A segunda temporada de Bridgerton mostra que não é preciso utilizar cenas explícitas para fazer um bom romance de época

Imagem de divulgação da temporada. A imagem contempla três personagens lado a lado olhando para frente. Ao centro está Anthony, um homem branco de cabelos e olhos pretos trajando um fraque preto aberto da mesma cor de sua calça; no pescoço tem uma gravata borboleta azul e por baixo do terno um colete cinza; segura na mão direita um bastão de Pall Mall de madeira clara apoiado no ombro do mesmo braço, enquanto a esquerda está na sua cintura. Do seu lado direito, com o corpo virado para o homem, está Kate, uma mulher negra com cabelos castanhos presos em um coque não aparente na imagem, apenas com uma parcela da franja solta e olhos castanhos; a vestimenta é um vestido verde esmeralda de época, da mesma por da luva aparente na sua mão direita que está apoiada na cintura; na mão esquerda segura um bastão de Pall Mall de madeira escura que se apoia no ombro esquerdo. Por último, do lado esquerdo do personagem ao centro está Edwina, uma mulher negra, de olhos pretos como o cabelo, preso em pequenos coques na cabeça, de forma que apenas a franja esteja solta ao lado esquerdo, enfeitado com pequenas flores brancas; veste um vestido de época rosa claro da mesma cor de suas luvas; segura com ambas as mãos um bastão branco de Pall Mall na frente do corpo, na altura da cintura.
O solteiro mais aclamado de toda Londres decide encontrar sua viscondessa em nova temporada (Foto: Netflix)

Lavínia Battoni Ferreira

Após o sucesso da primeira temporada, Bridgerton tem seu segundo ano focado em Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey), o primogênito, que decide encontrar uma viscondessa. Ao longo dos oito episódios, é possível acompanhar a trajetória do personagem desde o seu passado até o que virá a se tornar seu futuro. Sem apelação com cenas explícitas, a estreia rendeu para o público, mesmo com algumas ressalvas. A sucessão foi de agrado da crítica, não surpreendendo por mais duas indicações ao Emmy para sua coleção.

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Entre a culpa e o julgamento, a 6ª temporada de Better Call Saul amarra o universo da metanfetamina

A imagem retangular é uma cena de Better Call Saul com um filtro preto e branco por cima. Na foto vemos Jimmy e Kim dentro de uma cela de prisão, vistos de pé um do lado do outro no canto inferior esquerdo. No canto superior direito há uma janela que lança luz na parede ao fundo e no corpo dos dois. Jimmy é um homem adulto, branco, de cabelos escuros, calvo e está usando uma roupa de detento. Kim é uma mulher adulta, branca, de cabelos escuros, longos e com franja, magra e usa uma roupa colada preta.
Jimmy e Kim se despedem da mesma maneira que são introduzidos: dividindo um cigarro (Foto: Netflix)

Vitor Tenca

Convergir o que há muito tempo está fragmentado nunca seria uma tarefa fácil. Saul Goodman embarca em um capítulo de desafios contra vilões-heróis já consolidados para provar que uma mente do crime e da justiça pode precisar de uma mesma qualidade: saber cortar caminhos. Na sexta temporada de Better Call Saul, olhamos para os detalhes finais que constroem a narrativa ressentida e desenfreada da vida de um ex-advogado. 

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Emily em Paris é uma série perfeita para os anos 2000

Cena da série Emily em Paris. Há 3 personagens na foto, Emily, uma mulher branca de estatura média, usa um vestido lilás de babados, salto alto, óculos de sol e cabelos castanhos soltos até a altura da cintura. Ao lado dela, Mindy, sua melhor amiga, usa uma blusa amarela de babados, um short cor de rosa, um chapéu, e saltos altos. Ela é uma mulher asiática de estatura média. E ao lado dela, Camille, uma mulher branca, com cabelos loiros até a cintura, usa óculos de sol, um blazer oversized e sapatos brancos. Ao fundo é possível ver motocicletas de luxo estacionadas em frente a um estabelecimento de toldo vermelho.
A segunda temporada de Emily em Paris tem looks que chamam mais atenção do que a forçação de barra do trio protagonista (Foto: Netflix)

Giovana Keiko

Emily em Paris, série de Comédia estrelada por Lily Collins, que interpreta a marketeira Emily Cooper, se passa quando, há alguns meses na cidade luz, novos dilemas aparecem no caminho da personagem. Mas nada muito preocupante. O seriado pode ser colocado na categoria de “Séries de Almoço”, aquelas de meia horinha, que assistimos com leveza, por puro entretenimento, sem precisar se preocupar com o conteúdo agregado de fato. Ou seja, a mais pura e bela distração. Se você procura por isso, a produção da Netflix é um prato cheio.

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Em Love, Death + Robots, o homem é o robô do homem

Cena do primeiro episódio do volume 3 de Love, Death + Robots. Nele vemos três robôs em um balcão de bar abandonado. Da esquerda para a direita, temos um robozinho menor de cabeça quadrada e na cor laranja. Em sua cara um visor forma um emoticon sorrindo. No meio, um robô branco com formas mais humanas. Ele veste um chapéu de marinheiro, seu olho direito é amarelo e o esquerdo azul. Por último, há um robô em um formato que se assemelha a um triângulo na cor cinza. Ele tem uma espécie de câmera que emite uma luz azul
Mais assustador que o futuro é o caminho até ele (Foto: Netflix)

Guilherme Veiga

Pensar na revolta das máquinas é naturalmente evocar elementos da Skynet, passando pelos andróides da saga Alien, a destruição estroboscópica da Família Mitchell e chegando nas ficções de Interstellar e 2001 – Uma Odisséia no Espaço. Por mais que essas produções de certa forma tratem também da condição humana, comum de toda boa ficção científica, muitas vezes a vilania da história está voltada aos seres formados por compostos eletrônicos. Em Love, Death + Robots, a carcaça metálica e (às vezes não tão) bem polida, reflete uma humanidade vilã, que, por falta de disputa na cadeia alimentar do poder, arranja um jeito de se voltar contra si própria.

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Para Andy Warhol, com amor.

Com quatro indicações no Emmy 2022, The Andy Warhol Diaries concorre na categoria de Melhor Série Documental ou de Não-Ficção (Foto: Netflix)

Enzo Caramori

As máquinas têm menos problemas. Eu gostaria de ser uma máquina, e você?                                                                                                                                       – Andy Warhol

Entre retratos formais da teoria da Arte, colunas em páginas de fofoca e imagens em threads explicativas, sempre existiu o dilema de quem era Andy Warhol. Para muitos, a resposta pode ser simples e se resumir nos símbolos que ele construiu a si mesmo – como a famosa e espalhafatosa peruca branca. Essa era a pretensão de um homem que se tornou um ícone, que, diante da mídia, não abria espaço para nada além de uma leitura superficial de sua obra – uma ilustração aparentemente objetiva da sociedade de consumo – e de sua excêntrica personalidade. 

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Stranger Things entra em sua era das trevas e ninguém sai ileso

Com invasão de casas assombradas, busca por monstros e solução de mistérios, a nova temporada de Stranger Things deixaria a turma do Scooby-Doo orgulhosa (Foto: Netflix)

Gabrielli Natividade da Silva 

Stranger Things já está consolidada como um dos maiores sucessos da Netflix há muito tempo. Sua primeira temporada foi ao ar em 2016 e, agora, a quarta parte da história segue mantendo a boa recepção do público e consegue angariar ainda mais fãs, mesmo que seu lançamento tenha sido postergado pela pandemia. Esse ano, a série recebeu 13 indicações ao Emmy, sendo as principais Melhor Série de Drama e Melhor Elenco de Série de Drama – as outras nomeações figuram categorias técnicas. Um ponto ficou claro nesta última leva de episódios, o de que a aura infantil e sonhadora se foi e as sombras rondam os moradores de Hawkins. Os irmãos Duffer começaram um jogo brutal, mas, em alguns momentos, nota-se que desistiram de suas melhores jogadas.

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3 vezes é burrice: The Umbrella Academy precisa parar o fim do mundo…. de novo

Sentada no sofá, na ponta esquerda, encontra-se Lila, uma mulher de tamanho mediano, cabelo tingido de branco, e de ascendência indiana, usando um vestido preto com mangas cumpridas, com um cinto na cintura, ela segura no antebraço do sofá e cruza as pernas. Ao seu lado está Diego, um homem latino-americano, com um cavanhaque ralo, cabelo curto castanho, uma mão posicionada na coxa direita e a outra enfaixada em um tecido branco. Ele usa uma jaqueta de couro e calças pretas. A sua direita está Ben, um homem de ascendência asiática, com cabelo preto espetado, que usa uma blusa de manga comprida azul marinho com listras brancas e segura um balde de salgadinhos de queijo e sorri com os lábios pressionados. Na ponta direita do sofá, com cara de assustado, está Cinco, um jovem que aparenta ter uns 14/15 anos e usa um paletó preto completo, com gravata. Ele tem uma expressão de choque e apoia um braço no sofá e o outro na perna. Ao fundo deles está a sala da Umbrella Academy, grande e iluminada pelo Sol.
A série The Umbrella Academy é baseada em um gibi de nome homônimo lançado em 19 de setembro de 2007, escrita por Gerard Way e ilustrada por Gabriel Bá (Foto: Netflix)

Ana Nóbrega

Third time’s a Charm(em português “a terceira vez é um charme”) é um ditado estadunidense que significa que quando algo é tentado pela terceira vez, o resultado com certeza vai ser sorte. A frase exemplifica com louvor a terceira temporada da série The Umbrella Academy, que chegou à Netflix no dia 22 de junho de 2022, trazendo consigo a volta dos irmãos Hargreeves e sua luta infinita contra o fim do mundo. 

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Entre o moderno e o tradicional, não foi dessa vez que Persuasão ganhou uma adaptação à altura

Imagem do filme Persuasão no formato retangular. A paisagem é formada por um céu azul e um campo coberto de uma vegetação rasa. Ao centro da imagem está um casal sentado na grama se abraçando. Do lado esquerdo está a personagem Anne Elliot, uma mulher branca, de cabelos pretos e lisos, amarrados em um coque. Ela veste um vestido branco, comprido e de mangas longas. Do lado direito está o personagem Frederick Wentworth, um homem branco, de cabelos pretos e cacheados em um penteado estilo topete. Ele usa um grande casaco azul com botões dourados.
Muito distante de Anastasia Steele, de 50 Tons de Cinza, Dakota Johnson vive agora a heroína Anne Elliot de Jane Austen (Foto: Netflix)

Isabella Lima 

“Austen nos dá a fantasia histórica e ainda fornece uma dura ridicularização daqueles que são muito esnobes em suas distinções de classe” é o que escreve Linda Troost e Sayre Greenfield no livro Jane Austen in Hollywood. Publicado entre os anos 1990 e 2000, as autoras acompanharam o auge das adaptações audiovisuais das obras literárias de Jane Austen. De fato, todos esses elementos, juntos da narrativa romântica, encantam os entusiastas da escritora inglesa e foram bem incorporados em  Orgulho e Preconceito (2005), Emma (2020), ou até mesmo em As Patricinhas de Beverly Hills (1995), uma adaptação mais reconstruída e modernizada. Ao contrário desses títulos, Persuasão, a nova aposta da Netflix  inspirada no livro homônimo de Jane Austen, não conseguiu proporcionar uma experiência capaz de estabelecer conexão com a tradição, nem com a reinvenção da direção inaugural de Carrie Cracknell, nome já conhecido no teatro britânico. 

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A comunidade queer invade sua mente em Sense8

Cena da série Sense8. Na imagem, os oito protagonistas da série estão um ao lado do outro se abraçando e com expressões de carinho e felicidade. Todos estão na faixa dos 30 anos. Da esquerda para a direita: Capheus é um homem queniano, negro, é careca e veste uma camiseta cinza de mangas azuis, e está com a cabeça encostada em Nomi. Nomi é uma mulher americana, branca, seu cabelo é loiro na altura abaixo dos ombros e usa um óculos quadrado preto. Acima de Nomi, está Will, que também é americano, branco, está vestindo uma camiseta marrom e tem o cabelo loiro. Ao lado de Nomi está Sun, que é uma mulher coreana, veste uma regata preta de gola alta e com detalhes amarelos, e tem o cabelo preto na altura do queixo. Riley é uma mulher islandesa, veste uma regata que não é possível identificar a cor pois outra pessoa está na frente, e seu cabelo é loiro na altura do pescoço. Abaixo, está Kala, que é uma mulher indiana e está de costas para a foto, podendo ser possível ver apenas seu cabelo preso em um rabo de cavalo e um brinco de várias argolas unidas na orelha. Lito é um homem mexicano, está vestindo uma camiseta de manga curta com estampa militar e seu cabelo é curto e castanho escuro. Por último, Wolfgang é um homem alemão, veste uma camiseta de manga curta cinza e seu cabelo é curto e castanho claro. A iluminação é muito forte e amarelada, eles estão contra a luz. Ao fundo, é possível ver um cemitério vertical, com várias gavetas enfeitadas com guirlandas de flores.
O apoio e compreensão dos amigos nunca foram tão necessários quanto em Sense8 (Foto: Netflix)

Maria Vitória Bertotti 

Compartilhando as mentes uns dos outros e vivendo experiências de maneira onipresente, a série estadunidense Sense8 inova na ficção e nos mostra que o espaço é apenas um detalhe para se viver inteiramente. Lançada em junho de 2015, a produção trouxe a temática LGBTQIA+ para o mundo do streaming, o que chocou parte do público da Netflix. Por essa razão, tantas pessoas se renderam à trama revolucionária dos sensates e suas habilidades de conexão mental.

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De Top Gun a Elite: o homoerotismo sempre nos colocou de quatro

Muito mudou entre os anos 80 e agora, mas a figura masculina erotizada continua engajante como nunca

Arte retangular com fundo verde. Nela, vemos os personagens Maverick, Louis, Lestat e Patrick. Maverick é um homem branco, usa jaqueta e óculos escuros e posa com um joinha dentro de um avião. Louis é um homem de cabelos compridos castanhos e Lestat é loiro, ambos são vampiros que usam roupas antigas com detalhes em branco, verde e dourado. Patrick é um jovem adulto branco, sem camisa e tem os braços cruzados.
Entre pilotos de avião, vampiros e estudantes do Ensino Médio, a luxúria destes personagens transborda as telas e inunda a sala de quem assiste (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Vitor Evangelista

Não há nada que um homem goste mais do que agradar e impressionar outro homem. Seja numa relação romântica ou apenas na amizade, a Arte explorou, desde o Batalhão Sagrado de Tebas até os garotos bobos de amor de Heartstopper, que eles compartilham esse fascínio, um senso de deslumbramento que os coloca no centro do universo. Quando foi lançado em 1986, o romance entre Maverick e Charlie em Top Gun: Ases Indomáveis era, à primeira vista, o único ponto de tensão no filme. Mas o produto final mostrou um subtexto extra.

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