O protagonismo de Amaia Aberasturi como Ana Iberguren e seu jogo de expressões em cena com Rostegui (Àlex Brendemüjl) renderam a indicação ao 35º Prêmio Goya de Melhor Atriz (Foto: Reprodução)
Nathália Mendes
Atemporal. Não há como assistir Silenciadas, nova aquisição da Netflix, sem conectar as acusações de bruxaria com os julgamentos que as mulheres sofrem até hoje. Em 1609, no País Basco, extremo norte da Espanha, a Santa Inquisição reprimia a cultura basca e queimava mulheres vivas. Desesperados em conhecer o sabbat, um suposto ritual de invocação do demônio, os inquisidores encontram um grupo de garotas geniais que oferecem a bruxaria que eles ardentemente desejavam assistir. Com a protagonização de Ana (Amaia Aberasturi), a tentativa das garotas em escapar da fogueira é uma performance belíssima.
Shaun, Blitzer, Timmy, Mãe do Timmy e Shirley voltam para a alegria de todos, e trazem consigo uma indicação de Melhor Animação no Oscar 2021 (Foto: Reprodução)
Pedro Gabriel
Um dos motivos para eu acordar cedo quando tinha meus nove anos era sentar na sala, ligar na Cultura, e assistir a todos os desenhos que passavam no Quintal da Cultura. A manhã era recheada de Doug (1991-1999), Madeline (1993-2001), Cocoricó (1996-atualmente no YouTube), Os Sete Monstrinhos (2000-2003) e por uma pequena ovelha aventureira chamada Shaun, o Carneiro (2007-presente). Dez anos se passaram, e cá estou eu revivendo todas essas manhãs após assistir Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca na Netflix. A animação é uma continuação do longa de 2016 e traz Shaun em uma nova aventura.
A indicação em Melhor Canção Original é a única de Festival Eurovision da Canção no Oscar 2021 (Foto: Reprodução)
Ana Beatriz Rodrigues
A mistura de reality show e música pode dar ótimos resultados. Por exemplo, o grande sucesso de realities musicais no Brasil, como o The Voice e o Ídolos. Porém, há uma grande competição que não é tão familiarizada fora da sua localização. O Eurovision Song Contest (Festival Eurovisão da Canção) é um grande concurso da União Europeia de Radiodifusão, que não possui ligação direta com a União Europeia. E foi assistindo uma edição desse programa que o ator Will Ferrell teve a ideia de fazer uma comédia sobre o reality. Depois de 20 anos de sua concepção, Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars chegou na Netflix.
Indicado ao Oscar de Melhor Curta-Metragem de Animação, Toca (Burrow) é uma história de dormir para crianças (Foto: Reprodução)
Larissa Vieira
Toca (Burrow) é mais uma das produções SparkShorts do Disney+, a série de curtas-metragens de animação independentes, criada por funcionários temporários dos estúdios Pixar. A produção conta a história de uma aventureira coelhinha que procura cavar a toca ideal para ela morar, porém, ao se deparar com vizinhos, ela decide ir explorando cada vez mais a fundo até que se mete em problemas e tem que recorrer a pedir ajuda à quem ela estava fugindo.
The Letter Room concorre ao Oscar 2021 na categoria Melhor Curta-Metragem em Live Action (Foto: Reprodução)
Isabella Siqueira
A questão que envolve o sigilo da correspondência versus a segurança da comunidade, é o pano de fundo em The Letter Room. No curta-metragem indicado ao Oscar 2021, a curiosidade pelos sentimentos alheios traz à tona a falta de privacidade que existe no sistema prisional americano. Dirigido por Elvira Lind, conhecida anteriormente pelo documentário Bobbi Jene, a produção consegue dizer muito em apenas meia hora, e pelos olhos de um agente carcerário, vivido pelo talentoso Oscar Isaac, encontra-se um outro lado de uma estrutura já explorada pelo audiovisual.
Documentário mostra o crescimento da carreira de Eilish de forma impressionante (Foto: Reprodução)
Laís David
Foi impossível sair de 2019 sem escutar sobre Billie Eilish. A jovem dominou todas as paradas com seu álbum de estreia e conquistou uma legião de fãs em todo o mundo. Sua personalidade misteriosa, letras obscuras e energia magnética a colocaram como uma das maiores artistas dos últimos anos. Como um glorioso coming of age de Greta Gerwig, o documentário The World’s A Little Blurry detalha a ascensão de Billie Eilish de forma minuciosa e emocionante.
Indicado ao Oscar 2021 de Melhor Animação, A Caminho da Lua passa mensagem aos adultos enquanto diverte as crianças (Foto: Reprodução)
Larissa Vieira
A Netflix entrou para a lista de animações para o público infantil com mensagens reflexivas para o público adulto. A Caminho da Lua (Over the Moon) chega para encantar as crianças com luzes, personagens engraçados e um enredo divertido enquanto leva os telespectadores mais velhos a um mundo de reflexão. Lançado em outubro de 2020, a animação musical acompanha a trajetória de Fei Fei, uma criança chinesa que sofre com a perda da mãe. Anos mais tarde, quando seu pai, Ba Ba, decide começar uma nova família, a agora pré-adolescente aflige-se com esse novo cenário e decide recorrer até a deusa da Lua, Chang’e.
Time, filme realizado em parceria com o jornal The New York Times, debate os impactos do encarceramento em massa e pauta o abolicionismo penal na categoria de Melhor Documentário do Oscar 2021 (Foto: Reprodução)
Raquel Dutra
“Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados”, diz a 13ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que ‘aboliu’ a escravidão no país em 1865. Um dos maiores marcos da Terra da Liberdade, no entanto, guardou uma ressalva em seu texto, definindo logo em seguida que “os devidamente condenados por um crime” eram a sua exceção, criando em si mesma uma condição que permitia a prática do que acabava de extinguir. A conclusão da premissa da Emenda é literal e simples: quando você é condenado, você se torna um escravo do Estado.
Não à toa, o termo que se usa para definir a quem luta pelo fim do sistema carcarário vigente é o mesmo que se usava para se referir a quem lutava pelo fim da escravidão. A longo prazo, o que o governo de Abraham Lincoln fez com o que deveria ser um avanço na garantia do direito à liberdade, à vida e à igualdade foi permitir o desencadear de um fenômeno social denominado por estudiosos como o sistema escravista moderno. No país que abriga 5% da população mundial, está 25% da população carcerária do planeta. Assim, a cada quatro presidiários ao redor do mundo, um está encarcerado nos Estados Unidos. Como diz sua própria lei, essas são as pessoas submetidas à escravidão no século 21, e essa é a provocação de Time.
Lançada 4 anos depois de sua concepção, a Liga da Justiça de Zack Snyder é mais que um reles exercício de ego, é uma demonstração de empatia (Foto: Reprodução)
Vitor Evangelista
A Liga da Justiça de Zack Snyder não foi feita para você. E nem para mim. Por mais que a liberação do filme tenha acontecido pelo apoio massivo dos fãs do diretor, as quatro horas e dois minutos de exibição não são destinadas a ninguém além de Autumn Snyder. A jovem filha do cineasta se suicidou enquanto os pais trabalhavam na primeira versão da aventura da Liga. A tragédia familiar afastou Zack do controle criativo dos personagens, logo em seguida veio a contratação do crápula Joss Whedon e a finalização do longa de 2017 naquele misto de martírio e bugiganga defeituosa.
O chute nas bolas de Hollywood foi tão bem dado por Emerald Fennell que conquistou 5 indicações ao Oscar 2021 (Foto: Reprodução)
Caroline Campos
“A culpa não é minha se ela bebeu demais. A mulher tem que se dar ao respeito, se garantir. Aí, se acontece alguma coisa, vem reclamar. Ela foi até para casa comigo, vai dizer que não queria? Se arrependeu? Assim é fácil… fazem de tudo para acabar com a vida de caras como eu. Eu sou um menino do bem. Um cara legal. Tenho mãe, sabe. Óbvio que respeito as mulheres. Ela queria, eu tô te falando. Aquele ‘para, por favor’ foi só para pagar de difícil”. Familiar, não é? Você sabe que já ouviu isso.
A sensação é de impotência. É de ira. Um poço grande e fundo até a boca de solidão. Alguém aí para escutar nossa versão? Ficar do nosso lado? Bela Vingança sim. O primeiro filme dirigido pela britânica Emerald Fennell, também atriz (The Crown) e roteirista (Killing Eve), é uma resposta doce ao sexismo e a cultura do estupro, que abraçam e protegem a frágil figura masculina. Doce, sim, mas com ressalvas. A personagem de Carey Mulligan, a mais pop da temporada de premiações, está atolada até a cabeça de amargura e apatia, traumatizada pelos desdobramentos de um estupro, assistido e aplaudido, que sua amiga Nina sofreu.