O bom filho a sala torna?

95ª edição do Oscar pode acender a fagulha de um movimento de retorno já orquestrado

Nos mais de 120 anos do Cinema, o cenário provocado pelos últimos anos foi uma das poucas vezes que ele precisou se provar (Arte: Ana Clara Abatte)

Guilherme Veiga

O início da história do Cinema, na exibição de A Chegada do Trem na Estação em 1895, foi caracterizado pela fuga do público da sala, em função da novidade daquela tecnologia aliada com a perspectiva de filmagem do trem. A partir daí, iniciava-se uma jornada duradoura e, a princípio, inabalável. A Arte de fazer filmes superou as duas grandes guerras, inclusive servindo como ferramenta de propaganda, a grande depressão, a Guerra Fria, as ditaduras do século XX e até mesmo a greve de roteiristas de 2008. Sempre de portas abertas e salas lotadas.

Continue lendo “O bom filho a sala torna?”

Ms. Marvel devolve o altruísmo ao MCU

Cena da primeira temporada de Ms. Marvel. Kamala (Iman Vellani) está vestida em sua fantasia caseira de Capitã Marvel, no topo de um edifício, semi-ajoelhada numa pose heróica, com o braço esquerdo erguido para o lado e o direito no chão. Sua fantasia é composta por um uniforme vermelho com detalhes azuis e dourados, uma estrela dourada no peito e um capacete vermelho que deixa apenas seus olhos e boca visíveis. No topo do capacete, um moicano amarelo de plástico brilha com luz amarela. Kamala é uma jovem paquistanesa de pele marrom e cabelos longos e pretos saindo por baixo do capacete que mostra seu sorriso animado. Atrás dela, podemos ver a dois prédios urbanos altos na frente do céu noturno de Nova Jérsei.
Todos precisamos começar de algum lugar (Foto: Disney+)

Gabriel Oliveira F. Arruda

É até um pouco difícil acreditar que demorou mais de uma década para que a Marvel introduzisse uma personagem obcecada com seu próprio universo. Diferente de Kate Bishop (Hailee Steinfeld), que viveu o sonho de encontrar seu herói e assumir seu manto em Gavião Arqueiro, Kamala Khan (Iman Vellani) precisa aprender a se virar sem a ajuda de nenhum dos Vingadores que passou a vida admirando, nem mesmo de seu ídolo, Carol Danvers. Mas isso não significa que Ms. Marvel esteja sozinha, já que seus verdadeiros super-poderes são a família e a comunidade.

Continue lendo “Ms. Marvel devolve o altruísmo ao MCU”

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura se revela um filme de terror que deu errado

Cena de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. No centro da imagem está Doutor Estranho, um homem branco na faixa dos 40 anos, com cabelos castanhos penteados em um topete e um cavanhaque também castanho. Ele está em pé, com a perna esquerda à frente da direita e os braços levantados na altura do peito, com as palmas das mão viradas para cima. Veste seu traje de super herói - botas marrons, calça e blusa com mangas longas azuis e capa vermelha. Ao redor de si estão luzes redondas vermelhas e fumaça preta. Ao fundo são vistas duas janelas, uma redonda atrás do doutor e outra retangular no canto esquerdo da imagem. Também são vistas muitas velas ao redor do personagem.
A nova produção faz com que a Marvel mergulhasse de cabeça em sua era das trevas (Foto: Disney)

Gabrielli Natividade da Silva 

Depois de Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) ter apagado a memória da existência de Peter Parker (Tom Holland), em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, e Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) ter libertado a cidade de Westview de sua manipulação, em WandaVision, ambos se encontraram para uma batalha intensa que atravessou universos. Em maio de 2022, foi lançado Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, um filme com muita ação e adrenalina, como é de se esperar de uma produção Marvel. A obra, porém,  deixa a desejar, quebrando as expectativas de fãs que estavam ansiosos por esse momento. 

Continue lendo “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura se revela um filme de terror que deu errado”

Senti na pele aquele brilho tocar e pelo Cavaleiro da Lua fui me apaixonar

Imagem retangular do personagem Cavaleiro da Lua. Ele veste um traje cinza com gorro e capa, que imita mumificação. O rosto está coberto e os olhos são brancos. No peito, está um círculo dourado com escrita hieroglífica. Nos pulsos, há duas pulseiras grandes e douradas. Ele segura dois discos de metal no formato de luas crescentes.
Cavaleiro da Lua estreou com a segunda maior audiência do Disney+, perdendo apenas para Loki (Foto: Disney)

Júlia Paes de Arruda

Ainda que as expectativas fossem altas, Cavaleiro da Lua não parecia ser algo próspero no primeiro momento. Comparado a outras obras do catálogo, a mais recente série do Disney+ seria mais uma com pouco potencial atrativo ao olhar – especialmente por ser a primeira produção da Marvel depois do épico Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Entretanto, figurinos belíssimos, atuações incríveis e cenários mágicos propiciaram que o roteiro de Jeremy Slater se tornasse uma das obras mais fascinantes do estúdio.

Continue lendo “Senti na pele aquele brilho tocar e pelo Cavaleiro da Lua fui me apaixonar”

Os 5 anos de Guardiões da Galáxia Vol. 2 consagram o grupo de heróis no universo Marvel

A imagem é ampla e mostra os personagens em uma nave espacial em tons terrosos, ela é bem cheia de detalhes como ferros, canos, cabos, telas com projeções e poltronas. Da esquerda para a direita temos: Yondu, um homem azul médio, magro e alto careca e com um moicano de material sólido ao meio da cabeça, ele veste camadas de roupas de couro em tons bordô, marrom e roxo, ele está em pé com a mão esquerda apoiada em uma poltrona e a direita segura uma flecha dourada apoiada no ombro direito, ele sorri levemente. Em seguida temos Rocket sentado em uma poltrona, ele é um guaxinim marrom, que usa um macacão azul e sorri para a câmera. Em pé, do outro lado da poltrona, há Nebulosa, uma mulher magra, alta e robótica azul e roxa, com o braço esquerdo cinza ao lado do corpo e o direito apoiado na poltrona, usando um traje de couro com diversos recortes em tons de vermelho, ela encara a câmera séria. Do outro lado da nave, há outro grupo, que começa por Gamora, uma mulher alta, magra e de pele verde médio, ela tem cabelos levemente ondulados castanhos com as pontas rosas, ela veste uma blusa branca com um corpet de couro preto por cima, cobertos por um sobretudo marrom de couro, além de uma calça de couro preta e uma bota preta que vai até abaixo do joelho; Gamora olha séria e aponta para a câmera com a mão direita, enquanto a mão esquerda está apoiada na poltrona de Peter, um homem branco, magro, alto, de cabelo loiro escuro, ele veste uma calça marrom escuro e botas marrom médio, e por cima, uma jaqueta de couro vermelha, ele está olhando para frente de forma atenta e as duas mãos seguram os controles da nave. Logo atrás dele, está Mantis, uma alienígena magra, alta e com traços asiáticos, ela tem cabelo preto liso e duas antenas que começam no topo da testa, ela usa um traje de couro verde musgo médio, ela olha apreensiva para frente. Ao lado dela e de Peter há Drax, um homem alienígena de corpo cinza com desenhos vermelhos, ele é careca, tem olhos claros é alto e forte, ele nao usa camisa, apenas uma calça azul escuro com um cinto de metal; ele está em pé e, com a boca aberta, olha surpreso para frente. Por fim, Groot está no ombro esquerdo de Drax, ele é um pequeno homem-árvore e está em pé gritando.
“Às vezes passamos a vida procurando por alguém que sempre esteve ao nosso lado” (Foto: Marvel Studios)

“Eu sou Groot” – Groot

Júlia Caroline Fonte

A última década foi bem polêmica para a indústria cinematográfica, o boom dos filmes de heróis gerou vários conflitos entre os cinéfilos mais conservadores e os amantes da cultura pop. Os super-heróis foram os responsáveis por lotar as salas de cinema no mundo todo, principalmente devido às grandes mudanças nos Estúdios Marvel. Foi nessa década que heroínas e personagens não convencionais conquistaram seu lugar, como aconteceu com o grupo de deslocados conhecidos como Guardiões da Galáxia, que completa 5 anos de seu segundo filme.

Continue lendo “Os 5 anos de Guardiões da Galáxia Vol. 2 consagram o grupo de heróis no universo Marvel”

10 anos atrás, Os Vingadores se uniam para mudar o Cinema

Cena do filme Os Vingadores. Há cinco pessoas na imagem. Da esquerda para a direita aparece Viúva Negra, uma mulher branca de cabelo curto e ruivo e olhos verdes, ela usa um macacão preto e segura uma pistola com as duas mãos. Ao lado tem Thor, um homem branco, de cabelo loiro e longo e olhos verdes, ele usa uma armadura cinza com uma capa vermelha, em sua mão direita ele tem um martelo grande. Do lado e a frente da imagem aparece Capitão América, um homem branco de cabelo curto e loiro com olhos verdes, ele usa um collant azul e branco, na região da barriga há diversas listras vermelhas e brancas verticais, e no peitoral tem um estrela branca, ele carrega na mão direita um escudo redondo listrado de vermelho e branco, e no centro dele tem uma estrela branca com fundo azul. Atrás dele tem Gavião Arqueiro, um homem branco, de cabelo curto e castanho e olhos castanhos, ele usa um macacão preto e uma aljava de flechas nas costas. Hulk aparece do seu lado, um homem muito alto e gigante, ele é verde e cabelos pretos, ele usa apenas um shorts roxo. Por fim, aparece o Homem de Ferro, ele usa uma armadura metálica vermelha e dourada que cobre todo o corpo. Todos olham para cima. O fundo são prédios destruídos.
Dirigida por Joss Whedon, a épica reunião dos heróis da Marvel Studios completa 10 anos em 2022 (Foto: Marvel Studios)

Nathan Sampaio

Há 10 anos, os filmes de super-heróis eram muito nichados, em um período em que apenas fãs de quadrinhos, crianças e alguns poucos curiosos se interessavam por essas adaptações. Poucos eram os longas que furavam a bolha, como Superman – O Filme (1978), Batman (1989) e Homem-Aranha (2002). Porém, tudo mudou em abril de 2012, pois Os Vingadores (The Avengers) chegava aos cinemas mundiais, representando o que seria o princípio de uma era. 

Continue lendo “10 anos atrás, Os Vingadores se uniam para mudar o Cinema”

Dois mundos se chocam em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Cena do filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. No centro da imagem está Shang Chi, interpretado por Simu Liu. Ele aparece da cintura para cima. Ele é um homem asiático, de cabelo curto e preto, ele tem olhos castanhos. Ele está vestindo uma camiseta vermelha com desenhos em preto. Ele olha para a câmera. O fundo é preto e nublado. Há anéis brilhando em dourado ao redor de Shang Chi.
Indicado ao Oscar 2022, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis se tornou um sucesso de público e de crítica (Foto: Marvel Studios)

Nathan Sampaio

É muito comum que os filmes com maior notoriedade no Oscar sejam aqueles que concorrem nas principais categorias, como Melhor Filme, Direção, Ator e Atriz. Ainda assim, há ótimos longas que ficam escondidos, pois são lembrados em apenas em uma ou duas disputas técnicas. Na premiação de 2022, temos um excelente exemplo desse caso: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, o longa-metragem indicado na categoria de Melhores Efeitos Visuais. 

Continue lendo “Dois mundos se chocam em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”

O Gavião Arqueiro já pode se aposentar

Cena da série Gavião Arqueiro. Na imagem, vemos Kate Bishop, à esquerda, e Clint Barton, à direita, sentados lado a lado em um banco de um vagão de metrô. Kate Bishop é uma mulher branca, de cabelos pretos lisos presos, aparentando cerca de 25 anos, vestindo um uniforme roxo com calça preta, e segurando um arco. Clint Barton é um homem branco, de cabelo castanho curto em um topete, aparentando cerca de 40 anos, vestindo casaco e calça preta, e segurando um arco. Ele tem uma aljava preta pendurada em seu ombro direito.
Na Fase 4 do MCU, a tão esperada Kate Bishop finalmente dá as caras nas telas da Marvel em Gavião Arqueiro (Foto: Disney+)

Vitória Lopes Gomez

Comparada a grandiosidade que a Marvel se acostumou a entregar, a premissa de Gavião Arqueiro soa até ordinária. Longe do Multiverso (só aparentemente), das loucuras intergalácticas de um certo titã roxo, e até da linha da fronteira e das ameaças internacionais, uma Nova Iorque decorada com pisca-piscas, guirlandas e papais noéis é palco para Clint Barton… Bem, quase perder as comemorações natalinas. Ao longo dos seis episódios, a quinta série do estúdio no Disney+ introduz às telas personagens inéditos, resgata rostos conhecidos, conecta narrativas passadas e abre portas para novas. Com tudo isso, se o Vingador menos extravagante (como ele mesmo admite) precisa de uma marca pessoal mais chamativa, Gavião Arqueiro lhe dá a chance de sair das sombras e conquistar a luz ao lado da árvore de Natal.

Continue lendo “O Gavião Arqueiro já pode se aposentar”

Sem Volta para Casa, o Homem-Aranha busca refúgio em si mesmo

Cena do filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. A cena mostra o Homem-Aranha, um jovem branco, se jogando para pegar uma bolha laranja e verde. Ele usa o uniforme vermelho, com detalhes em preto e o cenário ao seu redor é de escombros e destruição.
Leia com cautela, pois o texto abaixo contém spoilers graves dos acontecimentos centrais de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Foto: Sony/Marvel)

Vitor Evangelista

O que significa ser um super-herói? O senso de justiça, o dever a ser cumprido e o regozijo em fazer o bem podem estar na ficha técnica de qualquer mascarado que pirueteia pelas vielas escuras de uma cidade recheada de crimes. O Homem-Aranha, mais do que qualquer outro advento quadrinhesco, ganha novas camadas quando analisamos suas características mais específicas: ele é um adolescente passando pela puberdade, alguém efervescendo e encontrando seu lugar no mundo, em adição a picada do aracnídeo e o combo de grandes responsabilidades que chegam junto dos grandes poderes. 

Em 2018, Homem-Aranha no Aranhaverso soube destacar as particularidades do personagem-título com astúcia, deixando claro que, além do trauma de perder alguém, ser o Cabeça de Teia está muito ligado a ideia de sacrificar seu próprio espaço pessoal em prol de um parente, um amigo ou mesmo uma metrópole. Em 2021, chegou a vez do Peter Parker de carne e osso (Tom Holland) perder o chão e se firmar como o Amigão da Vizinhança que tanto lhe cobraram de ser desde que assumiu o manto em um aeroporto alemão

Continue lendo “Sem Volta para Casa, o Homem-Aranha busca refúgio em si mesmo”

Cineclube Persona – Dezembro de 2021

Arte retangular na cor verde pastel. No centro há o logo do Persona, um olho com a íris de cor dourada. No canto superior esquerdo está escrito “cineclube” em branco e embaixo “persona” em branco com texto vazado. No canto inferior direito está escrito “dezembro de 2021” com letras pretas. Ao longo da imagem vemos quatro quadros de moldura dourada com fotos do personagem Morpheus, do filme Matrix Ressurections, as personagens Kimberly, Bela, Leighton e Whitney, da série The Sex Lives of College Girls, os personagens Greg, Connor, Tom, Kendall e Logan, da série Succession e os personagens Jack Bremmer e Brie Evantee, do filme Don’t Look Up.
Destaques de Dezembro de 2021: The Sex Lives of College Girls, Não Olhe para Cima, Matrix Resurrections e a 3ª temporada de Succession (Foto: Reprodução/Arte: Vitor Tenca/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Que soem os sinos natalinos, pois dezembro bateu à porta e já se retirou. No saudoso mês que finaliza um conturbado 2021, o Cineclube se reúne pela última vez no formato atual para debater cada um dos lançamentos audiovisuais dos tempos de Papai Noel. Entre a seleção frutificada do Persona, você encontra candidatos ao careca dourado, séries de prestígio e uma porção de dicas imperdíveis.

Mas, antes de dar início aos trabalhos, é hora de lamentar a morte de Betty White, uma das damas da TV, a Garota de Ouro que, aos 99 anos, se despediu do mundo, deixando-o menos feliz. A menos de vinte dias de seu centenário, a vencedora de 5 Emmys partiu em trinta e um de dezembro. Conhecida pelo humor sagaz e por papéis em Golden Girls, The Mary Tyler Moore Show e A Proposta, Betty viverá para sempre no céu das estrelas.

Como virou costume, dezembro é sinônimo de enxurrada de lançamentos da Netflix. Lá, pudemos conferir a força de Ataque dos Cães, o retorno de Jane Campion ao Cinema e um dos queridinhos do ano. Com chance de brilhar no Oscar, o filme coloca Benedict Cumberbatch, Kodi Smit-McPhee, Kirsten Dunst e Jesse Plemons em papéis desafiadores e muito distintos do comum da indústria. 

Ainda no Tudum, quem estourou foi Adam McKay e seu recheado Não Olhe para Cima. Com Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence liderando um elenco grande demais para esse texto de abertura, a comédia satírica caiu na graça da audiência, alavancando números de exibição e escalando o pódio de mais vistos do catálogo vermelhinho.

Na mesma moeda, A Filha Perdida transformou as palavras de Elena Ferrante em um visual pitoresco e nada convidativo, iluminado pela visão da diretora estreante Maggie Gyllenhaal e pela performance raivosa de Olivia Colman. O italiano Paolo Sorrentino também foi prestigiado com A Mão de Deus, um longa de amadurecimento com toques biográficos que já havia ganhado destaque no Festival de Veneza. 

Larissa Manoela virou médica em Lulli, Sandra Bullock e Viola Davis encararam um drama carregado em Imperdoável e o período de festas finalmente sorriu para a comunidade LGBTQIA+ em Um Crush para o Natal. Na casa do vizinho, Nicole Kidman saiu vitoriosa no papel de Lucille Ball, estrelando Apresentando os Ricardos, o grande candidato do Amazon Prime Video para o Oscar

Quando o assunto é a temporada de premiações, dezembro esquentou as disputas. O contido (mas insuperável) Mass chegou às plataformas de aluguel, debatendo temas sensíveis e com um quarteto principal digno de todas as honrarias da Arte. É sério, os protagonistas exprimem emoções dificílimas e merecem mais destaque do que vem recebendo: se Reed Birney, Jason Isaacs, Martha Plimpton ou Ann Dowd estiverem lendo este Cineclube, saibam que aqui no Persona o prêmio é de vocês.

Wes Anderson continua sua saga de simetria e paz com A Crônica Francesa, enquanto o Disney+ oferece o absoluto The Rescue, documentário realizado pelos responsáveis por Free Solo. Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City saciou a sede dos fãs da franquia, mas não foi além do básico, e Zoey’s Extraordinary Christmas deu fim a jornada da ruiva.

Dezembro também mostrou ao mundo Belfast, projeto do coração de Kenneth Branagh que é um dos favoritos da temporada. Entretanto, o visual arrojado e o elenco alinhado não são o bastante para justificar o amor prematuro pelo filme. No fim, o diretor emula emoções da infância, mas não as ordena para que o público sequer se interesse pelas reviravoltas. 

Quem conquistou o carinho do espectador foi Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Com a expectativa de finalizar a primeira trilogia de Tom Holland na Marvel, o longa dirigido por Jon Watts brinca com as chances do destino mas acerta na loteria ao jogar todas suas fichas na nostalgia e no apreço pelo ontem. O saldo é positivo, por mais que a dominação do aracnídeo no mercado sinalize mais uma das mazelas de um monopólio como a Disney.

A situação ficou tão pesada que o lançamento do Cabeça de Teia acabou com a distribuição de Amor, Sublime Amor, o remake de West Side Story que Steven Spielberg aguardou muitos anos para finalmente rodar. A clássica história, vencedora de dez Oscars nos anos sessenta, foi repaginada e se justifica. Podem anotar: Ariana DeBose, a nova Anita, tem tudo para seguir os passos de Rita Moreno e colocar uma estatueta de Atriz Coadjuvante em sua estante no fim de março.

Quando o assunto é repeteco, Matrix Resurrections dribla qualquer sinal de desgaste. O retorno da franquia, 18 anos depois do terceiro capítulo, conta apenas com a direção de Lana Wachowski, mas não deve nada às sequências de 2003. Claro que o filme de 1999 continua insuperável, afinal, depois de revolucionar a linguagem do Cinema, as Irmãs mais talentosas da ficção científica não operam milagres. Dessa vez, Neo e Trinity retornam em um ambiente familiar, mas distorcido. Resta a eles despertar e botar para quebrar

Na TV, o mês foi menos turbulento. A segunda temporada de Canada’s Drag Race remendou os buracos de 2020 e brilhou, coroando uma das vencedoras mais completas da franquia. O novato Queen of the Universe inovou ao unir drag e Música, dando o prêmio, o prestígio e um cheque de 250 mil dólares para a brasileira Grag Queen. Na Netflix, os Fab 5 se reuniram na sexta temporada de Queer Eye, curando o mundo de todos seus males.

Hailee Steinfeld trabalhou bastante, encerrando a terceira e última temporada da preciosa Dickinson na Apple TV+. Além de trampar como poetisa, a artista viveu Kate Bishop em Gavião Arqueiro, produção do Disney+ que dá continuidade a Fase 4 da Marvel e finalmente injeta personalidade no carrancudo Vingador vivido por Jeremy Renner. Perdidos no Espaço deu adeus, assim como a longeva e lucrativa La Casa de Papel (agora nos resta um spin-off do Berlim e um remake sul-coreano).

The Witcher trouxe de volta o charme de um Henry Cavill de cabelos prateados, A Roda do Tempo não transformou o carisma de Rosamund Pike em uma história cativante e Gossip Girl deu fecho a um ano inicial promissor. No HBO Max, Landscapers colocou Olivia Colman em pele de assassina, Mindy Kaling criou a envolvente The Sex Lives of College Girls, e Succession acabou com qualquer chance de dormirmos tranquilos depois dos capítulos de domingo à noite.

Dezembro de 2021 ainda nos levou para Paris com a Emily, anunciando que a jornada da estadunidense foi renovada para mais dois ciclos. Doa a quem doer, o mês vermelho, verde e cheio de ho ho ho trouxe conteúdo à beça. Agora, pelo olhar apurado da Editoria, o Persona te convida a navegar pelos comentários individuais do Cineclube pela última vez. 

Continue lendo “Cineclube Persona – Dezembro de 2021”