Cineclube Persona – Novembro de 2021

Destaques de Novembro de 2021: 7 Prisioneiros, Arcane, tick, tick… BOOM! e Eternos (Foto: Reprodução/Arte: Herinque Marinhos/Texto de Abertura: Gabriel Oliveira F. Arruda)

Se outubro foi um mês marcado por produções macabras e o clima sombrio e festivo de Halloween, novembro é uma volta à normalidade relativa, com várias obras para apetecer qualquer tipo de gosto. Conforme os grandes lançamentos chegam para começar a campanha para a próxima temporada de premiações, o Persona está aqui para recapitular os destaques mais importantes do mês no Cinema e na TV através do Cineclube de Novembro.

Eternos chegou no início do mês para bagunçar a fórmula da Marvel. Sob a direção íntima e minimalista da vencedora do Oscar Chloé Zhao, o longa introduz no MCU uma família disfuncional de seres imortais, deuses celestiais zangados e até mesmo um certo caçador de vampiros. Outra família superpoderosa que deu as caras foram os Madrigal, de Encanto, a nova animação musical da Disney com canções de Lin-Manuel Miranda, que realmente nos encantou com sua narrativa sensível e emocionante. A mente por trás de Hamilton também explodiu com o musical tick, tick… BOOM!, no qual ele fez sua estreia na direção cinematográfica, contando a história do compositor Jonathan Larson, vivido por um Andrew Garfield estonteante.

Continuando no mundo dos musicais, Querido Evan Hansen entregou uma adaptação decente de seu enredo premiado e controverso, mas não fez nada para revisar sua mensagem problemática e seus números estáticos. Por outro lado, Annette, o musical experimental de Leos Carax (que lhe rendeu o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes), deu as caras no Brasil por meio da MUBI, entregando um Adam Driver lindo e homicida

De Cannes, também veio Benedetta, o longa polêmico de Paul Verhoeven que conta sobre o caso de amor lésbico entre duas freiras italianas. E se teve algo que não faltou em novembro, foi Adam Driver: o ator estrelou duas produções de Ridley Scott: O Último Duelo, um épico medieval sob a perspectiva de uma mulher tentando recuperar sua própria voz, e Casa Gucci, que conta com Lady Gaga claramente à procura de um Oscar por seu sotaque no papel da matriarca da família por trás da luxuosa marca italiana.

Outras atuações notáveis em cinebiografias que tivemos esse mês foram Jessica Chastain, carregada de maquiagem no papel da televangelista titular em Os Olhos de Tammy Faye, e Kristen Stewart, no aclamado Spencer dando sua voz singular à Princesa Diana na fábula do diretor Pablo Larraín. No bem humorado The Electrical Life of Louis Wain, Benedict Cumberbatch interpreta um artista atormentado com seu já característico charme inusitado, enquanto Will Smith dá as caras em King Richard: Criando Campeãs, lançado no HBO Max americano, onde faz o pai e treinador das irmãs Williams.

Entre os maiores lançamentos da Netflix, brilhou Alerta Vermelho, o filme mais caro já produzido pelo streaming, responsável por juntar Dwayne “The Rock” Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot em uma trama de roubo formulaica. A comédia romântica Um Match Surpresa veio para romantizar o catfishing e faz pouco além disso, mas o aguardado e sangrento western Vingança & Castigo revitaliza o gênero e reúne um elenco de peso marcado por nomes como Regina King, Idris Elba e Lakeith Stanfield.

No Cinema nacional, não podemos deixar de falar de Marighella, primeiro filme dirigido por Wagner Moura que na verdade estreou em 2019 no Festival de Berlim, onde foi ovacionado de pé. Por conta da pandemia e até mesmo censura, ele só foi lançado nas salas de cinema brasileiras e no Globoplay em novembro deste ano, contando a história dos últimos anos do deputado e ex-guerrilheiro Carlos Marighella (interpretado por Seu Jorge). 

Também no âmbito das produções brasileiras, o longa 7 Prisioneiros, antes cotado para representar o Brasil na disputa pelo Oscar, logo se tornou um dos filmes em língua não-inglesa mais vistos da Netflix. Num suspense brutal que escancara as realidades sociais do trabalho escravo no Brasil, a produção de Alexandre Moratto conta com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros em seu elenco.

A estreia de Halle Berry na direção com o brutal Bruised só foi efetivamente lançada pelo streaming esse mês, após ter estreado no Festival de Toronto no ano passado. Além dela, Rebecca Hall também faz sua estreia por trás das câmeras com o drama Identidade, estrelado por Tessa Thompson e Ruth Negga, que traz uma das surpresas mais positivas da plataforma este ano. Enquanto isso, Finch cimenta a parceria entre Tom Hanks e Apple TV+ com um longa pós-apocalíptico dirigido por Miguel Sapochnik, conhecido por comandar alguns dos episódios mais badalados de Game of Thrones.

A peça The Humans se faz de base para o novo drama da A24, que comove ao revelar a empatia entre as personagens e a audiência, com um elenco encabeçado por Steven Yeun e Beanie Feldstein. Para aqueles que procuravam diversão para a família toda, a adaptação de Clifford, o Gigante Cão Vermelho veio para comemorar o espírito natalino em grande estilo. Da mesma forma, Ghostbusters: Mais Além ressuscita a franquia clássica do Cinema através da introdução de uma nova geração de caça-fantasmas, dessa vez sob a tutela de Paul Rudd.

Junto com o lançamento de Red (Taylor’s Version), Taylor Swift também fez sua estreia na direção com All Too Well: The Short Film, curta inspirado no seu relacionamento com o ator Jake Gyllenhaal e marcado por mágoas que inspiraram o disco – e sua regravação. Também tratando de relacionamentos nem tão saudáveis regados por música boa, o britânico Edgar Wright retorna para a direção com Noite Passada em Soho, uma viagem psicodélica e intoxicante por uma das partes mais famosas e sinistras de Londres, explorando o fino véu entre o passado e o presente através da dinâmica entre Thomasin McKenzie e Anya Taylor-Joy.

Manu Gavassi fez sua estreia no Disney+ com o álbum visual GRACINHA, uma história fantástica e metalinguística sobre a própria arte. A cantora Adele também deu as caras ao final do mês com Adele One Night Only, um espetáculo exclusivo que precedeu o lançamento de seu novo disco, 30.

Agora passando para a Televisão, se por um lado a Netflix acertou em cheio com Arcane, a prequel animada do jogo League of Legends distribuída em três atos, Cowboy Bebop marca mais uma das tentativas fracassadas de traduzir animes para live-action. Enquanto Arcane exibia todo o potencial de animações com cores e sons vibrantes elevando sua narrativa explosiva, a adaptação da obra seminal de Shinichiro Watanabe peca por seu apego cego à estética do original, entregando uma temporada truncada e não mais regida pelo espírito livre e despreocupado do jazz. A tesuda e bem humorada Big Mouth seguiu impecável por sua quinta temporada, mas já parece aquecer para o possível final da série.

Duas adaptações de quadrinhos da DC Comics terminaram em novembro: ao passo que a estética surrealista de Patrulha do Destino floresceu no HBO Max após o encerramento do streaming exclusivo da DC, Stargirl teve que dar jeito nas mãos da CW, canal responsável pelo Arrowverso. Apesar de plataformas diferentes, ambas as séries conseguiram reforçar suas melhores qualidades em seus novos anos, garantindo renovações para 2022.

Já na Apple TV+, a aguardada adaptação dos célebres livros de ficção científica de Isaac Asimov encerrou sua primeira temporada com resultados mistos: embora Fundação certamente tenha os visuais para construir as bases de seu mundo organicamente, sua narrativa peca ao falhar com a visão de seu autor. A nova versão do Boneco Assassino surpreendeu e deliciou os fãs de longa data da franquia, em uma sequência comandada por seu criador, Don Mancini, e que respeita o legado queer e disruptivo de Chucky. O spin-off britânico de Drag Race terminou sua nova temporada premiando sua participante mais nova até hoje. A premiada antologia American Crime Story também retornou com Impeachment, temporada que focou no escândalo sexual entre o presidente americano Bill Clinton e Monica Lewinsky.

E assim, a Editoria do Persona chega na 11ª edição do Cineclube. Entre os prenúncios de Natal, vislumbres do Oscar 2022 e inspirações musicais no meio audiovisual, te convidamos a pegar o balde de pipoca para voltar ao cinema (seguindo sempre as normas de segurança, claro) e percorrer conosco cada um dos destaques do Cinema e da TV no mês de Novembro de 2021.

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Eternos desvirgina a Marvel

Cena do fime Eternos, mostra Thena, personagem de Angelina Jolie, olhando para baixo. Ela é branca, loira e usa uma espécie de tiara dourada na testa. O fundo é verde-água.
Dirigido pela vencedora do Oscar Chloé Zhao, Eternos é um prato cheio para os famintos por mudanças no mundinho dos heróis (Foto: Marvel Studios)

Vitor Evangelista

O conceito de virgindade é cultural, mas se tem uma coisa que o épico bíblico Eternos faz é deflorar o Marvel Studios. Recheado de barreiras quebradas, a aventura comandada pelas mãos de ouro de Chloé Zhao não apenas ruma as investidas do Universo Cinematográfico para longe do sanduíche dos Vingadores, como também vai de encontro a uma leitura muito mais interessante desses heróis em roupas de látex. Ainda por cima com mais de dez anos de histórias nas costas e a exaustão da fórmula pipoca das narrativas.

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Cineclube Persona – Abril de 2021

Capa do Cineclube Abril. Nela, consta a frase "Cineclube Persona" em branco no canto superior esquerdo da imagem. Abaixo está um quadro verde com duas participantes da 13ª temporada de RuPaul's Drag Race. Ao lado, um quadro verde com o personagem Falcão da série Falcão e o Soldado Invernal, ele é um homem negro vestido com uma fantasia de super heroi com destalhes em azul, branco e vermelho. Ao lado no canto superior, um quadro verde com uma foto do filme Fuja, nela está presente uma mulher branca abraçando uma menina, a mulher, vivida por Sarah Paulson, possui pele clara e cabelos ruivos. Ao lado, no canto inferior direito, está um quadro verde na horizontal com uma foto da Telenovela Amor de Mãe. Em baixo, a seguinta frase: "Abril de 2021". No centro está também o logo do Persona, e o fundo da página contém um tom de roxo escuro.
Destaques de Abril de 2021: 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race, Falcão e o Soldado Invernal, Amor de Mãe e Fuja (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Isabella Siqueira)

Ainda vivenciando a pandemia, Abril carregou nas costas a premiação mais falada do ano: o Oscar 2021. Entre as vitórias e perdas do evento estão a consagração justa de Chloé Zhao, primeira mulher asiática a vencer na categoria Melhor Direção, por Nomadland. Outros nomes que brilharam no mês foram os experientes Frances McDormand e Anthony Hopkins, este último venceu pela brilhante performance em Meu Pai. Mas, passada a euforia dos filmes indicados, vencedores ou não, é hora de falar dos lançamentos do cinema, da televisão e dos streamings.

A Netflix, como sempre, lotou o público de novas produções para acompanhar. No quesito terror, os longas Fuja e Vozes e Vultos merecem destaque. Falando em ficção científica, o streaming apostou no filme Passageiro Acidental. Rosamund Pike agora protagoniza o drama histórico Radioactive, vivendo dessa vez a cientista Marie Curie. Na categoria Séries, a plataforma apostou na adaptação literária Sombra e Ossos, e na produção documental O Maior Roubo de Arte de Todos os Tempos

No Amazon Prime Video, teve a comédia Breaking News In Yuba Count, composta por um elenco cheio de rostos conhecidos, e a produção animada Invencível, baseada na HQ homônima. Marcando não só o Disney+, Falcão e o Soldado Invernal veio para dar início a nova fase do Universo Marvel, junto também ao longa Mortal Kombat que comemora o icônico jogo de videogame na HBO Max. Entre as produções documentais estão: Chorão: Marginal Alado, que retrata a vida do cantor brasileiro membro da banda Charlie Brown Jr. e Demi Lovato: Dancing With The Devil, produção corajosa que marca a nova fase da cantora pop. 

Ainda fugindo do mundo dos streamings, Shiva Baby marca a estreia da roteirista e diretora Emma Seligman. Na televisão brasileira, mais uma eliminação do Big Brother Brasil deu o que falar, agora do cantor sertanejo Rodolffo, junto também ao documentário sobre a jornada de redenção da eliminada Karol Conká. E, ainda, o final apressado da novela Amor de Mãe, cuja transmissão e gravações acabaram interrompidas por conta da pandemia. A décima terceira temporada de RuPaul’s Drag Race terminou esse mês, e trouxe a comemorada vitória da queen Symone. Na HBO Max, chegou ao fim a primeira parte da temporada 1 da série de comédia dramática Genera+ion. E, enfim, a eterna The Walking Dead marcou presença com a estreia dos episódios finais da 10ª temporada.

Em Abril de 2021, não faltaram produções para acompanhar semanalmente ou assistir de uma vez. O Cineclube deste mês compactou os lançamentos amados e odiados do momento, com opiniões, críticas, amores e ódios selecionados a dedo pela própria Editoria e seus colaboradores.

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Cineclube Persona – Os Vencedores do Oscar 2021

Arte retangular. Quatro imagens estão distribuídas pelo fundo azul claro: fotos de Chloé Zhao, Daniel Kaluuya, Yuh-Jung Youn e Frances McDormand. Todas estão com uma borda colorida ao redor, e possuem o fundo azul. No canto superior esquerdo, está escrito “cineclube persona” de branco. No centro, há o logo do persona. E no canto inferior direito, o logo o oscar com “os vencedores do oscar 2021” escrito em preto.
Os destaques do Oscar 2021: a histórica vitória de Yuh-Jung Youn; o recorde de Chloé Zhao, que lidera a trupe de Nomadland junto de Frances McDormand; e a genialidade e brilhantismo de Daniel Kaluuya (Foto: The Academy/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Perante à situação de uma celebração do Oscar na pandemia, a equipe de produtores de 2021 prometeu que transformaria a experiência em um filme. Eles não mentiram. Começando pela triunfal entrada de Regina King, brilhante como os deuses e confiante como só ela pode ser, caminhando sem pressa pela Union Station, arejada, aberta, com raios solares implorando invadir essa quebra de padrões em formato de cerimônia.

Mas algo soava estranho. Não tinha orquestra, não tinha o filtro plastificado que abraçava as telas dos televisores sintonizados na TNT (ou no Globoplay, ou onde quer que seja) e as bordas pretas, clássicas das telonas, esgueiravam a imagem de uma King lendo no teleprompter um verdadeiro roteiro na hora de premiar, bem, as categorias de Roteiro. Colocando as tradições no bolso do paletó, o Oscar 2021 não nos agraciou com a presença de um de seus atuais Atores Coadjuvantes para premiar sua contraparte deste ano logo de cara.

Ao invés disso, inaugurando essa leva mais moderninha da Academia, subiu ao palco uma bufante e estonteante Emerald Fennell, feliz que sua dita Bela Vingança foi coroada com o prêmio de Roteiro Original. Ela não preparou um discurso, já adiantou a intérprete de Camilla Parker Bowles, previamente se desculpando com Soderbergh (Steven, diretor responsável pela produção de 2021, aquele que prometeu que essa seria uma experiência de Cinema, e não apenas simples TV).

Regina King continuou fazendo graça e esbanjando talento ao apresentar os nomeados em Roteiro Adaptado, prêmio esse que acabou nas mãos de Christopher Hampton e Florian Zeller, escritores de Meu Pai. Vale a menção de que tanto Fennell quanto Zeller acabaram de estrear no Cinema, e já garantiram a honraria que fez Aaron Sorkin sair de casa apenas para anunciar um relacionamento novo, já que seu Os 7 de Chicago foi o único dos grandes indicados da noite a sair sem Oscar nenhum (e olha que a 93ª edição dividiu muito bem seus 23 prêmios).

E foi sendo assim, dois carecas dourados eram entregues por vez, ocasionalmente misturando uma categoria ‘grande’ com uma ‘nem-tão-grande-assim’. O que, a princípio, é muito bem-vindo, considerando que independente da área de atuação, todo e qualquer Oscar distribuído em 25 de abril de 2021 é importante e merece tal reconhecimento. Mas, quando Chloé Zhao subiu ao palco para receber a estatueta de Direção, precedida pela categoria de Melhor Curta-Metragem em Live Action, o efeito não foi o mesmo.

Zhao se tornou a segunda diretora, a primeira não-branca e a primeira chinesa, a vencer a honraria, 11 anos depois de Kathryn Bigelow quebrar o paradigma masculino, por Guerra ao Terror. Mal posso esperar para o Oscar 2032, quando a terceira mulher diretora subir ao palco. Quem leu o envelope com o nome de Zhao foi um socialmente distante Bong Joon-Ho, campeão do ano passado, diretamente de Seul, falando em coreano num segmento que usou da intimidade dos próprios cineastas nomeados para o anúncio.

Os discursos de agradecimento se alongaram mais que o comum, grande acerto da produção de 2021, evitando a terrível orquestra de subir lentamente o tom dos instrumentos para que a pessoa pare de falar o mais rápido possível. Até mesmo o jogo de câmeras, alocadas em lugares não-convencionais, limpou a lente da premiação. Os discursos variaram entre o tocante (Thomas Vinterberg homenageando a jovem filha que morreu pouco antes de estrelar Druk, vencedor de Filme Internacional) e o cômico (Daniel Kaluuya feliz da vida, agradecendo aos pais por terem concebido-no, enquanto ganhava o prêmio de Ator Coadjuvante). 

Yuh-Jung Youn conseguiu fazer os dois. “Eu sou mais sortuda que vocês”, começou a vovó de Minari e a Melhor Atriz Coadjuvante do ano. A atriz, primeira sul-coreana e segunda asiática a vencer por atuação, agradeceu a Brad Pitt (produtor de Minari) e ficou feliz de finalmente tê-lo conhecido pessoalmente. De longe, a temporada de 2021 vai lembrar com carinho das aparições de Youn, desde a surpresa no SAG, o shade no BAFTA e o riso solto no Oscar.

A Netflix saiu com 7 prêmios entre suas 35 indicações, mas mantém a sombra de nunca ter ganhado Melhor Filme. A Voz Suprema do Blues venceu categorias técnicas, assim como Mank, 2 Oscars para cada. Os curtas Dois Estranhos e Se Algo Acontecer… Te Amo saíram com os louros. Nas categorias de Documentário, Colette surpreendeu, e Professor Polvo triunfou, repetindo uma máxima do ano passado: mais uma vez, o pior dos 5 filmes saiu vencedor.

Lembra da promessa dos produtores de fazer o Oscar 2021 ser um filme? Eles cumpriram-na, para o bem e para o mal. O sorrisão de Riz Ahmed não cabia em seu belo rosto quando leu o envelope de Melhor Som, premiando, adivinhem, O Som do Silêncio, protagonizado pelo próprio. Esse que também triunfou em Montagem, colocando a competição para comer poeira. Soul se enquadrou nas expectativas, recebendo Animação e Trilha Sonora Original. H.E.R., um mês depois de vencer o Grammy de Canção do Ano, ganhou o Oscar de Canção Original. E Tenet, mesmo sem o apoio da Warner, levou a melhor em Efeitos Visuais. 

Durante a cerimônia, 2 prêmios Humanitários Jean Hersholt foram entregues. O primeiro homenageou a Motion Picture & Television Fund. Enquanto o segundo, apresentado por Viola Davis em sua única aparição no palco do Oscar, foi dado à Tyler Perry. Importante apontar as mudanças estruturais da premiação deste ano, que viu seus convidados sem máscara frente às câmeras, dividiu a galera entre os Estados Unidos, Londres e Paris e esbanjou um ar mais descontraído que a habitual sisuda entrega de prêmios no Dolby Theatre. Sem os habituais pares de artistas entregando os Oscars e com as músicas indicadas sendo performadas antes da cerimônia, essa edição ficará marcada na história. Foi uma senhora mudança de ares, que ainda precisa de melhorias no futuro.

Quando foi anunciado que a categoria de Melhor Filme não seria a última da noite, um gosto estranho já nos subiu à boca. Rita Moreno apareceu majestosa, citou Amor, Sublime Amor e relembrou os velhos tempos, onde ela própria venceu um Oscar pelo filme. Assim como a divina aparição de Jane Fonda ano passado para premiar Parasita, Moreno leu o nome de Nomadland no envelope colorido. Chloé Zhao, recebendo o segundo prêmio da noite, agradeceu aos nômades da vida real, acompanhada de Frances McDormand, vencendo o terceiro Oscar da carreira e o primeiro por produção. A veterana uivou no palco, homenageando Michael Wolf Snyder, editor de som de Nomadland falecido em março.

O comercial que sucedeu Melhor Filme pareceu mais anticlimático que o necessário. Começando pela aparição de Zhao em Melhor Direção no meio do nada, Nomadland saiu sem o triunfo que grandes vencedores do passado, como Moonlight e o próprio Parasita, puderam saborear. Melhor Atriz desempatou bolões, premiando Frances McDormand, em seu terceiro Oscar na categoria, quarto na carreira, se aproximando mais do recorde de Katharine Hepburn. 

Então, chegou a hora de Melhor Ator. Depois de um ‘In Memorian’ de qualidade questionável, batida agitada, ausências notáveis e aparição relâmpago dos homenageados, a categoria para honrar Chadwick Boseman acabou sendo entregue para outra pessoa. É claro que a vitória de Anthony Hopkins, por Meu Pai, é mais que merecida e merece ser aplaudida, benzida e santificada. A questão não é mérito, não é cota ou homenagem. 

O Oscar 2021 se rearranjou por completo para que acabasse em nota de sensibilidade e felicidade, para que a esposa de Boseman, Taylor Simone Ledward, agradecesse da maneira que fez no Globo de Ouro, no Critics Choice e no SAG. Era o momento do Oscar, depois de ter capitalizado em cima da morte do jovem talento, finalmente premiar atores negros nas categorias principais, era a hora de marcar na história aquele que já seria eterno de qualquer modo, mas merecia a honraria do troféu.

Joaquin Phoenix leu o nome de Hopkins, a tela cortou para uma foto do ator, que não estava presente e o Oscar acabou. No susto, sem comemoração, sem homenagem, sem ter valido o rearranjo de categorias. Foi dito que Olivia Colman subiria ao palco em caso de vitória do companheiro de tela, mas nada aconteceu. O temido anticlímax do filme. 29 anos depois de sua vitória por O Silêncio dos Inocentes, Anthony Hopkins se tornou o ator mais velho a vencer o Oscar. Chadwick morreu sem nenhum.

Concluindo a extensa cobertura do Oscar 2021, o Persona prepara o texto final da edição. A Editoria se juntou aos colaboradores para discutir, de uma vez por todas, o que rolou na 93ª edição dos prêmios da Academia, os recordes, as loucuras, a Glenn Close rebolando e as esnobadas que ficarão para a história. Seja bem-vindo ao Cineclube Especial dos Vencedores do Oscar 2021.

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Cineclube Persona – Tudo Sobre os Indicados ao Oscar 2021

Imagem retangular com fundo verde. À esquerda vemos quatros molduras. Na parte superior, a primeira moldura é retangular de borda preta e tem a foto de Chadwick Boseman e Viola Davis. A segunda moldura é redonda de borda preta e tem a foto de Riz Ahmed. Já na parte inferior, a terceira moldura é quadrada de borda preta e tem a foto de Emerald Fennell e Carey Mulligan. A última moldura é quadrada de borda preta e tem a foto do ator de Agente Duplo. À direita, na parte superior, lê-se em branco "cineclube", abaixo lê-se em verde "persona". Na parte central lê-se em preto "os indicados ao oscar 2021". Na parte inferior vemos a logo do Persona com a íris do olho colorida de verde.
Alguns destaques do Oscar 2021: as grandiosas presenças de Chadwick Boseman, Viola Davis e Riz Ahmed; as lendárias Emerald Fennell e Carey Mulligan; e o adorável Sergio Chamy na única obra latino-americana da seleção (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Raquel Dutra e Vitor Evangelista)

A 93ª edição do Oscar é única por uma série de motivos. Começando pelos atrasos e realocação da data para dois meses depois do comum, a Academia teve de lidar com cinemas fechados, lançamentos adiados e o primeiro ano desde 2009 sem um filme da Marvel dominando o verão americano. Mas se engana quem pensa que, por conta disso, a lista de indicações seja mais fraca que a de anos anteriores.

Na verdade, a safra de 2020, e dos primeiros meses de 2021, ostenta qualidade, irreverência e debate temas que o cinema estadunidense não colocaria em pauta num ano cheio de diretores consolidados e franquias continuadas. 72 mulheres foram nomeadas ao Oscar 2021. Este ano, duas concorrem em Direção, além de dois filmes dirigidos por mulheres disputarem Melhor Filme.

Quando o assunto é diversidade, nove atores não-brancos pipocaram nas categorias principais, quebrando uma porção de recordes. Steven Yeun é o primeiro de origem asiática, Riz Ahmed é o primeiro mulçumano e com origem paquistanesa, Chadwick Boseman é o primeiro não-branco a receber uma indicação póstuma e Yun-Jung Youn é a primeira sul-coreana nomeada na Academia, só pra citar algumas das barreiras quebradas.

No campo dos Curtas, categorias comumente ignoradas, as narrativas fora do eixo norte-americano se entrelaçam com abordagens e pontiagudas. Os Animados colocam em xeque os limites da liberdade e a dor da saudade, enquanto os Documentários escancaram injustiças sociais e o racismo, assuntos que guiaram a Arte em 2020. Os Curtas Live Action se concentram entre os EUA e o conflito Israel e Palestina, mostrando ao mundo suas ricas produções cinematográficas.

Passando para os Filmes de Animação, a família e os imprevistos da vida comandam os cinco concorrentes: Shaun, O Carneiro lida com o objeto estranho, Dois Irmãos seca as lágrimas para seguir em frente e A Caminho da Lua viaja pelas fases do luto. O badalado Wolfwalkers discute amizade e o significado de ‘família escolhida’, enquanto o potencial vencedor, Soul, dá o toque da Pixar à crise de meia-idade, tudo regado a jazz e à Tina Fey.

Os Filmes Internacionais de 2021 desafogam o núcleo batido da Europa que normalmente compõe a categoria, dando destaque a um documentário romeno, um filme de bebedeira dinamarquês e um longa de guerra bósnio. Fora da hegemonia branca, Hong Kong alcançou sua primeira indicação em meio ao conflito que trava com a China, atravessando censuras e boicotes. O mesmo é com a Tunísia, que estreia na seleção através do trabalho incansável de uma cineasta, o que criou outro marco: pela primeira vez desde 2011, duas diretoras disputam o troféu. 

Já em Melhor Documentário, o avanço feminino segue do ano passado para cá, e cada um dos 5 filmes tem pelo menos uma mulher creditada à indicação. A categoria denuncia problemas sociais que fogem do eixo europeu-estadunidense, destacando questões ambientais globais em uma ponta, e reconhecendo a única obra latino-americana indicada em outra. No meio, estão as histórias que tocam em temas da Terra do Tio Sam, que dessa vez, têm o tato de minorias, com narrativas negras e femininas, e o protagonismo de pessoas com deficiência, tanto à frente quanto por trás das câmeras.

Abraçando o Cinema de todo o mundo, ou pelo menos começando a fazer isso, a Academia está fazendo valer as mudanças que vem implementando ao longo dos últimos anos. O curta Feeling Through escalou o primeiro ator surdo-cego da história e a ficção O Som do Silêncio tratou de temas que representam a comunidade surda, com direito à escalação de Paul Raci, filho de pais surdos e que luta pela causa há anos, além de um elenco de apoio formado por pessoas surdas.

A Voz Suprema do Blues, o filme que coloca Viola Davis na pele da mãe do blues, indicou Ann Roth, de 89 anos, em Melhor Figurino, no páreo para vencer sua segunda estatueta. No departamento de Cabelo e Maquiagem, o filme nomeou as duas primeiras mulheres negras na história da categoria, Jamika Wilson e Mia Neal. A parte boa? As três são favoritas nas respectivas disputas.

Além disso, o incomparável Chadwick Boseman é o primeiro negro a receber indicação póstuma (e provavelmente será o primeiro a vencer deste modo). Desempatando com Octavia Spencer, Viola Davis quebrou o recorde de indicações para uma atriz negra, apenas quatro, e expressou sua opinião sobre: “Se eu ter quatro indicações em 2021 faz de mim a atriz negra mais indicada da história, isso mostra quão pouco material esteve disponível para os artistas não-brancos.”

Se o assunto é privilégio, Os 7 de Chicago grita alto, mas diz pouco, e é a figurinha carimbada dos americanos sendo honrados por outros americanos. Mank, na mesma moeda, representa a máxima da Terra das Estrelas: é feito por e para homens caucasianos, e de praxe, conta uma embebida história da elite hollywoodiana. O lado bom é que o drama de época foi ignorado em quase tudo, dando espaço para o prêmio acabar em mãos merecedoras.

A casa dos dois deslocados é a Netflix, que angariando um recorde de 35 indicações, ainda não conseguiu emplacar um vencedor de Melhor Filme. A caminhada começou com o belíssimo Roma em 2019, mas deu tudo errado com a coroação de Green Book. Ano passado, nem História de um Casamento nem O Irlandês tinham fôlego para sequer chegar perto do favoritismo e da qualidade de Parasita. Depois de perder o PGA, o WGA e o DGA, ganhando apenas um controverso SAG de Elenco, Os 7 de Chicago ainda pode surpreender em 25 de abril, mas as chances não são animadoras.

Neste ano, a corrida de Melhor Filme, com apenas oito indicados, fez notar ausências doídas. Apesar da questionável condução diretiva de A Voz Suprema do Blues, o longa merecia ocupar aquela nona vaga. O mesmo vale para o trabalho exacerbado de Spike Lee em Destacamento Blood, ou o cuidado milimétrico que Regina King teve em Uma Noite em Miami…, os dois injustiçados de 2021.

Mas falando de quem devidamente entrou na corrida, vemos três filmes com protagonistas não-brancos (Minari, O Som do Silêncio e Judas e o Messias Negro) e dois comandados e protagonizados por mulheres (Nomadland e Bela Vingança). Completando o alto nível da categoria, Meu Pai lida com a velhice e o cuidado familiar, brindado pela atuação da carreira de Anthony Hopkins, o melhor dos vinte nomeados do ano. 

Em Roteiro Original, Emerald Fennell reina soberana nas chances de vencer por Bela Vingança, marcando a primeira vez que uma cineasta concorre à Direção por sua estreia. Em Adaptado, a protagonista do Oscar 2021 Chloé Zhao divide atenções com Florian Zeller e Christopher Hampton, por Meu Pai, e os nove roteiristas creditados por Borat 2, o vencedor do Sindicato, onde Nomadland estava inelegível.

Falando nas roteiristas favoritas, chegamos ao que há de mais interessante nos indicados a Melhor Direção. Zhao e Fennell são responsáveis por representar uma legião de cineastas que por anos tiveram seus trabalhos ignorados por Hollywood. O sexismo é refletido nas nomeações do Oscar, que em seus 93 anos de existência, se deu ao trabalho de reconhecer um total vergonhoso de sete diretoras e premiar apenas uma.

E se a Academia não tivesse tanto esmero com o ego de seus homens brancos, a categoria de Melhor Direção poderia muito bem ser formada por uma maioria feminina e não-branca. Nomes à altura da companhia de Lee Isaac Chung e da dupla recordista não faltavam, mas pelo menos, a favorita se encontra nessa exata interseção. 

Chloé Zhao é a dona deste ano, desta temporada e deste Oscar. A mulher mais indicada da história da premiação chega na noite do dia 25 de abril invicta e pronta para vencer em tudo o que tem direito, acompanhada de sua corrida impecável, que vai desde os festivais de cinema ao longo de 2020, até às premiações precursoras dos últimos meses.

A diretora, roteirista, montadora e produtora venceu os principais prêmios do Globo de Ouro, Critics Choice Awards, Sindicato dos Produtores e Diretores, BAFTA e nos Festivais de Veneza e Toronto. Só não fez história no SAG porque trabalhou com atores não-treinados, mas no mais, fortaleceu a corrida de Frances McDormand, que também é a primeira atriz indicada por produção e atuação no mesmo ano, pelo mesmo filme.

 Às vésperas de uma data histórica para o Cinema, o Persona se reúne num Cineclube Especial para comentar cada um dos 56 filmes que integram a seleção mais diversa da história do Oscar. Abaixo, estão todos organizados em ordem decrescente pelo número de indicações, e nossa Editoria e colaboradores pontuam seus méritos, as injustiças, chances e nomeações de todas as 23 categorias, condensando nossa cobertura da premiação e alinhando as expectativas para a noite do dia 25 de abril de 2021.

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Nomadland transforma o sonho americano em farofa

Cena do filme Nomadland. Vemos Fern, interpretada por Frances McDormand, uma mulher branca, de sessenta anos e cabelos pretos curtos, sentada numa cadeira de praia. Ela está de camisola branca, pernas cruzadas, segura uma caneca verde na mão esquerda e olha para o lado. Usa sandálias marrons e tem uma lamparina vermelha aos seus pés. Ao fundo, vemos grama verde e sua van branca.
Com Frances McDormand na melhor atuação da carreira e indicado a 6 Oscars, Nomadland usa do sútil para sensibilizar (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

O ano era 2018. A elite de Hollywood se reunia no Dolby Theatre para a maior cerimônia do ano. Vestidos glamourosos, poses para fotos e estatuetas douradas, aquela noite era só sobre isso. Então, sobe ao palco Frances McDormand. Esbaforida, enérgica, com a cabeça à mil, ela agradece solenemente ao amor do marido e do filho, agradece o trabalho do diretor. Ela coloca seu prêmio no chão e pede para todas as mulheres indicadas se levantarem e faz um discurso atemporal sobre oportunidades no mercado de trabalho, ela cita o termo ‘inclusion rider’, que estourou em buscas poucas horas depois. 3 anos mais tarde, Nomadland chega para provar que Frances não brinca em serviço.

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Cineclube Persona – Fevereiro de 2021

Arte retangular em cor azul bebê. No canto superior esquerdo foi adicionado o texto "cineclube persona" em fonte branca. Ao centro, está o logo do Persona. No canto inferior direito, foi adicionado o texto "fevereiro 2021" em fonte preta. Espalhadas pela arte, foram adicionadas quatro fotografias, dentro de molduras em tom roxo: uma foto do filme Malcolm & Marie, uma foto da cantora Karol Conká, uma foto do filme Nomadland, e uma foto da série Cidade Invisível.
Destaques de Fevereiro de 2021: Cidade Invisível, Nomadland, Malcolm & Marie e a passagem de Karol Conká pelo BBB 21 (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitória Silva)

Em um contexto ainda atingido pela pandemia de covid-19, a largada da temporada de premiações foi dada mais tardiamente em 2021. O mês de Fevereiro se encerrou com o polêmico, e nem tão aclamado, Globo de Ouro. Nesse ano atípico, os filmes elegíveis poderiam ter sido lançados no próprio mês do evento, e muitos dos que chegaram nos minutos finais acabaram concorrendo e, até mesmo, levaram a estatueta para casa. Foi o caso de Nomadland, que conquistou duas das categorias principais e é uma das principais apostas para o Oscar 2021.

Mais uma vez, a Netflix está com tudo entre os concorrentes da temporada, mas com candidatos nem tão promissores. Relatos do Mundo, produzido pela Universal Pictures, chegou esse mês ao catálogo e ganhou duas indicações ao Globo, porém sem sucesso, enquanto o complicado Malcolm & Marie não conquistou nem uma nomeação. Por outro lado, I Care A Lot (Eu Me Importo) foi um dos grandes lançamentos do mês e surpresas da noite, e deu a primeira estatueta de Rosamund Pike.

Fora do universo dos tapetes vermelhos, o serviço de streaming entregou o controverso capítulo final da saga de Lara Jean, com Para Todos Os Garotos 3: Agora e Para Sempre, e seu maior produto nacional até agora, com a estreia da série Cidade Invisível. Fevereiro também foi um mês para a Apple TV+ trazer grandes lançamentos, a nova temporada de Dickinson foi mais uma vez bem recepcionada pela crítica, assim como o documentário Billie Eilish: The World’s a Little Blurry, que se aprofunda na vida da estrela em ascensão Billie Eilish.

Nesse extenso período de isolamento, observar o cotidiano alheio nunca foi tão interessante. Pudemos ver novamente Selena Gomez se estabanar na cozinha com seu reality show Selena + Chef, da HBO Max. E, em terras brasileiras, a luta pela saída da Karol Conká do BBB 21 conseguiu unir a nação de uma forma nunca antes vista nos últimos tempos.

Cineclube de Fevereiro traz os grandes lançamentos do mês do mundo audiovisual. Aqui você confere os filmes aclamados e massacrados pelo público, séries que terminaram de ter seus episódios exibidos (WandaVision há de aguardar o seu momento), e grandes produções televisionadas. Tudo isso com a curadoria da Editoria e colaboradores do Persona.

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Cineclube Persona – Os Vencedores do Globo de Ouro 2021

 Uma imagem amarela, com molduras pretas de quadro. Uma com a foto de Daniel levy, homem negro apontando para a camera; outra com a roterista Chloe, sorrindo. Embaixo, as fotos são de Emma, segurando o próprio rosto, e Sacha Baron, ao lado de Isla Fisher. No canto superior direito está escrito “cinemaclube persona”, de branco. Logo embaixo, há o desenho de uma estatueta e está escrito “globo de ouro”, ambos em preto. Por último, no canto inferior direito, há o logo do Persona.
Os destaques do Globo de Ouro 2021 foram Nomadland e a estonteante Chloé Zhao, o trabalho primoroso de Sacha Baron Cohen em Borat 2, Daniel Kaluuya pegando fogo em Judas e o Messias Negro e a avalanche The Crown (Foto: Reprodução/Arte: Ana Júlia Trevisan/Texto de Abertura: Vitor Evangelista)

Nós damos valor demais ao Globo de Ouro. Esse ano, o grupo votante lamenta a morte de seu antigo presidente, Lorenzo Soria, ao mesmo tempo que enfrenta acusações de fraude e uma investigação que revelou o óbvio: a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) não tem diversidade alguma. Reportagens no Los Angeles Times e no The New York Times estouraram poucos dias antes da 78ª edição do prêmio. Além de descobrirem que a HFPA não tem membros negros, foi escancarado um lobby poderosíssimo ao redor de Emily em Paris, uma das questionáveis indicadas ao Globo de Série de Comédia ou Musical.

É de suma importância relembrar que o GG não é prévia do Oscar de maneira nenhuma. Em questões de marketing e campanha, uma vitória no Globo alavanca sua visibilidade, mas o corpo votante da Academia é composto por mais de 7 mil membros, todos trabalhadores da indústria. A HFPA, por outro lado, é formada por 87 jornalistas, residentes de Los Angeles e que não têm ligação com o Oscar

Todavia, o que acontece é o Globo de Ouro tentando ditar tendências na temporada. Às vezes, as coisas dão ‘certo’: Green Book e Bohemian Rhapsody começaram ganhando aqui e percorreram solenes seu caminho até as estatuetas douradas e carecas. Ano passado, o amor por 1917 e por Sam Mendes caiu por terra quando Parasita e Bong Joon-ho saíram com os louros.

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