15 anos de O Diabo Veste Prada e a vilanização de Miranda Priestly

Lançado em 2006, O Diabo Veste Prada continua gerando rixa na internet (Foto: DR)

Ana Júlia Trevisan

O que esperar quando dois grandes nomes da cultura pop como Meryl Streep e Anne Hathaway se juntam em um filme? Nada menos que uma produção tão calorosa quanto o inferno. Dirigido por David Frankel e adaptado de um livro de mesmo nome (esse escrito por Lauren Weisberger), O Diabo Veste Prada é um dos maiores marcos de 2006, eternizando a toda-poderosa Miranda Priestly, a jornalista recém-formada Andrea Sachs e os corredores da revista Runaway.

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A fuga de si mesmo em Jamais o fogo nunca

Durante as 172 páginas de Jamais o fogo nunca, a escritora Diamela Eltit destrincha os paradoxos da militância política durante a Ditadura chilena (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Bruno Andrade

“Pode o subjugado falar? Pode o oprimido falar? Pode o desiludido falar? Pode o derrotado falar?”, indaga Julián Fuks no prefácio de Jamais o fogo nunca, livro da chilena Diamela Eltit traduzido por ele. “Nas páginas deste livro não despontará nenhuma resposta precisa a essas questões fundamentais”, conclui. Essas são as cartas postas à mesa: Eltit não tem interesse em responder nenhuma das questões levantadas ao longo do romance, considerado seu trabalho principal; no entanto, o leitor encontrará uma espécie de distopia do século XXI, narrada de forma íntima, na qual há o aceno constante ao esquecimento em que são jogados aqueles que lutaram em favor da democracia, deixados à deriva.

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A Paixão segundo G.H. é um passeio por nós mesmos

A imagem é uma arte com fundo vermelho com a capa do livro A Paixão segundo G.H. ao centro e um selo escrito Clube do Livro Persona no canto direito inferior e o logo do Persona no canto esquerdo superior. A capa tem um fundo na cor creme com linhas de distorção, é possível ver no canto superior direito dunas de areia e edifícios que remetem à arquitetura árabe. Abaixo, está escrito Clarice Lispector em letra cursiva e na cor vermelha e o título do livro em caixa alta e na cor bege. No canto inferior esquerdo, abaixo do título, há o desenho de uma moça branca, com cabelos castanhos longos presos em um rabo de cavalo baixo; ela veste uma blusa azul clara de mangas compridas.
Com 165 páginas, A Paixão segundo G.H. foi a primeira leitura do Clube do Livro do Persona (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Vitória Silva

Nascida em 1920, Clarice Lispector é um dos nomes intocáveis da nossa Literatura. A ucraniana, batizada como Haya Pinkhasovna Lispector, chegou ao Brasil aos dois meses de idade, com seus pais de origem judaica que fugiram do país devido à perseguição durante a Guerra Civil Russa. Inicialmente residente em Maceió, em sua infância e pré-adolescência, a autora passou por Recife e pelo Rio de Janeiro, e, por onde trilhava seu caminho, carregava consigo sua paixão pelos livros. 

Após ingressar na Faculdade Nacional de Direito, em 1941, trabalhou como redatora da Agência Nacional e, posteriormente, do jornal A Noite, dando seus primeiros passos no universo da escrita. Não demorou muito para que mergulhasse de vez nele, e publicou seu primeiro romance em 1944, com o título Perto do Coração Selvagem. A obra estreante retrata uma perspectiva sobre o período da adolescência e, logo de cara, fez com que Clarice abrisse novos horizontes na Literatura nacional. 

Quebrando todo e qualquer paradigma literário da época, Lispector abandona noções de ordem cronológica e funde um lirismo único a sua forma de representar ações e emoções humanas, traços que se tornaram mais do que característicos de toda a sua carreira. Não à toa, a produção foi agraciada pelo Prêmio Graça Aranha, e, mais tarde, a autora colecionaria outros títulos de referência, como Laços de Família (1960) e A Hora da Estrela (1977), em que este último ainda ganhou uma adaptação para as telonas, em 1985.

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Belo Mundo, Onde Você Está: as frustrações do mundo jovem adulto

 Capa do livro Belo Mundo, Onde Você Está. Na imagem, há uma capa azul, com o logo da editora Companhia das Letras na parte inferior esquerda da foto. O nome da autora, Sally Rooney, está escrito em letras maiúsculas pretas na parte central superior da página. Embaixo do nome da autora, está localizado o título da obra também em letras pretas e maiúsculas. Na foto, estão localizados quatro personagens cortados ao meio por faixas amarelas.
Belo Mundo, Onde Você Está é o terceiro romance da escritora inglesa, que lançou também os livros Pessoas Normais e Conversas Entre Amigos (Foto: Editora Companhia das Letras)

Isabella Siqueira

Lançado em setembro de 2021, Belo Mundo, Onde Você Está (Beautiful World, Where Are You) é o terceiro romance de Sally Rooney, célebre escritora conhecida pelo sucesso Pessoas Normais. Lançado simultaneamente no Brasil, o livro discorre sobre as incertezas e inseguranças do mundo jovem adulto, assunto já consolidado na literatura da autora inglesa. 

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Estante do Persona – Outubro de 2021

Arte retangular com fundo vermelho. Ao centro há uma estante de livros branca em formato retangular. Acima dela está escrito ESTANTE em fonte preta. Na primeira prateleira, na divisória esquerda, há o símbolo do Persona (desenho de um olho com a íris vermelha e um símbolo de play no lugar da pupila) ao lado da palavra DO em fonte preta. Na divisória da direita, está escrito PERSONA em fonte preta. Na segunda prateleira, há três divisórias, em que, na do meio, há a capa do livro A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector. Na terceira e última prateleira, também há 3 divisórias, em que, na da ponta direita, há um troféu com o formato do símbolo do Persona.
A primeira edição do Estante do Persona discute a obra A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, e traz indicações dos membros do Clube do Livro (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan e Jho Brunhara/Texto de Abertura: Vitória Silva)

“Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante.”

–  Carlos Drummond de Andrade

Para poder valorizar cada vez mais a Literatura, parte tão importante e fundamental da cultura do nosso e de qualquer outro país, o Persona começa, agora, a preencher sua própria estante. 

O mês de outubro marcou o início do nosso Clube do Livro, formado por membros da Editoria, que tem o intuito de promover a leitura compartilhada e encontros para discussão de alguma obra sugerida. Ao final do mês, o Clube ainda se reúne para montar o Estante do Persona, com um comentário que sintetize as ideias sobre a leitura realizada e uma playlist de músicas que se relacionem com a mesma, além de uma indicação de cada membro sobre algum livro marcante ou que mereça ser compartilhado.

Como primeira leitura, o Clube do Livro teve a honra de poder prestigiar uma das maiores autoras da Literatura brasileira. A Paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, é narrado em primeira pessoa pela personagem que tem suas duas iniciais presentes no título da obra. Uma mulher, moradora do Rio de Janeiro, que, ao desempenhar a tarefa de limpar o “quartinho dos fundos” de seu apartamento, mergulha em um fluxo de pensamento contínuo simbolizado por um monólogo de reflexões existencialistas, uma das grandes marcas da escrita da autora. 

E nada mais simbólico do que estrear essa publicação especial num mês com acontecimentos tão marcantes para o meio literário. Além de no dia 29 de outubro ser celebrado o Dia Nacional do Livro, as semanas anteriores também foram marcadas por grandes eventos. No dia 7, ocorreu a cerimônia de entrega do Nobel de Literatura 2021, que foi concedido ao autor Abdulrazak Gurnah. Nascido na ilha de Zanzibar, atual Tanzânia, em 1948, o escritor é especialista em Literatura pós-colonial e na temática de refugiados, colecionando em sua carreira títulos como Paradise e Afterlives

Mais ao final do mês, no dia 20, foi realizada a entrega do Prêmio Camões, para a moçambicana Paulina Chiziane. Tão simbólica quanto a vitória de Gurnah, Chiziane é a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, Balada de Amor ao Vento, em que o fez depois da independência. Com a figura da mulher moçambicana e africana no centro de sua escrita, a autora dedica-se a explorar os problemas enfrentados pela mesma no meio social, e tem como uma de suas obras de maior prestígio Niketche: Uma História de Poligamia, em que uma mulher decide conhecer as outras esposas de seu marido.

No clima desse mês repleto de grandes feitos na Literatura, você confere as indicações do Clube do Livro na primeira edição do Estante do Persona.

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Enquanto eu não te encontro: uma narrativa de acaso com o amor e encontro com a representatividade

Fotografia da capa e contracapa do livro Enquanto eu não te encontro, fundo roxo e amarelo com nuvens, título do livro e um desenho de um casal com braços abertos na capa, e na contracapa desenho de personagens na boate.
A capa e contracapa do livro contam com ilustrações dos ambientes e personagens que fazem parte da história, e também exalta pessoas nordestinas, já que foi ilustrada por Renata Nolasco, uma artista LGBT e potiguar (Foto: Editora Seguinte)

Monique Marquesini 

Uma mudança para a cidade grande, encontros e desencontros, cultura nordestina, amizades, música pop, autoconhecimento e protagonistas LGBTQIA+: essas são algumas características do livro de estreia de Pedro Rhuas. Lançado em julho de 2021 pela Editora Seguinte, o título curioso Enquanto eu não te encontro guarda a simplicidade de um romance adolescente junto da amplitude de novas descobertas para um garoto gay, nordestino e calouro na universidade.

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Não há túmulo que enterre a (des)temida Noite na Taverna

Cena do filme Noite na Taverna. Fotografia retangular. Ao fundo, vemos o ambiente noturno de uma taverna. Uma mesa com cinco homens ocupa toda a imagem. Os homens parecem dialogar, vestem roupas semelhantes e aparecem em poses diferentes. No centro da mesa, observamos uma garrafa de vinho, taças, uma escultura e outros objetos.
Inigualável livro brasileiro, que desperta o interesse do público há mais de 100 anos, Noite na Taverna ganhou um curta-metragem em 2014 (Foto: ZYRé produções)

Eduardo Rota Hilário

Senhores, em nome de todas as nossas reminiscências, de todos os nossos sonhos que mentiram, de todas as nossas esperanças que desbotaram, uma última saúde!”. Repleto de exclamações, minúcias descritivas e momentos reflexivos, o livro Noite na Taverna nasceu postumamente, em 1855 – cerca de três anos após a morte da mente brilhante que o criou. Escrita sob o pseudônimo de Job Stern, a obra de Álvares de Azevedo, grosso modo, acompanha uma noite de bebedeira e boemia entre Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann, cinco conhecidos personagens da Literatura brasileira. Ambientada em uma libertina taverna, espécie de bar da época, não tarda nessa novela o surgimento das narrativas mais absurdas, tétricas e bizarras.    

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Drácula: o horror de um clássico

Capa do livro Drácula de Bram Stoker pela editora Principis. Na imagem, aparecem representados em um tom de azul escuro: o castelo do Conde acima de um monte envolto por um grande portão e árvores tortuosas, na frente do portão está a sombra do próprio vampiro e de pequenos morcegos. Ao fundo a cor vermelho sangue toma conta do espaço do céu e o nome do livro e do autor aparecem estampados.
Exprimindo a atemporalidade da literatura gótica, Drácula de Bram Stoker é a prova de que existem clássicos que envelhecem como vinho (Foto: Editora Principis, com tradução de Karla Lima)

Jamily Rigonatto

“Quando o Conde viu meu rosto, os olhos dele brilharam com um tipo de fúria demoníaca, e de repente ele fez um movimento para agarrar meu pescoço. Eu me desviei, e a mão dele tocou a corrente onde estava o crucifixo. Aquilo provocou uma mudança instantânea, pois a fúria passou tão depressa que eu mal podia acreditar que tinha existido.”

Não há quem escute o nome Drácula e não reconheça a famosa representação vampiresca e suas lendas folclóricas. Ao longo dos anos, o Conde se consolidou como um personagem clássico dos gêneros de Terror e Horror e ganhou diversas releituras das mais variadas áreas, nas quais é descrito do grotesco ao carismático. A figura imponente criada por Bram Stoker no livro Drácula, de 1897, popularizou os vampiros no imaginário do público e alimentou mitos sobre o assunto. Hoje, a obra segue ganhando novas edições e sendo um dos textos mais apreciados pelos leitores do gênero. 

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O monstro no túmulo: as Histórias extraordinárias de Edgar Allan Poe

Capa do livro Histórias extraordinárias, de Edgar Allan Poe. Na imagem, o livro está de pé em um fundo branco. O livro é uma edição em capa dura, de cor roxa, com o nome de Edgar Allan Poe escrito em fonte de cor amarela, com uma caveira desenhada logo acima de seu nome. Abaixo está escrito Histórias Extraordinárias em fonte de cor igualmente amarela. Abaixo está o logo da editora Companhia das Letras, com a fonte de cor amarela
A edição de Histórias extraordinárias, publicada pela Companhia das Letras, reúne 18 contos de Edgar Allan Poe, com seleção, apresentação e tradução de José Paulo Paes, oferecendo ao leitor um panorama da obra do grande mestre do Terror (Foto: Companhia das Letras)

Bruno Andrade

Há uma linha tênue entre o Horror e o Terror. Enquanto no primeiro o apreço pelo sobrenatural e sua respectiva negação da realidade são predominantes (lembre-se do Horror, o Horror!anunciado pelo agente Kurtz em O Coração das Trevas), o segundo preza pela criação de uma atmosfera repleta de suspense, cuja brincadeira consiste justamente na ausência do mágico, e na dúvida se determinadas situações ocorreram ou se estão na cabeça dos personagens. Na Literatura, há predominância dos textos de terror, e, de forma mais apropriada, trata-se de uma categoria precursora ao suspense psicológico, na qual ambos os gêneros se cruzam quando o assunto é aterrorizar. Em Histórias extraordinárias, uma coletânea de 18 contos traduzidos pelo poeta José Paulo Paes, o leitor encontrará a angústia e a engenhosidade de Edgar Allan Poe, um dos principais inventores do Terror moderno.

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O Ano do Pensamento Mágico: a dor de uma mulher tranquila

Capa do livro O Ano do Pensamento Mágico. A capa do livro é laranja, no canto inferior, está o título da obra em azul, no canto superior, está o nome da autora Joan Didion escrito em amarelo. Na parte superior, está escrito o símbolo da editora Harper Collins em azul.
Lançado em abril pela editora Harper Collins, O Ano do Pensamento Mágico foi traduzido por Marina Vargas (Foto: Harper Collins)

Isabella Siqueira

“A vida muda rapidamente
A vida muda em um instante
Você se senta para jantar, e a vida que você conhecia termina.
A questão da autopiedade.”

“Tudo bem. Ela é uma mulher tranquila”. Essa foi a frase utilizada para se referir a Joan Didion no dia em que seu marido morreu. O Ano do Pensamento Mágico é uma autobiografia desenvolvida meses após o falecimento de John Gregory Dunne, em 2003. Dedicada ao luto, é um acalanto para os indivíduos com uma vulnerabilidade similar. Lançado inicialmente em 2005, o livro ganhou uma reedição pela Harper Collins em 2021, e, definitivamente, reafirma sua consagração como uma das grandes obras da escritora norte-americana.

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