Assistimos a história ser feita no sensível Feeling Through

Cena do curta Feeling Through. Nela, vemos Artie e Terek dentro de um ônibus. Artie, um homem branco, careca, cego e surdo, segura Terek, jovem negro, pelos braços, num sinal de agradecimento. Artie está de olhos fechados, usa touca cinza e jaqueta bege. Terek tem o cabelo preto, usa jaqueta verde e vemos uma das alças azul de sua mochila.
Feeling Through foi indicado ao Oscar 2021 na categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action, competindo com The Letter Room e Two Distant Strangers (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Feeling Through é um filme de emoções à flor-da-pele. O curta-metragem sensibiliza pelo tema e condução, narrando o encontro noturno de um jovem sem-teto e um homem surdo-cego que precisa de ajuda para pegar o ônibus e ir pra casa. Parece sensacionalista e barato, eu sei, mas o comando pessoal de Doug Roland torna esse indicado ao Oscar 2021 um vigoroso estudo de representatividade e do íntimo humano.

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Cineclube Persona – Os Vencedores do SAG 2021

Arte do Cineclube do SAG. O fundo é vermelho escuro, no canto superior esquerdo vemos escrito 'cineclube' em fonte branca preenchida e 'persona' com apenas o contorno das palavras em branco. Abaixo, está um quadro redondo, com a atriz Yun-Jung Youn. A moldura é antiga, com detalhes geométricos dourados. Ao lado, está um quadro retangular com Viola Davis e seu marido. Acima desse quadro, e ao centro da arte, está o Olho do Persona, com detalhes na íris da cor da arte, vermelho escuro. Ao lado direito do quadro de Viola, está o contorno do troféu do SAG, um homem de pé segurando um objeto na mão esquerda, e os dizeres SAG 2021 em fonte preenchida preta. Acima disso, o quadro de Jason Bateman, retangular em pé, e ao lado esquerdo, está o quadro de Catherine O'Hara, quadrado.
Os destaques do SAG 2021 foram as vitórias de Catherine O’Hara e Jason Bateman na parte da TV, além da celebração de Yuh-Jung Youn e Viola Davis nas categorias de Cinema (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

O prêmio dos Sindicato dos Atores de Hollywood foi um bocado diferente em 2021. Começando pelos atrasos, consequência da pandemia, a premiação teve sua data inicial roubada pelo Grammy. A Academia de Música clamou para si aquele 14 de março, jogando o SAG para a primeira semana de abril.

Depois da exibição virtual do Globo de Ouro, o Sindicato decidiu que não faria sua entrega de troféus ao vivo, e sim gravaria com alguns dias de antecedência. No Dia da Mentira, começaram a rolar listas de supostos vencedores do ‘Actor’, como é apelidada a honraria. A singela cerimônia tomou parte na noite de domingo, 4 de abril, e rendeu 7 troféus à Netflix, destaque máximo de 2021. Com apenas uma hora de duração, a 27ª edição do SAG foi corrida, carente do charme característico do evento ao vivo e, no fim das contas, sem nenhum momento realmente marcante.

O palco do SAG é o local para a história ser feita. Ano passado, o elenco de Parasita foi ovacionado e aplaudido de pé. Pantera Negra foi celebrado em alto e bom tom. Spotlight continuou sua corrida ao Oscar lá e Três Anúncios para um Crime sonhou com um troféu que não veio.

Esse ano, o Elenco majoritariamente branco e exclusivamente masculino de Os 7 de Chicago venceu o maior prêmio da noite. Batendo as equipes etnicamente diversas de Minari, A Voz Suprema do Blues, Destacamento Blood e Uma Noite em Miami…, o filme de Aaron Sorkin finalmente venceu algo grande, depois de ver o Sindicato dos Roteiristas premiar Bela Vingança, o dos Produtores chamar ao palco (virtual) Nomadland e o nome do diretor não aparecer na lista final do Oscar.

Se os pálidos de Chicago vigoraram na categoria principal, pela primeira vez na história os ganhadores de atuação foram apenas atores não-brancos. A dupla dinâmica de A Voz Suprema do Blues venceu Ator e Atriz. Chadwick continuou sua varredura até a noite do Oscar, mas o prêmio de Viola Davis foi uma baita surpresa. A veterana, que encarna Ma Rainey com uma eficácia divina, não havia ganhado nenhum precursor até agora, e bota lenha na categoria. O próximo passo até o Oscar é o BAFTA, onde apenas Frances McDormand e Vanessa Kirby (das nomeadas à Academia) podem vencer.

Outro que continuou na onda dos prêmios vencidos foi Daniel Kaluuya. O Melhor Ator Coadjuvante do ano foi agraciado por sua atuação no visceral Judas e o Messias Negro, onde interpreta Fred Hampton, um das figuras mais importantes do movimento dos Panteras Negras. Em Atriz Coadjuvante, foi a vez de Yuh-Jung Youn se colocar com força na corrida para o Oscar. A vovó de Minari bateu sua principal concorrente, Maria Bakalova por Borat 2, e agora tem a vantagem para 25 de abril. Continuando a onda dos filmes de heróis perseverando na categoria de Dublês, Mulher Maravilha 1984 ganhou em 2021.

Na parte da TV, a Netflix confirmou uma porção de favoritismos. The Crown venceu Melhor Elenco em Drama pelo segundo ano consecutivo, se colocando na ponta da lista de apostas para o Emmy de setembro. Em Atriz, as 5 nomeadas representavam apenas 2 séries, é claro, da Netflix. Gillian Anderson colocou a competição no bolso, botando a Rainha, Lady Di e a dupla de Ozark para comer poeira. E falando em Ozark, Jason Bateman também comemorou um bicampeonato, vencendo o SAG de Ator em Drama.

As categorias de Comédia continuaram o jogo de batata-quente que Schitt’s Creek e Ted Lasso vem fazendo por todo o ano. A série canadense venceu Elenco e Atriz para Catherine O’Hara, enquanto a original da Apple TV+ coroou Jason Sudeikis como o Melhor Ator em Série de Comédia. O Screen Actor Guild Awards foi o último dos prêmios de Schitt’s Creek, que se despede da temporada vencendo tudo que teve chance.

Anya Taylor-Joy, por O Gambito da Rainha, continua sua caminhada até o Emmy de Atriz em Minissérie, enquanto Mark Ruffalo finaliza sua longa jornada. O Hulk já havia vencido o Emmy e o Globo de Ouro por sua performance em dose dupla em I Know This Much Is True. Ruffalo agora abre alas para outro ator dominar a categoria em setembro, na maior premiação da TV. Na parte de Dublês em Série, campo dominado por Game of Thrones na última década, The Mandalorian foi coroado. 

Premiando apenas categorias de atuação individual, elencos e equipes de coreografias, o SAG tenta abrir espaço para o reconhecimento dos Dublês no Oscar, mas a burocracia impossibilita a agilidade do processo. A edição de 2021 reuniu seus indicados por formato (comédia, minissérie, drama), misturando homens e mulheres na mesma conferência online. Os discursos não passavam de 90 segundos, e os próprios atores apresentavam uns aos outros, reacendendo a chama de proximidade do Sindicato dos Atores.

O SAG 2021 foi pouco memorável, mas rendeu a distribuição mais justa dos prêmios até agora. Acendendo o fogo para o Oscar no fim do mês e pavimentando favoritos até o longínquo Emmy, o Sindicato dos Atores rendeu um Cineclube Especial, assinado pela Editoria do Persona, discutindo os indicados, os vencedores, as tendências e os novos recordes. Vida longa ao SAG, o prêmio com a estatueta mais bonita dos Estados Unidos da América.

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Drag Race UK: o futuro de RuPaul está no Reino Unido

Cena de coroação da 2ª temporada de Drag Race UK. No centro da passarela, está Lawrence Chaney, sorrindo e empunhando seu cetro. Ela é uma drag queen escocesa, branca, gorda e que veste um vestido roxo. Seu cabelo é da mesma cor. Ao fundo, vemos vultos desfocados.
A escocesa Lawrence Chaney é a primeira drag queen gorda a vencer uma temporada de Drag Race presidida por RuPaul Charles (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Não é piada, mas sim um fato, que a segunda temporada de Drag Race UK é a melhor que a competição de RuPaul viu em muitos anos. Dez episódios e uma coroação inédita depois, podemos apreciar os vários altos e poucos baixos do reality. Nessa nova leva teve de tudo, desde eliminações chocantes, desistências icônicas e uma pausa nas gravações por causa da pandemia. Lawrence Chaney ganhou, e o padrão britânico do cenário drag aumentou, e muito.

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Nota Musical – Março de 2021

Arte retangular de fundo na cor laranja terroso. Do lado esquerdo, foi adicionado o texto "nota musical - março de 2021". Foi adicionado também a logo doPersona, estilizada para que a íris do olho fique laranja terroso. Do lado direito foi adicionado um acrílico de CD com um disco dentro. Dentro do disco foram adicionadas 4 fotos: Elza Soares, Lana Del Rey, Rico Dalasam e Bruno Mars junto com Anderson Paark.
Destaques do mês de março: Elza Soares, Lana Del Rey, Rico Dalasam e Silk Sonic (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Ana Laura Ferreira)

Março foi recheado de comebacks e performances de tirar o fôlego. Não é para menos, afinal estamos falando sobre o mês em que o maior evento da música ocidental ocorreu, trazendo para nós o Santo Graal das composições – ou pelo menos é isso que eles dizem. Contudo, após uma noite de esnobados e merecidos, o bafafá se perpetuou mesmo através de nomes como Megan Thee Stallion e Cardi B, que trouxeram a brasilidade do funk para o palco do Grammy.

Voltando à questão dos comebacks, foram tantos que é difícil enumerar. Bruno Mars retomou sua carreira, parada desde 24K Magic de 2016, com a parceria ao lado de Anderson .Paak. Outro nome que volta a entregar canções inéditas – para o delírio dos fãs – é Lana Del Rey, que traz toda a estética dos country clubs, tipicamente americanos, para sua atmosfera sóbria e melodramática, pela qual todos a conhecem. Sem deixar de lado o pop mainstream, Nick Jonas também reinicia seu trabalho solo com Spaceman.

Na música nacional, o rap foi destaque com a voz de Rico Dalasam e Djonga, que trouxeram suas vivências da forma mais crua possível. Elza Soares foi outra estrela que nos presenteou com a canção Nós, dedicada especialmente ao Dia Internacional da Mulher, que é comemorado no dia 8 de março. E foram realmente as mulheres que reinaram neste mês, ao sermos presenteados com a remasterização do álbum Elis, de Elis Regina, e em uma mesma tomada, com o rearranjo de dois singles de sua filha, Maria Rita, ao lado de Quintal de Prettos. Trazendo o saudosismo das memórias jamais desfrutadas do carnaval de 2021, a união dos vocais de Rita e do grupo paulista nos lembram da esperança de dias melhores.

Não poderíamos nos esquecer, ainda, da preciosidade em forma de EP que Selena Gomez entregou ao colocar em pauta toda a sonoridade latina em músicas na língua espanhola. Bem como é bom ficar de olho no mais novo compilado de Joshua Bassett, que com seu pop frenético trouxe a íntegra de sua versão da conturbada história com Olivia Rodrigo e Sabrina Carpenter. E é em meio a uma polêmica indicação ao gramofone de ouro – merecidamente perdido – que Justin Bieber lança seu sexto álbum, intitulado Justice.

Assim, em um mês de altos e baixos, no qual completamos um ano presos em casa, a Música conseguiu transparecer todos os sentimentos que gritamos entre quatro paredes. Da campanha #fuckthegrammys à realidade distorcida confidenciada por Demi Lovato, Março de 2021 conseguiu ser alvo de altos e baixos intensos que serão lembrados por muito tempo. Por isso, a Editoria do Persona, ao lado de seus colaboradores, comenta tudo isso e ainda mais sobre o que aconteceu no mundo da Música entre os CDs, EPs, singles, clipes e performances que mais marcaram os últimos 31 dias.

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A Liga da Justiça de Zack Snyder não foi feita para você

Cena do Snyder Cut. Na cena, vemos Diana segurando uma flecha. Ela é branca, tem pele clara e cabelo escuro preso num coque, veste roupas pretas e olha para o horizonte com expressão de preocupação. O cenário ao fundo está desfocado mas podemos ver ruínas de templos de mármore branco.
Lançada 4 anos depois de sua concepção, a Liga da Justiça de Zack Snyder é mais que um reles exercício de ego, é uma demonstração de empatia (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A Liga da Justiça de Zack Snyder não foi feita para você. E nem para mim. Por mais que a liberação do filme tenha acontecido pelo apoio massivo dos fãs do diretor, as quatro horas e dois minutos de exibição não são destinadas a ninguém além de Autumn Snyder. A jovem filha do cineasta se suicidou enquanto os pais trabalhavam na primeira versão da aventura da Liga. A tragédia familiar afastou Zack do controle criativo dos personagens, logo em seguida veio a contratação do crápula Joss Whedon e a finalização do longa de 2017 naquele misto de martírio e bugiganga defeituosa.

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Os Melhores Filmes de 2020

Arte retangular de fundo verde. Ao lado esquerdo, foi adicionada uma colagem com 8 personagens dos filmes que estão na legenda. Na mesma ordem, esses são: Fern (Frances McDormand), Emicida, Joe (Jamie Foxx), Canário Negro (Jurnee Smollett), Norman (Chadwick Boseman), Autumn (Sidney Flanigan), David (Alan Kim) e Tutar (Maria Bakalova). Ao lado direito, foi adicionado o texto OS MELHORES FILMES DE 2020, em verde, dentro de um retângulo de cor preta. No canto inferior direito foi adicionado o logo do Persona, com a íris do olho na cor verde.
Destaques de 2020 no Cinema: Nomadland; AmarElo; Soul; Aves de Rapina; Destacamento Blood; Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre; Minari e Borat 2 (Foto: Reprodução)

2020 foi um ano extremamente atípico, mas isso já é de conhecimento geral. Todos sabemos que os cinemas fecharam e o conteúdo passou do presencial para o ambiente virtual. Nessa virada de mesa, quem se beneficiou foi a Netflix, citada à exaustão nas seleções abaixo. Outros gigantes de streaming, como a Amazon, a Apple e a Disney também tiraram uma casquinha do cenário pandêmico.

As indicações ao Oscar 2021 foram anunciadas e, com a Netflix angariando 35 nomeações, o futuro não pode andar para trás. Daqui em diante, o digital terá a força que os grandes estúdios sempre temeram. E, falando em Oscar, as regras para um filme (ou curta, ou documentário, ou o que quer que seja Hamilton) entrar na lista de Melhores do Ano foram um pouco mais puxadas.

De cara, qualquer produção que fez parte da temporada de premiações anterior não entra aqui. Com lançamento nacional em 2020, Joias Brutas, 1917, Retrato de uma Jovem em Chamas e Parasita não puderam passar de menções honrosas, impedidos de integrar qualquer ranking. Isso por conta do péssimo mercado de distribuição nacional, que atrasa o que pode para lucrar com o buzz dos prêmios.

Ainda considerando o careca dourado e seu prazo de elegibilidade maior, a lista do Persona abarca lançamentos entre primeiro de janeiro de 2020 e vinte e oito de fevereiro de 2021, a mesma janela delimitada para algo concorrer ao Oscar desse ano, que acontece no fim de abril, dois meses atrasado pela pandemia. E vale a data de lançamento tanto no país de origem como no Brasil, desde que obedeça à regra anterior de ter ficado de fora dos prêmios passados.

Sempre inclusiva e multifacetada, a lista da Editoria e dos colaboradores do Persona tem de tudo. Lançamentos pré-pandêmicos, filmes da Netflix, obras apresentadas na 44ª Mostra Internacional de São Paulo (que rendeu cobertura com direito a entrevistas) e produções normalmente escanteadas num ano comum e cheio de blockbusters no Cinema. O texto sobre Os Melhores Filmes de 2020 atrasou para abraçar lançamentos da temporada, mas finalmente chegou. Sente-se confortavelmente para embarcar numa viagem cheia de detalhes, nuances e vozes diferenciadas no Cinema do ano mais terrível para todos nós.

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Nomadland transforma o sonho americano em farofa

Cena do filme Nomadland. Vemos Fern, interpretada por Frances McDormand, uma mulher branca, de sessenta anos e cabelos pretos curtos, sentada numa cadeira de praia. Ela está de camisola branca, pernas cruzadas, segura uma caneca verde na mão esquerda e olha para o lado. Usa sandálias marrons e tem uma lamparina vermelha aos seus pés. Ao fundo, vemos grama verde e sua van branca.
Com Frances McDormand na melhor atuação da carreira e indicado a 6 Oscars, Nomadland usa do sútil para sensibilizar (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

O ano era 2018. A elite de Hollywood se reunia no Dolby Theatre para a maior cerimônia do ano. Vestidos glamourosos, poses para fotos e estatuetas douradas, aquela noite era só sobre isso. Então, sobe ao palco Frances McDormand. Esbaforida, enérgica, com a cabeça à mil, ela agradece solenemente ao amor do marido e do filho, agradece o trabalho do diretor. Ela coloca seu prêmio no chão e pede para todas as mulheres indicadas se levantarem e faz um discurso atemporal sobre oportunidades no mercado de trabalho, ela cita o termo ‘inclusion rider’, que estourou em buscas poucas horas depois. 3 anos mais tarde, Nomadland chega para provar que Frances não brinca em serviço.

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Nota Musical – Os Vencedores do Grammy 2021

Arte retangular de fundo na cor azul vivo. Do lado esquerdo, foi adicionado o texto "nota musical - grammy 2021" e o desenho de um gramofone, na cor laranja vivo. Foi adicionado também o logo do Persona, estilizado de forma com que a íris do olho fique azul. Do lado direito, foi adicionado um acrílico de CD com um disco dentro. Dentro do disco foram adicionadas 4 fotos: de Beyoncé, Taylor Swift, Megan Thee Stallion e Dua Lipa.
Destaques entre os vencedores do Grammy 2021: Beyoncé, Taylor Swift, Megan Thee Stallion e Dua Lipa (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Jho Brunhara)

A cerimônia do Grammy Awards 2021 foi delas. Beyoncé quebrou o recorde de artista feminina com mais gramofones ao receber o prêmio de Melhor Performance de R&B, pela importantíssima BLACK PARADE, somando 28 estatuetas no total. Taylor Swift também quebrou um recorde ao receber o prêmio de Álbum do Ano, por folklore, ao se tornar a primeira mulher com três gramofones na categoria.

Praticamente ninguém saiu de mãos abanando: diferentemente do ano passado, quando Billie Eilish rapou as quatro categorias principais de uma vez – fato que só tinha acontecido uma vez na história até então, em 1981 –, em 2021 assistimos uma diversidade maior de premiados. Eilish levou para a casa a estatueta de Gravação do Ano pela segunda vez consecutiva, e em uma surpresa muito positiva, H.E.R. venceu o gramofone de Canção do Ano, com a tocante e política I Can’t Breathe.

Megan Thee Stallion derrotou as fortes competidoras Doja Cat e Phoebe Bridgers e foi consagrada a Artista Revelação de 2021, de forma muito merecida. A dança da chuva de Lady Gaga e Ariana Grande deu certo e as queridinhas do pop venceram a categoria Melhor Performance de Pop Duo/Grupo, se tornando a primeira dupla feminina a alcançar tal feito. E Dua Lipa, que perdeu AOTY, ROTY e SOTY pelo menos pôde levar o gramofone de Melhor Álbum de Pop Vocal para a casa.

Fiona Apple, ao vencer o gramofone de Melhor Álbum de Música Alternativa por Fetch the Bolt Cutters, se tornou a terceira mulher na história a realizar tal feito. Nas categorias Melhor Álbum de Country e Melhor Canção de Rock também assistimos mulheres fazerem história: pela primeira vez mais da metade dos indicados eram artistas femininas.

Porém, competições também dão margem para injustiças: infelizmente alguns grandes nomes não levaram para casa nem um mísero gramofone. É impossível não citar The Weeknd, que nem indicado foi e denunciou a corrupção e racismo dos votantes do Grammy. Mesmo com quatro indicações, a genial Phoebe Bridgers perdeu todas as estatuetas que concorria. Jhené Aiko, Chloe x Halle e Doja Cat, com três cada, também perderam tudo. As talentosíssimas irmãs da banda HAIM também foram embora da cerimônia principal só com os salgadinhos do buffet no estômago.

Pelo menos o quesito apresentação compensou a ida das três irmãs ao Centro de Convenções de Los Angeles. Elas cantaram a excelente The Steps, que concorria a Melhor Performance de Rock. Assistimos também Dua Lipa entregar um eletrizante medley de Levitating (com o rapper DaBaby) e Don’t Start Now. Taylor Swift, Megan Thee Stallion e Cardi B também apostaram no modelo. A loirinha cantou as suaves cardiganaugust willow, com participação especial de Jack Antonoff e Aaron Dessner. Já a dupla Megan e Cardi colocou todo mundo para dançar com BodySavage (Remix)Up e a lendária WAP, que ganhou trecho especial com o remix do brasileiro Pedro Sampaio.

Outro representante da América Latina que cantou e encantou no Grammy foi o maravilhoso Bad Bunny, com DÁKITI, que contou com participação de Jhay Cortez. Do outro lado do mundo, os meninos do BTS explodiram o palco com o hit Dynamite. Doja Cat não aguenta mais cantar Say So, mas ainda sim entregou tudo em sua apresentação. Harry Styles e Billie Eilish abriram a premiação com performances individuais de Watermelon Sugar e everything i wanted, e os Black Pumas transbordaram talento com Colors.

Também assistimos apresentações de Silk Sonic, DaBaby, Roddy Rich, Anthony Hamilton, Mickey Guyton, Miranda Lambert, Maren Morris, John Mayer, Post Malone, Lil Baby, Tamika Mallory e Killer Mike. E as homenagens para os que já nos deixaram ficaram na voz de Lionel Ritchie, Brandi Carlile, Brittany Howard e Chris Martin.

A Editoria do Persona se reúne num Nota Musical Especial, e comenta os méritos, deméritos, prós e contras dos principais indicados e vencedores do Grammy 2021, em forma de resumão. Falamos das categorias da premiação, chances de vencer, campanhas na imprensa e, no caso de injustiças, quem merecia ter ganho. Fique por dentro do que rolou na premiação mais importante do mundo da música com o Persona.

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Cineclube Persona – Fevereiro de 2021

Arte retangular em cor azul bebê. No canto superior esquerdo foi adicionado o texto "cineclube persona" em fonte branca. Ao centro, está o logo do Persona. No canto inferior direito, foi adicionado o texto "fevereiro 2021" em fonte preta. Espalhadas pela arte, foram adicionadas quatro fotografias, dentro de molduras em tom roxo: uma foto do filme Malcolm & Marie, uma foto da cantora Karol Conká, uma foto do filme Nomadland, e uma foto da série Cidade Invisível.
Destaques de Fevereiro de 2021: Cidade Invisível, Nomadland, Malcolm & Marie e a passagem de Karol Conká pelo BBB 21 (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitória Silva)

Em um contexto ainda atingido pela pandemia de covid-19, a largada da temporada de premiações foi dada mais tardiamente em 2021. O mês de Fevereiro se encerrou com o polêmico, e nem tão aclamado, Globo de Ouro. Nesse ano atípico, os filmes elegíveis poderiam ter sido lançados no próprio mês do evento, e muitos dos que chegaram nos minutos finais acabaram concorrendo e, até mesmo, levaram a estatueta para casa. Foi o caso de Nomadland, que conquistou duas das categorias principais e é uma das principais apostas para o Oscar 2021.

Mais uma vez, a Netflix está com tudo entre os concorrentes da temporada, mas com candidatos nem tão promissores. Relatos do Mundo, produzido pela Universal Pictures, chegou esse mês ao catálogo e ganhou duas indicações ao Globo, porém sem sucesso, enquanto o complicado Malcolm & Marie não conquistou nem uma nomeação. Por outro lado, I Care A Lot (Eu Me Importo) foi um dos grandes lançamentos do mês e surpresas da noite, e deu a primeira estatueta de Rosamund Pike.

Fora do universo dos tapetes vermelhos, o serviço de streaming entregou o controverso capítulo final da saga de Lara Jean, com Para Todos Os Garotos 3: Agora e Para Sempre, e seu maior produto nacional até agora, com a estreia da série Cidade Invisível. Fevereiro também foi um mês para a Apple TV+ trazer grandes lançamentos, a nova temporada de Dickinson foi mais uma vez bem recepcionada pela crítica, assim como o documentário Billie Eilish: The World’s a Little Blurry, que se aprofunda na vida da estrela em ascensão Billie Eilish.

Nesse extenso período de isolamento, observar o cotidiano alheio nunca foi tão interessante. Pudemos ver novamente Selena Gomez se estabanar na cozinha com seu reality show Selena + Chef, da HBO Max. E, em terras brasileiras, a luta pela saída da Karol Conká do BBB 21 conseguiu unir a nação de uma forma nunca antes vista nos últimos tempos.

Cineclube de Fevereiro traz os grandes lançamentos do mês do mundo audiovisual. Aqui você confere os filmes aclamados e massacrados pelo público, séries que terminaram de ter seus episódios exibidos (WandaVision há de aguardar o seu momento), e grandes produções televisionadas. Tudo isso com a curadoria da Editoria e colaboradores do Persona.

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O feitiço de WandaVision se dissipa rápido demais

Cena da série WandaVision. Nela, vemos Elizabeth Olsen no papel de Wanda e Kathryn Hahn no papel de Agnes. Elas estão uma ao lado da outra, olhando para a frente. Wanda é uma mulher branca, adulta, ruiva e que veste um moletom vermelho. Agnes é uma mulher branca, adulta, de cabelos pretos e que veste roupas escuras. Ela está com a mão direita no queixo e tem um olhar de dúvida.
Agatha Harkness mandou avisar que WandaVision é minissérie e não tem planos para uma eventual segunda temporada (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Antes mesmo de lançar sua primeira série de TV, o Universo Cinematográfico da Marvel já usava a estrutura da telinha para contar histórias. Kevin Feige, a mente por trás do império, ligava os filmes entre si, como capítulos na grade semanal. Por conta disso, ao anunciarem a migração do início da Fase 4 para o Disney+, a empresa suscitou a curiosidade: como eles se comportariam frente ao formato propriamente dito? A Marvel seria capaz de sustentar uma narrativa difusa e não condensada nas duas horas e meia que acostumou o público a assistir, com óculos 3D e um baldão de pipoca com manteiga? O fim de WandaVision responde algumas dessas questões.

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