A Longa Viagem do Ônibus Amarelo é guiada por gestos de Cinema

A viagem de Júlio Bressane recupera desde antigos filmes familiares feitos em Super 8 e versões brutas de seus filmes até imagens amadoras feitas durante a pandemia de Covid-19 (Foto: TB Produções)

Enzo Caramori

É incerto se a noite afora, que entrava em um pequeno corredor na rua Augusta, é que invadia uma sala escura com seus barulhos, ou se seria o novo filme do diretor Júlio Bressane que venta e, acima de tudo, uiva. Na sessão de A Longa Viagem do Ônibus Amarelo (2023) na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, algo de misterioso ressoava durante a experiência de quatrocentos minutos, sete horas e variados tempos. O resgate, pelo próprio diretor em conjunto com seu montador Rodrigo Lima, de sua vasta filmografia e de seu acervo íntimo de imagens, instaura uma determinada fantasmagoria do que é, realmente, uma experiência de Cinema. 

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A ode à memória dos Anos do Super 8: Annie Ernaux se lembra

Presente na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo na seção Perspectiva Internacional, Os Anos do Super 8 foi exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes (Foto: Les Films Pelleas)

Vitória Gomez

Um dos nomes mais falados da Arte no momento, Annie Ernaux chegou à 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. A escritora francesa recentemente venceu o Prêmio Nobel de Literatura e, ainda em 2022, estende sua atuação à indústria cinematográfica com Os Anos do Super 8, presente na seção Perspectiva Internacional do festival. Ao lado de David Ernaux-Briot, seu filho e co-diretor, Ernaux torna as fitas caseiras da família, registradas em uma câmera Super 8, um documentário maior do que sua vida, se debruçando sobre a essência da memória e da juventude.

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10 anos de Super 8: uma extraordinária homenagem aos filmes de ficção científica dos anos 70

Fotografia do filme Super 8. Nela estão retratados os personagens principais, seis pré-adolescentes, que ocupam toda a foto. É noite. Eles estão ao ar livre e são iluminados por uma fraca luz alaranjada, vinda de trás da câmera. Em contraste, há uma luz azulada que vem do fundo. Da esquerda para a direita: Preston é interpretado por Zach Mills, que é um garoto branco de cabelos pretos. Ao seu lado está Martin, interpretado por Gabriel Basso, um menino branco, ruivo e alto. Ele usa óculos escuros e um chapéu de época. Em sequência está Alice, personagem da Elle Fanning, que é uma garota branca e loira. Seus cabelos são lisos e estão presos em um coque. Ela usa um sobretudo bege. Um pouco mais à sua frente está Cary, papel de Ryan Lee, um garoto branco, baixo, de cabelos loiros que vão até os ombros. Atrás dele está Joe, interpretado por Joel Courtney, um garoto branco, de cabelos castanhos e lisos. Por último, ao seu lado, está Charles, um menino branco, de cabelos curtos e castanhos. Ele usa uma jaqueta amarela. Todos estão olhando levemente para a esquerda, com expressões preocupadas. Eles têm os rostos cobertos por fuligem.
Super 8 se inspira acertadamente em obras clássicas de Spielberg que retratam a amizade dentro das histórias de fantasia, como Os Goonies e E.T. O Extraterrestre (Foto: Paramount Pictures)

Mariana Nicastro

Ohio, 1979. Joe (Joel Courtney), Alice (Elle Fanning), Charles (Riley Griffiths), Cary (Ryan Lee), Martin (Gabriel Basso) e Preston (Zach Mills) deixavam suas casas a caminho de uma estação de trem antiga. Era uma madrugada de verão. Os seis carregavam consigo a euforia da pré-adolescência, o desejo de gravarem um filme independente e uma câmera super 8. O plano do diretor mirim Charles era capturar boas atuações dos amigos. Se tivessem sorte, um trem ao fundo complementaria o cenário. E foi o que aconteceu. Mas, ao invés de sorte, eles ganharam passagens só de ida para uma aventura inesquecível, ao tornarem-se testemunhas de um enigmático acidente envolvendo a locomotiva em questão. 

Lançada em agosto de 2011 pela Paramount Pictures, Super 8 é uma produção de ficção científica e mistério que chama a atenção desde os nomes de seus realizadores. Escrita e dirigida por J.J. Abrams, e produzida por ninguém mais, ninguém menos, do que Steven Spielberg, a obra entrega de forma excepcional tudo o que se busca ao assistir um filme do gênero. O nome traduz sua essência, já que Super 8 era uma câmera de 8mm muito utilizada para produções cinematográficas até a década de 80. Assim, o diretor não apenas desejava reproduzir a experiência dos filmes de ficção dos seus tempos de criança, como visava homenagear o inventor de muitos deles, Spielberg. 

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