Para além de um desenho: A Casa da Coruja nos deixa na terceira temporada, mas marca com sua representatividade

Imagem final do desenho A Casa da Coruja. Nela se encontram grande parte dos personagens reunidos para a despedida da série. Os personagens principais, Luz, King, Eda, Amith, Camila, Willow, Gus e Hunter estão no plano principal. A foto se passa no período noturno e tem um tom arroxeado
A personagem Tinella Nosa é uma caricatura de Dana Terrace, dublada e pensada por ela mesma (Foto: Disney+)

Juliana Craveiro Fusco

Mais um ciclo chega ao fim, um que foi forçado a terminar antes da hora. Nós sabemos que uma hora tudo vai acabar, mas é sempre mais triste quando precisamos nos despedir mais cedo. E assim, The Owl House  – A Casa da Coruja, em português – se encerra, antes da hora e deixando saudades, mas mostrando como uma animação tem capacidade de tocar profundamente seu público.

Continue lendo “Para além de um desenho: A Casa da Coruja nos deixa na terceira temporada, mas marca com sua representatividade”

Nimona ri na cara do perigo, da Disney e de qualquer um que não aceita quem é diferente

Cena de Nimona. Nimona, uma garota jovem branca de cabelo rosa raspado na nuca, com cota de malha e túnica também rosa está no centro da imagem com semblante feliz e braços levantados comemorando. A menina está cercada por animais em que ela pode se transformar, todos na cor rosa também. Da esquerda para a direita há uma baleia, cavalo, rinoceronte, rato, raposa, urso, tubarão, passarinho, lontra, peixe, tatu, gato, gorila, dragão, veado e ema.
Nimona é um rinoceronte, um dragão e, só às vezes, uma menina (Foto: Netflix)

(Alerta de gatilho: O texto a seguir contém discussões sobre tópicos sensíveis  abordados no filme, como homofobia, transfobia e ideações suicidas)

Iris Italo Marquezini

“A todas as garotas monstros” é a sensível dedicatória que abre a graphic novel Nimona, vencedora de um Prêmio Eisner em 2016. Essa frase já de cara recepciona e prepara o leitor para o que vai vir: uma história feita para enaltecer pessoas enérgicas que definitivamente não se encaixam. Ao longo dos anos, cada vez mais pessoas foram descobrindo o quadrinho de ND Stevenson e se apaixonando pelo jeito frenético e violento da metamorfa mais pilantra dos últimos anos. A adaptação, lançada pela Netflix, fez a personagem cair no gosto popular de vez e com absoluta razão: é um filme fantástico e mágico em todos os aspectos.

Continue lendo “Nimona ri na cara do perigo, da Disney e de qualquer um que não aceita quem é diferente”

Persona Entrevista: Tobias Carvalho

Autor de As Coisas, obra vencedora do Prêmio Sesc de Literatura que debate a sexualidade de homens gays na contemporaneidade, o escritor porto-alegrense surge como guia de uma viagem onírica em Visão Noturna

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco do autor Tobias Carvalho. No lado direito, foi adicionada uma imagem da capa de seu livro "Visão Noturna", e acima, foi adicionado seu nome, "tobias carvalho".
“Nós estamos criando Literatura, a gente não quer que a bandeira ou a temática fique na frente do nosso projeto, da nossa obra, do nosso trabalho”, diz Tobias Carvalho (Foto: Applause Produtora e Todavia/Arte: Vitória Vulcano)

Bruno Andrade e Enzo Caramori

Visão Noturna é um daqueles livros que fechamos com certa melancolia. Suspiramos lentamente e refletimos sobre as palavras ali dispostas, as ideias ocultas por trás de cada linha, sem a vontade de ter terminado a leitura – mas talvez ela nunca termine, talvez permaneça em nossas cabeças por dias até ser esquecida e lembrada em um sonho distante. Meses depois do lançamento da obra, Tobias Carvalho vem ao Persona Entrevista contar sobre seu processo de escrita e as questões que cercam suas concepções literárias.

Continue lendo “Persona Entrevista: Tobias Carvalho”

A comunidade queer invade sua mente em Sense8

Cena da série Sense8. Na imagem, os oito protagonistas da série estão um ao lado do outro se abraçando e com expressões de carinho e felicidade. Todos estão na faixa dos 30 anos. Da esquerda para a direita: Capheus é um homem queniano, negro, é careca e veste uma camiseta cinza de mangas azuis, e está com a cabeça encostada em Nomi. Nomi é uma mulher americana, branca, seu cabelo é loiro na altura abaixo dos ombros e usa um óculos quadrado preto. Acima de Nomi, está Will, que também é americano, branco, está vestindo uma camiseta marrom e tem o cabelo loiro. Ao lado de Nomi está Sun, que é uma mulher coreana, veste uma regata preta de gola alta e com detalhes amarelos, e tem o cabelo preto na altura do queixo. Riley é uma mulher islandesa, veste uma regata que não é possível identificar a cor pois outra pessoa está na frente, e seu cabelo é loiro na altura do pescoço. Abaixo, está Kala, que é uma mulher indiana e está de costas para a foto, podendo ser possível ver apenas seu cabelo preso em um rabo de cavalo e um brinco de várias argolas unidas na orelha. Lito é um homem mexicano, está vestindo uma camiseta de manga curta com estampa militar e seu cabelo é curto e castanho escuro. Por último, Wolfgang é um homem alemão, veste uma camiseta de manga curta cinza e seu cabelo é curto e castanho claro. A iluminação é muito forte e amarelada, eles estão contra a luz. Ao fundo, é possível ver um cemitério vertical, com várias gavetas enfeitadas com guirlandas de flores.
O apoio e compreensão dos amigos nunca foram tão necessários quanto em Sense8 (Foto: Netflix)

Maria Vitória Bertotti 

Compartilhando as mentes uns dos outros e vivendo experiências de maneira onipresente, a série estadunidense Sense8 inova na ficção e nos mostra que o espaço é apenas um detalhe para se viver inteiramente. Lançada em junho de 2015, a produção trouxe a temática LGBTQIA+ para o mundo do streaming, o que chocou parte do público da Netflix. Por essa razão, tantas pessoas se renderam à trama revolucionária dos sensates e suas habilidades de conexão mental.

Continue lendo “A comunidade queer invade sua mente em Sense8”

Genera+ion trata do amadurecimento na língua da Geração Z

cena da série Generation, com todo o elenco principal da série: Chloe East, Uly Schlesinger, Nathanya Alexander, Haley Sanchez, Lukita Maxwell, Chase Sui Wonders, Justime Smith, e Sydney Mae Diaz. Todos olham na direção do espectador.
Genera+ion retrata um grupo de adolescentes que exploram suas relações e sexualidade enquanto se aproximam dos novos amigos (Foto: HBO Max)

Maju Rosa

Pesquise no Google: como dar à luz?”. É assim que somos apresentados ao caótico episódio piloto da série teen do HBO Max, Genera+ion (escrita dessa forma mesmo). Lançado em março de 2021 (e em junho, no Brasil), é uma aposta para captar o público jovem LGBTQIA+, e levá-lo para a fase que todos passamos em algum momento: os dramas adolescentes sobre dificuldades adolescentes – e que apenas os adolescentes entendem. E apesar de ter conquistado um espectador que se identificou com a história de Chester, interpretado por Justice Smith (também protagonista de Detetive Pikachu e The Get Down), e seus novos amigos, a produção não foi renovada pelo streaming.

Continue lendo “Genera+ion trata do amadurecimento na língua da Geração Z”

The Owl House escancara o dilema da representatividade LGBTQIA+ na Disney

Cena da série The Owl House. Amity, adolescente de cabelo lilás e curto, beija a boca de Luz, adolescente de cabelo castanho e curto. Luz está com seus olhos abertos e apresenta expressão de surpresa. Amity veste um vestido preto e calça vinho. Luz veste uma jaqueta marrom e bege e uma calça bege e tem uma mochila azul nas costas. Ao fundo vemos uma porta de sacada rodeada por galhos verdes e flores rosas.
The Owl House segue padrões bastante similares a Gravity Falls em sua construção e estética (Foto: Disney)

Marina Llata

The Owl House (A Casa Coruja) é uma série animada criada por Dana Terrace. Lançada em janeiro de 2020, acompanha a trajetória de Luz Noceda (Sarah-Nicole Robles), uma adolescente que tem dificuldade de se encaixar e fazer amigos e, ao encontrar um portal para as Ilhas Escaldadas, localizadas em uma dimensão habitada por bruxas e demônios, escolhe passar um tempo nesse mundo fantástico ao invés de ir ao Acampamento de Realidade no verão. Lá, ela encontra Eda (Wendie Malick), uma bruxa rebelde, e seu amigo King (Alex Hirsch), um demônio muito fofo, sendo acolhida pelos dois e se tornando aprendiz de Eda. 

Continue lendo “The Owl House escancara o dilema da representatividade LGBTQIA+ na Disney”

Com um olhar aconchegante, Crush é uma revolução espontânea dos jovens queer nas telas do cinema

Jovens abertamente queer, medos e um amor fofo preencheram a narrativa de Crush e o coração do telespectador (Foto: Hulu)

Monique Marquesini

Os romances adolescentes nas telas são como deliciosas histórias confortáveis, com seus clichês e casais. Na comédia romântica Crush, a narrativa é centrada em uma receita antiga: aquela em que a personagem busca atenção de sua suposta alma gêmea, quando, na verdade, seu amor está mais perto do que se imagina. Porém, seu grande diferencial é que somos transportados para as aventuras e amores do Ensino Médio ao lado de uma jovem queer.

Continue lendo “Com um olhar aconchegante, Crush é uma revolução espontânea dos jovens queer nas telas do cinema”

Conectadas não é apenas sobre romance entre jovens da Geração Z

A imagem é a capa do livro Conectadas, o fundo é azul marinho e azul turquesa. Na frente da capa está ilustrada Ayla, uma menina com traços asiáticos, usando um vestido rosa, meia branca e tênis marrom, com cabelo preto e longo. Um pouco mais acima tem uma ilustração de cabeça para baixo de Raíssa, uma menina de pele escura, cabelo cacheado, usando uma camisa verde turquesa, uma calça jeans e um tênis vermelho. Raíssa segura um notebook com a imagem de um menino branco, de cabelo preto e blusa turquesa. Um pouco acima está escrito o nome da obra, Conectadas, e da autora, Clara Alves
Clara Alves contou em entrevista que Conectadas foi o livro que ela escreveu mais rápido, em cerca de dois meses (Foto: Editora Seguinte)

Ana Nóbrega

Clichê de reparação. Clara Alves dispõe em seu livro Conectadas, publicado em 2019 pela Editora Seguinte, tudo que qualquer menina queer sonhou enquanto assistia à comédias românticas adolescentes em sua infância. Jogos, romance, juventude, cultura pop e a realidade de muitas garotas são alguns dos pontos abordados por Clara em sua obra, feita  para garotas jovens que ainda estão se descobrindo em um mundo tão violento, e também para mulheres adultas que foram roubadas de seus clichês juvenis. 

Continue lendo “Conectadas não é apenas sobre romance entre jovens da Geração Z”

Um brinde às batalhas internas e memórias da juventude em 15 anos de Skins UK

Fotografia da série Skins. A foto mostra quatro personagens principais da primeira temporada, da cintura para cima. Eles estão sentados, próximos da câmera, e todos são jovens. Da esquerda para a direita: Chris é interpretado por Joe Dempsie, um homem branco, de cabelos castanhos-claros, lisos e médios. Ele está sorrindo, usa uma camiseta cinza sobre uma blusa branca de mangas compridas e segura um jarro de vidro, que contém um líquido laranja, em uma das mãos. Ao seu lado está Sid, interpretado por Mike Bailey, um jovem branco. Ele tem cabelos lisos e escuros, que vão até a altura dos ombros. Usa um gorro preto sobre a cabeça e óculos retangulares. Ele tem um rosto fino, um nariz pontudo e usa uma camiseta azul. Ao seu lado está Maxxie, interpretado por Mitch Hewer. Mitch é um homem branco, de pele bronzeada, olhos azuis, rosto fino e cabelos loiros e lisos, com uma franja que cai sobre os olhos. Ele usa um moletom branco com listras. Por último, está Tony, interpretado por Nicholas Hoult. Ele é um homem branco, de olhos azuis, rosto fino e cabelos castanhos. Ele usa uma blusa preta de frio, com as mangas arregaçadas.
Oh baby, baby, it’s a wild world (Oh baby, baby, é um mundo selvagem) (Foto: E4)

Mariana Nicastro

A juventude é a fase da intensidade. De dramas, sensações, desejos e sonhos. Nela, as amizades são eternas, os amores são infinitos num dia, efêmeros no outro, e os problemas são o fim do mundo. É a fase da rebeldia e das descobertas. Há 15 anos, Skins (UK), ou Juventude à Flor da Pele, explorou tudo isso de forma intimista, sob perspectivas de distintos jovens ingleses que tinham uma coisa em comum: a consciência de que crescer não é fácil, mas que amizades, família e empatia tornam o processo menos cruel.

Continue lendo “Um brinde às batalhas internas e memórias da juventude em 15 anos de Skins UK”

As Mulheres do Grammy 2022

Onde estamos depois de tantas mudanças para contemplar as mulheres no lugar de reconhecimento mais importante da Música mundial? Uma seleção de 12 nomes para entender o passado, o presente e o futuro das mulheres no Grammy

Arte retangular. O fundo é lilás. No lado esquerdo, existe uma foto de Nathy Peluso. Ela é uma jovem branca, de cabelos castanhos presos, e usa uma franjinha sobre a testa. Nathy veste uma blusinha branca de alças e uma jaqueta preta por cima. Do lado esquerdo dela, existe uma foto de Olivia Rodrigo. Ela é uma jovem de cabelos castanhos longos e usa um vestido lilás. Ao lado dela, existe uma foto de H.E.R.. Ela é uma jove negra, de cabelos longos ondulados e pretos, e usa um vestido cor de vinho e óculos transparentes roxos. Por fim, no lado direito da imagem, existe uma foto de Arooj Aftab. Ela é uma mulher paquistanesa, de cabelos escuros curtos, e está usando uma jaqueta prateada.
O Persona preparou uma seleção de 12 artistas que se destacaram nas indicações do Grammy 2022, que se revela com uma temporada complexa para o avanço das mulheres na Música (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara/Texto de abertura: Raquel Dutra)

Se a edição de 2022 da premiação mais importante da Música mundial apresenta um cenário interessante para as mulheres, é como o resultado árduo de uma longa caminhada. Em 2019, o Grammy inaugurou um marco para as artistas reconhecidas pela Academia de Gravação sediada na Califórnia: vindo de um controverso 2018, onde era possível contar nos dedos de uma mão as artistas consideradas para as 4 categorias principais da premiação, assim como as dos gêneros de mais destaque, como rap, rock, R&B e country, a premiação se envergonhou de seu conservadorismo e atraso em se adaptar ao novo ambiente musical. Para trabalhar a situação, a premiação mudou sua forma de reconhecer “o melhor da Música”, ampliando o número de indicados em suas categorias centrais (o chamado ‘Big 4’: Álbum do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Artista Revelação) e instaurando comitês específicos para acompanhar as nomeações nichadas.

Continue lendo “As Mulheres do Grammy 2022”