O Replay de Acabou Chorare e o legado dos Novos Baianos

Capa do disco Replay Acabou Chorare. Na esquerda, há um fundo alaranjado claro, com diversos copos, talheres, uma chaleira com tampa, um livro verde, um coador de café, um prato branco e pacote de papel, com açúcar. Na direita, o fundo é branco, com letras grandes onde é possível ler o nome do álbum.
Capa do Replay – Acabou Chorare (Foto: Carolina Vianna e Polar)

Marina Ferreira

“Acho que você nasce no Brasil, você tem que ouvir Acabou Chorare”. É com essa frase certeira e carregada de brilho no olho que Letrux abre o décimo vídeo da série Replay, traduzindo em pouquíssimas palavras a grandiosidade do álbum que é, até hoje, considerado pela revista Rolling Stones como o maior disco brasileiro de todos os tempos. Com um título dessa importância, é natural que Acabou Chorare, o clássico dos Novos Baianos de 1972, seja também um dos maiores influenciadores daqueles que trazem consigo a missão de manter viva a MPB, ou como recentemente intitulada, Nova MPB.

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Dash & Lily é o clichê que precisávamos

Midori Francis está sentada em uma mesa. Ela tem os cabelos curtos e escuros, usa uma blusa florida de mangas cumpridas e um colar de pérolas alaranjado. Em suas mãos, está um caderno vermelho que ela segura aberto. Ao fundo, outras pessoas conversam em mesas.
Série produzida por Nick Jonas é a nova comédia romântica da Netflix (Foto: Reprodução)

Ana Marcílio

Nova York, Natal e dois jovens totalmente opostos é uma ótima receita para um clichê. E é nessa ambientação que Dash & Lily, a mais nova aposta da Netflix, se desenvolve. Com a produção executiva assinada por Shawn Levy (diretor e produtor de Stranger Things) e Nick Jonas, o caçula dos Jonas Brothers, a série é um aconchego para este fim de ano. Além das músicas muito bem escolhidas, o cenário e a fotografia sabem explorar o que se tem de melhor nos romances adolescentes. 

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Mank é uma viagem problemática por Cidadão Kane

A imagem está em preto e branco. À esquerda, Amanda Seyfried segura um cigarro na mão direita. Ela veste um vestido e um casaco por cima. À direita, Gary Oldman veste um paletó. Ambos estão encostado em um poste de madeira e se encaram.
O diretor David Fincher nunca ganhou um Oscar por seus filmes (Foto: Netflix)

Caroline Campos

Se propor a fazer um longa que destrincha os bastidores do que hoje é considerado o maior filme da história do cinema não é um projeto fácil. Conhecendo a filmografia de David Fincher, pode-se dizer que é o exato tipo de trabalho que ele gostaria de se aventurar e assumir – e, de fato, foi o que ele fez. Mank, que se dispõe a nos mostrar a verdade por trás do roteiro de Cidadão Kane, filme de 1941 dirigido por Orson Welles, chegou na Netflix no último mês do fatídico ano de 2020, para tentar, talvez, fechar com chave de ouro os 365 dias mais loucos da sétima arte.

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Tenet: infelizmente, humildade não paga as contas

Elizabeth Debicki, uma mulher loira e branca, está usando um traje de mergulho verde e uma colete preto com detalhes laranjas no ombro. Ela está numa lancha, vemos o mar ao fundo. Seu cabelo loiro está preso num coque e ela olha para a esquerda, num lugar que a câmera não vê.
Por mais que os personagens nunca justifiquem suas motivações, Tenet é um filme divertido pela ação (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

É uma pena que o filme mais comedido de Christopher Nolan tenha em sua bagagem a maior negatividade de sua carreira. Longa que, segundo o cineasta, salvaria o cinema depois da pandemia e das salas fechadas, Tenet traga a ingratidão de um realizador ególatra e de um público que já dá o play com desgosto nas entrelinhas. A obra por si só se diverte em tudo que Nolan construiu desde que estourou com Memento, no início do século: o tempo vira gelatina nas mãos e nas lentes do britânico, fascinado pela auto indulgência de sua falsa genialidade.

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A fictícia Kubanacan dos anos 50 diz muito sobre o atual Brasil

À esquerda a atriz Nair Bello e, à direita, o ator Marcos Pasquim.
Afinal, quem é Esteban Maroto? A novela de 2003 com Nair Bello, Marcos Pasquim e grande elenco retorna na íntegra na Globoplay (Foto: Gianne Carvalho)

Rubens Júnior

Um presidente ligado ao exército, uma primeira-dama com um passado duvidoso, um parrudo de passado polêmico que faz oposição ao governo e a maior cantora do país, além de muito sensual, canta em espanhol. Quem lê pode imaginar que isso seja um texto sobre o Brasil de 2020, mas na verdade são as personagens principais de Kubanacan, uma novela de Carlos Lombardi exibida pela Rede Globo entre 2003 e 2004 que retornou com seus longevos e instigantes! 227 capítulos na íntegra na Globoplay. A trama de dezessete anos atrás pode servir como esperança para os dias atuais ou uma grande retrospectiva da nossa história recente… o melhor é que se pode rir sem culpa!

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After Hours é a lamentação noturna de The Weeknd

Capa do álbum After Hours. O cantor The Weeknd aparece olhando para a câmera e sorrindo, com sangue escorrendo no nariz e nos dentes. Ele é um homem negro perto dos 30 anos, com cabelo estilo blackpower e um brinco de brilhante em cada orelha, ele usa um terno vermelho
Além da versão padrão com 14 faixas, o artista também lançou um Deluxe totalizando 17 músicas (Foto: Reprodução)

Giovana Guarizo

Diferente da solitude, a solidão não é uma escolha. Muito pelo contrário, a solidão é inevitavelmente assombrosa e dolorosa, carregada de frustrações e angústias. Então como lidar com ela? The Weeknd resolveu pegá-la pela mão e transformá-la em arte. A atração principal de todos os seus trabalhos não poderia ser diferente em 2020: é no deslocamento que ele encontra a fonte de inspiração para seus trabalhos geniosos. Solidão, loucura, incompreensão e sofrimento amoroso são os protagonistas do álbum After Hours, o maior dos acertos do canadense. 

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40 anos em um Caso Sério com o Lança Perfume de Rita Lee

Capa do álbum Rita Lee, de 1980. A artista esta ao centro da imagem, de frente, e aparece do quadril para cima. Ela está com as mãos na cintura, usando um vestido fluido de mangas bufantes que marca a cintura numa cor creme. Rita Lee esboça um leve sorriso e seus cabelos ruivos estão num comprimento médio. Ela usa uma maquiagem leve e sua franja característica. A imagem é monocromática, trabalhada em tons avermelhados/alaranjados, e no lado inferior, na mesma altura das mãos de Rita, o nome da artista está escrito em um tom de laranja queimado numa fonte cursiva com todas as letras maiúsculas.
Com mais de 800 mil cópias, o disco Rita Lee (1980) é um dos mais vendidos do país (Foto: Reprodução)

Ana Júlia Trevisan

Cantora, compositora, multi-instrumentista e escritora, Rita Lee nunca foi um bom exemplo, mas é gente fina. A Rainha do Rock Brasileiro emplacou vários hits durante sua carreira e é a mulher que mais vendeu discos no território nacional, passando das 50 milhões de cópias em toda sua carreira e conquistando dezenas de discos de ouro, alguns de platina e até de diamante. Sendo sua estreia solo em 1979 um marco na música brasileira, o sucesso do seu primeiro disco se repetiu no segundo. O clássico Rita Lee (1980) foi precursor da aventura em estilos musicais para além do rock, escancarando os tons da cantora, e em 2020, em celebração aos 40 anos desse sucesso, o trabalho foi relançado em vinil.

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40 anos sem Cartola: deixe-me ir, preciso andar

Cartola em desfile pela Mangueira, 1978 (Foto: Aníbal Philot)

Caroline Campos

Ainda era cedo, amor, quando, em 30 de novembro de 1980, nos deixava Angenor de Oliveira, o nosso Cartola. Com apenas 72 anos, a maior referência do samba brasileiro e fundador da Estação Primeira de Mangueira perdeu a batalha contra o câncer, deixando apenas quatro discos-solo e um legado repleto de poesia. “Cartola não existiu. Cartola foi um sonho bom que a gente teve”, reflete Nelson Sargento, parceiro musical do cantor. E, mesmo 40 anos depois do seu falecimento, o sonho ainda vive fresco na memória da Música Popular Brasileira, como se nunca tivéssemos acordado.

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As expectativas e o amor em Tenki no Ko

O pôster do filme, com Hodaka e Hina, da esquerda para a direita (Foto: Reprodução)

Flora Vieira

Eu tenho uma ligação bem forte com Your Name, de 2016. Nele, Makoto Shinkai constrói um romance bastante convincente ao mesmo tempo que explora as diferenças entre o Japão antigo e o Japão moderno, resgatando a mitologia japonesa, que se envolve com o clichê da troca de corpos. Em Tenki no Ko ou Weathering With You (2019), seu mais novo trabalho, Shinkai retorna seus olhos para a dicotomia entre tradição e modernidade, dialogando ainda mais com os mitos que rondam o país, ao mesmo tempo que discute sobre aquecimento global e procura retratar uma Tóquio tão deslumbrante quanto a de Your Name, mas mais escura e melancólica.

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5 anos de 25 e da jornada interna de Adele

Capa de 25, o terceiro álbum da cantora inglesa Adele Laurie Blue Adkins (Foto: XL Recordings)

Vinícius Santos

“Hello. How Are You?” – ok, é um tremendo clichê, você está certo. Porém, um texto que fale sobre a era 25 de Adele não poderia começar de outro jeito. Considerado um dos álbuns mais aguardados do ano de 2015, 25 completa, nesse novembro de 2020, cinco anos. Data que poderia não ser comemorada, pois, constantemente, a cantora pensa em interromper sua carreira na indústria musical. Bem, todos nós temos delírios, e com Adele não poderia ser diferente. 

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