As Melhores Séries de 2023

Com os mais diversos gêneros e formatos, as séries iluminaram o ano de 2023 (Arte: Aryadne Xavier/ Texto de abertura: Nathalia Tetzner)

2023 foi um ano e tanto para a Televisão. Com grandes estreias e adaptações que eclodiram, títulos importantes também nos deixaram com seus últimos episódios. No que diz respeito às premiações, o ano atípico ganhou mais uma reviravolta: o adiamento das cerimônias e produções em prol da justa greve que parou Hollywood. Tradicionalmente, o Persona preparou um compilado com as melhores séries.

Entre as 51 séries selecionadas, Succession lidera o número de menções (8) em primeiro lugar.  Logo depois, o apocalipse de The Last Of Us (4) e a cozinha caótica de The Bear (3) aparecem como destaque em meio às favoritas. Na batalha entre streamings, a Netflix assume a liderança absoluta com 16 aparições. Em sequência: Max (7),  Amazon Prime Video (6), AppleTV+, Globoplay e Disney+ (3), e Paramount+ (2).

A grande parte das produções são dos Estados Unidos, porém, alguns seriados brasileiros deram a cara por aqui com novelas e minisséries. Dentre elas, Cangaço Novo, Elas Por Elas e Vai Na Fé. Nós sempre acompanhamos as principais premiações da Televisão, o que explica 19 dos títulos escolhidos terem sido indicados ao Emmy de 2023 como The Other Two, Jury Duty e Dead Ringers.

Os realities roubaram a cena em 2023, seja tratando de moda, esporte, namoro ou sobrevivência. Next In Fashion, Casamento às Cegas: Brasil, A Batalha dos 100 e RuPaul’s Drag Race são alguns dos nomes bastante citados. Spin-Offs também marcaram presença forte, como os derivados de Bridgerton e Hora de Aventura: Rainha Charlotte e Fionna & Cake.

A nossa seleção conta com os mais diversos gêneros, com séries para a família toda como o heroísmo de Minhas Aventuras com o Superman e outras um tanto quanto explícitas à la Sex Education. Para além do adeus à família Roy, Maravilhosa Sra. Maisel, Ted Lasso e Barry vão deixar saudade. Abaixo você confere a lista mais que especial das melhores séries de 2023, escolhidas a dedo pela nossa Editoria e colaboradores.

Cena de A Batalha dos 100. Ao centro e em foco está Jan Eun Sil, uma mulher asiática de cabelos pretos; veste shorts e regata cinzas e há uma faixa roxa em seu pulso. Atrás dela estão alguns homens e uma mulher; todos com a mesma roupa que ela. A sua frente está uma escultura de gesso de seu torso.
Jan Eun Sil levou sua equipe para os limites e além na Batalha dos 100 (Foto: Netflix)

1ª temporada de A Batalha dos 100

100 pessoas em seu auge de preparo físico são colocadas em provas extremas de resistência para que se descubra qual tipo de corpo é o mais forte. A Batalha dos 100 é um reality show sul-coreano que foi lançado no início de 2023 e fez bastante sucesso. Os participantes têm variadas idades e portes físicos, e praticam diferentes esportes, sendo obrigados a trabalharem as suas vantagens a seu favor para chegarem à final e levarem o grande prêmio em dinheiro. Além das provas individuais, a batalha também tem provas em equipe, sendo necessário o desenvolvimento de estratégias para combinação de forças. 

Uma das principais coisas que fica clara na série é que nenhum perfil pode ser superestimado ou subestimado. Em alguns momentos do programa, mulheres e participantes menores foram julgados como mais fracos, mas tiveram diversas oportunidades de mostrar o bom uso de sua força física em conjunto com outras habilidades como agilidade e condicionamento. Dois destaques são Euddeum, a atleta que sobreviveu a uma prova intensa de eliminação, e Jan Eun Sil, que liderou uma equipe inteira de azarões dando tudo de si. – Gabrielli Natividade 


Cena da série A Diplomata. Kate Wyler (Keri Russell) e Hal Wyler (Rufus Sewell) estão em cima de uma carruagem. Ela é uma mulher branca e jovem, usando um vestido bege, está acenando para a câmera e sorrindo. Ele é um homem branco de meia idade, está usando um paletó preto, uma camisa branca e uma gravata prateada e tem um sorriso discreto.
Keri Russell é tão versátil na atuação quanto a sua personagem na diplomacia (Foto: Netflix)

1ª temporada de A Diplomata (The Diplomat)

Em tempos de guerra, aliás, guerras, no plural, séries sobre política internacional como A Diplomata devem ganhar destaque. Em meio a uma crise severa entre Reino Unido e Irã,  Kate Wyler, magistralmente interpretada por Keri Russell, é uma diplomata de carreira que acaba de ser nomeada embaixadora norte-americana em Londres. Em meio a conturbada relação com o nada modesto marido, Hal Wyler (Rufus Sewell), ela deve sintonizar as conexões assimétricas entre os EUA e o país europeu.

O seriado de Debora Cahn trabalha com um enorme aprofundamento e desenvolvimento de personagens, a protagonista que sequer está acostumada a ser o centro das atenções tem que adaptar o seu estilo improvisado e versátil, a uma realidade formal e pomposa. Enquanto seu marido, um diplomata famoso, tem que se conformar a ficar em segundo plano. Além deles, personagens como o Premier Britânico (Rory Kinnear) enchem a série de diversos tons de personalidade, enriquecendo cada minuto de tela.  – Guilherme Dias Siqueira


Cena da série Ahsoka, Ahsoka Tano (Rosario Dawson) é uma mulher de pele laranja, e estruturas similares a cabelos brancos com listras azuis, seu rosto tem detalhes brancos e seus olhos são azuis, ela está em uma nave espacial.
Ahsoka Tano tem histórias a serem contadas sobre seu futuro e passado (Foto: Disney+)

1ª temporada de Ahsoka

A saga Star Wars está em boas mãos na direção do talentoso e apaixonado Dave Filoni, a primeira temporada de Ahsoka é a prova de que criatividade e amor à obra fazem toda a diferença. A trama se passa após os eventos do último filme da trilogia original, O Retorno de Jedi. O império galáctico foi derrotado, mas o temido Almirante Thrawn, personagem resgatado da animação dirigida por Filoni, Star Wars Rebels, quer retornar para assumir o trono.

A série tem como protagonista Ahsoka Tano (Rosario Dawson), a aprendiz de Anakin Skywalker que abandona a ordem dos cavaleiros Jedi para seguir seu próprio caminho. Junto dela, está outra personagem vinda das animações, Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo), uma jovem mandaloriana que busca reencontrar um grande amigo do passado. A primeira temporada da série traz um novo fôlego para a franquia se manter no futuro distante e a oportunidade do surgimento de novos fãs. – Guilherme Dias Siqueira


Candy Montgomery (Elizabeth Olsen) fala ao telefone, com uma expressão de preocupação e tristeza.
Amor e Morte entrega uma história complexa, envolvendo um assassinato brutal e a pergunta ‘O que motivou, de fato, tudo isso?’ (Foto: Max)

1ª temporada de Amor e Morte

Nem todo sonho tem um final perfeito“. Essa é a frase que aparece no pôster de Amor e Morte e, de fato, ela resume aspectos intrínsecos da minissérie estrelada por Elizabeth Olsen como Candy Montgomery. Lançada em abril de 2023, a produção da HBO conta a história do assassinato brutal de Betty Gore, em 1980, na tranquila cidade de Wylie, Texas. 

Betty, interpretada por Lily Rabe, é morta com 41 golpes de machado por sua amiga da igreja, Candy, que também é amante de seu marido, Allan Gore (Jesse Plemons). A minissérie oferece ao espectador uma ótica crítica de todo o contexto dos personagens. Participantes dos assuntos da comunidade local, frequentadores da igreja e pessoas tão preocupadas com a imagem de suas famílias se encontram em um triângulo amoroso extraconjugal, que perdura por dois anos até acabar em um assassinato.

Além disso, Amor e Morte possui aspectos visuais interessantes e de acordo com a época como carros, roupas e referências, a exemplo da cena em que Candy e seu marido, Pat Montgomery (Patrick Fugit), assistem ao filme Grease (1978) no cinema com seus filhos.”Nem todo sonho tem um final perfeito“; assim como o ‘caso’ de Candy e Allan, e  as tentativas de Betty de conceber um segundo filho. – Marina Barrelli de Carvalho


Cena da série And Just Like That…. Na imagem temos Aidan Shaw (John Corbett), um homem adulto, branco, de cabelo castanho claro comprido, vestindo uma jaqueta de couro preta. Ao seu lado está Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), uma mulher adulta, branca, de cabelo loiro comprido. Ela está vestindo um sobretudo branco e segurando uma bolsa verde pequena. Eles estão se abraçando e ao fundo temos a paisagem do centro de Nova York.
Seguindo a rotina de Carrie em Nova York, a terceira temporada de And Just Like That foi confirmada pela Max (Foto: Max)

2ª temporada de And Just Like That…

Um ano se passou desde o incidente na vida de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker). A melancolia marcada pelo luto, fixada em quase toda a primeira temporada de And Just Like That…, não é mais avassaladora. A dor não foi deixada totalmente, mas novos ares surgiram, assim como novas roupas, amores e histórias para contar. Tal como o velho ditado, depois da tempestade, sempre vem a calmaria.

Nesta fase do seriado, acompanhamos uma protagonista determinada em retornar aos eixos. Bradshaw emprega seu sentimento no papel e regressa novamente à Literatura, escrevendo seu novo livro sobre perda, algo que ela precisava fazer por ela mesma e também para outras mulheres passando pela mesma condição. Ensinamentos abordados pelo destino e que devem ser enfrentados para seguir uma perspectiva diferente. – Ludmila Henrique


Cena da série A Queda da Casa de Usher. Do canto direito à metade da imagem, há um corvo preto em pleno voo. Abaixo dele, há uma menina negra de cabelos pretos, longos e cacheados morta, deitada sobre um tapete de mosaicos beges. Ao seu lado, há um homem idoso e branco, de cabelos brancos, curtos e lisos, ajoelhado. Ele veste pijama azul claro sobreposto por um roupão cinza, além de olhar para o corvo com tristeza.
Um enigmático corvo ronda recortes simbólicos da trama, que é largamente inspirada na literatura de Poe (Foto: Netflix)

A Queda da Casa de Usher  (The Fall of the House of Usher)

Dos slashers aos thrillers, construir qualquer peça bem executada de Terror requer material, estratégia e trabalhadores experientes. ‘Pau para toda obra’ por excelência, Mike Flanagan gerou seu último projeto em parceria com a Netflix revisitando a arquitetura do gênero assim, como quem edifica uma casa, mas deixando o suprassumo criativo nos escombros que encontramos durante a derrocada de uma dinastia farmacêutica cruel e fascinante. Na série limitada (apenas no formato), cada membro da bilionária família Usher ganha um fim trágico – e conectado ao lado mais nefasto de si mesmos – diretamente da personificação da Morte, papel inesquecível de Carla Gugino. 

Recheado de rostos veteranos nas mãos de Flanagan, o desfile de túmulos arranha de leve a crise dos opioides e o pretexto de ‘ódio aos ricos’, empilhando firmemente os tijolos da roteirização na catástrofe humana como um todo. No telhado da produção, criações de Edgar Allan Poe servem de referência e ainda adquirem releituras. Pelas paredes, a beleza da cinematografia de Michael Fimognari e a magnitude da edição de Brett Bachman fazem de fantasmas, vidros estilhaçados e garras de gatos assassinos inevitáveis para vícios que consomem a alma aos poucos. Ao fim, o chão rompido pela brutalidade – e pelo público, boquiaberto –, é a prova de que estamos diante de uma das melhores confabulações sangrentas do Tudum. – Vitória Vulcano


Cena da minissérie As Pequenas Coisas da Vida. À esquerda, é possível ver a atriz Kathryn Hahn, que faz a personagem Clare Pierce. Ela é uma mulher branca, de cabelos castanhos, e está deitada, coberta por uma colcha verde. À direita, é possível ver a atriz Tanzyn Crawford, que faz a personagem Rae Kincade. Ela é uma mulher negra, de cabelos pretos e olhos castanhos, e está deitada, coberta por uma colcha xadrez laranja, verde e marrom. As duas personagens estão deitadas em um gramado, sobre um cobertor bege.
As relações entre mães e filhas são exploradas durante As Pequenas Coisas da Vida (Foto: Star+)

As Pequenas Coisas da Vida (Tiny Beautiful Things)

Em As Pequenas Coisas da Vida, conhecemos a história de Clare Pierce (Kathryn Hahn), uma escritora que não conseguiu fazer sua carreira decolar. Repleta de emoção e sentimentos, a minissérie mostra os vários conflitos de uma família norte-americana. Tiny Beautiful Things (no original) foi feita pela Hello Sunshine – a produtora cinematográfica e televisiva criada por Reese Witherspoon, que tem como marca contar histórias sobre personagens femininas –, e trouxe, mais uma vez, uma narrativa focada em uma mulher que, ao mesmo tempo, é mãe, esposa, filha e autora.

Baseada no livro Pequenas delicadezas: Conselhos sobre o amor e a vida de Cheryl Strayed, a coletânea de oito episódios foi indicada ao Emmy de 2023 pela atuação da protagonista e de Merrit Wever, que interpreta a mãe de Clare. Cheia de momentos singelos e significativos, As Pequenas Coisas da Vida mostra do que a vida é composta: afinal, o passado afeta o presente que, por sua vez, abala o futuro. – Laura Hirata-Vale


À esquerda, Sally Reed e a direita, Barry. O casal está sentado à mesa de jantar, olhando para frente com expressões vazias. Sally está usando uma peruca de cor castanha e Barry um óculos junto a sua barba rala e grisalha.
Em sua última temporada, Barry confronta sua própria imoralidade (Foto: Max)

4ª temporada de Barry

Após cinco anos, Barry chega ao fim em uma nota fria, dura e irônica. A última temporada encaminha a história ao seu desfecho confrontando as questões morais que foram levantadas pela série até então. A narrativa consegue manter o ritmo acelerado que conversa com a urgência dos acontecimentos e tomar decisões ousadas a fim de firmar as mensagens que a obra quer passar. Os personagens são enfim colocados diante das consequências das suas ações, com muito poucos exemplos de redenção. 

Seus momentos finais a consolidam como uma das melhores produções de Televisão dos anos recentes. Bill Hader provou vez após vez ter o domínio da narrativa ao transitar da Comédia à tragédia com tanta naturalidade. O ator e diretor se arrisca mais e aproxima sua direção ao surrealismo, de modo imersivo para a experiência da audiência. A quarta temporada é mais introspectiva e leva um tom mais sério do que as demais, ainda assim, Barry nunca perde o humor, em grande parte graças ao elenco infinitamente talentoso, capaz de balancear o dramático e o cômico, às vezes, com sutis mudanças de expressão ou intonação e também às articulações visuais conquistadas por trás da câmera. – Giovanna Freisinger


Cena de Caleidoscópio. Em um quadro branco, há planejamentos do roubo com escritas em caneta de diversas cores. Leo Pap (Giancarlo Esposito) se encontra à frente do quadro. Ele é um homem negro, em torno de 50 anos, com cabelo curto, cacheado e grisalho e também com um cavanhaque. Utiliza uma blusa preta de gola alta e manga e tem um relógio em seu punho esquerdo.
A série é uma ótima opção pra quem gosta de de poder escolher como quer assistir (Foto: Netflix)

1ª temporada de Caleidoscópio

Lançada pela Netflix no início do ano de 2023, Caleidoscópio é uma minissérie com oito episódios inspirada na história de um roubo de sete bilhões de dólares durante o furacão Sandy em 2012. Assim como funciona um caleidoscópio – a medida em que gira, as formas são diferentes, mas a essência não –, a série permite que seus primeiros capítulos sejam assistidos de forma aleatória. Cada episódio parte de um período antes ou depois do assalto, o que pode influenciar diretamente na experiência do telespectador.

Tendo como um dos diretores José Padilha, o protagonista Leo Pap, interpretado por Giancarlo Esposito, é quem inicia toda essa jornada, porém, da maneira como cada usuário assiste, a história pode ser interpretada de formas diferentes até o grand finale do último episódio, Título do Episódio. Com um ótimo elenco – Tati Gabrielle, Paz Vega, entre outros –, as relações das personagens entre si, em geral, são os maiores destaques de Caleidoscópio. – Marcela Lavorato


Cena da série Cangaço Novo. Três personagens aparecem centralizados e se abraçando. Todos sorriem. À esquerda, está Dilvânia, uma mulher negra de cabelo curto preto. Ela está usando uma blusa amarela de manga comprida e está segurando, com a mão direita, o braço da personagem Dinorah que envolve Dilvânia. Dinorah aparece no meio dos dois personagens. Ela é uma mulher negra de cabelo longo preto e está usando uma regata rosa. À direita, está Ubaldo. Ele é um homem branco de cabelo raspado e está usando uma camiseta bege.
Cangaço Novo é a decolonialidade em forma de perseguições de carro e brigas sangrentas (Foto: Prime Video)

1ª temporada de Cangaço Novo

Uma boa história está, na maioria das vezes, atrelada à chegada de um interiorano na metrópole. Ubaldo Vaqueiro (Allan Souza) deixou o interior do Ceará quando menino e partiu em direção à São Paulo, cuja monotonicidade cotidiana capitalista paira sobre o ar mais do que dióxido de carbono. Seu trabalho fracassado em um banco, somado à hospitalização de seu pai, criam o terreno perfeito para uma mudança drástica de vida. 

Ubaldo troca o asfalto da capital paulista pelas estradas de terra do Sertão que levantam não só poeira, como também o astral dos acostumados a seguir uma vida regrada e típica da massificação. Ademais, o ex-bancário se torna uma espécie de Robin Hood cangaceiro, já que, ao ser envolvido em uma quadrilha, introduz uma abordagem mais segura e limpa nos assaltos.

Produzida pela O2 Filmes, Cangaço Novo questiona se a transformação do oprimido em opressor seria, de fato, um problema. Em outros termos, a série brasileira desafia a divisão caduca entre bem e mal, além de explorar com valentia as tortuosidades dos comportamentos de seus personagens. A partir de uma violência brutal e de sequências frenéticas de ação, a obra representa a Hollywood que deu certo. – Ana Cegatti


Cena de Carol e o Fim do Mundo. Na imagem, vemos a protagonista Carol, uma mulher branca de cabelos castanhos, numa moto usando um casaco roxo, um vestido azul com flores roxas e amarelas e um tênis branco. No centro da imagem, é possível ver a personagem novamente, mas num tom translúcido, olhando para a direção contrária. No fundo, existem montanhas e árvores esverdeadas.
O equilíbrio entre o hedonismo e existencialismo é presente no cotidiano de Carol Kohl (Foto: Netflix)

Carol e o Fim do Mundo

O mundo está prestes a acabar e, em meio a esta crise pré-apocalíptica, boa parte da população decide aproveitar os seus últimos meses vivenciando tudo aquilo que ainda não foi feito, diferente de Carol Kohl, uma mulher de meia-idade que deseja apenas voltar a uma rotina banal e previsível. A premissa de Carol e o Fim do Mundo, criada por Dan Guterman, questiona de forma irônica noções como a vida, a morte e as conexões humanas.  

Apesar dos poucos episódios, a construção dos personagens é complexa, na qual até mesmo aqueles que são secundários são bem desenvolvidos, proporcionando uma visão diversificada de como diferentes pessoas reagiriam a um mesmo cenário. O humor sutil e a narrativa envolvente oferecem ao espectador uma comovente forma de entretenimento indo além do convencional. – Rebecca Ramos


Da esquerda para direita: Karen Bacic, Valmir Reis, Renan Justino, Ágata Moura, Klebber Toledo, Camila Queiroz, Maria Carolina Caporusso, Menandro Rosa, Daniela Silva, Daniel Manzoni, Bianca Sessa e Jarbas Andrade. 3ª temporada de Casamento às Cegas: Brasil.
A terceira temporada do reality foi dividida em três fases de lançamento, mexendo com a ansiedade do público, e contou ainda com um episódio de reencontro transmitido ao vivo que deu o que falar (Foto: Netflix)

3ª temporada de Casamento às Cegas: Brasil

Essa talvez foi uma das temporadas com mais fofocas e polêmicas de Casamento às Cegas Brasil. Lançada em junho de 2023, a terceira temporada do reality, apresentado pelo power couple Camila Queiroz e Klebber Toledo, deu ao espectador desde o início o melhor em babados, com participantes de personalidade forte e disputas por pretendentes. Para quem gosta de misturar um pouco de futilidade com discussões sobre relacionamentos e amor, vale a pena assistir e se deliciar.

Na fase das cabines, um dos destaques foi o participante Valmir Reis, que deixou uma marca negativa, de ‘mulherengo’, ‘jogador’ e se envolveu em duas ‘tretas’ diferentes com Italo Antonelli e Menandro Rosa – tudo por disputa de participantes, armando verdadeiros triângulos amorosos. Ah, e não foi só nessa fase que Valmir se destacou (negativamente), mas ao longo do reality a sua relação com seu par (Karen Bacic) também foi questionável, com o público e a participante sentindo que foi escolhida como segunda opção. 

Nas outras fases do programa, é possível notar o desenvolvimento dos casais, enfrentando problemas do dia a dia, aproximando o público dos dramas e fofocas que acontecem até mesmo entre o grupo formado pelos seis casais. Como no caso das crises entre Ágata Moura e Renan Justino por conta de inseguranças e ciúmes, ou pelo mau-estar constante entre Maria Carolina Caporusso e Valmir Reis – que teve interesse na participante na fase das cabines. – Marina Barrelli de Carvalho


Cena de Fellow Travelers. Tim e Hawkins, interpretados, respectivamente, por Jonathan Bailey e Matt Bomer, estão sentados na areia de uma praia. Ambos vestem calças sociais cinzas e camisetas sociais brancas, com as barras e mangas dobradas até as panturrilhas e cotovelos. Tim, à direita, está descalço e senta com as mãos apoiadas na areia atrás de si. Hawkins, à esquerda, está calçado, mantendo as mão próximas uma da outra e para frente de seu corpo. Ele olha para Tim, que encara o ambiente à sua frente por trás dos óculos de sol. Atrás dos dois há um grande tronco de árvore e algumas moitas.
Um amor proibido em um tempo de caos, esse é o retrato de Fellow Travelers (Foto: Paramount+)

1ª temporada de Companheiros Viajantes (Fellow Travelers)

Estados Unidos, 1950. No ápice do Terror Lilás dois jovens se apaixonam. Assim se constrói a trama de Tim Laughlin (Jonathan Bailey) e Hawkins Fuller (Matt Bomer) roteirizada por Ron Nyswaner. Em um misto de drama, romance, história e muita emoção, a narrativa cresce cautelosa, pouco a pouco no decorrer dos oito episódios, mesclando o passado e o presente de uma vida de desejos, desafios e inseguranças. O retrato da paixão queer em Fellow Travelers é, apesar de intenso e realista, cuidadoso e delicado e aponta as dificuldades de vivência durante o macarthismo com responsabilidade.

Quem diria que misturar amor, companheirismo e política seria uma das receitas para o sucesso? É possível assistir à produção sem perceber o tempo passar, pois os episódios fluem pela tela com as escolhas de direção de Daniel Minahan, Destiny Ekaragha, James Kent e Uta Briesewitz. Muito bem aceita pelo público, a minissérie conta com um final que possibilita o desenvolvimento de mais uma temporada, ainda que seja apenas para colocar Bailey e Bomer lado a lado, novamente fisgando a todos com sua química fantástica. – Gabriela Bita


A imagem mostra um senhor, de pele negra, cabelos espalhados em todas as direções que causa um ar de bagunçado, com um cavanhaque grande e preenchido sendo grisalhos, olhos num tom amarelo-dourado e que veste uma camisa marrom aberta sob uma regata branca. Ele olha fixamente para algo em sua frente e está sentado sob uma cadeira de rodas, tendo uma pessoa que segura o apoio atrás de sua cadeira. Ele se encontra em um salão.
A continuação da série nacional de 2021 trás novos personagens, uma expansão no roteiro e novos ‘furos’ para comentar – ou talvez preencher em futuros episódios (Foto: Netflix)

2ª temporada de Cidade Invisível

Em 2021, a Netflix trouxe um projeto ousado e interessante: uma série nacional sobre o Folclore Brasileiro. Na prática, mesmo apresentando personagens como Cuca, Curupira, Saci e Boto-cor-de-rosa, Cidade Invisível se mostrava muito mais interessada em usar todo o enredo como peças para contar a história de Eric Alves (Marco Pigossi), policial ambiental e personagem principal. Após muitas críticas sobre a falta de tato ao não escalar profissionais indígenas em número suficiente para a grandiosidade do projeto e o flerte com a apropriação cultural, o seriado retornou para sua segunda temporada focado em criar sua identidade e honrar aquilo que há de mais brasileiro. 

Na nova leva de cinco episódios, o telespectador é apresentado a novas entidades de um modo muito mais direto, com enfoque no norte do país, e toque em pontos de exploração ambiental. Em um cenário novo e com uma nova problemática, o produto surpreende ao trazer uma perspectiva diferente. Com atuações extraordinárias de Letícia Spiller e Zahy Guajajara, o elenco acerta ao abraçar a diversidade, mas deixa uma história já curta com algumas falhas. Resta esperar então uma terceira temporada, sabendo que ainda existe muito a explorar no conteúdo e a recepção segue em alta. – Aryadne Xavier


Cena da série ambientada em um estúdio de gravação, com vários fios de instrumentos, incluindo um piano, uma bateria e microfones. Da esquerda para a direita temos os integrantes da banda, Eddie, usando uma camisa branca florida e calça jeans, Karen Sirko, com uma jaqueta preta, mais à frente temos Billy Dune segurando uma guitarra e com um microfone em sua frente, olhando para Daisy Jones, usando um casaco de pele marrom e também o olhando. À direita, mais ao fundo, Graham Dunne está vestindo uma camisa branca, calça jeans e segurando uma guitarra.
Em Daisy Jones & The Six, descobrimos que nada é mais intenso do que a batalha de ego entre duas estrelas do rock (Foto: Amazon Prime Video)

1ª temporada de Daisy Jones & the Six

Ser uma estrela do rock no auge da década de 1970 era uma experiência inebriante, mas também caótica e complexa. A série Daisy Jones & The Six captura essa dualidade em certo nível, retratando a glória efêmera da fama, a adrenalina dos shows lotados e o lado obscuro do sucesso, permeado por vícios e excessos. Nessa história, Daisy Jones (Riley Keough), uma cantora em ascensão a là Rita Lee e Stevie Nicks, e Billy Dunne (Sam Claflin), vocalista da banda The Six, mergulham em um universo onde a euforia se entrelaça com o drama e a busca pela individualidade se confronta com as expectativas da indústria musical.

Baseada no best-seller homônimo de Taylor Jenkins Reid, Daisy Jones & The Six estreou em 2023, na plataforma de streaming Amazon Prime Video, lançando seus dez episódios semanalmente. Com a inspiração principal sendo a banda Fleetwood Mac e a tumultuada história do álbum Rumours de 1977, a série conquistou 69% de aprovação dos críticos no site Rotten Tomatoes. Além disso, a produção também impulsionou o lançamento do álbum de folk-rock Aurora, uma coleção de algumas das músicas presentes na trama, que já acumula mais de 200 milhões de streams no Spotify.

Como adaptação, a série Daisy Jones & The Six apresenta um saldo positivo. A ambientação é muito bem feita, assim como a trama central do triângulo amoroso entre Daisy, Billy e Camila (Camila Morrone), que se destaca pela atuação de Morrone. A série também acerta ao aprofundar a história de Simone Jackson (Nabiyah Be), enriquecendo a narrativa original, apesar de algumas tramas secundárias, como as de Karen Sirko (Suki Waterhouse) e Graham Dunne (Will Harrison), ficarem menos exploradas. No geral, apesar de algumas mudanças em relação à história do livro terem explicações superficiais e a abordagem sobre o cenário do álcool e das drogas ser suavizada, a produção se destaca como um trabalho redondo e coeso em sua própria individualidade. – Arthur Caires


Cena da novela Elas por Elas. Na imagem está a personagem Helena com cara de chocada, ela é uma mulher branca de cabelos marrons acobreados ondulados. Está vestindo uma camiseta marrom e uma blusa verde militar.
Elas por Elas é o remake da novela homônima de 1982 (Foto: Globoplay)

1ª temporada de Elas Por Elas

Elas por Elas estreou em Setembro de 2023 como folhetim das 18h na programação da Globo. Sob a direção de Amora Mautner, o remake propõe uma narrativa com mudanças substanciais em comparação a versão original, que marca a estreia de Cassiano Gabus Mendes nas telas. Desta vez, o ator retorna para o elenco, a trama é ambientada no Rio de Janeiro e as problemáticas abordadas são tão atuais como o cotidiano de seus novos espectadores. 

Mantendo o humor característico do horário televisivo, personagens como Mario Fofoca (Lázaro Ramos) entregam piadas pertinentes e leveza. Além disso, os elementos e temáticas adicionados, o que vislumbramos com a adoção, protagonismo trans e representatividade em geral, são banhados em suavidade, mas não perdem importância e são levados com consistência. Assim, Elas por Elas é o tipo de regravação que vale a pena, já que mantém essenciais sem precisar ser igual a sua antecessora. – Jamily Rigonatto 


Cena da série Enxame. Nela, a protagonista Dre olha e coloca a mão, admirada, no pôster de uma cantora fictícia chamada Ni’Jah. O pôster é de uma foto da cantora e contém os dados de sua turnê. Dre é preta, tem cabelos liso preto metade preso em um penteado e usa uma camisa colorida vintage. A foto tem cores mais frias e puxadas para o verde, além do granulado como efeito mais retrô.
A filha de Barack Obama, Malia Obama, faz parte da equipe de roteiristas de Enxame (Foto: Amazon Prime Video)

1ª temporada de Enxame (Swarm)

Até onde um fã vai pelo seu ídolo? Guiado por essa frase, os criadores Donald Glover e Janine Nabers decidem sair do óbvio para entrarem em uma viagem longa dentro dos instintos mais selvagens de Dre (Dominique Fishback), uma protagonista excêntrica e completamente apaixonada por Ni’Jah (Nirine Brown). Nessa sátira, todas as semelhanças não são meras coincidências e a linha entre realidade, fantasia, idolatria e ficção se fundem em uma narrativa cheia de reviravoltas, paixão, sangue e Billie Eilish

Com um roteiro genial e usufruindo de referências muito inteligentes que servem um prato cheio para os amantes da cultura pop e das fofocas dos famosos, assistir Enxame é uma verdadeira experiência. Aqui, independente do tamanho da colméia ou da quantidade de abelhas, Glover e Nabers provaram que não possuem medo das ferroadas. – Clara Sganzerla


Cena de Este Mundo Não Vai me Derrubar. Na imagem está o protagonista Zerocalcare. Ele é um homem branco de cabelos pretos curtos e um pouco calvo, veste uma camiseta preta com o desenho de uma caveira branca. A cena representa um interrogatório, por isso, há uma lâmpada apontada em seu rosto, que parece tenso. A animação tem tons sóbrios.
Este Mundo Não Vai me Derrubar é a dose de melancolia animada que todo mundo precisa ver (Foto: Netflix)

1ª temporada de Este Mundo Não Vai Me Derrubar

Este Mundo Não Vai me Derrubar é a segunda série que adapta os quadrinhos do cartunista italiano Zerocalcare. Desta vez, ao contrário do que vemos em Entrelinhas Pontilhadas, o enredo foca em um evento que aconteceu no bairro periférico que Zero, o protagonista, vive desde a infância: uma tensão entre um grupo xenofóbico e nazista contra os novos moradores imigrantes que se mudaram para um dos prédios da região. 

Envolvido por um interrogatório policial, o personagem mergulha em flashbacks que remontam a sua chegada até essa situação, o envolvimento com o caso dos vizinhos e as relações interpessoais e sociais do contexto. Novamente, mantém-se o humor mais que sarcástico e, principalmente, as reflexões profundas que inebriam até mesmo os telespectadores. Em nuvens acinzentadas de escolhas e retratos, Este Mundo Não Vai me Derrubar é um reflexo bem desenhado da vida. – Jamily Rigonatto


O grupo de nove amigos (Ciro, Ruth, Ribeiro, Irene, Silvio, Álvaro, Neto, Célia e Norma) posa sorrindo em frente a um mural de flores brancas. Todos vestem trajes sociais e a personagem Célia, ao centro, está vestida de noiva e com uma tiara de coroa.
Fim foi um dos grandes sucessos de audiência do Globoplay em 2023 (Foto: Globoplay)

1ª temporada de Fim

Você já viu algo que vem da Fernanda Torres ser menos do que excelente? Criada e escrita pela própria, baseada em seu livro homônimo, Fim não somente não podia ser diferente, como também supera expectativas. Além da trama cativante, acompanhada de uma ótima direção por Andrucha Waddington e Daniela Thomas, o elenco de peso conta com grandes nomes do audiovisual brasileiro, que entregam performances hipnotizantes, por vezes devastadoras. Entre os atores que compõem o grupo principal estão Marjorie Estiano, Fábio Assunção, Débora Falabella e Emílio Dantas.

A série contempla as fases da vida e como as relações interpessoais se moldam e alteram com o passar do tempo. O enredo acompanha um grupo de amigos cariocas durante os grandes marcos da vida adulta – como casamentos, filhos, divórcios e doenças –, até a nossa única certeza: a morte; brincando com o passado e o presente ao contar essas histórias de forma não linear. Assim como a vida real, Fim é repleta de momentos para rir e para chorar. O espectador é levado a experienciar a passagem do tempo junto aos personagens, cada um inserido no caminho que traçou para si. – Giovanna Freisinger


Cena da Série Foundation. Ao centro está o ator Lee Pace, que interpreta o irmão Dia. Ele é um homem branco de meia idade. Está vestindo um colete trançado prata com transparência. Ao seu lado está Laura Birn, que interpreta a robô Demerzel. Ela é uma mulher branca, loira de meia idade com seus cabelos presos em um rabo de cavalo. Está usando um vestido com várias dobras simétricas e futuristas. Ao fundo está uma sala escura reflexiva onde passam raios de luz. Ambos estão em pé olhando para frente, sérios.
Foundation é uma adaptação dos livros de Isaac Asimov (Foto: Apple TV+)

2ª temporada de Foundation

Foundation nasceu como uma obra ambiciosa e deslumbrante. Mas mesmo com investimentos milionários, é preciso um pouco de loucura para aceitar o desafio de adaptar a complexidade espaço-temporal que Isaac Asimov propôs em seus livros. E, com louvor, a Apple TV+ conseguiu novamente fazer com que a teoria e tecnologia sejam só ferramentas na narrativa, ofuscadas pelos enredos emocionantes e calorosos que os atores interpretam.

Saltando 100 anos à frente, a nova temporada mantém todo suspense e mistério do império galáctico regido pelos clones Cleon. Dificilmente imaginamos como novos personagens poderiam agregar à narrativa quando sequer puderam desenvolver os antigos. Entretanto, felizmente, tomam todo protagonismo e elevam os níveis nessa segunda etapa, deixando ânsia pelas consequências que virão e preenchendo a falta que fizeram em sua estreia. – Henrique Marinhos


Cena da série Gen V. Nela, na esquerda, há Jordan, jovem não-binárie, amarele, de cabelos curtos, pretos e lisos. Elu usa uma corrente prateada, um moletom preto e calças pretas, além de carregar uma expressão de surpresa no rosto. Sua mão esquerda está posicionada sobre seu peito, segurando a mão de Marie, uma mulher jovem, negra, de cabelos longos e pretos, presos em tranças. Ela veste um cropped preto de mangas curtas e calças brancas com manchas pretas, além de esticar seu braço direito em direção ao peito de Jordan. Ao fundo, o pátio de uma universidade.
Sucesso instantâneo de público e crítica, a primeira leva da série tem o brasileiro Marco Pigossi no elenco e potencial de sobra para aparecer entre os indicados ao Emmy 2024 (Foto: Amazon Prime Video)

1ª temporada de Gen V

No vale dos super-heróis, o Amazon Prime Video se despediu de 2023 em grande estilo ao realizar o parto dos descendentes de The Boys. Em Gen V, sangue, lágrimas e até ciência entram no roteiro para recepcionar a primeira geração de jovens patenteada pelo Composto V a ganhar voz e espaço nas telas. Ao longo de oito episódios niveladíssimos, o grupo de protagonistas não só lida com as consequências da descoberta da origem de seus poderes, como passa a construir sua posição tanto no jogo de interesses coordenado pela Vought Internacional quanto na selva de emoções, hormônios e mudanças típica da adolescência.

Desenvolvido pelo mesmo trio de criadores da série original, o spin-off pega emprestado o uso já conhecido de sarcasmo autocrítico e violência gráfica para potencializar seus conflitos – guardando as cartas na manga para certos subtextos. Enquanto faz seus efeitos especiais e trilha sonora coadjuvantes essenciais, a trama introduz ao universo momentos quase inéditos de delicadeza e sensibilidade, projetados por showrunners mulheres muito bem-vindas à equipe. 

Reunindo os destaques Jaz Sinclair, Emma Meyer e London Thor, o núcleo de atores também brilha em cada reviravolta da história, mas especialmente ao mergulhar em questões de gênero, etnia e sexualidade. Após unir o inesperado ao perverso, dialogando com diversos dramas contemporâneos, Gen V não exala nenhuma prepotência juvenil ao deixar a rebeldia guiar sua humanidade e, assim, preparar a nova fase de The Boys ao lado de seu próprio futuro. – Vitória Vulcano


Cena da série Gêmeas - Mórbida Semelhança. À esquerda, vemos uma mulher branca, com cabelo pretos lisos e longos, aparentando cerca de 40 anos, vestindo uma jaqueta preta com detalhes brancos. À direita, vemos uma mulher branca idêntica, com cabelo pretos lisos e longos, aparentando cerca de 40 anos, vestindo uma camisa vermelha. As duas estão à frente de um espelho, olhando suas próprias imagens.
Uma Rachel Weisz é boa, duas é ainda melhor (Foto: Prime Video)

Gêmeas – Mórbida Semelhança (Dead Ringers)

Nem todo filme precisa virar série, mas que bom que Gêmeas – Mórbida Semelhança o fez: com Rachel Weisz em dobro, o remake do longa de David Cronenberg muda o gênero dos protagonistas para tornar o body horror ainda mais amedrontador. Ao invés de ginecologistas que dividem tudo, as irmãs Mantle (ambas interpretadas por Weisz) são obstetras obcecadas com revolucionar a gestação para mulheres, mesmo que isso signifique quebrar (muitas) regras no caminho.

Indicada ao Globo de Ouro e esnobada pelo Emmy pela sua performance dupla como Beverly e Elliot Mantle, Rachel Weisz alterna de papel tão facilmente quanto Tatiana Maslany fazia em Orphan Black. Mesmo quando as gêmeas idênticas trocam de lugar, é impossível confundi-las tamanha personalidade que Weisz imprime em cada uma. Com um roteiro afiado e um desfecho de deixar qualquer um doido, Dead Ringers (no original) é a exceção à regra dos remakes e engrandece a obra original. – Vitória Gomez


Ginny (Antonia Gentry) sentada no chão, no corredor da Wellsbury High School, ao lado de Marcus (Felix Mallard).]
Na segunda temporada de Ginny & Georgia, vemos personagens mais maduros e reais, aproximando o público e provocando empatia (Foto: Netflix)

2ª temporada de Ginny&Georgia

Sabe uma daquelas séries que chamamos de guilty pleasure? Pois é, a primeira temporada de Ginny & Georgia foi basicamente isso. Cheia de dramas adolescentes bobos, mas que nos deixam curiosos para continuar assistindo a trama se desenrolar. Porém, a segunda temporada, lançada em 2023, mudou esse cenário e tornou a série mais madura e interessante – e sem serenatas aterrorizantes de sapateado.

Após as revelações que Ginny (Antonia Gentry) tem sobre o passado da mãe, Georgia (Brianne Howey), no fim da primeira temporada, vemos uma adolescente revoltada e sem amigos após uma briga que a afastou do grupo de sua escola. No entanto, diferente de sua versão infantil e dramática, na segunda temporada, a protagonista decide encarar as crises e até começa terapia com incentivo de seu pai, Zion (Nathan Mitchell).

Como um todo, a série parece amadurecer: personagens falam abertamente sobre questões sérias, como discriminação racial, sexismo, saúde mental e problemas em estruturas familiares. E claro, as fofocas edificantes continuam, como a relação de Marcus (Felix Mallard) com Ginny; a amizade rachada de Maxine (Sara Waisglass), Norah (Chelsea Clark) e Hunter (Mason Temple) com Abby (Katie Douglas); e Ginny e as mentiras de Georgia se tornando cada vez mais elaboradas. – Marina Barrelli de Carvalho


Cena da série Loki. Na imagem, Loki, interpretado por Tom Hiddleston, está olhando para frente, com os olhos marejados e o rosto melancólico. Ele é um homem adulto, de pele branca e olhos claros, cabelos no comprimento dos ombros e de cor escura. Está usando uma coroa na cabeça. A imagem está dando um close-up no rosto de Loki. O fundo é na cor verde escura e toda imagem tem um filtro esverdeado.
A segunda temporada de Loki é o fim do anti-herói na TVA (Foto: Disney+)

2ª temporada de Loki

E quando o seu propósito é falhar ou a conquista não for celebrada? A primeira temporada de Loki deu ao anti-herói favorito do MCU um arco em que falhar (algo que ele sempre foi bom) era o melhor para o multiverso. Em uma história cheia de contradições; o deus da mentira lutou para trazer a verdade aos funcionários da TVA. Loki, o tirano, confrontou seres poderosos pela liberdade. 

Já o segundo ano da série garantiu que todas essas ideias continuassem a rodear o asgardiano e causasse uma mudança brutal. O final de Loki é o oposto do que o vilão de Vingadores (2012) um dia sonhou. O seriado também permite partir para uma tangente de ‘e se?’ e humanizar os conceitos do multiverso para além dos fanservices. As personagens querem testemunhar a vida que teriam se não tivessem escolhido o caminho ‘X’ ao invés de ‘Y’. A história dos dois ‘Lokis’ (o que morreu em Guerra Infinita e o da série) aponta o público para essa direção. 

Nos episódios do meio, o enredo traz a sensação de fazer rodeios; toma algumas decisões incoerentes que parecem acontecer de forma aleatória só para chegar no ponto desejado, porém a frenesia e o senso de urgência conseguem recuperar a atenção e finalizam a melhor série do MCU com personagens queridos, uma direção de Arte de dar inveja e um glorioso propósito satisfatório.  – Davi Marcelgo 


Cena da série ambientada em um quarto de hotel, em que à esquerda Charlie Spring, usando uma camiseta xadrez em tons vermelho/ rosa, segura com uma das mãos o pescoço de Nick Nelson, à direita, que usa uma camiseta amarela nas mangas e branca no meio. Os dois estão se olhando.
Nick e Charlie estão mais unidos do que nunca na 2ª temporada de Heartstopper (Foto: Netflix)

2ª temporada de Heartstopper

Em sua segunda temporada, Heartstopper retorna com a mesma dose de doçura e sensibilidade ao retratar a efervescência e as incertezas da adolescência, mas dessa vez, mergulhando em temas mais maduros. Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor), após se conhecerem e se apaixonarem na primeira temporada, agora se deparam com novos desafios. Baseada na história em quadrinhos homônima de Alice Oseman, que também assina como roteirista, a série estreou em agosto de 2023, se tornando uma das produções mais assistidas do ano da Netflix.

Nesse novo capítulo da vida dos personagens, Nick deseja fazer a difícil tarefa de assumir sua bissexualidade e seu relacionamento para sua família e amigos, enquanto Charlie, pressionado por si mesmo em ajudar o parceiro nesse processo, se vê confrontado com transtornos alimentares. Além disso, também acompanhamos outros dilemas: Elle Argent (Yasmin Finney) e Tao Xu (William Gao) navegam na tênue linha entre amizade e paixão, Darcy Olsson (Kizzy Edgell) enfrenta o preconceito familiar que impacta seu relacionamento com Tara Jones (Corinna Brown) e Isaac Henderson (Tobie Donovan) embarca em uma jornada de autodescoberta ao lidar com sua assexualidade.

Esse maior aprofundamento dos personagens secundários na segunda temporada eleva a complexidade da série, tornando-se um dos seus pontos altos. Assim como, mesmo explorando temas mais maduros e sérios como aceitação, saúde mental e bullying, Heartstopper não perde sua doçura característica e seu poder de aquecer o coração. A trama continua a ser uma luz para os mais jovens, oferecendo representatividade e esperança, enquanto também acolhe as gerações mais velhas que não tiveram a oportunidade de viver suas identidades livremente. – Arthur Caires


Cena de High School Musical: A Série: O Musical. Na imagem temos Ricky Bowen (Joshua Bassett), um jovem branco de cabelo cacheado. Ele está vestindo uma jaqueta jeans e segurando uma guitarra vermelha. Ao seu lado está Gina Porter (Sofia Wylie), uma jovem negra de pele clara, de cabelo liso preto amarrado em rabo de cavalo. Ela está vestindo um vestido tomara que caia na cor roxa. Ambos estão se olhando e o fundo atrás deles é tomado por uma cortina vermelha desfalcada.
Encerrando o espetáculo, os Wildcats dividiram o palco pela última vez (Foto: Disney+)

4ª temporada de High School Musical: A Série: O Musical (High School Musical: The Musical: The Series) 

A questão é, um novo ano, uma nova apresentação nos palcos de East High. Caracterizando o fim de uma era, a última temporada de High School Musical: A Série: O Musical, marca um encontro de gerações. Para os adoradores da trilogia de filmes, indica a oportunidade de rever alguns entes queridos nas telas do streaming, mas para os aficionados da trama teen, chegou o momento de dizer adeus. Os episódios são divididos em dois arcos, sendo um desfecho memorável. Uma segue a nova adaptação da franquia de filmes no Cinema, enquanto a outra avança com a cronologia dos eventos no seriado.

Embora essa conexão seja inovadora, a execução deixa a desejar. O roteiro demanda de muitos acontecimentos, ficando assustadoramente excessivo ao ponto de somente ganhar uma fluidez nos capítulos finais, quando uma narrativa se encerra e abre espaço para dar continuidade a outra. Mas, se alguém se destacou em meio a esse turbilhão, foi Sofia Wylie. A intérprete de Gina Porter carregou consigo a graciosidade e a emoção da temporada, uma personagem que saiu de antagonista e despontou como uma das personalidades mais aclamadas de toda a série. – Ludmila Henrique


Cena da série Hora de Aventura: Fionna e Cake. Da direita para a esquerda temos o desenho de Gary Prince, um jovem completamente rosa, vestindo uma camisa de gola alta e um casaco em diferentes tons de rosa. Ao seu lado está Fionna Campbell, uma jovem branca, loira, com uma toca de coelhinho e vestindo uma jaqueta verde musgo. Ela está segurando sua gata Cake no colo. Cake tem pelos brancos e amarelos. Ao lado de Fionna está Marshall Lee, jovem negro, com penteado estilo drealocks, ele está vestindo uma camiseta azul e uma jaqueta de couro na cor preta. Por fim temos uma jovem branca, com cabelo alaranjado amarrado em rabo de cavalo, ela está vestindo uma camisa cinzenta. Eles estão no centro de uma cidade e todos estão olhando aterrorizados para o horizonte.
A animação encerra o arco de Simon Petrikov e entrega uma jornada memorável (Foto: Max)

1ª temporada de Hora de Aventura: Fionna e Cake (Adventure Time: Fionna and Cake)

Após os eventos finais de uma das maiores animações idealizadas pela Cartoon Network, o mundo de Hora de Aventura se destaca na plataforma Max com o seu novo spin-off. Em Hora de Aventura: Fionna e Cake, somos apresentados as versões alternativas de Finn e Jake, desenvolvidas na imaginação do antagonista Rei Gelado. Mantendo a identidade visual memorizada pelo público, as ilustrações não revelaram grandes mudanças da obra original, mas adotou tons mais claros que o habitual e abraçou referências clássicas do mundo pop, como Sailor Moon (1992) e Meu Amigo Totoro (1988). 

O enredo gira em torno de Fionna Campbell, uma jovem sentindo o tédio de uma vida monótona, enquanto sonha com um universo diferente do seu. Em um momento de desatenção, Campbell atravessa um portal que liga o seu mundo com a famigerada Terra de Ooo, onde conhece seu próprio criador, Simon Petrikov. Involuntariamente, a trama guarda um sentimento nostálgico. Menções claras de episódios de Hora de Aventura circulam toda a atmosfera do seriado, que transportam o nosso consciente para um local de conforto, assinalado pela imaginação e infância. – Ludmila Henrique


Cena da série The Marvelous Mrs. Maisel. As atrizes Alex Borstein e Rachel Brosnahan interpretam as personagens Susie Myerson e Midge Maisel. Elas estão sentadas em um camarim. Do lado esquerdo Borstein é uma atriz branca com cabelos pretos presos em um rabo. Ela usa uma boina preta e um terno preto. Do lado direito de Brosnahan uma mulher branca de cabelos curtos e castanhos, ela veste um vestido preto. Ao fundo vê-se uma arara de roupas espalhafatosas, de plumas e brilhos.
Nos despedimos de Mrs Maisel com “peitos empinados” e lágrimas nos olhos (Foto: Amazon Prime Video)

5ª temporada de Maravilhosa Sra. Maisel (The Marvelous Mrs Maisel)

Em 2023, The Marvelous Mrs Maisel ganhou um final triunfante, nos revelando que os acontecimentos narrados pela série foram apenas o prelúdio da carreira de sucesso reservada a Miriam Maisel (Rachel Brosnahan). A quinta temporada buscou arrematar bem todos os enredos, desde o retorno de Maisel com os shows de stand-up até o seu relacionamento slow-burn com Lenny Bruce (Luke Kirby). O roteiro brilhante de Amy Sherman-Palladino abriu espaço para novos recursos que foram adicionados à trama, como saltos temporais e musicais, tudo acompanhado dos diálogos rápidos e afiados já bem conhecidos, só que dessa vez no ‘climinha’ de despedida. 

No seu último ano, a produção do Amazon Prime Video se aprofundou ainda mais nos conflitos da mulher da década de 1960 e acompanha o drama geracional, passado de mãe para filha, ao longo do que podemos vislumbrar da protagonista e sua família durante as décadas. Dos relacionamentos de Maisel, aquele que sempre mais importou foi entre ela e a sua Comédia que, dessa vez, abriu espaço para o maior desenvolvimento de sua amizade com a agente Susie Meirson (Alex Borstein). Vencedora de 20 Emmys, a série foi mais uma vez destaque em indicações da premiação de 2023, nos deixando um enorme legado de qualidade e versatilidade para as futuras produções televisivas. – Costanza Guerriero


Cena da série Minhas Aventuras com o Superman. Na imagem do desenho animado, estão dois personagens, sendo um deles o Superman, um homem branco de olhos claros e cabelos escuros que veste um uniforme azul com detalhes em vermelho.
Com The Boys e, agora, Minhas Aventuras com o Superman no currículo, Jack Quaid já pode ser considerado um ‘queridinho’ das adaptações de quadrinhos para as ‘telinhas’ (Foto: Adult Swim)

Minhas Aventuras com o Superman

Dentre as combinações mais inesperadas do audiovisual em 2023, poucas, talvez, tenham sido tão interessantes quanto a de Minhas Aventuras com o Superman, que une a mitologia do filho de Krypton com a linguagem dos animes. A narrativa básica está lá: Clark Kent (Jack Quaid, de Oppenheimer) é um jovem alienígena com poderes sobre-humanos que está descobrindo seu lugar nesse mundo, tentando a sorte de viver uma vida dupla como super-herói e jornalista do Planeta Diário de Metrópolis. Seus companheiros também são conhecidos: o melhor amigo Jimmy Olsen (Ishmel Sahid, de Na Mira do Júri) e o interesse amoroso em potencial Lois Lane (Alice Lee, de A Maratona de Brittany). 

O que diferencia a série do Adult Swim é justamente o estilo visual e as sensibilidades dramáticas do anime. No primeiro sentido, destaca-se a ênfase da periculosidade nas sequências de ação, como Clark se colocando na frente de Lois para protegê-la de uma rajada de balas. Já no segundo, é notável o quanto a expressividade dos personagens auxilia seus arcos de desenvolvimento emocional, como o olhar ultra apaixonado da jornalista pelo colega de trabalho. São escolhas que mostram como uma roupagem completamente nova, diferente e criativa pode reacender o charme de um personagem com décadas de história na cultura pop. – Nathan Nunes


Cena da série Jury Duty. Em uma sala cuja parede é cinza, vemos treze pessoas sentadas em cadeiras, distribuídas em três fileiras horizontais. A primeira e a terceira fileira possuem quatro pessoas, enquanto a segunda possui cinco. Alguns personagens olham para frente em um ponto fora da câmera; outros olham para os lados, distraídos. Ao fundo da sala, no canto esquerdo, é possível ver uma bandeira dos Estados Unidos. Na parede, vemos a metade inferior de três quadros e, atrás da última fileira, um móvel com algumas decorações em cima, como livros empilhados e uma planta.
Jury Duty é o programa de pegadinhas mais sincero da Televisão (Foto: Amazon Freevee)

Na Mira do Júri (Jury Duty)

Se algum dia você já se perguntou sobre o que realmente aconteceria caso alguém passasse pela experiência de O Show de Truman, Jury Duty (no original) é a resposta. Na melhor surpresa do Prime Video nos últimos anos, Ronald Gladden, um cidadão comum, acredita que está participando de um documentário sobre o processo de trabalhar como um júri. O que ele não sabe é que nada daquilo é real – todos os outros presentes no tribunal, desde os agentes federais até o próprio réu, são atores.

A proposta da dupla Lee Eisenberg e Gene Stupnitsky, os criadores de The Office, poderia ser insensível e, até mesmo, cruel, não fosse o fato do mockumentary nunca perder de vista a humanidade de seu protagonista. A todo momento, Ron reage às circunstâncias bizarras que o cercam com empatia e paciência genuínas; isso, juntamente com um roteiro pré-definido hilário, é o responsável pelo sucesso da série.

Com quatro indicações ao Emmy 2023, incluindo na categoria de Melhor Série de Comédia, Na Mira do Júri veio para mostrar que fugir do comum e apostar no inusitado é um risco e tanto, mas um que vale a pena. Seu sucesso estrondoso faz com que não seja difícil imaginar uma enxurrada de sitcoms com câmeras escondidas nos próximos anos, porém parece improvável que qualquer uma delas seja capaz de capturar a mesma magia deste tribunal de faz de conta. – Raquel Freire


Cena da série Next In Fashion da Netflix. Na imagem, estão quatro jurados do programa, a dupla fixa Tan France e Gigi Hadid, e os convidados especiais Bella Hadid e Jason Bolden. A câmera os captura a partir dos joelhos, sentados observando um modelo na passarela que está de costas. Da esquerda para a direita na imagem: France, um homem de ascendência paquistanesa que veste um turbante, Bella, uma mulher de ascendência palestina que veste vermelho, Gigi, uma mulher branca de ascendência palestina que veste brilhantes e Bolden, um homem negro que veste um chapéu e uma jaqueta jeans. Ao fundo, é possível enxergar a plateia do reality show de moda.
A segunda temporada do reality show de moda recebeu convidados especiais ao longo dos episódios (Foto: Netflix)

2ª temporada de Next In Fashion

Junte a sabedoria e irreverência de Tan France, estilista conhecido por participar de Queer Eye, e a experiência na indústria da moda de Gigi Hadid, uma das figuras mais importantes das passarelas nos últimos anos, e pronto: você tem uma dupla de apresentadores perfeita para um reality show repleto de desafios e emoções. Na segunda temporada de Next In Fashion, Hadid investe em looks esplêndidos para assumir o antigo posto da editora da Vogue britânica, Alexa Chung, em um ano mais colorido e repleto de referências.

Isso porque, dessa vez, os tecidos mais tradicionais deram lugar aos patches jeans de Nigel Xavier, o vencedor da temporada que ganhou também o título de ‘Mago dos Jeans’. Com uma perda de ritmo lá pelo meio da temporada, o seriado da Netflix consegue recuperar o folêgo, não ironicamente, através da respiração acelerada dos competidores, cada vez mais engajados com os as propostas, entregando trabalhos artísticos incríveis. Next In Fashion ainda contou com a participação de convidados para além de especiais, como a lendária Donatella Versace e Bella Hadid, irmã de Gigi que conquistou o seu próprio espaço no universo da moda. – Nathalia Tetzner


Cena de O Jogo do Diabo. De cima, seis pessoas asiáticas são vistas debruçadas sobre uma grande mesa verde; todos vestem roupas casuais. Estão mexendo em blocos de madeira com diferentes letras.
O diabo testa os usos da mente humana (Foto: Netflix)

1ª temporada de O Jogo do Diabo

Até onde você iria para vencer um jogo e levar para casa um grande prêmio em dinheiro? Essa é a premissa de O Jogo do Diabo, o reality show que reúne doze pessoas com altos níveis de inteligência para competir entre si. A série explora os instintos humanos frente a necessidade de completar desafios, e as reações variam de trabalho em equipe até traição. Tudo, exceto roubo e violência, é permitido no jogo e isso, combinado às mentes brilhantes dos participantes, deixa toda a experiência mais interessante. O reality se destaca por apresentar provas de estratégias e ética. 

A série é um dos grandes investimentos da Netflix em programas asiáticos. Desde o sucesso estrondoso de Round 6, a plataforma criou diversos produtos vindos do oriente e O Jogo do Diabo é uma ótima adição a esse grupo. O maior destaque dos episódios foi o antagonismo formado entre dois grupos da casa – um liderado por Ha Seok-jin e o outro por ORBIT –, que batalharam até a grande final, demonstrando o ‘nós versus eles’ que é presente nas sociedades do mundo real. O reality é um bom projeto que já foi renovado para a segunda temporada, apenas dois meses após seu lançamento. – Gabrielli Natividade 


Cena da série Only Murders in the Building. Na cena, vemos dois personagens encenando um ato musical. Em destaque, Meryl Streep, uma mulher branca de olhos e cabelos claros, que veste uma roupagem de inverno em uma escada enquanto segura o corrimão.
Os números musicais foram escritos pela dupla Benj Pasek e Justin Paul, responsável pelos sucessos de Querido Evan Hansen, O Rei do Show e La La Land (Foto: Hulu)

3ª temporada de Only Murders in the Building

Após passar duas temporadas presas ao formato de paródia das obras true crime, Only Murders in the Building retornou para sua nova leva de episódios com um cenário completamente diferente. Saímos um pouco do edifício Arconia e vamos para o mundo dos musicais da Broadway ou, mais especificamente, a criação e os bastidores por trás deles. O ponto de partida é o cliffhanger plantado ao final da temporada anterior, em que vimos a morte suspeita de Ben Glenroy (Paul Rudd, de Homem-Formiga) no palco, logo na noite de estreia da peça de Oliver (Martin Short, de Três Amigos!). 

No decorrer das investigações, somos agraciados com ótimas novidades. Uma delas é a própria comicidade do texto, que se deixa levar pelo espírito teatral em piadas específicas e hilárias, como o bloqueio criativo de Charles (Steve Martin, de O Pai da Noiva). Outro ponto interessante são os números musicais cheios de personalidade própria, desde o carisma de Which of the Pickwick Triples Did It? até a melancolia de Look for the Light. Esse segundo, no caso, é cantado por aquela que é provavelmente a maior estrela da temporada: Meryl Streep

Indo além da piada pronta de uma profissional tão consagrada interpretar uma atriz aspirante, Streep adiciona um componente humano e singelo a sua Loretta, de tal forma que reflete o próprio estado atual da série. Ao invés de se manter na zona de conforto, Only Murders in the Building preferiu abraçar a vivacidade e a energia de um grande espetáculo e, assim, realçar sua trama de mistérios e revelações surpreendentes. O saldo final é, talvez, o melhor da série até agora. – Nathan Nunes


Cena da série O Ultimato - Queer Love. A cena é interna, na cama de um quarto iluminado. À esquerda, podemos ver um cachorro com pele alaranjado, em cima da cama, sentado aos pés de uma mulher negra, aparentando cerca de 30 anos, com cabelos castanhos longos presos em um coque e vestindo uma camiseta larga. Ela está com as pernas embaixo de uma cobertura. Ao lado dela, à direita, vemos uma mulher branca, aparentando cerca de 30 anos, com cabelos pretos curtos, vestindo uma camiseta preta, shorts cinza e meias pretas sentada à cama.
Terapia! (Foto: Netflix)

O Ultimato – Queer Love

Se você está pronto para dizer “sim”, mas seu parceiro não, o que há de melhor do que expor seus problemas conjugais para o mundo inteiro e entrar em um reality show? A premissa renderia o filme de terror mais assustador já feito – ou simplesmente O Ultimato: Ou Casa ou Vaza. Substitua os casais heterossexuais por casais sáficos, adicione uma generosa pitada de sentimentos à flor da pele e uma boa dose de conversas honestas e terá a versão melhorada do programa da Netflix: O Ultimato – Queer Love.

Não é difícil entender que tudo LGBTQIA+ fica melhor. Na primeira edição da versão sáfica (afinal, há mulheres bissexuais e pessoas não binárias), a experiência é igual: se sua parceira não está pronta para casar, case com outra e depois volte com ela. A proposta é suficiente para causar um rebuliço emocional nas participantes e propor reflexões se a pessoa com quem entraram no reality é a mesma com quem devem sair após a experiência.

Para além do “sim” ou “não” final, as seis semanas do experimento são suficientes para fazer qualquer um torcer pelo pé na bunda, por uma devida reconciliação ou por um casal completamente novo. Quem nunca falou sobre ter filhos juntos no primeiro encontro que atire a primeira pedra. A angústia pura dos nove episódios tem seu encerramento em uma dinâmica final de reencontro e escancara que o entretenimento só seria maior se a apresentadora também fosse sáfica. – Vitória Gomez


Imagem da série The Summer I Turned Pretty. Na imagens estão os atores Lola Tung e Gavin Casalegno, apoiados em um jeep vermelho. Tung é uma jovem branca de cabelos castanhos, longos e lisos. Ela veste um top lilás com bordados. Casalegno é um ator branco com cabelos curtos, loiros e ondulados. Ele veste uma camiseta polo branca.
Team Jeremiah, esse é seu momento de brilhar (foto: Amazon Prime Video)

2ª temporada de O Verão Que Mudou Minha Vida (The Summer I Turned Pretty)

O que acontece com aquele romance de verão que tenta se manter vivo durante as outras estações? Na segunda temporada de The Summer I Turned Pretty, acompanhamos o novo momento vivido por Belly (Lola Tung), Conrad (Christopher Briney) e Jeremiah (Gavin Casalegno) após a morte da mãe dos meninos. O triângulo amoroso do Amazon Prime Video retorna do ano letivo para tentar impedir a venda da casa de praia, que é palco para muitos dramas adolescentes e responsabilidades da vida adulta que vem chegando. A delicadeza e sutileza da história de Jenny Han também são mantidas na adaptação nesse segundo ano, com novos personagens sendo introduzidos e outros já conhecidos ganhando mais destaque. A química entre Taylor (Rains Spencer) e Steve (Sean Kaufman), a melhor amiga e o irmão da protagonista, rouba a cena. 

Com certeza, um dos pontos altos da temporada é a trilha sonora com Taylor Swift e Olivia Rodrigo embalando as lágrimas. Também escutamos Tyler, the Creator, Tame Impala, Bleachers e muitos outros, que nos transportam para a fictícia Praia dos Cousins. Ou seja, para aqueles que gostam de um bom clichê adolescente é a pedida certa. Com muito romance, cenas no parque de diversões, encontros para ver a neve na praia e enredos que vão se tornando mais complexos, ao passo em que os jovens vão percebendo as responsabilidades que os adultos carregam para que eles sempre tenham o verão dos sonhos. A terceira temporada de O Verão que Mudou a Minha Vida já está confirmada. – Costanza Guerriero


A imagem mostra Percy Jackson, um garoto branco, jovem, de pele branca, cabelos loiros cacheados, olhos azuis e que veste uma camisa laranja com a estampa “CAMP HALF-BLOOD” (Acampamento Meio Sangue), um colar marrom e carrega uma mochila meio azul e meio marrom clara, apoiada sob seu ombro direito. Ele está em um lugar arborizado e olha para a frente.
A nova adaptação da série ‘queridinha’ dos anos 2000 se inspira totalmente nos livros, mas erra ao não utilizar das possibilidades do audiovisual (Foto: Disney+)

1ª temporada de Percy Jackson

Aguardada pelos fãs da série desde a icônica, porém nada fiel, live-action do primeiro livro da franquia que estreou em 2010, a adaptação da Disney+, Percy Jackson e o Ladrão de Raios estreou sob grande animação dos leitores mais fiéis da franquia. Cobrindo todo o conteúdo do primeiro livro, a primeira temporada entregou de maneira fiel um jovem de 12 anos que descobre ser filho de um Deus e vê sua vida mudar de cabeça pra baixo. Percy Jackson, interpretado por Walker Scobell, ao lado de Groover (Aryan Simhadri) e Annabeth (Leah Jeffries), embarca em uma jornada de grandes aventuras enquanto tenta provar que não roubou o raio mestre do Rei dos Deuses.

Talvez a grande fraqueza esteja em ser extremamente fiel ao material original, mantendo convenções clássicas de livros e se esquecendo, em partes, de como a produção audiovisual possui outros jeitos de criar. Sendo todos os episódios resumidos a um capítulo do livro, o telespectador passeia por momentos rasos e alguns com muitas informações para pouco tempo de tela, o que pode gerar um desconforto, além de contar com as tradicionais convenções de corte brusco, que funcionam muito bem no papel mas, em excesso, causam um desconforto na ‘telinha’. Contudo, Percy Jackson pode agradar o público em um ritmo não muito acelerado e com uma nostalgia gostosa. – Aryadne Xavier 


Cena da série Poker Face. Nela temos a personagem Charlie Cale, interpretada por Natasha Lyonne, uma mulher branca de cabelos loiros bagunçados. Ela veste um boné de caminhoneiros marrom, um óculos de sol amarelo, um sobretudo de tricô na cor bege com figuras em verde escuro e uma bota de pelos com figuras em azul e vermelho. Ela está sentada em uma cadeira de praia em um terreno árido, sua perna direita está sobre a esquerda e ela abre uma lata de Coca Diet na cor cinza. Ao lado, um cooler na cor verde com o fundo branco e ao fundo, um Opala azul.
Tendo como norte os tempos descompromissados da TV da década de 1970, Poker Face percorre um divertido caminho, o qual é delicioso ser carona (Foto: Peacock)

1ª temporada de Poker Face

Assim como Lady Gaga em 2008, Poker Face chegou como quem não quer nada, mas diferente de sua xará do pop, não foi tão estrondosa quanto, principalmente por estar escondida no nichado serviço de streaming unicamente estadunidense Peacock (ou em águas misteriosas na Internet). Mas isso não chega a ser demérito, pelo contrário, a série se transforma em uma pepita de ouro que recompensa quem a acha ao longo de seus oito episódios perfeitos para se maratonar.

A obra conta a história de Charlie Cale, uma norte-americana que tem a habilidade de saber quando alguém está blefando só de olhar no olho, o que faz com que ela conquiste inimigos e tenha que fugir pelas estradas dos EUA. Criada por Rian Johnson, a produção abusa da nostalgia de quem cresceu embalado pelas séries de casos da semana do início do século, fazendo com que Poker Face crie um envolvente mistério muito bem arquitetado, que se sustenta aqui graças a um texto afiado e ao carisma surreal da personagem de Natasha Lyonne. – Guilherme Veiga


Na imagem, a Rainha Charlotte, interpretada por India Armatifeio está sentada em uma das salas do palácio com seu cachorro, um Lulu da Pomerânia caramelo, em seus braços. Charlotte usa um vestido cinza claro, com mangas de renda e um bordado centralizado. Seu cabelo crespo está em um penteado meio preso com uma coroa. Na esquerda da sala há uma harpa, com um pequeno banco e uma partitura apoiada em um suporte. Atrás de Charlotte há um piano e na direita um grande vaso ornamentado branco e azul. O ambiente possui várias janelas, iluminando a cena com luz natural.
Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton se consagra como uma derivação de sucesso (Foto: Netflix)

1ª temporada de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton (Queen Charlotte: A Bridgerton Story)

Produzir um spin-off de uma série que conquistou a audiência pode, muitas vezes, ser um tiro no próprio pé. Felizmente, para Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton, a narrativa encontrou seu final dos sonhos com o desenvolvimento da história de vida da monarca e personagem secundária de Os Bridgertons, Charlotte (Golda Rosheuvel e India Armateifio). Carisma, intensidade, sentimentalismo e romance são apenas alguns dos aspectos apresentados na trama e que resultaram em uma estatueta do Emmy 2023 para a produção.

Com trajes extravagantes, uma Fotografia impecável e um elenco muito bem escalado, a série aumenta ainda mais a qualidade das produções do universo da extensa família, especialmente por abordar, com êxito, questões sociais e delicadas. Shonda Rhimes é certeira e mostra que é possível que obras audiovisuais com temática de época sejam mais do que atuais. Mesmo com apenas oito episódios, a trama se desenvolve sem deixar pontas soltas e se mantém íntegra do início ao fim, mas não sem deixar um espacinho para que mais personagens secundários se tornem protagonistas de suas próprias histórias. – Gabriela Bita


Cena de RuPaul's Drag Race. Ao centro e em foco está Sasha Colby, uma drag queen branca, de cabelos pretos; veste um sutiã de pedras rosas e segura um cetro prateado; tem uma expressão feliz em seu rosto. Atrás dela está RuPaul, uma drag queen negra, de cabelos platinados; usa um vestido amarelo; está sorrindo e batendo Palmas. Atrás há luzes em tons de roxo.
A 15° coroa é branca, rosa e azul (Foto: VH1)

15ª temporada de RuPaul’s Drag Race

RuPaul’s Drag Race é um dos principais programas do cenário drag e completou 15 anos de história em 2023. Depois de tanto tempo, o reality show ainda tenta se reinventar sem perder a sua essência. Por exemplo, os novos desafios especiais de show de talentos e festival de lipsync, que foram introduzidos na 14° temporada, foram feitos novamente. Mas, as provas tradicionais, como o baile e o snatch game, ‘queridinhos’ do público, se mantiveram. Outra coisa que também foi novidade na nova leva de episódios é o prêmio da vencedora, que aumentou pelo segundo ano consecutivo, passando de 150 mil dólares, para 200 mil. 

O elenco do 15° ciclo também deu o que falar. Alguns destaques são: a ‘fashionista’ da temporada, Luxx Noir London, a lipsync assassin do ano, Anetra, e as primeiras gêmeas do programa, Sugar e Spice. Claro que a grande estrela foi a vencedora Sasha Colby, drag mother de Kerri Colby, que participou do elenco anterior. Sasha já era uma veterana de concursos quando entrou no programa e, desde o primeiro episódio, todas as participantes sabiam que seria difícil ganhar dela. Talentosa e versátil, ela foi a segunda mulher trans a vencer o RuPaul’s Drag Race, seguindo Willow Pill, vencedora do ano anterior. – Gabrielli Natividade 


Cena da série Sex Education. Na imagem, Otis, interpretado por Asa Butterfield, está sentado de frente, de braços cruzados e olhando para cima com expressão de incômodo. Ele é um homem branco, com menos de 30 anos de idade, de olhos claros e cabelo escuro curto. Ele veste uma camiseta listrada nas cores laranja, amarelo, azul claro e marrom. A calça é na cor laranja. Usa um relógio quadrado na cor preta no pulso. O ambiente é um quarto, atrás de Otis tem uma mesa com gavetas. Na mesa há papéis, cadernos e uma luminária. Do lado esquerdo tem uma caixa com discos de música. Na parede tem cartazes colados. Acima há uma janela com brinquedos de enfeite.
Otis lida com problemas de amizade e na vida amorosa (Foto: Netflix)

4ª temporada de Sex Education

A série britânica que conquistou fãs por abordar sexo e sexualidade com sensibilidade e bom humor chegou ao fim. O último ano de Sex Education não se contenta em apenas finalizar as histórias dos personagens, apresenta novas personalidades e uma nova escola, Cavendish. De começo, é fácil sentir estranheza com a liberdade e positividade do ambiente, que não se assimila com o colégio de Moordale, mas aos poucos revela ser problemático.

A quarta temporada usa o novo espaço como palco para falar sobre novos temas: acessibilidade e formas de sentir prazer. Mas nem tudo se resume a ‘educar’, o relacionamento de Otis com seus amigos excêntricos em suas personalidades, que fizeram da série um sucesso, continuam como epicentro. Alguns personagens não têm seus desfechos previsíveis – a despedida de Otis, Eric e Maeve teve muita maturidade –, muitos casais e amigos se separam, mas tudo é feito com sensibilidade e leveza, mesmo quando aborda o luto, a série não perde seu astral.   – Davi Marcelgo


Cena do anime Scott Pilgrim: A Série. Na imagem, vemos a personagem Ramona Flowers ao centro, jovem branca de cabelos azuis e uma jaqueta de couro, com uma bolsa na qual é possível ver a cabeça do personagem Scott Pilgrim, jovem branco de cabelos castanho-claros e uma sobrancelha espessa. Ao redor e atrás de Ramona, podemos ver cinco outros personagens da mesma faixa etária adolescente/adulta, sendo três homens e duas mulheres. À esquerda de Ramona vemos Stephen Stills, um homem branco com uma barba rala, cabelos castanho-claros e sobrancelhas escuras, vestindo um casaco; além dele há Wallace Wells, homem branco de cabelos pretos, vestindo um suéter azul-marinho; também há Knives Chau, mulher branca de olhos completamente escuros, cabelo preto com uma mecha vermelha, vestindo um cachecol listrado; à direita de Ramona vemos Young Neil, homem branco de cabelos castanhos, vestindo um smoking e tomando um sorvete; além dele há Kim Pine, mulher branca de cabelos ruivos curtos, vestindo um casaco esportivo. Todos possuem uma expressão confiante.
Em nova série, Ramona Flowers é a verdadeira protagonista da história (Foto: Netflix)

1ª temporada de Scott Pilgrim: A Série

Uma das maiores dúvidas que rodeavam o lançamento de Scott Pilgrim: A Série era se a produção faria jus à obra original e a sua adaptação cinematográfica, lançada em 2010; depois de qualquer incerteza que se passou, é inegável que a nova série animada entregou mais do que prometeu. O anime foi produzido por BenDavid Grabinski em colaboração com Bryan Lee O’Malley, o criador das HQs originais que serviram de base para essa nova adaptação.

Em relação ao filme dirigido por Edgar Wright, Scott Pilgrim Contra o Mundo, vale destacar que teve o desafio de resumir seis volumes de quadrinhos em menos de duas horas, sendo bem-sucedido em muitos aspectos – embora seja apressado demais em alguns momentos. Porém, neste novo lançamento, a história teve mais tempo para respirar e se desvendar, já que se estende por oito episódios que variam de vinte a trinta minutos de duração. É por isso que podemos acompanhar um maior desenvolvimento de cada personagem da narrativa, se aprofundando em traços antes desconhecidos de cada um, o que não foi possível em apenas um longa.

Logo no primeiro episódio, já é apresentado um evento que foge completamente da história original, mostrando que a nova produção se empenha em trazer algo novo e não se rende à preguiça de seguir uma narrativa previsível. Scott Pilgrim: A Série se aproxima mais das HQs que da adaptação do Cinema em vários sentidos – com destaque ao estilo de animação, que se assemelha quase que identicamente aos traços dos quadrinhos –, mas propõe uma releitura refrescante da história. Assim, mesmo tendo um foco maior em agradar fãs que já conhecem o filme e os livros, o anime entrega algo para todo público, independente de sua familiaridade com a obra. – Leandro Santhiago


Cena da série Silo. Na imagem, vemos a personagem principal, uma mulher branca de olhos e cabelos claros. Ao fundo o cenário é de um lugar pouco iluminado.
Em silo, estamos ansiosos para descobrir se a curiosidade realmente matou o gato (Foto: Apple TV+)

1ª temporada de Silo

Baseada na trilogia de livros homônima de Hugh Howey, a série produzida pela Apple TV garante um misto de ficção científica e drama. A história acontece em um cenário pós-apocalíptico distópico, onde a sociedade é forçada a habitar o subsolo por conta de um evento climático misterioso que atingiu a atmosfera terrestre, tornando o ar extremamente tóxico.  

Entre mistérios e rigidez, aqueles que quebram as regras ou fazem perguntas são enviados para a atmosfera, e acabam morrendo em frente às câmeras após alguns minutos de exposição, enquanto a população dentro do Silo assiste. Ninguém sabe como a construção subterrânea surgiu, e nem se o que veem nas câmeras é real. Graças a isso, a série tem muito o que contar. Através da inquietação e curiosidade da personagem de Rebecca Ferguson (Duna), é possível ver o desenrolar da série que garantiu sucesso em 2023 e já tem sua segunda temporada em produção. – Pâmela Palma 


Cena da 4 temporada da série Succession. Um homem branco com sobretudo marrom está sentado enquanto o pôr do sol bate em seu rosto, seu semblante é de extrema tristeza e seus olhos parecem lacrimejar. Ao fundo, borrado, está um homem de casaco preto alto observando o homem sentado. Ambos estão em um parque, mas com o fundo fora de foco.
Temporada final de Succession não se desgasta, mas entrega o declínio final de seus personagens (Foto: Max)

4ª temporada de Succession

No encerramento de Succession, as disputas da família Roy se acirram em um momento de tensão e na batalha egocêntrica dos primogênitos. Nesta reta final, a primorosa jornada dos irmãos alcança oscilações de rivalidades não vistas dessa forma antes e, com uma metade de temporada surpreendente, as relações se alteram, ameaçando definitivamente a hegemonia da Waystar. Porém, o mais evidente nesse season finale está na ousadia de integrar o drama familiar e a desilusão incessante na busca por poder.

Marca registrada de Succession, a guerra de interesses políticos e também pessoais levou os irmãos Roy ao declínio inevitável de seus desejos. A sobriedade do showrunner Jesse Armstrong em sistematicamente fazer escorrer o veneno de Logan Roy nessa temporada e, assim, martirizar cada um de seus personagens é a confirmação da ruína lógica da Waystar, pelo menos no que tange a participação de seus fundadores. Desta forma, as conclusões de Kendall, Shiv e Roman marcam as dolorosas obsessões não alcançadas e consolidam Succession como uma das mais completas e complexas obras para a TV dos últimos anos. – João Pedro Bronzoli


A esquerda está Ted lasso de pé, um homem branco, de bigode, está utilizando um agasalho, uma calça jeans de cor marrom e um tenis de cor branco e vermelho. Ao seu lado esquerdo está o tecnico beard, um homem branco, barbudo, está utilizando boné, jaqueta de frio, moletom e tenis esportivo de cor azul. a direita, está Nathan Shelley, um homem pardo, está utilizando mesma jaqueta de beard, está vestido com uma camisa social de cor vinho, utilizando uma gravata. Com calças sociais cinza e um sapato social de cor preta. A direita de Nathan, está roy Kent, um homem branco, de barba, de terno preto, gravata preta e tenis de esportivo de cor preta.
Ted Lasso mostra como seria um mundo ideal no futebol, com homens enfrentando a masculinidade frágil, questionando homofobia, racismo e xenofobia (Foto: AppleTV+)

3ª temporada de Ted Lasso

Ted Lasso teve na sua terceira temporada, a última da série. A produção, que estreou em 2020, se tornou um sucesso na AppleTV+ e nos seus dois primeiros anos conquistou dez Emmys, incluindo Melhor Série de Comédia. Ted Lasso mostra como seria um mundo ideal no futebol, com homens enfrentando a masculinidade frágil, questionando homofobia, racismo e xenofobia. 

Enquanto no mundo real essas mudanças ocorrem de forma lenta, a série mostra que não é impossível esse mundo perfeito, basta ter as pessoas certas ao lado. Com um roteiro certeiro e excelentes atuações, a série tem a combinação perfeita de elementos que garantem uma experiência incrível desde um humor de bom coração até uma história atraente de zebras. Gerando momentos engraçados e emocionantes, Ted lasso terminou na hora certa. – Rafael Gomes 


Cena da série The Bear. Na fotografia, vemos o protagonista de Jeremy Allen White sentado dentro de um freezer, olhando para as faíscas formadas pelo uso de equipamentos do lado de fora para retirá-lo de lá. A visão da foto é como se estivéssemos vendo a cena das prateleiras. A foto tem tons azulados. Jeremy usa um uniforme de cozinheiro profissional na cor branca, possui algumas tatuagens no braço, é branco e possui cabelo loiro escuro.
Nessa segunda temporada, encontramos um Carmy ainda mais abalado emocionalmente – se é que isso é possível (Foto: Star+)

2ª temporada de The Bear

Continuando a maré incrível das produções seriadas de 2023, The Bear chega à mesa dos espectadores como um prato que balanceia perfeitamente o cítrico,  doce, amargo e, principalmente, o humano. Seguindo com o familiar caos à la Carmy (Jeremy Allen White), apreciamos os novos sabores que surgem no restaurante mais amado de Chicago de uma maneira diferente do que em sua estreia – ainda mais íntimo que quando participamos dos gritos, choros e decepções da cozinha de The Beef

Explorando o passado, presente e futuro da equipe, a direção brilha ao nos permitir entrar na vida de Sydney (nossa querida e aclamada Ayo Edebiri), Tina (Liza Colón-Zayas), Ebra (Edwin Lee Gibson) e Marcus (L-Boy). Conforme acompanhamos a construção do novo restaurante, vemos também o nascimento de novos profissionais, com novas versões daquelas figuras que víamos tão despreparadas no início da série. No fim, percebemos que o único que não consegue acompanhar esse ciclo de renovação é Carmy, que permanece preso nas antigas versões de si mesmo.

The Bear não só conquistou ainda mais o coração do público como também muitas estatuetas nas principais premiações da TV e do Cinema. Consolidando seu título de uma das melhores séries de 2023 e esquentando o clima e as panelas para uma terceira temporada na cozinha da chef Sydney. – Clara Sganzerla


Em primeiro plano, uma senhora, que aparece do pescoço para cima, está sentada em um sofá encostado em uma parede com uma janela logo acima dele. Através da janela, do lado de fora da casa, estão, da esquerda para a direita, os personagens Asher, Dougie e Whitney conversando entre si.
Com 94% de aprovação da crítica e apenas 41% de aprovação da audiência no site Rotten Tomatoes, a abordagem desconfortável de The Curse dividiu opiniões (Foto: Paramount+)

1ª temporada de The Curse

Quem conhece os trabalhos anteriores do Nathan Fielder já espera que, se ele está envolvido, não vai ser fácil de assistir. Foi com Nathan for You, série com que se lançou no Comedy Central, em estilo mockumentary, que o comediante revelou sua habilidade em dominar a mescla entre o real e o absurdo como ninguém. Em 2023, se uniu ao co-criador da série, Benny Safdie – parte de um dos duos de cineastas mais notáveis dessa geração junto ao seu irmão –, e Emma Stone, para mais uma vez testar os limites até os quais consegue induzir a vergonha alheia na audiência.

Em The Curse, Fielder e Stone interpretam um casal recém-casado estrelando um reality show dirigido pelo personagem de Safdie, no qual querem documentar a visão deles para a transformação de um pequeno bairro majoritariamente latino e indígena no Novo México, chamado Española, em uma utopia moderna ecossustentável. Cria-se uma sátira hilária e inteligente ao complexo do salvador branco norte-americano e ao assistencialismo performático que o acompanha. A produção força ao máximo para descobrir o quanto conseguimos assistir sem desviar o olhar em constrangimento diante desses personagens completamente desligados da realidade que estão tão investidos em socorrer.  – Giovanna Freisinger


Cena da série The Last Of Us. A fotografia mostra os protagonistas Ellie e Joel de costas, olhando para o horizonte de um campo aberto. Nele, temos destroços de uma tragédia de avião. Ellie é branca, usa um rabo de cavalo e seu cabelo é castanho. Ela veste uma jaqueta na cor vinho e usa uma mochila em tons verdes. Joel, em seu lado direito, é um homem branco, cabelo preto já com fios grisalhos, é bem mais alto que Ellie e usa uma camisa jeans escura e uma mochila. As roupas parecem surradas e sujas.
A série foi inspirada no jogo de mesmo nome lançado em 2013 (Foto: Max)

1ª temporada de The Last Of Us

Quando as notícias da adaptação do título de videogame de maior sucesso da Naughty Dog passaram a percorrer pelas mídias, uma linha tênue desenhou-se em meio às expectativas, desejos e medos: The Last of Us seria um sucesso total ou uma desgraça completa. Para nossa sorte, nunca antes tínhamos presenciado uma construção de roteiro, personagens e expansão tão rica como a que foi produzida dentro do universo pós-apocalíptico da produção da HBO.

No entanto, a devastação total causada pelo fungo Cordyceps não é o foco da trama. Apesar da luta pela sobrevivência ser um fantasma que acompanha constantemente os protagonistas, a narrativa nos leva pelas angústias, traumas, violências e o amor envolvido nas relações que ainda restaram. Com sensibilidade e fidelidade, é lindo acompanhar a luz que nasce através da relação entre Ellie (Bella Ramsey) e Joel (Pedro Pascal) que, timidamente, ilumina um futuro um pouco menos sombrio para ambos. 

Mesmo com críticas pelo lado dos fãs dos games, a série furou a bolha e conquistou até mesmo aqueles que não possuem um console em casa. Com uma segunda temporada confirmada e alguns prêmios ganhos pelo caminho, teremos o privilégio de ver um jogo de sucesso virar, também, uma série de renome absoluto. – Clara Sganzerla


Foto da série The Other Two. Na imagem, vemos um homem branco de cabelos castanhos e uma mulher branca de cabelos loiros sentados em um avião. Eles estão chocados com algo que viram no celular que a mulher está segurando.
The Other Two termina a terceira temporada no auge do texto e do timing cômico (Foto: Max)

3ª temporada de The Other Two

The Other Two conta a história de três irmãos: um adolescente que se tornou um superstar e os ‘outro dois’, por isso o nome da série. A comédia é um triunfo graças ao texto afiado de Chris Kelly e Sarah Schneider. Os dois não poupam críticas aos acontecimentos do entretenimento dos últimos anos, como a relação da Disney com personagens LGBTs e a dinâmica entre assessores de imprensa e superestrelas. 

A partir da ascensão de um jovem e a decadência de seus irmãos mais velhos, The Other Two coloca em foco aqueles que se sentem perdidos na vida adulta. O terceiro e último ano da série encerra as jornadas de Brooke e Carey Dubek brilhantemente, mostrando que eles são muito mais do que apenas ‘os outros dois’. Terminando no auge, a comédia vale o seu tempo. – Guilherme Machado Leal


Cena da série Treta. À esquerda, está a personagem Amy Lau. Ela é uma mulher amarela, de cabelo curto descolorido e está usando óculos de armação prata, um casaco em tons de cinza, uma camisa branca e um colar colorido. Ela está dentro de um carro branco com a cabeça de fora da janela. Sua expressão é de raiva: sobrancelhas franzidas e boca semiaberta, mostrando os dentes. Ela está apoiando a mão direita na parte superior da janela do carro. À direita, está o personagem Danny Cho. Ele é um homem amarelo, de cabelo curto preto e está usando uma jaqueta preta e uma regata branca. Ele está dentro de um carro vermelho desbotado. Sua cabeça e seus braços estão para fora da janela e ele apresenta uma expressão de raiva, com os olhos arregalados e a boca semiaberta, mostrando os dentes.
Treta é uma comprovação de que ninguém tem moral para jogar a primeira pedra (Foto: Netflix)

Treta (Beef)

A produtora A24 nunca falha em garantir a representatividade da minoria mais amada do audiovisual: os coitados. Estrelada por Ali Wong e Steven Yeun, a minissérie Treta é uma jornada envolvente de altos e baixos permeada pelo ditado “quando você aponta um dedo para alguém, três estão apontados para você”. Afinal de contas, o vazio de uma vida pode ser preenchido pelo vazio de outra? 

Assistir à Treta pode levar uma única tarde, mas digeri-la pode levar dias. Tal fato se deve tanto ao seu caráter tosco quanto à sua beleza disfuncional. Esta, aliás, está registrada nos dois protagonistas cuja inimizade não passa de uma florescência de auto-ódio, regado desde sempre na vida de ambos. Embora o começo dê uma impressão de simplicidade da trama, a obra logo prova ser um método eficaz contra o acúmulo de pontos na carteira, uma vez que uma mera briga no trânsito pode nos levar a lidar com algo pior do que multas: nós mesmos. – Ana Cegatti


Cena da novela Vai na Fé (2023). Sol (Sheron Menezzes), Jenifer (Bella Campos) e Ben (Samuel Assis) estão sorrindo para uma foto. Sol é uma mulher negra de cabelos cacheados com mechas loiras,a sua esquerda está sua filha Jenifer, uma mulher negra jovem, de cabelos compridos e ondulados e camisa azul, e Ben, um homem negro, de barba, cabelo curto, camisa e gravata.
Sol (Sheron Menezzes) luta para conquistar seus sonhos, sem nunca deixar de cativar o público [Foto: Globoplay]
Vai Na Fé

A história de superação de uma mulher que sonha em ser cantora, mas trabalha vendendo marmitas para pagar a faculdade da filha parece um enredo banal ou clichê visto de longe, mas a riqueza de Vai Na Fé está em seu bom humor e leveza de cada personagem, uma boa percepção dos roteiristas diante da versatilidade dos brasileiros. Esses que aceitam uma história que inclui casais LGBTQIA + e pessoas negras com imensa importância na trama, ao mesmo tempo em que é protagonizada por uma família de fervorosos religiosos.

As atuações são absurdamente cativantes e  fazem se fundir as personalidades reais e fictícias. Os maiores destaques são Sheron Menezzes como Sol e Clara Moneke como Kate Cristina, uma se destacando pela imensa capacidade de seduzir e prender a torcida leal do público e a outra por conseguir arrancar as risadas mais genuínas possíveis.

Vai na Fé é, sem dúvidas, a novela que mais captou a essência brasileira sem precisar do tradicional rebusco das novelas das nove. Uma obra simples direta e absolutamente cativante, com uma trama baseada em problemas cotidianos e sem grandes ambições, o roteiro de Rosana Svartman mostra como equilibrar perfeitamente os interesses de uma nova geração hiperconectada que tinha se afastado da TV aberta na última década, e os interesses de quem sempre amou as novelas e que talvez tema as mudanças que o tempo traz ao gênero. Vai na Fé marcou não só o ano como a própria história da teledramaturgia. – Guilherme Dias Siqueira


Recorte de jornal exibido durante a série da Globoplay Vale O Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho. O recorte de jornal traz uma aparência envelhecida com elementos clássicos como manchete em negrito e caixa alta, texto corrido em colunas e uma imagem em destaque. No caso, a manchete traz escrito “Fim de um clã do jogo do bicho” e uma imagem em preto e branco de um senhor que veste uma camiseta branca com óculos escuros. Os demais elementos estão borrados para dar enfoque à manchete.
Sucesso no streaming, o seriado documental também gerou um podcast com trechos inéditos (Foto: Globoplay)

1ª temporada de Vale O Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho

Com grande repercussão no universo cronicamente online, Vale O Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho ecoa um fenômeno tão intriseco na realidade brasileira que poderia muito bem se encaixar às referências culturais de Silvio Santos e futebol, presentes naquele meme que usamos quando um ‘gringo’ descobre algo sobre nós nas redes sociais: “Is that a Brasil reference?. Com a pesquisa aprofundada de Fellipe Awi, a série documental da Globoplay é estilosa graças a direção artística de Monica Almeida e surpreende, ainda, com uma sequência de acertos de Pedro Bial na narração dos sete episódios dirigidos por Awi, Ricardo Calil e Gian Carlo Bellotti.

A prática atualmente ilegal não é incomum a nós, na verdade, estamos acostumados a escutar histórias sobre algum parente que, em uma determinada época, se envolveu de vez com as apostas, ou conhece aqueles que mantém seus negócios às escondidas. Passando de forma tão natural como o assunto é, de bar em bar, Vale O Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho acerta ao escolher os grandes ‘bicheiros’ do Rio de Janeiro como recorte, assim, representando, todo o caos e violência gerados pela prática entre os grandes chefões das escolas de samba. O tópico é sensível, os personagens existem na vida real e continuam entre nós, nisso, o documentário parece finalmente elucidar questões enraizadas pelo país – Nathalia Tetzner


Foto da série Yellowjackets. Na imagem, aparecem quatro garotas em uma floresta. Elas estão no inverno. Da esquerda para a direita, há uma mulher branca com cabelos ruivos, uma mulher branca com cabelos loiros, uma mulher preta com cabelos cacheados e uma mulher branca com cabelos castanhos.
Yellowjackets é, provavelmente, a série em que o flashback importa mais do que o presente vivido pelos personagens (Foto: Showtime)

2ª temporada de Yellowjackets

A série Yellowjackets tem uma premissa um tanto curiosa: na década de 1990, adolescentes do time de futebol da escola x embarcam para jogar nas competições nacionais e sofrem um acidente de avião. Durante 15 meses, as garotas, mais conhecidas como as Yellowjackets, vivem à mercê dos perigosos das florestas em busca de ajuda. Na segunda temporada, a abordagem se torna mais intensa e acompanhamos o definhamento das meninas e a animalização a que são submetidas devido à vida que levaram nesse período. Com o drama mesclado a tiradas sutis, o programa televisivo do Showtime amplia o amor que os fãs possuem pelas Jaquetas Amarelas ao mostrar todas as facetas das personagens principais.

A trama é dividida em dois momentos temporais: no passado, época em que as Yellowjackets tinham a floresta como o seu lar, e no presente, 25 anos após o choque que marcou a vida de cada uma daquelas garotas, seja individual ou coletivamente. Além da narrativa, as atuações são de tirar o fôlego. Com um elenco adolescente à la HBO, as atrizes principais entregam o texto do segundo ano da forma que ele merece; nem tão dramático tampouco raso, na medida certa. Aliás, as veteranas que interpretam as mesmas personagens após a passagem de tempo cumprem o papel e fazem jus à versão imatura delas Aqui, os traumas e as personalidades são indissociáveis, se entrelaçando e constituindo as características principais do sexteto imortal. – Guilherme Machado Leal

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