O que você faria se uma estrela de Hollywood entrasse em sua vida enquanto estivesse cumprindo sua simples rotina? Você se exaltaria ou agiria normalmente e até tentaria fazer uma brincadeira casual, sabendo que provavelmente nunca mais se encontrariam? Quando William Thacker (Hugh Grant), dono de uma pequena livraria em Londres, olha através da caixa registradora e vê que a superestrela do Cinema norte-americano, Anna Scott (Julia Roberts), está procurando por livros de viagem, ele não pensa duas vezes antes de escolher a segunda opção. É assim que Um Lugar Chamado Notting Hill começa a ficar interessante.
Com oito histórias que abordam a vivência de pessoas queers, o Estante do Persona deste mês está mais orgulhoso do que nunca! As histórias que serão recomendadas abordam as diferentes camadas do árduo caminho traçado por aqueles que pertencem à comunidade. Para isso, a Redação do Persona separou uma lista especial, com obras que marcaram a vida dos membros após a primeira leitura.
Narrativas ficcionais se tornam confidentes de todo e qualquer leitor, ainda mais se há a possibilidade de se reconhecer nos escritos de um autor. Para as pessoas LGBTQIAPN+, essa identificação possui um objetivo ainda maior: ela auxilia no processo de auto descoberta da sexualidade e mostra como personagens queers podem ser plurais. Entre dramas e romances, as indicações deste mês reforçam a diversidade necessária dentro das páginas de um livro.
Em Junho, o foco é o aprofundamento dos integrantes da comunidade LGBTIQAPN+. As tramas sugeridas não apenas falam sobre representatividade, mas também mostram que que a vida queer não se resume a preconceito e algozes. Antes de toda a dor passada por essas pessoas, há o desejo de viver uma jornada linda. É direito de qualquer pessoa, independente de sua orientação sexual, de se reconhecer em narrativas lúdicas, pois é na Arte que muitos encontram refúgio.
“Se fôssemos os mais durões, os mais fortes, os mais bem-sucedidos, nada poderia nos atingir”. Esse é o mantra no qual os irmãos Von Erich foram criados. Entre a sala de estar, em que o espaço dedicado às armas do pai é protegido por uma cruz pendurada na parede, e o ringue, onde a pressão e a tensão são duas constantes, não há lugar para a vulnerabilidade. É por isso que esses homens encontram refúgio uns nos outros – e é por isso, também, que eles perdem o controle quando infortúnios acontecem e esse apoio não é o suficiente.
Garra de Ferro, terceiro longa do diretor Sean Durkin, é baseado em uma história real. Von Erich é um sobrenome clássico no ramo da luta livre nos Estados Unidos e a trajetória da família iniciou-se na década de 1950, quando o patriarca fez sua estreia no esporte. Apesar de ter traçado uma jornada de sucesso, Fritz Von Erich (nome comercial de Jack Adkisson) não conquistou seu principal objetivo: o título de maior lutador do país. Então, a forma como ele reage a essa frustração é treinando todos os seus filhos para que eles, ao seguirem seu legado, consigam o que nunca pôde quando jovem.
Ambientada em uma visão extremamente colorida do ensino médio, Sex Education sempre ancorou sua narrativa em um ditado simples, mas poderoso: o sexo e toda a ansiedade que o envolve são fundamentais para o senso de identidade de cada adolescente. Ao abraçar sem pudores o potencial didático de sua premissa, cumprindo a promessa provocativa do título em cada um de seus episódios, a quarta e última temporada da série encerra organicamente o ciclo e enfatiza que seu espaço no topo foi conquistado desde o início, o que muitos já sabiam.
“Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável, agradável, afável. E esses são apenas os ‘As’. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.”
— A menina que roubava livros
No universo dos livros, o feminino assume diversas formas e possibilidades. Seja através da histórica objetificação pelos autores homens, do ato de roubar a cena mesmo quando a narrativa é secundária ou da tão sonhada materialização como protagonista, as personagens mulheres sempre trazem um dimensionismo inigualável para as tramas.
Em pleno mês de Março, período em que celebramos o Dia Internacional da Mulher – ainda marcado pelas lutas por direitos iguais em 2024 –, o Persona coloca em destaque as vozes femininas da Literatura atual. Debatendo amor, autoconfiança, gênero, desejos e prazeres, os livros selecionados revelam o melhor das autoras mais influentes do século.
Partindo de romances leves, passando por estreias até obras que trazem perspectivas históricas sobre o feminismo, a Editoria ressalta a batalha por um mundo mais justo no maior estilo girl power. Confira abaixo a nossa curadoria de obras escritas por mulheres que engrandecem o debate nesse mês especial.
Quando o assunto é Cinema, é difícil encontrar alguém que não tenha alguma memória relacionada a ele. Seja por uma trilha sonora que ganhou um lugar especial em nossos corações ou por um enredo que mudou completamente nossa visão de mundo, a Sétima Arte, assim como todas as outras, tem a incrível habilidade de movimentar as emoções do público. É por esse motivo que não deixamos de apreciar obras cinematográficas e, consequentemente, o Persona não deixa de trazer sua clássica lista dos Melhores Filmes do ano.
Essa conexão entre a Arte e a população é, também, um dos motivos pelo qual Hollywood parou em 2023 com a greve dos roteiristas. Más condições trabalhistas prejudicam qualquer criação, inclusive as do audiovisual, e não é preciso se alongar muito sobre como o aperfeiçoamento da inteligência artificial coloca em risco a integridade das obras. Ver o adiamento de produções tão aguardadas foi dolorido, mas os quatro meses de discussão foram essenciais para que o trabalho daqueles que dão vida a essas histórias fosse mais valorizado.
As obras que não foram afetadas pela greve e chegaram ao público, por outro lado, proporcionaram experiências que há muito o Cinema não vislumbrava. Não há dúvidas de que o contraste entre o mundo cor-de-rosa de Barbie e a mente perturbada de Oppenheimer ficará marcado como um dos principais – e mais divertidos – momentos do ano. O border collie Messi foi, de longe, o dono do espetáculo, e fomos presenteados com a melhor atuação da carreira de Emma Stone até então.
O mundo cinematográfico abre diversas portas, e tanto os membros da nossa Editoria quanto nossos colaboradores não pensam duas vezes antes de adentrá-las. As 55 obras que compõem essa lista falam de tudo um pouco: da denúncia de um genocídio aos encontros e desencontros do amor; das ruas de Recife às geleiras dos Andes; da esperança ao horror.
Ao reservar algumas horas para contemplar uma produção audiovisual, não importa se o fazemos com a intenção de nos educarmos sobre um determinado assunto ou se é apenas com o intuito de nos entreter. Criar essa conexão com o Cinema é, citando Scorsese, “algo que, por alguma razão, permanece”. Assim, no Melhores Filmes de 2023 do Persona, você confere todos os lançamentos que permaneceram em nós. Continue lendo “Os Melhores Filmes de 2023”
2023 foi um ano e tanto para a Televisão. Com grandes estreias e adaptações que eclodiram, títulos importantes também nos deixaram com seus últimos episódios. No que diz respeito às premiações, o ano atípico ganhou mais uma reviravolta: o adiamento das cerimônias e produções em prol da justa greve que parou Hollywood. Tradicionalmente, o Persona preparou um compilado com as melhores séries.
Entre as 51 séries selecionadas, Succession lidera o número de menções (8) em primeiro lugar. Logo depois, o apocalipse de The Last Of Us(4) e a cozinha caótica de The Bear (3) aparecem como destaque em meio às favoritas. Na batalha entre streamings, a Netflix assume a liderança absoluta com 16 aparições. Em sequência: Max (7), Amazon Prime Video(6), AppleTV+, Globoplay e Disney+(3), eParamount+(2).
A grande parte das produções são dos Estados Unidos, porém, alguns seriados brasileiros deram a cara por aqui com novelas e minisséries. Dentre elas, Cangaço Novo, Elas Por Elas e Vai Na Fé. Nós sempre acompanhamos as principais premiações da Televisão, o que explica 19 dos títulos escolhidos terem sido indicados ao Emmy de 2023 como The Other Two, Jury Duty e Dead Ringers.
Os realities roubaram a cena em 2023, seja tratando de moda, esporte, namoro ou sobrevivência. Next In Fashion, Casamento às Cegas: Brasil, A Batalha dos 100 e RuPaul’s Drag Race são alguns dos nomes bastante citados. Spin-Offs também marcaram presença forte, como os derivados de Bridgerton e Hora de Aventura: Rainha Charlotte e Fionna & Cake.
A nossa seleção conta com os mais diversos gêneros, com séries para a família toda como o heroísmo de Minhas Aventuras com o Superman e outras um tanto quanto explícitas à la Sex Education. Para além do adeus à família Roy, Maravilhosa Sra. Maisel, Ted Lasso e Barryvão deixar saudade. Abaixo você confere a lista mais que especial das melhores séries de 2023, escolhidas a dedo pela nossa Editoria e colaboradores.
O ato de ouvir Música se tornou tão imprescindível que pode até ser confundido com uma banalidade. Banal não no sentido ruim, mas sim de algo tão essencial, que, por assumir uma parcela gigantesca de nossas vidas, à medida que cresce em escala, não consegue acompanhar o tamanho em definição. Chega um momento em que ele se torna apenas… ouvir Música. Para não cair nesse limbo chamado lugar comum, o Persona retorna com sua já tradicional lista de Melhores Discos.
Se 2023 nos reservou um retorno ao início do século graças à Saltburne Todos Menos Você, aqui focamos essencialmente no que foi criado no ano que passou e, assim como os grandes players da indústria, deixamos o TikTok de lado para embarcar no ato arcaico de se ouvir um álbum de cabo a rabo. O resultado foram 93 produtos que embalaram e deram sentido para o ano.
Não podemos negar que foi o ano de Taylor Swift. Mesmo sem um trabalho de inéditas, o pomposo Speak Now (Taylor’s Version), o agora litorâneo na mesma medida que cosmopolita 1989(Taylor’s Version) e os resquícios de insônia de Midnights – claro, aliados a gigantesca The Eras Tour – serviram para ecoar o sucesso estrondoso que ela calcou. Ainda na ditadura loira do pop, sua pupila Sabrina Carpenter apareceu para o mundo também com obras repaginadas: primeiro, enviando os anexos que esqueceu no corpo do e-mail e, no fim do ano, trazendo um pouco de malícia para o Natal.
Quem retornou de forma inédita foi a rival de Carpenter, Olivia Rodrigo. Após a acidez de SOUR, a artista volta a expor seus sentimentos de uma forma nada ortodoxa: arrancando suas entranhas. O sentimentalismo, dessa vez mais bonito, mas igualmente doloroso, está presente no alinhamento estelar das boygenius, ao mesmo tempo que Mitski declamava todo seu amor para as paredes de um galpão vazio.
Ao longo das 93 obras, temas conversam entre si, mas a homogeneidade é proibida. Troye Sivan e Pabllo Vittar querem festejar, mas enquanto um é a efervescência do durante, a outra é o desejo do pós. Os latinos KAROL G e Bad Bunny falam sobre o amanhã de formas diferentes: ela com esperança, ele com incerteza. Letrux abordava o reino animal e Ana Frango Elétrico se transmuta em feline. Marina Sena se viciava na selva de pedra enquanto Chappel Roan se assustava com os prédios. Jão quer ser cada vez mais superlativo, à medida que Post Malone se recolhe em suas origens. Metallica sente a passagem de tempo, diferente de Kylie Minogue, que nem o vê passar.
Tal cenário só é possível pois a Música e toda sua imensidão atuam como um espaço de diversidade e liberdade, no sentido mais amplo das palavras. E nada mais justo do que celebrá-las no ano de passagem da Padroeira da Liberdade. O Melhores Discos de 2023 é por Rita Lee, que é gente fina na Música e na eternidade.
O último ano foi para a Literatura rico em experimentações. Com obras de gêneros distintos e um movimento de mais espaço para possibilidades, os resultados foram páginas cobertas por amor, descobertas, dores e muito mais do que o sentir pode proporcionar. Assim, chegamos a lista selecionada pela Editoria do Persona, que compõem as escolhas para representar Os Melhores Livros de 2023.
É importante que lembremos que além de propícia para novas ideias, a temporada marcou eventos importantes para a representatividade no meio literário. Em Outubro, tivemos o primeiro indígena eleito como imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL), o autor Ailton Krenak, que assina sucessos como Ideias para Adiar o Fim do Mundo e Futuro Ancestral.
Outro marco foi a presença de autores negros em espaços de reconhecimento. Na Festa Literária de Paraty (Flip) do último ano, o principal nome da programação era o de uma das autoras negras mais faladas do Brasil na atualidade, Conceição Evaristo. Além de discursos essenciais e uma contribuição literária notável, a presença da escritora no evento literário inspira e carrega muito significado.
Muitos centenários também foram comemorados no período, como o de nascimento da autora Wislawa Szymborska, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 1996. Além dela, Eugénio de Andrade (As Mãos e os Frutos), o poeta surrealista Mário Henrique Leiria, o ensaísta Eduardo Lourenço e Mário Cesariny fizeram parte da lista de centenários e foram celebrados.
Entre tantos marcos, fica a esperança de um momento ainda mais doce para o mundo dos livros está por vir. Enquanto isso, você confere a lista dos textos que se destacaram para o Persona no ano de 2023 e aproveita dicas de leitura variadas. Para todas as preferências, fica o gosto de obras plurais e extremamente ricas em cultura, liberdade e a vontade de transformar cada capítulo. Boa leitura!
Em Setembro de 2023, o Estante do Persona se despede de um velho amigo, o amado por muitos, Clube do Livro. Mas a separação não termina um ciclo e, sim, inicia dois novos. A partir desta edição, as nossas publicações seguem caminhos diferentes em busca de um mesmo propósito: expandir os horizontes da Literatura no Persona.
A nossa seleção mensal de dicas literárias continua aqui para atender todos os apaixonados pelos mistérios da escrita e suas óticas, sejam elas encantadoras ou grotescas. Com muito cuidado e caminhando pela pluralidade do espaço-tempo, os membros da Editoria seguem indicando mensalmente obras capazes de despertar mistos de emoção e marcar trajetórias.
Enquanto isso, o Clube do Livro vai reunir nossos leitores e colaboradores em datas mais que especiais para debates impactantes, trocas de experiências e o melhor da aventura que é ler e compartilhar. Nos nossos encontros, agora abertos ao público que nos acompanha, mora o convite para uma oportunidade de vivenciar a livre expressão fora das linhas de um texto corrido.
Agora, como costume bom vira tradição, deixamos títulos selecionados a dedo para quem quer apreciar os doces de uma boa escrita. Nos próximos meses, nossa estante ganha autores novos e muita informação sobre um universo que nunca vai se prender ao limite das páginas.