Uma Canção para Latasha é uma carta de amor político

Cena do curta metragem A Love Song For Latasha. Nela vemos uma garota negra em um jardim. A menina veste um vestido de mangas longas na cor branca, está com duas tranças e uma tira de flores rosa e branca no cabelo. Ela usa um óculos de armadura redonda. O jardim é repleto de flores amarelas e brancas.
Uma Canção para Latasha concorre ao Oscar 2021 em Melhor Documentário em Curta-Metragem, mesma categoria de Colette e Hunger Ward (Foto: Reprodução)

Ana Beatriz Rodrigues

Latasha Harlins, uma jovem preta de 15 anos, morava em Los Angeles e alimentava grandes sonhos, como o de ser advogada. A menina morava com sua avó e sua melhor amiga, que também era sua prima. No dia 16 de março de 1991, os sonhos e a vida de Latasha foram arrancados por menos de dois dólares. Após a sua morte, seu nome também foi citado nos protestos dos distúrbios de Los Angeles em 1992, que reivindicavam sobre o julgamento do caso Rodney King. Depois de 30 anos da morte da garota, Uma Canção para Latasha conta sua história em uma curta documentário chocante.

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Assistimos a história ser feita no sensível Feeling Through

Cena do curta Feeling Through. Nela, vemos Artie e Terek dentro de um ônibus. Artie, um homem branco, careca, cego e surdo, segura Terek, jovem negro, pelos braços, num sinal de agradecimento. Artie está de olhos fechados, usa touca cinza e jaqueta bege. Terek tem o cabelo preto, usa jaqueta verde e vemos uma das alças azul de sua mochila.
Feeling Through foi indicado ao Oscar 2021 na categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action, competindo com The Letter Room e Two Distant Strangers (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Feeling Through é um filme de emoções à flor-da-pele. O curta-metragem sensibiliza pelo tema e condução, narrando o encontro noturno de um jovem sem-teto e um homem surdo-cego que precisa de ajuda para pegar o ônibus e ir pra casa. Parece sensacionalista e barato, eu sei, mas o comando pessoal de Doug Roland torna esse indicado ao Oscar 2021 um vigoroso estudo de representatividade e do íntimo humano.

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Genius Loci é um pesadelo confuso em uma noite de encontro espiritual

Imagem do filme Genius Loci. Ao centro, o desenho de uma mulher careca, preta e com brincos; ela uma uma regata branca. Ao fundo, é possível ver triângulos recortados em retângulos, formando um caminho.
Presente na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação no Oscar 2021, a alucinação perturbadora de Reine é quase como um sonho agradável para o público (Foto: Reprodução)

Larissa Vieira

Quem nunca teve um sonho confuso, em que formas geométricas, cores e diálogos aleatórios tomam conta de sua noite e fazem você passar o dia, se não a semana, inteiro tentando decifrá-lo? Genius Loci trouxe a vida todos esses sentimentos caóticos durante uma noite na cidade parisiense. O curta-metragem conta a história de Reine, uma jovem francesa, que vive uma viagem metafísica e descobre, em meio ao caos urbano, uma entidade viva que se torna o seu guia espiritual pela noite. 

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Agente Duplo: quem disse que envelhecer é ruim?

A foto mostra quatro pessoas idosas, três mulheres e um homem, estando as duas pessoas à esquerda em pé, e as duas à direita sentadas. Em destaque próximo ao centro está um senhor em pé, de óculos, usando uma boina e um terno cinza. Em suas mãos segura um smartphone, e em suas costas se penduram asas feitas de cartolina. A senhora sentada à sua esquerda também usa asas. Atrás das pessoas há uma cortina laranja e balões pendurados na parede, indicando um ambiente festivo.
O filme foi o representante do Chile para a categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2021, e garantiu uma vaga em Melhor Documentário (Foto: Reprodução)

João Batista Signorelli

Nesse oceano infinito de informações que é a internet não faltam aquelas imagens de WhatsApp motivacionais com citações de celebridades ou personalidades famosas tratando com otimismo o inevitável envelhecimento do ser humano. Em contraponto, o comportamento social regularmente observado não poderia ser mais diferente: cada passagem de ano, seja para um cinquentão ou um adolescente, equivale a ter mais uma parte de sua juventude roubada, e a andar mais um passo em direção ao buraco da velhice. Em meio esse um otimismo saturado e pouco eficiente para uma população cada vez mais sem perspectiva, Agente Duplo é um antídoto para a contradição do envelhecer contemporâneo, uma medicação sem efeitos colaterais.

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Sem verrugas e caldeirões, Silenciadas é um deleite de mulheres geniais que resistiram à caça às bruxas

Cena do filme Silenciadas. A imagem é do rosto da personagem Ana, interpretada por Amaia Aberaturi, uma mulher branca de cabelos castanhos ondulados, que encara a câmera. A personagem está em um local fechado e com pouca luz.
O protagonismo de Amaia Aberasturi como Ana Iberguren e seu jogo de expressões em cena com Rostegui (Àlex Brendemüjl) renderam a indicação ao 35º Prêmio Goya de Melhor Atriz (Foto: Reprodução)

Nathália Mendes

Atemporal. Não há como assistir Silenciadas, nova aquisição da Netflix, sem conectar as acusações de bruxaria com os julgamentos que as mulheres sofrem até hoje. Em 1609, no País Basco, extremo norte da Espanha, a Santa Inquisição reprimia a cultura basca e queimava mulheres vivas. Desesperados em conhecer o sabbat, um suposto ritual de invocação do demônio, os inquisidores encontram um grupo de garotas geniais que oferecem a bruxaria que eles ardentemente desejavam assistir. Com a protagonização de Ana (Amaia Aberasturi), a tentativa das garotas em escapar da fogueira é uma performance belíssima. 

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Com sabor de leite com achocolatado, pijaminha e manhã fresca, Shaun, o Carneiro volta para mais uma aventura

Na frente Shaun, uma ovelha magra de pele preta com pelagem branca, segura uma fatia de pizza sorrindo. Atrás está o cão Blitzer, com pelagem amarela e um gorro azul, com cara espantado. Ao fundo está Timmy, uma ovelha bebê igual Shaun, sorrindo e segurando um urso de pelúcia. Todos olham para frente. Estão em uma floresta, iluminada e com muito brilho azul, rosa e roxo.
Shaun, Blitzer, Timmy, Mãe do Timmy e Shirley voltam para a alegria de todos, e trazem consigo uma indicação de Melhor Animação no Oscar 2021 (Foto: Reprodução)

Pedro Gabriel

Um dos motivos para eu acordar cedo quando tinha meus nove anos era sentar na sala, ligar na Cultura, e assistir a todos os desenhos que passavam no Quintal da Cultura. A manhã era recheada de Doug (1991-1999), Madeline (1993-2001), Cocoricó (1996-atualmente no YouTube), Os Sete Monstrinhos (2000-2003) e por uma pequena ovelha aventureira chamada Shaun, o Carneiro (2007-presente). Dez anos se passaram, e cá estou eu revivendo todas essas manhãs após assistir Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca na Netflix. A animação é uma continuação do longa de 2016 e traz Shaun em uma nova aventura. 

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Festival Eurovision da Canção é um misto de ridicularização e de felicidade

Cena do filme Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars. No centro da imagem o ator Will Ferrel, um homem alto e branco, vestido com roupas pratas de guerreiro e uma capa marrom e tocando um teclado na cor vermelha. Na sua frente, a atriz Rachel McAdams, mulher jovem e branca com cabelos loiros, também toca um teclado vermelho e veste um vestido branco com detalhes floridos e uma jaqueta prata. O fundo da paisagem é uma praia com o terreno rochoso.
A indicação em Melhor Canção Original é a única de Festival Eurovision da Canção no Oscar 2021 (Foto: Reprodução)

Ana Beatriz Rodrigues

A mistura de reality show e música pode dar ótimos resultados. Por exemplo, o grande sucesso de realities musicais no Brasil, como o The Voice e o Ídolos. Porém, há uma grande competição que não é tão familiarizada fora da sua localização. O Eurovision Song Contest (Festival Eurovisão da Canção) é um grande concurso da União Europeia de Radiodifusão, que não possui ligação direta com a União Europeia. E foi assistindo uma edição desse programa que o ator Will Ferrell teve a ideia de fazer uma comédia sobre o reality. Depois de 20 anos de sua concepção, Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars chegou na Netflix.

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Toca passa mensagem sobre isolamento em meio à história de livros infantis

Imagem do filme Toca. Na imagem uma coelhinha bege segura uma pá cinza com um cabo de madeira. Ao seu lado direito ela tem um lampião e ao fundo é possível ver o caminho de terra cavado por ela.
Indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação, Toca (Burrow) é uma história de dormir para crianças (Foto: Reprodução)

Larissa Vieira

Toca (Burrow) é mais uma das produções SparkShorts do Disney+, a série de curtas-metragens de animação independentes, criada por funcionários temporários dos estúdios Pixar. A produção conta a história de uma aventureira coelhinha que procura cavar a toca ideal para ela morar, porém, ao se deparar com vizinhos, ela decide ir explorando cada vez mais a fundo até que se mete em problemas e tem que recorrer a pedir ajuda à quem ela estava fugindo. 

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The Letter Room e a violação dos sentimentos alheios

Cena do filme The Letter Room. Na foto consta um homem, vivido pelo ator Oscar Isaac, que possui pele morena, cabelos escuros em um topete e um bigode escuro longo. Ele está vestido com uniforme cinza de guarda prisional americano e segura um telefone, olhando fixamente para a frente. O cenário é formado por uma parede amarela clara, com uma lousa branca atrás com escritos em caneta preta, e um porto casacos ao lado.
The Letter Room concorre ao Oscar 2021 na categoria Melhor Curta-Metragem em Live Action (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

A questão que envolve o sigilo da correspondência versus a segurança da comunidade, é o pano de fundo em The Letter Room. No curta-metragem indicado ao Oscar 2021, a curiosidade pelos sentimentos alheios traz à tona a falta de privacidade que existe no sistema prisional americano. Dirigido por Elvira Lind, conhecida anteriormente pelo documentário Bobbi Jene, a produção consegue dizer muito em apenas meia hora, e pelos olhos de um agente carcerário, vivido pelo talentoso Oscar Isaac, encontra-se um outro lado de uma estrutura já explorada pelo audiovisual.

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Sex Education: na segunda temporada, é preciso amadurecer

 Imagem promocional da segunda temporada de Sex Education. Na imagem, vemos nove personagens da trama. Da esquerda para a direita, está Adam, um homem branco de cabelos raspados. Está sentado em uma mala e tem um cachorro ao seu lado; Aimee é uma mulher branca de cabelos louros e está de pé ao seu lado. Ela segura um taco de beisebol, está usando uma jaqueta vermelha e calça jeans; Maeve, mulher branca de cabelos escuros, está sentada com a mão direita segurando o rosto. Ela usa uma jaqueta escura com franjas e meia-calça preta; Otis é um homem branco de cabelos castanhos, está de costas, usando uma jaqueta azul e vermelha e tem lenços brancos no bolso traseiro de sua calça; Eric, homem negro com cabelo raspado, está segurando o ombro de Otis com expressão de surpresa. Ele usa uma jaqueta azul e uma calça xadrez; Jean, uma mulher branca de cabelos louros, está ao seu lado, com um caderno em mãos. Ela está usando um vestido azul; Ola é uma mulher negra com cabelos cacheados e curtos, ela está agachada à frente. Usa uma jaqueta verde e uma blusa listrada colorida; Lily está ao seu lado, deitada de lado em um banco. Ela é uma mulher branca, com cabelos castanhos, em dois coques. Ela usa camiseta colorida e calça laranja; Jackson é um homem negro retinto de cabelo raspado. Ele está de pé atrás de Lily, usando uma jaqueta vermelha com um M, símbolo da escola Moordale, e uma tipoia no braço.
A segunda temporada de Sex Education é madura e inovadora (Foto: Reprodução)

Ana Marcílio

Após o imenso sucesso da primeira temporada, Sex Education tinha uma grande missão a ser cumprida: manter o mesmo nível, sem perder a essência. Ter um enredo adolescente e não ser mais do mesmo é um desafio e tanto. Apesar disso, a criação de Laurie Nunn conseguiu ser inovadora, trazendo o amadurecimento do roteiro para os seus personagens. 

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