A Vida Mentirosa dos Adultos e a crueldade da adolescência

“O que se passava, afinal, no mundo dos adultos, na cabeça de pessoas extremamente racionais, em seus corpos carregados de saber? O que os reduzia a animais dentre os menos confiáveis, piores do que os répteis” Página 169

Mesmo recém lançado A Vida Mentirosa dos Adultos irá contar com uma adaptação na forma de série na Netflix (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

A Vida Mentirosa dos Adultos surge após um hiato de 5 anos de uma das maiores vozes da literatura contemporânea mundial: Elena Ferrante. O novo romance da escritora italiana chega ao Brasil em setembro pela editora Intrínseca. Após ler outras obras da misteriosa autora as expectativas eram altas, e mais uma vez fiquei encantada. Agora com esse relato sobre a adolescência, e a destreza com que Ferrante aborda as nuances da jovem mulher em conflito com si mesma.

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Ciranda de Pedra: Natércio amava Laura que amava Daniel

Edição de 2009 pela Companhia das Letras (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Em seu primeiro romance lançado em 1954, a dama da literatura brasileira Lygia Fagundes Telles propõe falar sobre identidade e a noção de pertencimento. Em Ciranda de Pedra, essa que foi a única mulher indicada a um Nobel de Literatura no país entrega na obra uma narrativa comovente, cheia de poesias e metáforas que acompanham mesmo depois da leitura. A trama segue a jovem Virginia na infância e começo da vida adulta, o que chama atenção é a possibilidade de se ver na menina que está sempre fora da “ciranda”.

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A fragilidade e o totalitarismo em A Insustentável Leveza do Ser

Edição feita no Brasil pela Companhia das Letras (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Existem algumas obras que se comunicam com o leitor sem qualquer pretensão. Esse é o caso do romance tcheco A Insustentável Leveza do Ser, publicado pela primeira vez em 1984, onde a descrição dos relacionamentos afetivos por Milan Kundera incomoda pela sinceridade. Tendo como pano de fundo o caótico cenário político da Primavera de Praga, ele aborda a complexidade da vida com metáforas brilhantes.

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Os melhores filmes e séries de 2019

O fim da década fechou o ano do cinema com chave de ouro. 2019 apresentou inovações em cada gênero. Seja na animação, terror ou mistério, tivemos obras que reinventaram e escreveram da sua maneira história audiovisuais únicas e emocionantes. No Brasil, o cinema foi tema do Enem e alvo do governo, porém, lá fora se mostrou vivo percorrendo festivais, ganhando prêmios e alcançando a tão aguardada indicação ao Oscar. Foi difícil, mas nosso time selecionou as principais obras que marcaram cada um no ano passado.

No ramo das séries, nossa curadoria reflete a diversidade temática das produções em alta: tem cinebiografia de personalidades da literatura mundial, ficção científica, drama, comédia romântica e muito mais. Por outro lado, também apontou um dado problemático: nossa dependência em serviços de streaming.

Então, sem mais delongas, eis a curadoria Persona de Melhores Filmes e Séries de 2019:

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Uma Mulher Alta: o olhar da mulher russa sobre a guerra

Isabella Siqueira

O drama histórico Uma Mulher Alta, ou Beanpole, é a aposta da Rússia para Oscar 2020. O filme do diretor Kantemir Balagov é emocionante e brutal. A inspiração vem do livro A Guerra Não Tem Rosto de Mulher da escritora Svetlana Aleksiévitch, vencedora do nobel de literatura de 2015. Na trama, duas mulheres que lutaram no exército vermelho enfretam as consequências do pós-guerra. Ao se basear nessa obra corajosa que dá espaço à vozes esquecidas, Kantemir criou um roteiro original que transborda força e violência trazendo também o espírito da escrita de Svetlana. 

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Os melhores discos de 2019

Nem toda tradição tem de ser mantida, mas o Persona não mexe em time que tá ganhando. Por isso, a nossa lista anual de discos do ano mantém o formato da edição passada: reunimos colaboradores, ou quem quisesse participar, para elencarem seus momentos musicais preferidos de 2019.

A intenção é garantir a diversidade de sons e pessoas, não ficando restritos às preferências pessoais da editoria ou ao que já foi abraçado pela crítica mundo afora. E esperamos ter alcançado esse propósito. A lista passeia por gêneros extremamente brasileiros, mas o rolê se expande para o mundo todo, do house ao sertanejo universitário. Confira:

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Diário da Queda: uma construção do sujeito

Edição Lançada em 2011 pela Companhia das Letras (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

O escritor e jornalista brasileiro Michel Laub traz em seu livro Diário da Queda um retrato comovente de três gerações marcadas pelo passado, junto de uma reflexão dos acontecimentos que constroem o que somos. Lançado em 2011 pela editora Companhia Das Letras, o livro escrito na forma de diário apresenta personagens não nomeados e uma questão central, “E como um indivíduo se torna aquilo que é?”.

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Série Napolitana: uma turbulenta e sincera amizade

Tetralogia Napolitana é composta por quatro livros editados no Brasil pela Biblioteca Azul (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

A Série Napolitana, escrita pela autora italiana que atende pelo pseudônimo de Elena Ferrante, é a história de uma amizade entre duas mulheres durante toda a vida. A autora que permanece em segredo conseguiu apresentar uma relação tão complexa quanto as próprias protagonistas. Os quatro livros que compõe a série são: A Amiga Genial (2011), História do Novo Sobrenome (2012), História de Quem Foge e de Quem Fica (2013), e História da Menina Perdida (2014). Eles narram a intensa amizade entre Lenu e Lila da infância até a velhice. 

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