Vermelho, Branco e Sangue Azul tenta fazer história saindo das páginas impressas

Cena do filme Vermelho, Branco e Sangue Azul, na qual Alex (Taylor Zakhar Perez), à direita, e Henry (Nicholas Galitzine), à esquerda, estão no chão, após derrubarem o enorme bolo branco de casamento do irmão de Henry. Ambos estão com as roupas sociais, rosto e cabelos cobertos de bolo, Henry possui a boca aberta esboçando uma feição desacreditada, enquanto Alex permanece estático, com os olhos arregalados ao seu lado. O chão no qual eles se encontram possui uma tapeçaria vermelha, que está coberta pela doce destruído
Quem poderia imaginar que a queda de um bolo milionário seria a responsável por um romance? (Foto: Amazon Prime Video)

Gabriela Bita

O anúncio de adaptação de uma obra literária para as telas é algo que deixa muitos fãs apreensivos. A aposta da Amazon Studios em Vermelho, Branco e Sangue Azul permitiu que os admiradores do livro homônimo – escrito por Casey McQuiston – respirassem, de certa forma, aliviados ao verem seus queridos personagens ganhando vida. Em pouco menos de duas horas, o filme reconta a história de 392 páginas de Alex Claremont-Diaz e o príncipe Henry.

Na trama, Alex (Taylor Zakhar Perez) é filho da presidente dos Estados Unidos e queridinho da mídia americana, enquanto Henry (Nicholas Galitzine) é um dos príncipes da Inglaterra – amado não só por sua nação, mas também pelo mundo todo – e ambos não se suportam. Após um desastre no casamento do irmão mais velho do membro da realeza, que incluiu um bolo milionário sendo destruído, os jovens precisam manter as aparências para o público e fingir que são amigos de longa data. Conforme se aproximam, a mágoa e ressentimento entre os dois dá lugar a um sentimento novo, confuso e intenso, que pode pôr em jogo a reeleição da mãe de Alex e a vida do príncipe britânico na conservadora corte.

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Há 5 anos, Nasce Uma Estrela despedaçava a figura do caubói

Foto de cena do filme Nasce Uma Estrela. Na imagem, Jackson Maine está no canto esquerdo olhando para Ally que está deitada, com a nuca virada para a câmera e desfocada na imagem. Ele é um homem branco na faixa dos 40 anos, com barba, de cabelos castanhos na altura dos ombros e olhos azuis. Está vestindo uma jaqueta bege com os botões abertos e por dentro uma camisa social preta com o colarinho aberto. Ally é uma mulher branca e está com o cabelo pintado de preto. Eles estão numa balada com luzes vermelhas, ao fundo há figurantes.
A canção Shallow ficou 45 semanas na Billboard Hot 100 (Foto: Warner Bros.)

Davi Marcelgo

Em Nasce Uma Estrela (2018), Jackson Maine (Bradley Cooper) é um astro do country que se apaixona por Ally (Lady Gaga). Os dois constroem uma relação através da Música, que é abalada quando o passado e os vícios de Jack surgem à tona. Além dessa última releitura, a história já foi contada outras três vezes: a primeira em 1937, dirigida por William A. Wellman; a segunda 17 anos mais tarde, estrelada por Judy Garland, de O Mágico de Oz; e a terceira em 1976, protagonizada por Barbra Streisand. Os remakes diferenciam-se principalmente nos cenários, pois, enquanto os outros dois narram ascensão e queda de estrelas de Cinema, os mais recentes são sobre astros da Música.

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Gatos, Fios Dentais e Amassos: Há 15 anos, Angus desaparecia pela primeira vez

 Cena do filme Gatos, Fios Dentais e Amassos. Da esquerda para a direita está Jas (Eleanor Tomlinson), uma jovem branca, de cabelo loiro preso em uma trança. Ao seu lado está Rosie Barnes (Georgia Henshaw), uma jovem branca, loira em uma tonalidade mais clara que a de Jas e com franja. No meio está Ellen (Manjeeven Grewal), uma jovem com ascendência indiana, de cabelo preto longo. Por fim, Georgia Nicolson (Georgia Groome), uma jovem branca, de cabelo castanho escuro e com franja. Todas estão vestindo o uniforme escolar, composto por uma saia xadrez, um casaco verde, um colete cinza, uma camiseta branca e uma gravata vermelha listrada. Elas estão ao ar livre, sentadas na grama.
Se o inferno é uma garota adolescente, Georgia Nicolson está vivenciando seu próprio pesadelo (Foto: Paramount)

Ludmila Henrique

A juventude é um tema indispensável no audiovisual. As inúmeras questões sobre esse momento singular de nossas vidas é, sem dúvidas, um prato cheio de possibilidades para os cineastas explorarem a sua criatividade e levantarem discussões pertinentes a respeito da adolescência, que muitas vezes são desconsideradas no mundo real. Há 15 anos, Gurinder Chadha, diretora renomada por suas adaptações contemporâneas de livros para filmes – como o longa-metragem Noiva e Preconceito (2004), inspirado na literatura de Jane Austen -, retornava às telas do Cinema com o clássico cult Gatos, Fios Dentais e Amassos (2008), filme sobre o amadurecer de uma garota e que marcou uma nova geração de adolescentes. 

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Há 60 anos, Um Dia, Um Gato mudou a história do Cinema

Cena do filme Um Dia, Um Gato. Nela, há uma mulher branca de cabelos castanhos e presos num coque. Ela veste camiseta vermelha e usa batom vermelho nos lábios. Em seu colo, há um gato marrom que usa óculos de sol brancos. A imagem tem baixa iluminação. Ao fundo, há uma cortina verde escura.
No Brasil, o longa-metragem está disponível nos catálogos das plataformas Mubi e Belas Artes à La Carte (Foto: Barrandov Studio/MUBI)

Vitória Vulcano

Considerados animais místicos, os gatos têm um extenso currículo na arte de assumir arquétipos por telhados do mundo todo. Em dado momento do século XX, a fama transbordou e chegou às telas do Cinema tcheco, no qual garras, bigodes e olhos brilhantes se tornaram símbolos cruciais de uma revolução contra a tirania humana. 60 anos atrás, em uma sede de experimentação artística e desalinhamento político, Um Dia, Um Gato proclamou a lúcidos miados que sua fronte imaginativa só pintava e bordava com a devassidão da realidade.

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Lamborghini: O Homem por Trás da Lenda capota na curva

Cena do filme Lamborghini: O Homem por Trás da Lenda. Nela, vemos Ferruccio Lamborghini, interpretado por Frank Grillo, um homem branco, de cabelo preto com topete e barba rala. Ele veste um terno vermelho de veludo, uma camisa branca e um óculos. Sentando em uma cadeira de madeira, ele apoia um cigarro na mão direita, que está segurando um carro de brinquedo na cor vermelha. Ao lado, há um carro de brinquedo na cor azul.
A obra é baseada no livro Ferruccio Lamborghini: La storia ufficiale, escrito por Tonino Lamborghini, filho do fundador da marca (Foto: Lionsgate Films)

Guilherme Veiga

As cinebiografias – ou biopics como também são chamadas – sempre estiveram em voga no Cinema com obras como A Rede Social (2010), Gandhi (1982), Malcolm X (1992) e Fome de Poder (2016). No entanto, os últimos anos se mostraram ainda mais frutíferos para esse gênero e nos entregou várias produções, culminando numa sequência interessantíssima em 2023, que abarcou nomes como Tetris, Blackberry, Flamin’ Hot, Nosso Sonho, Meu Nome é Gal, Mussum: O Filmis, Napoleão, Oppenheimer e Priscilla.

Encostando na traseira desse estilo, as cinebiografias voltadas ao mundo automobilístico aos poucos vem tomando espaço, indo de Rush – No Limite da Emoção, passando por Ford vs Ferrari e checando no recente Ferrari de Michael Mann. Pegando carona nesse hype recente é que Lamborghini: O Homem por Trás da Lenda chega às grandes telas (isso se sua TV for grande o suficiente).

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Qual é o preço do Pedágio?

Cena do filme Pedágio, da diretora Carolina Markowicz. Imagem retangular e colorida. Nela, vemos Suellen, personagem interpretada por Maeve Jinkings, com o ombro escorado na coluna de um pedágio. Suellen é uma mulher branca, de cabelos lisos e olhos castanhos, que usa brincos de argola dourados nas orelhas e veste um colete verde. Ela tem uma feição apreensiva e olha para frente.
Antes de iniciar seu ciclo comercial, Pedágio também teve passagem na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na categoria Mostra Brasil (Foto: Paris Filmes)

Enrico Souto

Vivemos em um país em que os ecos da homofobia, institucionalizada e articulada pelas principais ferramentas de poder, podem afetar até mesmo a relação de uma mãe e um filho na periferia da Baixada Santista. Um discurso que está socialmente arraigado de tal forma, que é capaz de levantar entre eles uma barreira quase intransigível, em nome de uma luta que opera contra seus próprios interesses. Pedágio, filme nacional que chegou aos cinemas em Novembro, assume todas as facetas desse fenômeno, através de uma trama que não poderia irromper de outra forma, que não em um humor tragicamente mordaz. 

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Em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, Miles Morales dá um salto de fé e leva filmes de heróis a outro nível

Cena do filme Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. A cena imita uma página de quadrinhos, a tela é dividida em 4 partes e em cada uma delas há uma versão do homem-aranha mostrando a região dos olhos de cada máscara. Em cima e ao centro há o Aranha-punk, sobre um fundo verde; do lado esquerdo, Miles Morales, com um fundo azul; em baixo, o homem-aranha indiano, com um fundo laranja; e, por último, a direita, Gwen Stacy, sobre um fundo rosa.
Animadores de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso relataram más condições de trabalho (Foto: SONY PICTURES)

Amábile Zioli

Como superar o insuperável? É uma questão que Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson levaram muito a sério ao dirigirem Através do Aranhaverso. Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) aumentou os padrões de produção no mundo dos heróis e estabeleceu metas inalcançáveis para sua sequência, que chegaria aos cinemas apenas em Junho de 2023. 

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Cuidado! Em Abracadabra 2, as bruxas estão de volta – mas só por uma noite

Cena do filme Abracadabra 2. Na imagem, as bruxas Mary, Winifred e Sarah Sanderson aparecem em um palco, iluminadas por um holofote. Mary (Kathy Najimy) é uma mulher de pele clara, com cabelos castanhos, presos em formato de cone, e veste roupas vermelhas e laranjas. Winifred (Bette Midler) é uma mulher de pele clara, cabelos ruivos, e veste roupas verdes. Sarah (Sarah Jessica Parker) é uma mulher branca, de cabelos loiros platinados, e veste roupas roxas.
Que comece o show! As Irmãs Sanderson vão enfeitiçar você (Foto: Disney+)

Laura Hirata-Vale

Salém, Dia das Bruxas e uma noite de lua cheia. Nessa receita de poção mágica, faltam somente dois ingredientes para que as irmãs Sanderson voltem à vida: alguém virgem, que acendesse uma vela de chama escura. Na noite de 31 de Outubro de 1993, dentro de um casebre abandonado, Max Dennison (Omri Katz) faz todos os passos do ritual, achando que nada iria acontecer. Dessa forma, as três bruxas retornam do mundo dos mortos, à procura de crianças e adolescentes para devorar. A história de Abracadabra (1993) termina com Winifred (Bette Midler), Sarah (Sarah Jessica  Parker) e Mary Sanderson (Kathy Najimy) virando pó com o raiar do Dia de Todos os Santos, para a alegria dos protagonistas.

Porém, 29 anos depois, uma nova narrativa começa. Abracadabra 2 traz – de forma nostálgica e musical – as bruxas mais comicamente assustadoras de volta. Cheio de feitiços, piadas e risadas maléficas, o segundo longa homenageia o original, tentando superá-lo, mas não conseguindo. Em uma outra noite de Dia das Bruxas, com a lua cheia brilhando no céu, uma vela de chama escura é acendida. Seria isso um acidente? O que as irmãs Sanderson vão aprontar dessa vez?

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Greve dos Roteiristas: a classe que parou a indústria do audiovisual

Foto da passeata da greve dos roteiristas. Na imagem, há pessoas segurando cartazes retangulares divididos nas cores preta e vermelha. Está escrito “Sindicato dos roteiristas americanos em greve!” e “Sindicato dos roteiristas em greve! hey, CEOs - vocês podem nos pagar de forma justa e ainda serem repugnantemente ricos”. Além disso, atrás desses cartazes há outras pessoas protestando com cartazes relacionados à greve dos roteiristas
A Greve dos Roteiristas refletiu o histórico repetitivo de descaso com os trabalhadores de Hollywood (Foto: Chris Pizzello/The Associated Press)

Amabile Zioli e Guilherme Machado Leal 

Ao assistirmos a uma obra cultural, esquecemos de todo o processo por trás de sua criação. Engana-se quem resume o papel da Arte somente ao conteúdo que ela traz, já que, no final do dia, empresários enxergam filmes e séries como fontes de renda. Ver um conteúdo sendo adiado mexe com o coração dos fãs, mas antes disso, não ter o seu trabalho reconhecido também atrapalha o amor de quem tem o audiovisual como emprego. Afinal, a indústria hollywoodiana foi construída nos moldes da sociedade capitalista e, dessa forma, o dinheiro faz parte desse meio. Por isso, entender as demandas exigidas na greve dos roteiristas, mesmo que ela já tenha sido encerrada, é fundamental para que a conversa sobre o tema seja compreendida da melhor forma, até para blindar um futuro mais sólido para o setor.     

No dia 2 de Maio de 2023, o Sindicato dos Roteiristas da América (o Writers Guild of America ou WGA) entrou em greve. As principais exigências da categoria contra a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), associação comercial que representa os estúdios de Hollywood, eram melhores condições de trabalho e um aumento salarial. A remuneração residual também foi pauta, principalmente no que se refere aos serviços de streaming, que não possuem tanto controle das reproduções quanto as TVs.

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Escrevemos nos muros o que sentimos na Pele

Cena do documentário Pele, de 2021. A imagem mostra um apoio de viaduto, em que a metade inferior possui um grafite de uma mulher deitada, em tons de vermelho, com cabelos pretos. Em frente ao grafite, há uma mulher branca, de cabelos escuros e roupas pretas praticando ioga
No meio de uma avenida movimentada, pode-se achar um momento de calma (Foto: Embaúba Filmes)

Laura Hirata-Vale

O toque pode ser áspero, macio, quente ou gelado. Pode ter uma sensação seca ou hidratada. O maior órgão do corpo humano é a pele e é por meio dela que é possível não só sentir a dor e a temperatura, mas também as conexões se formarem, os pelos eriçarem e os sentimentos se aflorarem. É na pele que escrevemos lembretes, tatuamos frases, desenhos e lembranças. Os muros e as paredes das cidades também passam por um processo parecido: por meio de escritos, desenhos e lambe-lambes, as superfícies das florestas de concreto se colorem, e são aquecidas e resfriadas com o passar do dia. No documentário Pele (2021) – dirigido por Marcos Pimentel, produzido pela Tempero Filmes e distribuído pela Embaúba Filmes – a relação entre o meio urbano, a arte e a manifestação de ideias é explorada de forma simples, musical, cotidiana e cheia de denúncias. 

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