Eduardo e Mônica: o amor sempre fala mais alto

Seja na Música ou nas telas de cinema, Eduardo e Mônica exalam química em uma paixão fascinante de se ver e escutar (Foto: Paris Filmes)

Guilherme Teixeira

Quatro anos após o início de suas gravações, a aguardada comédia romântica Eduardo e Mônica chega aos cinemas reverenciando não só a música de Renato Russo, clássica brasileira que inspirou o filme, mas também o amor e o respeito às diferenças. O longa, dirigido por René Sampaio e estrelado por Gabriel Leone e Alice Braga, narra a história do jovem vestibulando e da médica independente que se cruzam na tal festa estranha com gente esquisita e mostram que, definitivamente, os opostos se atraem. Ele, que assiste novela e joga futebol de botão com o avô, em contraposição se apaixona por ela, que bebe conhaque e gosta do Bandeira, Bauhaus, Van Gogh, Mutantes, Caetano e de Rimbaud. 

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Nota Musical – Fevereiro de 2022

Arte retangular na cor laranja/coral. Do lado direito está a caixa de um CD, este decorado por uma foto de quatro artistas: Avril Lavigne, Black Country, Mitski, Gilsons. Já ao lado esquerdo, está escrito, em branco, na área superior, “nota musical”. Ao centro, o logo do Persona, um olho com a íris na mesma cor do fundo. Logo abaixo, o texto em preto “fevereiro de 2022”.
Destaques de Fevereiro de 2022: Avril Lavigne, Mitski, Gilsons e Black Country, New Road (Foto: Reprodução/Arte: Nathália Mendes)

Dando sequência ao novo formato do querido Nota Musical, a Editoria do Persona se reúne novamente para trazer suas impressões sobre os mais empolgantes – e outros nem tanto – lançamentos do mês. Despedindo-se do último palíndromo (22/02/2022) da década, Fevereiro foi uma montanha-russa de sentimentos. Em curtos 28 dias suando de calor, chegamos até a assistir de longe uma guerra ser declarada. No dia 23 de fevereiro, o mundo também deu adeus à Paulinha Abelha, vocalista da banda de forró tecnobrega Calcinha Preta. Presente no ambiente da Música nacional desde 1996, o ritmo sônico do grupo ecoa pelos mais diversos sons brasileiros.

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Gold-Diggers Sound: Leon Bridges tem o poder de parar o tempo

Gold-Diggers Sound, terceiro álbum de estúdio de Leon Bridges e figura marcada nas categorias de R&B do Grammy 2022, ainda recebeu versão Deluxe com uma faixa extra (Foto: LisaSawyer63/Columbia Records)

Enrico Souto

“Nós não paramos, mas o tempo sim”. Há uma conduta inusitada nessa afirmação, não? Bem, é assim que Leon Bridges escolhe abrir Motorbike, o segundo single do seu terceiro álbum de estúdio, Gold-Diggers Sound. É comum que o tempo seja entendido, tanto na Arte quanto no inconsciente coletivo, como uma entidade intocável, totalmente fora da nossa compreensão e controle, que existe independente da nossa capacidade de percebê-lo, e que é efêmero por definição. Ou seja, que se vai apaticamente, e quem não o acompanha é fatalmente suprimido. 

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Os Melhores Discos de 2021

Arte retangular na cor azul escuro. No canto superior direito está escrito em branco “OS MELHORES DISCOS DE 2021”. Ao centro na parte inferior da imagem está uma foto da cantora Linn da Quebrada em preto e branco com silhueta azul clara ao redor de seu corpo, enquanto ela olha para frente e tampa o busto com sua mão. Ao lado direito está a figura do cantor Tyler the Creator, também em preto e branco com silhueta azul ao redor de seu corpo, ele está vestindo uma calça, camiseta e um bucket hat. À direita está a imagem da cantora Olivia Rodrigo, segurando um buquê de flores enquanto veste um vestido de festa. Sua maquiagem está borrada aos olhos e seu cabelo está solto na altura do busto. A imagem está em preto e branco e ao redor está também uma silhueta de cor azul escuro. Entre eles estão figuras animadas de estrelas aparecendo e desaparecendo. Um coração sendo partido e refeito e riscas indicando movimento. No canto inferior esquerdo há o logo do Persona, um olho com a íris de cor azul claro.
Entre o melhor da Música em 2021, tivemos os discos de Linn da Quebrada; Tyler, The Creator; e Olivia Rodrigo (GIF: Reprodução/Arte: Ana Clara Abbate/Texto de Abertura: Raquel Dutra)

É um clichê introduzir uma lista de melhores do ano dizendo que o tal período foi “muito rico” ou “memorável” ou “maravilhoso” para a determinada área que a seleção em questão se propõe a registrar. Mas ao fim de 2021, não resta outra conclusão: o ano foi realmente muito especial. É uma série de motivos que sustentam a afirmação para além de uma expressão comum, e o Persona, que acompanhou cada Nota Musical dos referidos 12 meses, não só pode como deve te explicar o porquê o ano que passou ficará marcado na História da Música. Então, para fazer valer o clichê é que estamos aqui com Os Melhores Discos de 2021.

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Justin Bieber lava a alma em Justice

Capa do álbum Justice, de Justin Bieber. O artista é um homem branco, de cabelos loiros, e está com uma roupa inteira preta, dentro de um túnel. O cantor está agachado no meio da rua, de olho fechado e com uma das mãos em seu rosto. Em seu pescoço ele tem uma tatuagem de rosa. Na parte inferior da foto, está o nome Justice, em um tom de verde claro e logo abaixo está escrito Justin Bieber, em letras menores.
O responsável pelas fotos do álbum é Rory Kramer, amigo e fotógrafo de Justin, o qual dirigiu o clipe de “I’ll Show You”, na era Purpose (Foto: Def Jam)

Giovana Guarizo

A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”. É com as palavras poderosas de Martin Luther King Jr. que Justin Bieber dá início ao seu álbum mais recente. Um disco que transmite paz, mas também desabafa sobre tudo o que está entalado na garganta do canadense. O álbum é exatamente aquilo que você precisa ouvir em um banho quente, com meia luz e depois de um dia difícil. Ele fala de amor, fé, ansiedade e inseguranças reconfortantes, as quais você consegue se identificar. Justice é um respiro em meio a momentos caóticos. 

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De 1922 para 2022: o que é ser Moderno no Brasil?

A Semana de Arte Moderna terminou ontem, mas as perguntas que o movimento cultural brasileiro deixou são para mais de 100 anos

Pintura "Operários" de Tarsila do Amaral. A imagem é composta por vários rostos de pessoas das mais diversas feições e tons de pele. Elas se organizam na diagonal da imagem, de forma crescente, da esquerda para direita, uma em cima da outra. Ao fundo, existe o desenho de uma indústria e o céu é azul.
“Que esperem o centenário. Se no ano de 2022 ainda se lembrarem disso, então sim.”, respondeu Manuel Bandeira quando questionado sobre a necessidade de relembrar a Semana de Arte Moderna em 1952 (Foto: Reprodução)

Raquel Dutra

18 de fevereiro de 1922. As cortinas do salão de concertos já se fecharam, as luzes do saguão de exposições já se apagaram, e as portas do Theatro Municipal de São Paulo já se trancaram. Lá fora, pelas ruas da cidade, corre uma promessa de novos ares, criada pelos artistas que estiveram reunidos durante os últimos cinco dias no centro cultural mais tradicional da capital paulista. A ideia é transformar a Arte nacional através do que existe no nosso próprio país, buscando, assim, uma expressão artística 100% brasileira. “Genial e revolucionário!” exclama quem cruza com essa energia pelo caminho, porque ali, alguém testemunhou o início do modernismo no Brasil. É o primeiro dia pós-Semana de Arte Moderna, e sua força tem o potencial de influenciar todo o resto do país a procurar pelas suas raízes e colocá-las para fora, sem depender nunca mais de referências externas. Pelo menos, é o que eles dizem.

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Nota Musical – Janeiro de 2022

Arte retangular na cor azul. Do lado direito está a caixa de um CD, este decorado por uma foto de quatro artistas: The Weeknd, Urias, Pitty e Elza Soares. Já ao lado esquerdo, está escrito, em branco, na área superior, “nota musical”. Ao centro, o logo do persona, um olho com a íris na mesma cor do fundo. Logo abaixo, o texto em preto “janeiro de 2022”.
Destaques de Janeiro de 2022: The Weeknd, Urias, Pitty e Elza Soares (Foto: Reprodução/Arte: Vitória Vulcano)

Começando 2022 assim como seu irmão Cineclube, o Nota Musical aproveitou a onda das resoluções de Ano Novo para colocar em prática as mudanças dos 365 dias que seguirão. Em 2021, o mensal do Persona reuniu cerca de 600 novidades musicais em suas 12 edições, trazendo textos individuais da Editoria e dos Colaboradores sobre cada uma delas. Esse ano, o propósito seguirá o mesmo:  reunir os melhores – e os piores – lançamentos da Música em um só lugar. Mas em meio à imensidão das listas de lançamentos mensais, o Persona seguiu o exemplo de Ariana Grande e ampliou ainda mais a coletividade em nossas produções. 

Agora, ao invés de cada colaborador dedicar longos parágrafos sobre cada canção disponibilizada, os personers, em conjunto, serão os responsáveis por coletar as novidades mais importantes e interessantes do primeiro ao último dia do mês na indústria musical. Do pop ao R&B à MPB, dos grandes lançamentos de divas pop às descobertas escondidas no Album of The Year, os membros da Editoria desenvolverão as pautas com as quais têm mais afinidade, e uma dupla será a encarregada de colocar a mão na massa e compilar tudo de mais atual e relevante em um post só.

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Minha força não é bruta: as mulheres da Semana de 22

Foto retangular de fundo cor gelo e textura. Na parte central superior lê-se “MULHERES NO CENTENÁRIO DA SEMANA DE ARTE MODERNA”. Centenário e as letras S e A estão em azul, o restante está em preto. Na parte inferior está a montagem de seis mulheres da semana de arte moderna, elas estão enfileiradas e as fotos estão em preto e branco. Todas as imagens são de busto. Da esquerda para a direita, as mulheres retratadas na imagem são: Patrícia Galvão, Guiomar Novaes, Regina Gomide Graz, Tarsila do Amaral, Zita Aida e Anita Mafaltti. No canto inferior direito está a logo do Persona com a cor da íris estilizada em azul.
Destaques femininos do Modernismo, da esquerda para a direita: Patrícia Galvão (Pagu), Guiomar Novaes, Regina Gomide Graz, Tarsila do Amaral, Zina Aita e Anita Malfatti (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan)

Ana Júlia Trevisan e Vitória Silva

Quando falamos na Semana de Arte Moderna de 1922, há um retrato muito nítido na memória brasileira sobre quem eram as figuras envolvidas nesse importante capítulo de nossa história. Nele estão presentes nomes como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, e mais uma porção de personalidades masculinas. Ao se tratar da parcela feminina, o primeiro nome que deve surgir com certeza é a popular Tarsila do Amaral, mas ela sequer esteve presente no evento. Durante os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, a pintora se encontrava do outro lado do oceano, na cidade de Paris. 

Mas esse apagamento não se justifica pela ausência completa de mulheres entre as artistas, longe disso. Na década de 20, as mulheres brasileiras ainda não tinham conquistado o direito de votar, trabalhar sem a autorização do marido, ter conta bancária ou até mesmo a guarda dos filhos. Direitos esses que viriam, pelo menos, dez anos depois (e contando). Com um papel meramente restringindo a ser bela, recatada e do lar, quem imaginaria participar de um movimento artístico que impactaria não somente em esferas culturais como também políticas? Foram poucas que tiveram não somente a audácia, mas uma condição social e econômica para tal. 

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O folclore sou eu: Heitor Villa-Lobos e a Música Modernista

Na Semana de 1922, o maestro já demonstrava seu esforço em trazer elementos do folclore brasileiro à Música Clássica

Foto em preto e branco do maestro Heitor Villa-Lobos. Na foto, Heitor Villa-Lobos está sentado em um piano, com a mão direita sobre as teclas, inclinado à lateral, com a cabeça virada para a direita. Ele está com um charuto na boca. Villa-Lobos é um homem branco, veste um terno de cor cinza com listras de cor branca e possui cabelos pretos e lisos com mechas grisalhas. O piano é de cor preta.
Tido como o principal musicista da Semana de Arte Moderna, Heitor Villa-Lobos teve repercussão internacional, marcando-o como o maior maestro e compositor clássico brasileiro (Foto: Acervo Museu Villa-Lobos)

Bruno Andrade

No dia 17 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, o público acomodou-se de forma lenta e espaçada, aguardando a apresentação de um músico carioca, tido como o mais conceituado da Semana de Arte Moderna e um dos maestros brasileiros mais promissores já à época do evento. O musicista fazia parte de três dias da programação da Semana, e, ao ser convidado para integrá-la, estava às vésperas de completar 35 anos. Para sua estreia no palco paulistano, ele selecionou o que de mais representativo havia produzido em música de câmara nos anos anteriores. Não demorou para que o compositor, vestindo casaca e calçando, em um pé, sapato, e, no outro, chinelo, surgisse no palco, seguido por vaias e urros de negação. A plateia havia interpretado o uso do chinelo como puro desrespeito; aparentemente, era apenas um machucado no dedão – mas pode bem ser que não fosse. De qualquer forma, o espetáculo pôde enfim começar: Heitor Villa-Lobos chegou.

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Em Vulture Prince, Arooj Aftab nos ensina a lidar com a dor

Centralizada está a cantora, com um microfone em sua mão direita, na parte esquerda da imagem. Seus olhos estão apontando para o canto inferior direito, a parte do rosto dela que está na parte esquerda da imagem não é reconhecível. No canto superior esquerdo está escrito “Arooj Aftab” com “Vulture Prince” logo abaixo.
Vulture Prince, o terceiro álbum da carreira de Aftab, a vê retornar a suas raízes e lidar com a dor da perda de pessoas importantes (Foto: New Amsterdam Records)

Frederico Tapia

Nascida em 1985 na cidade de Riyadh, na Arábia Saudita, mas criada em Lahore, no atual Paquistão, e atualmente radicada em Nova York, nos Estados Unidos, Arooj Aftab começou a ser conhecida durante os anos 2000 com rendições de músicas de outros artistas, como por exemplo Hallelujah, de Leonard Cohen. Ela se formou no Berklee College of Music em Produção Musical, Engenharia de Som e Composição de Jazz após se mudar para os EUA em 2005. Em 2021, ela lançou seu terceiro álbum de estúdio, Vulture Prince, e conquistou duas indicações ao Grammy 2022, tornando-se a primeira mulher paquistanesa a ser indicada à premiação estadunidense. Uma das indicações é como Artista Revelação, uma das principais categorias do prêmio, e a outra como Melhor Performance de Música Global por Mohabbat.

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