Cantora se reinventou com o seu terceiro álbum de estúdio, lançado em 2016 (Foto: Matt Barnes)
Laís David
Um rito de passagem natural da indústria da música é a popularização das ‘eras good girl gone bad’. Se distanciando de letras reverentes e se aproximando de um conteúdo mais adulto, esses lançamentos são marcados pela ascensão da persona Femme Fatale e a maturação de suas narrativas. Essa transição é referência para artistas que começaram cedo: Miley escandalizou com Bangerz, Taylor declarou a morte de sua antiga versão em reputation e Aguilera esteve à frente de seu tempo com Stripped. Em 2016, foi a vez de Ariana Grande e o majestoso Dangerous Woman.
“É difícil manter um amor que você conheceu aos quinze anos/Mas minha melhor amiga estava errada quando disse/Você é apenas jovem, não está apaixonado” (Foto: Dana Trippe)
Ana Laura Ferreira
É normal e esperado que obras de arte tenham um tema, uma linha de raciocínio ou, pelo menos, um porquê que interligue toda uma construção. Esse fio que conecta as histórias é ainda mais visível quando falamos sobre Música, afinal, ela é uma das formas mais democráticas de se expressar os sentimentos humanos, usando temas como amor, felicidade e tristeza de maneira recorrente. Mas, fugindo dos caminhos mais simples, Ashlyn chega com a pretensão de falar nada mais, nada menos do que sobre o tempo, fazendo de suas canções a mais bela e impactante linha cronológica.
Em 2016, AURORA provou em seu álbum de estreia como a música pode nos ajudar a entrar em contato e compreender nossas próprias emoções (Foto: Decca Records)
Gabriel Brito de Souza
Depois de entrar para o cenário musical em 2014, AURORA manteve presente o forte estilo indie com um pouquinho do gênero pop em seu álbum de estreia All My Demons Greeting Me As A Friend. Mesmo com a insistência da gravadora para que escrevesse novas composições em vez de reaproveitar suas antigas letras, AURORA foi flexível na hora de selecionar as faixas e conseguiu produzir um disco encantador que conquistou o público. Trazendo um título meio obscuro, a artista quis se referir às emoções mais profundas que todos possuem, mas têm medo de expressar – nos mostrando a conexão que há entre os sentimentos com as nossas almas.
A capa do disco Te Amo Lá Fora rendeu até um outdoor digital na Times Square (Foto: Fernando Tomaz)
Ana Júlia Trevisan e Laís David
Por vezes amada, e em outros momentos odiada, a Nova MPB é um inegável acontecimento no cenário musical nacional. Diariamente surgem artistas novos, trazendo sonoridade contemporânea nas infinitas possibilidades que existem dentro do gênero. O que ninguém poderia imaginar era que uma mera estudante de Ciências Políticas iria se tornar uma das referências do pop independente brasileiro. Em 2018, ela assumiu o nome artístico de DUDA BEAT e lançou seu aclamado álbum de estreia, Sinto Muito. Após três anos de espera, ela se aventura novamente entre fusões rítmicas e composições românticas com seu segundo disco, Te Amo Lá Fora.
Destaques do mês de abril: Ryan Woods, Anitta, DUDA BEAT e H.E.R. (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Jho Brunhara e Raquel Dutra)
Remixes de músicas consagradas são muito polêmicos. Imagine então uma coletânea de novas versões para as canções imortais de Rita Lee, qual a chance de dar certo? Spoiler: deu e muito. Em Abril, fomos presenteados com o interessante Rita Lee & Roberto – Classix Remix Vol. l, idealizado pelo filho do casal, João Lee. É claro que as novas roupagens nem se comparam com a genialidade original da cantora, mas não é nenhum desastre, e sim um disco muito divertido de se ouvir.
Falando em clássicos, esse é um instantâneo: DUDA BEAT, tesouro nacional, está de volta com o maravilhoso Te Amo Lá Fora. A pernambucana queridinha do Brasil com certeza estará em muitas listas de melhores do ano. Os donos do sertanejo universitário também trouxeram novidades em Tudo em Paz, mostrando que 15 anos de carreira não foram suficientes para esgotar a arte da dupla Jorge & Mateus, que segue encantando os fãs com sua música.
Por aqui também tivemos POCAH descobrindo durante uma festa enquanto ainda estava no BBB que sua música com Lia Clark, Eu Viciei, tinha sido lançada. O funk, assinado pelo trio Hitmaker, entra para a lista de músicas que teriam bombado em todas as festas se não fosse a pandemia. Ludmilla e Xamã também colocaram no mundo uma ótima parceria: Gato Siamês deixa claro que Lud também nasceu para cantar R&B. Em Abril, rolou até uma colaboração internacional: Luísa Sonza e Bruno Martini foram convidados para um remix de Cry About It Later, de Katy Perry.
Nos States, assistimos Demi Lovato colocar seu coração nas canções de Dancing With The Devil… The Art of Starting Over, e estabelecer o disco como o melhor trabalho de sua carreira, com viciantes faixas pop e um desabafo sincero de alguém que quase nos deixou mas conseguiu recuperar sua vida. Taylor Swift também fez história em sua carreira ao lançar a primeira das regravações de seus álbuns antigos, que estão encaminhadas para sair nos próximos meses. Depois de ter sido impedida de comprar os masters de suas músicas, a artista decidiu voltar ao estúdio e regravar cada um de seus discos. Fearless (Taylor’s Version)já está entre nós, e que venham os outros!
Doja Cat finalmente foi libertada do cativeiro Say So e já começou a divulgar seu novíssimo álbum, Planet Her. O primeiro single escolhido é a contagiante Kiss Me More, ao lado de SZA. Twenty One Pilots também fez seu comeback cor-de-rosa e azul bebê. Chokere Shy Away são uma indicação que teremos uma era mais pop ainda do duo, e com uma vibe retrô. BROCKHAMPTON retornou iluminando toda sua criatividade em seu novo disco, enquanto Rina Sayama e Elton John se juntaram para uma parceria e regravaram Chosen Family, de Rina. No ano passado, Elton John declarou que SAWAYAMA era seu álbum favorito de 2020.
No Reino Unido, ao lado das drag queens A’Whora, Tayce e Bimini Bon-Boulash, que participaram da segunda temporada de Drag Race UK, as meninas do Little Mix lançaram seu primeiro trabalho em formação de trio. A nova versão de Confettitambém contou com a colaboração da rapper Saweetie. Falando em girlbands, as sucessoras naturais do Little Mix nos apresentaram seu primeiro EP. As integrantes da Boys World estão apenas começando a trilhar seu caminho, e aos poucos estão construindo uma discografia promissora e empolgante, como a perfeitaGirlfriends.
Olivia Rodrigo, o rostinho da Geração Z, continua fazendo muito barulho mesmo tendo apenas duas músicas lançadas em sua carreira solo. Dessa vez foi deja vuque explodiu no streaming e viralizou no TikTok. O debut da cantora, SOUR, nem viu a luz do dia ainda, mas já acumula mais de 1 bilhão de streams. Billie Eilish também está se preparando para lançar seu segundo álbum. As faixas que já pudemos ouvir, my future, Therefore I Ame, agora, Your Power, só aumentam as expectativas desse próximo trabalho de Billie. Com uma atmosfera mais adulta sem perder a essência Eilish, a pergunta que já começa a aparecer é: será que vem mais um AOTY aí?
No assunto bedroom pop, temos Ryan Woods. O jovem cantor alternativo é também produtor de suas canções, e colocou no mundo seu primeiro EP, King of the Basement. Nos distanciando um pouco mais do mainstream, dois trabalhos se destacaram com aclamação da crítica. O primeiro é Vulture Prince, obra-prima de Arooj Aftab que encontra um lugar entre a tradição da música oriental e a contemporaneidade dos sons do ocidente para atingir a universalidade da experiência do luto e processamento da dor. Longe da serenidade da musicista paquistanesa radicada em Nova York, está o barulho do hardcore divertido de The Armed em ULTRAPOP.
Abril também foi o mês de celebrar o maior evento do Cinema que encontra uma graça especial em suas performances musicais. No terraço do Museu da Academia, quatro das músicas indicadas a Melhor Canção Original foram brilhantemente entoadas, mas a honra da dimensão musical do Oscar foi dela, literalmente. Aos 26 anos, H.E.R. já tem estatuetas do Grammy e Oscar na prateleira de casa, e seu novo disco, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2021, promete.
Para um mês recheado de novidades, retornos e expectativas, a Editoria e os colaboradores do Persona prepararam o seu guia mensal que abriga tudo o que rolou no mundo da música num só lugar. Conecte seus fones de ouvido para passear conosco pelos sons que nos encontraram através dos CDs, EPs, singles, clipes e performances no Nota Musical de Abril de 2021.
A cantora de sucesso Elizabeth Woolridge Grant, nome artístico de Lana Del Rey, se junta ao músico Jack Antonoff para compor o álbum (Foto: BRTHR/Universal Music)
Juliana Dal Ri Galina
Considerada a “Rainha do Indie”,Lana Del Rey quis testar mais sons que vão além do indie em seu novo álbum, o que não é surpresa. Quem acompanha a cantora sabe que desde seu lançamento de 2019,Norman Fucking Rockwell!, ela vem fazendo sons que vão dopop ao estilo alternativo. No entanto, nesta nova obra Chemtrails Over The Country Club, Lana explora mais sua poesia em tipos musicais do indie, countrye, principalmente, folk.
Lançado no dia 19 de março de 2021, através das gravadoras Polydor Records e Interscope Records,Chemtrails Over The Country Club contém 11 canções de puro aspecto vintage estadunidense. Começamos com a faixa-título que apresenta elementos como carros esportivos, viagens entre amigas e tardes na piscina, mostrando um verão bem típico californiano – característica comum nas suas obras.
Demi Lovato retoma controle de sua história em seu sétimo disco (Foto: Dana Trippe)
Laís David
Nos anos 2000, a Disney foi responsável, quase que unicamente, pela revelação de artistas adolescentes – em 2008, foi a vez de Demi Lovato. Com vocais impressionantes e personalidade contagiante, a texana se tornou garota propaganda de debates sobre saúde mental, vícios e transtornos alimentares, até ter sua própria narrativa roubada com a notícia de sua overdose em julho de 2018. Esse ano, ela lança seu sétimo álbum de estúdio, Dancing With The Devil… The Art of Starting Over, na tentativa de retomar controle de sua própria história.
Destaques do mês de março: Elza Soares, Lana Del Rey, Rico Dalasam e Silk Sonic (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Ana Laura Ferreira)
Março foi recheado de comebacks e performances de tirar o fôlego. Não é para menos, afinal estamos falando sobre o mês em que o maior evento da música ocidental ocorreu, trazendo para nós o Santo Graal das composições – ou pelo menos é isso que eles dizem. Contudo, após uma noite de esnobados e merecidos, o bafafá se perpetuou mesmo através de nomes como Megan Thee Stallion e Cardi B, que trouxeram a brasilidade do funk para o palco do Grammy.
Voltando à questão dos comebacks, foram tantos que é difícil enumerar. Bruno Mars retomou sua carreira, parada desde 24K Magic de 2016, com a parceria ao lado de Anderson .Paak. Outro nome que volta a entregar canções inéditas – para o delírio dos fãs – é Lana Del Rey, que traz toda a estética dos country clubs, tipicamente americanos, para sua atmosfera sóbria e melodramática, pela qual todos a conhecem. Sem deixar de lado o pop mainstream, Nick Jonas também reinicia seu trabalho solo com Spaceman.
Na música nacional, o rap foi destaque com a voz de Rico Dalasam e Djonga, que trouxeram suas vivências da forma mais crua possível. Elza Soares foi outra estrela que nos presenteou com a canção Nós, dedicada especialmente ao Dia Internacional da Mulher, que é comemorado no dia 8 de março. E foram realmente as mulheres que reinaram neste mês, ao sermos presenteados com a remasterização do álbum Elis, de Elis Regina, e em uma mesma tomada, com o rearranjo de dois singles de sua filha, Maria Rita, ao lado de Quintal de Prettos. Trazendo o saudosismo das memórias jamais desfrutadas do carnaval de 2021, a união dos vocais de Rita e do grupo paulista nos lembram da esperança de dias melhores.
Não poderíamos nos esquecer, ainda, da preciosidade em forma de EP que Selena Gomez entregou ao colocar em pauta toda a sonoridade latina em músicas na língua espanhola. Bem como é bom ficar de olho no mais novo compilado de Joshua Bassett, que com seu pop frenético trouxe a íntegra de sua versão da conturbada história com Olivia Rodrigo e Sabrina Carpenter. E é em meio a uma polêmica indicação ao gramofone de ouro – merecidamente perdido – que Justin Bieber lança seu sexto álbum, intitulado Justice.
Assim, em um mês de altos e baixos, no qual completamos um ano presos em casa, a Música conseguiu transparecer todos os sentimentos que gritamos entre quatro paredes. Da campanha #fuckthegrammys à realidade distorcida confidenciada por Demi Lovato, Março de 2021 conseguiu ser alvo de altos e baixos intensos que serão lembrados por muito tempo. Por isso, a Editoria do Persona, ao lado de seus colaboradores, comenta tudo isso e ainda mais sobre o que aconteceu no mundo da Música entre os CDs, EPs, singles, clipes e performances que mais marcaram os últimos 31 dias.
Documentário mostra o crescimento da carreira de Eilish de forma impressionante (Foto: Reprodução)
Laís David
Foi impossível sair de 2019 sem escutar sobre Billie Eilish. A jovem dominou todas as paradas com seu álbum de estreia e conquistou uma legião de fãs em todo o mundo. Sua personalidade misteriosa, letras obscuras e energia magnética a colocaram como uma das maiores artistas dos últimos anos. Como um glorioso coming of age de Greta Gerwig, o documentário The World’s A Little Blurry detalha a ascensão de Billie Eilish de forma minuciosa e emocionante.
Mergulhada em clichês, Zara Larsson lança seu terceiro álbum de estúdio (Foto: Reprodução)
Laís David
Após dominar 2016 com a refrescante Lush Life e a elétrica Never Forget You, Zara Larsson se encontrou entre uma gravadora ineficiente e uma gama de músicas sem o êxito esperado. Lançando diversos singles na tentativa de engatar um disco e também paralisada pela pandemia, parecia cada vez mais difícil enxergar um lançamento completo para a carreira da sueca. No entanto, em 2021, ela finalmente conseguiu se desvencilhar dos adiamentos com Poster Girl, seu terceiro álbum de estúdio.