Não vou me prolongar falando da jornada – uso não intencional da palavra – e atitudes em detalhes da rapper Karol Conká durante a sua estadia relâmpago no Big Brother Brasil 21. Mesmo ficando apenas 4 semanas na casa mais vigiada do Brasil, a Mamacita ditou a dinâmica do programa, colocou em destaque personagens da edição e saiu sendo a segunda figura mais odiada do Brasil, título ainda segurado por governantes milicianos, eu espero. Mas o fato é que uma legião sedenta querendo o sangue da mulher preta guardava uma certa expectativa em saber o pós-confinamento de Karol, e isso foi alimentado com o documentário, que na minha humilde opinião, é precoce demais.
O título, quase satírico, A Vida Depois do Tombo foi lançado pelo Globoplay no dia 29 de abril, mas desde a sua primeira prévia, já deu o que falar. O ressentimento do Brasil ainda estava recente quando o documentário, feito às pressas, foi anunciado. A população nacional não estava preparada para uma narrativa redentora de Karol, na verdade não a queria. A posição de criticar seus atos reproduzidos em rede nacional, ameaçar sua família (que não possui culpa alguma), e regozijar do que parecia o declínio da intérprete da canção Tombei, era muito mais confortável.
Coprodução de Gustavo Lipsztein, Breno Silveira e Thomas Stravos, a série 1 Contra Todos está disponível no Globoplay com suas 4 temporadas completas. Ela retrata a vida de Cadu, um homem intrinsecamente honesto, mas com uma dificuldade tremenda de se impor frente às ameaças que o cercam. Indicada por dois anos consecutivos ao Emmy Internacional nas categorias de Melhor Série Dramática e Melhor Ator para Júlio Andrade (intérprete de Cadu), a trama explora conflitos de valores morais e éticos, expondo a linha tênue entre honestidade e corrupção.
Claustrofobia e mistério ajudam a definir a nova coprodução francesa e estadunidense da Netflix, Oxigênio (tradução de Oxygen). Ao mesclar o futuro da Terra com um confinamento tecnológico, o longa pode até ser entendido como um episódio alternativo para a pandemia do novo coronavírus. A personagem de Mélanie Laurent nem sabe seu próprio nome, muito menos um jeito de sair da cápsula criogênica de onde acordou de repente, isolada e sem memória.
Em 1953, os Emory se mudam da Carolina do Norte para um bairro em Los Angeles. A mudança que prometia ser uma renovação na vida da família, logo se torna um grande e aterrorizante pesadelo. Cercados por uma vizinhança extremamente violenta e racista, eles não conseguem paz nem dentro de seu próprio lar, uma vez que este é amaldiçoado por um demônio que pretende enlouquecer seus moradores.
Um sonho em comum e anos de diferença. A relação de amizade entreDeok Chool(Park In Hwan) e Chae Rok (Song Kang) começou com um sonho de infância no novo drama coreano da Netflix. Navillera trilha a história do patriarca Shim Deok Chool, um ex-servidor público de 70 anos que decidiu se tornar bailarino. Para que pudesse sustentar sua família, o coreano decidiu deixar de lado sua fantasia de um dia apresentar Lago dos Cisnes. Isso tudo muda depois que ele decide ir atrás do que o faz feliz, encontrando pelo caminho o bailarinoLee Chae Rok, de 23 anos.
Dizem as línguas que o entretenimento é uma subcategoria da cultura. Que reality show é a maior porcaria que a TV pode transmitir. Será mesmo? Em anos como 2020 e 2021, que fomos forçados a ficar trancados em casa, assistir um bando de subcelebridades, famosos e desconhecidos conviverem com todas as glórias e percalços da índole humana preencheu nosso tempo ocioso e nos devolveu um pouco do sentido de viver.
E é disso que se alimentam os realities: ninguém assiste mais pelos corpos sarados e os casais claramente calculados, muito menos esperando mentes brilhantes e evolução espiritual. Guillermo del Toro já disse sobre os monstros, eles são fascinantes e identificáveis pois não tem a obrigação de serem perfeitos. E é por esse mesmo motivo que assistimos os BBBs e Fazendas da vida, porque podemos transformar humanos reais em nossas próprias personagens.
Ainda vivenciando a pandemia, Abril carregou nas costas a premiação mais falada do ano: o Oscar 2021. Entre as vitórias e perdas do evento estão a consagração justa de Chloé Zhao, primeira mulher asiática a vencer na categoria Melhor Direção, por Nomadland. Outros nomes que brilharam no mês foram os experientes Frances McDormand e Anthony Hopkins, este último venceu pela brilhante performance em Meu Pai. Mas, passada a euforia dos filmes indicados, vencedores ou não, é hora de falar dos lançamentos do cinema, da televisão e dos streamings.
A Netflix, como sempre, lotou o público de novas produções para acompanhar. No quesito terror, os longas Fuja e Vozes e Vultos merecem destaque. Falando em ficção científica, o streaming apostou no filme Passageiro Acidental. Rosamund Pike agora protagoniza o drama histórico Radioactive, vivendo dessa vez a cientista Marie Curie. Na categoria Séries, a plataforma apostou na adaptação literária Sombra e Ossos, e na produção documental O Maior Roubo de Arte de Todos os Tempos.
No Amazon Prime Video, teve a comédia Breaking News In Yuba Count, composta por um elenco cheio de rostos conhecidos, e a produção animada Invencível, baseada na HQ homônima. Marcando não só o Disney+, Falcão e o Soldado Invernal veio para dar início a nova fase do Universo Marvel, junto também ao longa Mortal Kombat que comemora o icônico jogo de videogame na HBO Max. Entre as produções documentais estão: Chorão: Marginal Alado, que retrata a vida do cantor brasileiro membro da banda Charlie Brown Jr. e Demi Lovato: Dancing With The Devil, produção corajosa que marca a nova fase da cantora pop.
Ainda fugindo do mundo dos streamings, Shiva Baby marca a estreia da roteirista e diretora Emma Seligman. Na televisão brasileira, mais uma eliminação do Big Brother Brasil deu o que falar, agora do cantor sertanejo Rodolffo, junto também ao documentário sobre a jornada de redenção da eliminada Karol Conká. E, ainda, o final apressado da novela Amor de Mãe, cuja transmissão e gravações acabaram interrompidas por conta da pandemia. A décima terceira temporada de RuPaul’s Drag Race terminou esse mês, e trouxe a comemorada vitória da queen Symone. Na HBO Max, chegou ao fim a primeira parte da temporada 1 da série de comédia dramática Genera+ion. E, enfim, a eterna The Walking Dead marcou presença com a estreia dos episódios finais da 10ª temporada.
Em Abril de 2021, não faltaram produções para acompanhar semanalmente ou assistir de uma vez. O Cineclube deste mês compactou os lançamentos amados e odiados do momento, com opiniões, críticas, amores e ódios selecionados a dedo pela própria Editoria e seus colaboradores.
Ano Novo, Nova Ru. Não contente em apenas estrear a 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race junto da virada para 2021, Mama Ru fez a sorte operar à seu favor: com 16 episódios, um especial dos bastidores e mais dublagens do que nunca, o seriado manteve o público vidrado na TV toda sexta-feira, até que, finalmente, Symone da House of Avalon fosse coroada a Nova Super Estrela Drag da América.
Depois de WandaVision arriscar uma visão mais ousada e menos linear para a primeira experiência televisiva dos estúdios Marvel, as expectativas em cima de Falcão e o Soldado Invernal borbulhavam pelas cabecinhas conspiratórias dos fãs do Universo Cinematográfico iniciado em 2008. Ao longo de seis episódios lançados semanalmente pela Disney+, a série comandada por Malcolm Spellman dos dois maiores parceiros de Steve Rogers retrata as consequências humanitárias de um mundo pós-blip, despreparado para lidar com o reaparecimento de metade da população depois dos eventos de Vingadores: Ultimato, mas não foge da fórmula ação-comédia já conhecida das telonas.
O caminho das cinebiografias é um tanto arriscado de se explorar. Eleger uma personalidade para ser a peça central de uma narrativa requer pensar em detalhes minuciosos, em um recorte que vá além de sua brilhante carreira em vida. Vemos isso acontecer em títulos mais recentes, como Bohemian Rhapsody, que conduz a história do Queen sob a perspectiva do grandioso Freddie Mercury, e em Rocketman, que se centra na ascensão e vícios de Elton John. Essa escolha precisa é algo que Estados Unidos Vs Billie Holiday não foi capaz de realizar.