com Seu Jorge e Black Alien.
Já na MPB, celebramos a vida e a carreira de Gal Gosta. Não exatamente como gostaríamos, num show ao vivo lotado de apaixonados por uma das maiores vozes do Brasil, mas da melhor maneira que os moldes pandêmicos podem nos proporcionar, com o disco Nenhuma Dor. Assim como nossa musa, sempre atento e forte, Gilberto Gilse uniu aos seus filhos e netos em Refloresta para fortalecer uma campanha a favor da conservaçãode nosso bem mais precioso.
A notícia triste foi o fim de Daft Punk. Depois de 28 anos de carreira, o duo composto por Guy-Manuel de Homem Cristo e Thomas Bangalter deixa um legado incalculável e uma influência que vai muito além da música eletrônica, lar da dupla. Tudo isso e muito mais sobre as movimentações do mundo da música foi registrado no Nota Musical de Fevereiro pela Editoria e colaboradores do Persona, que dessa vez, além de CDs, EPs, singles, clipes e performances, inventaram de falar também sobre as trilhas sonoras de alguns dos filmes mais importantes do mês.