O Homem do Norte: a vingança fria e brutal de Robert Eggers

Cena do filme O Homem do Norte. No centro da imagem, temos o ator Alexander Skarsgard, um homem alto, branco e loiro, de cabelos longos, barba grande, abdômen e músculos definidos. Ele está segurando dois machados em suas mãos e vestindo uma calça com uma bainha preta amarrada na cintura, sem camisa. Ao fundo, temos uma vila de camponeses, com casas cujos telhados são feitos de palha amarela e as portas de madeira marrom escura. A cena acontece durante o dia.
Alexander Skarsgård é uma besta enjaulada com ódio em O Homem do Norte (Foto: Focus Features)

Nathan Nunes

Poucos nomes são tão aclamados dentro do Cinema atual como o do diretor Robert Eggers. Seu primeiro filme, A Bruxa, foi um interessante sleeper hit, isto é, aquele caso onde o sucesso é construído no boca a boca. Tendo também revelado ao mundo a excepcional atriz Anya Taylor-Joy, o debute de Eggers fez em bilheteria o equivalente a dez vezes do seu orçamento de modestos quatro milhões de dólares, colocando-o no mapa e deixando altíssimas expectativas para o seu próximo projeto. Felizmente, ele superou todas elas com O Farol, onde já trabalhou com atores mais conhecidos como Willem Dafoe e Robert Pattinson. Notório pela fotografia em preto e branco e aspecto 4×3, o segundo longa do cineasta foi mais um sucesso de crítica, mas nem tanto de público. 

Agora, três anos depois de seu último lançamento, Eggers retornou às telas com O Homem do Norte (The Northman), de uma forma que não poderia ser melhor e mais significativa. Eggers, discípulo de uma geração de diretores independentes catapultada pela produtora queridinha dos cinéfilos A24, chega em seu épico viking ostentando um orçamento de noventa milhões de dólares, do qual ele se apropria para contar uma história nos mesmos moldes do Cinema autoral dessa mesma geração. Em outras palavras, o filme, que é sobre vingança, é também uma vingança ao sistema atual de produção dos grandes estúdios de Hollywood. 

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A Lenda do Cavaleiro Verde: a cruel arte da reciprocidade (e porque devemos aprendê-la)

Cena do filme A Lenda do Cavaleiro Verde. Gawain (Dev Patel) está brandindo um grande machado para cima com a mão direita enquanto grita em cima de um rochedo cinza, com um céu branco com algumas nuvens atrás de si. Gawain é indiano, possui cabelos pretos e uma barba completa. Ele usa uma veste cinza, calças brancas e botas marrons e, atrás dele, podemos ver um manto amarelo esvoaçando por conta do vento.
As batalhas de Gawain raramente são travadas pela lâmina (Foto: A24)

Gabriel Oliveira F. Arruda

Quando o Cavaleiro Verde levantou sua própria cabeça decepada, olhou Gawain nos olhos e disse “Daqui a um ano…”, ele poderia estar se referindo tanto ao golpe mortal destinado ao jovem, quanto à espera estendida que teríamos para ver a nova adaptação cinematográfica do poema medieval. Após ter estreado nos cinemas americanos pouco antes de julho acabar, A Lenda do Cavaleiro Verde chegou em VOD na metade de agosto, para delírio daqueles que esperavam desde 2020 pela visão do diretor David Lowery (Sombras da Vida) sobre a clássica fábula escrita por um autor desconhecido.

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