O filme venceu duas categorias no Gotham Awards, e Troy Kotsur garantiu indicações ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao SAG Awards (Foto: Apple TV+)
Andreza Santos
Uma família de surdos onde há apenas uma única ouvinte, a filha mais nova. Essa é a descrição inicial de CODA, que ganhou no Brasil o título No Ritmo do Coração. Ruby – a protagonista – é vivida pela talentosa Emilia Jones (Locke & Key), ela é a CODA (Child of Deaf Adults, filha de adultos surdos) da família. Trabalhando durante a manhã na pescaria, ela interpreta e traduz tudo o que seu pai, mãe e irmão querem dizer para as pessoas não-surdas. Tudo muda quando ela decide entrar para o coral da escola.
Lakeith interpreta William O’Neal, o infiltrado do FBI no Panteras Negras, em Judas e o Messias Negros, que possui seis indicações ao Oscar 2021 (Foto: Reprodução)
Ma Ferreira
“Um distintivo assusta mais que uma arma”. Na Chicago de 1968, conhecemos um futuro Messias que, se apoiando em ombros de gigantes, sabe bem qual seu real inimigo e como atingi-lo. Enquanto esse Messias organiza seu rebanho, ele cresce como alvo principal do FBI, que angaria um ladrão de carros para ser seu delator e algoz. Essa é a premissa de Judas e o Messias Negro, longa que expõe problemáticas raciais da sociedade norte-americana, e que é protagonizado por Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield com a direção de Shaka King.
Sophia Loren. Apenas o nome dela basta para iniciar a crítica. Uma das principais atrizes do mundo, e talvez a mais renomada da Itália, estava há mais de uma década longe dos grandes holofotes, após atuar ao lado de Daniel Day-Lewis e Penélope Cruz no filme Nine, dirigido por Rob Marshall, fazendo apenas breves aparições nas telas desde então. Mas como a aposentadoria nem sempre é a escolha mais fácil para quem respirou Cinema durante toda vida, como Sophia, ela retorna ao audiovisual sob a direção de ninguém menos que seu filho Edoardo Ponti, e mostra que ainda tem força e talento de sobra para atuar.
La Vita Davanti a Sé é o título original da produção que marca a volta de Sophia Loren. Mundialmente conhecido como The Life Ahead, o filme recebeu o nome de Rosa e Momo no Brasil. Se engana quem acha que a tradução feita não tem nada a ver com a história, Rosa e Momo são os protagonistas da trama. Rosa é uma ex-prostituda que, ao chegar na velhice, passou a cuidar dos filhos das colegas de profissão, e Momo é um órfão senegalês que, após perder a mãe, ficou aos cuidados do Dr. Coen. Todas as mudanças na vida do garoto acabam levando-o para o mundo do tráfico e do roubo.
Marla Grayson (Rosamund Pike) é a golpista sarcástica do filme (Foto: Reprodução)
Andreza Santos
“Você é um leão ou um cordeiro?” Essa é uma das perguntas feitas à Marla Grayson, protagonista do novo filme da Netflix intitulado Eu Me Importo, interpretada pela brilhante e muito competente Rosamund Pike (de Garota Exemplar), o que lhe rendeu uma indicação – vitoriosa – ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical. Todos os elogios são válidos para a protagonista, mas o longa infelizmente deixa a desejar.
Com Frances McDormand na melhor atuação da carreira e indicado a 6 Oscars, Nomadland usa do sútil para sensibilizar (Foto: Reprodução)
Vitor Evangelista
O ano era 2018. A elite de Hollywood se reunia no Dolby Theatre para a maior cerimônia do ano. Vestidos glamourosos, poses para fotos e estatuetas douradas, aquela noite era só sobre isso. Então, sobe ao palco Frances McDormand. Esbaforida, enérgica, com a cabeça à mil, ela agradece solenemente ao amor do marido e do filho, agradece o trabalho do diretor. Ela coloca seu prêmio no chão e pede para todas as mulheres indicadas se levantarem e faz um discurso atemporal sobre oportunidades no mercado de trabalho, ela cita o termo‘inclusion rider’, que estourou em buscas poucas horas depois. 3 anos mais tarde, Nomadland chega para provar que Frances não brinca em serviço.
Não é sempre que uma comédia esportiva consegue sair dos dramas de seu nicho e conquistar a grande audiência. O costumeiro é que as histórias se restrinjam aos jargões do gênero, repetindo estereótipos sexistas. Ted Lasso, original da Apple TV+, dribla todos esses problemas e marca um golaço. Jason Sudeikis protagoniza as aventuras de um treinador de futebol americano que se muda para o Reino Unido a fim de comandar uma equipe da Premier League. O problema? Ele não manja nada do futebol convencional.
Os destaques do Globo de Ouro 2021 foram Nomadland e a estonteante Chloé Zhao, o trabalho primoroso de Sacha Baron Cohen em Borat 2, Daniel Kaluuya pegando fogo em Judas e o Messias Negro e a avalanche The Crown (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)
Nós damos valor demais ao Globo de Ouro. Esse ano, o grupo votante lamenta a morte de seu antigo presidente, Lorenzo Soria, ao mesmo tempo que enfrenta acusações de fraude e uma investigação que revelou o óbvio: a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) não tem diversidade alguma. Reportagens no Los Angeles Times e no The New York Times estouraram poucos dias antes da 78ª edição do prêmio. Além de descobrirem que a HFPA não tem membros negros, foi escancarado um lobby poderosíssimo ao redor de Emily em Paris, uma das questionáveis indicadas ao Globo de Série de Comédia ou Musical.
É de suma importância relembrar que o GG não é prévia do Oscar de maneira nenhuma. Em questões de marketing e campanha, uma vitória no Globo alavanca sua visibilidade, mas o corpo votante da Academia é composto por mais de 7 mil membros, todos trabalhadores da indústria. A HFPA, por outro lado, é formada por 87 jornalistas, residentes de Los Angeles e que não têm ligação com o Oscar.
Todavia, o que acontece é o Globo de Ouro tentando ditar tendências na temporada. Às vezes, as coisas dão ‘certo’: Green Book e Bohemian Rhapsody começaram ganhando aqui e percorreram solenes seu caminho até as estatuetas douradas e carecas. Ano passado, o amor por 1917 e por Sam Mendes caiu por terra quando Parasita e Bong Joon-ho saíram com os louros.
A fotografia de O Céu da Meia Noite é essencial para transmitir a solidão de seus personagens (Foto: Reprodução)
Gabriel Fonseca
George Clooney nos familiarizou ainda mais com o seu trabalho de diretor depois de seu último filme. Produção da Netflix, O Céu da Meia Noite usa a ficção para falar das relações humanas, em especial, a história de um pai e sua filha. Apesar de semelhanças com Interstellar (2014), o longa é uma adaptação do romance Good Morning, Midnight, de Lily Brooks-Dalton. Além da direção, Clooney se coloca no centro da história, e com um visual diferente dos seus galãs de meia idade.
Friends é a grande série do século XX. A comédia sobre os seis amigos de Nova Iorque que conquistou a cultura pop num solavanco, hoje se prostra como uma das maiores produções televisivas da história. A sitcom comemorou vinte e cinco anos no fim de setembro e fãs mundo afora celebraram o legado e as piadas de Rachel, Joey, Phoebe e companhia. Mas, tanto tempo depois da estreia, Friends deveria deixar os holofotes de lado.
Grande parte do buzz do seriado vem da exibição global da Netflix. O fácil acesso aos 236 episódios exibidos originalmente pela NBC entre 1994 e 2004 é primordial para manter acesa a chama de discussão da série. Todavia, com todas as portas que Friends abriu, carreiras que lançou e conteúdos que originou, o grande público pode voltar atenções a outras grandes produções lançadas de lá para cá. E não há problema algum nisso.