Em O Meu Sangue Ferve por Você, Sidney Magal relembra às novas gerações o poder de uma paixão avassaladora

O amor à primeira vista antecede os encontros e desencontros de Sidney Magal e Magali West (Foto: Manequim Filmes)

Rebecca Ramos 

Em uma comédia romântica envolvente e sentimental típica da década de 1970, O Meu Sangue Ferve por Você acompanha a história de amor de Sidney Magal, protagonizado por Filipe Bragança, e Magali West, interpretada por Giovana Cordeiro. Ao seguir uma rotina de shows repleta de compromissos, Magal, um dos cantores mais emblemáticos de uma geração, acaba por conhecer o amor de sua vida em Salvador, sendo acometido por uma enorme e avassaladora paixão.

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PCC: Poder Secreto apresenta a irmandade envolvida entre os integrantes do Primeiro Comando da Capital

A imagem foca num grupo de 9 integrantes, com camisas e shorts lisos em tons claros, em cima de um telhado, levantando uma bandeira com as iniciais da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao lado inferior esquerdo há o logo da série documental escrito “PCC Poder Secreto”.
“Cadeia um cômodo do inferno, seja no outono no inverno”: PCC: Poder Secreto desdobra a história do Primeiro Comando da Capital em narrativas antes ocultadas (Foto: Max)

Marcela Lavorato e Rebecca Ramos

Em 1997, ao lançar o álbum Sobrevivendo no Inferno, os Racionais MC’s propuseram, pela primeira vez na grande mídia, uma reflexão acerca das dificuldades enfrentadas pelas pessoas na periferia, além de questionar o que leva certos indivíduos neste contexto ao dilacerante sistema carcerário. Embora seja incerto o número de participantes de facções dentro de presídios, certamente é algo a ser discutido. O Primeiro Comando da Capital, popularmente conhecido como PCC, tem uma presença enorme dentro e fora das prisões, mas continua-se a ignorar este fato, uma vez que é de extrema delicadeza debater sobre como são tratados indivíduos periféricos num contexto prisional e seus efeitos na sociedade civil.

A cadeia é um moedor de ser humano”. A frase dita pelo ex-agente penitenciário Diorgeres Victorio é o ponto de partida que a direção de PCC: Poder Secreto  – exibida pela Max, antiga HBO Max –  evidencia durante os quatro capítulos da obra. Entre Carandiru, Pedro Juan Caballero, Taubaté e Presidente Venceslau, os presídios são idênticos – não há nenhuma atividade de ressocialização; há somente o trancafiamento. E é a partir daí que começamos a entender o surgimento da facção.

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Estante do Persona – Março de 2024

As vozes femininas da Literatura marcaram o mês de Março (Texto de Abertura: Nathalia Tetzner/Artes: Aryadne Xavier e Gabriela Bita)

“Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável, agradável, afável. E esses são apenas os ‘As’. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.”

 — A menina que roubava livros

No universo dos livros, o feminino assume diversas formas e possibilidades. Seja através da histórica objetificação pelos autores homens, do ato de roubar a cena mesmo quando a narrativa é secundária ou da tão sonhada materialização como protagonista,  as personagens mulheres sempre trazem um dimensionismo inigualável para as tramas.

Em pleno mês de Março, período em que celebramos o Dia Internacional da Mulher – ainda marcado pelas lutas por direitos iguais em 2024 –, o Persona coloca em destaque as vozes femininas da Literatura atual.  Debatendo amor, autoconfiança, gênero, desejos e prazeres, os livros selecionados revelam o melhor das autoras mais influentes do século.

Partindo de romances leves, passando por estreias até obras que trazem perspectivas históricas sobre o feminismo, a Editoria ressalta a batalha por um mundo mais justo no maior estilo girl power. Confira abaixo a nossa curadoria de obras escritas por mulheres que engrandecem o debate nesse mês especial.

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As Melhores Séries de 2023

Com os mais diversos gêneros e formatos, as séries iluminaram o ano de 2023 (Arte: Aryadne Xavier/ Texto de abertura: Nathalia Tetzner)

2023 foi um ano e tanto para a Televisão. Com grandes estreias e adaptações que eclodiram, títulos importantes também nos deixaram com seus últimos episódios. No que diz respeito às premiações, o ano atípico ganhou mais uma reviravolta: o adiamento das cerimônias e produções em prol da justa greve que parou Hollywood. Tradicionalmente, o Persona preparou um compilado com as melhores séries.

Entre as 51 séries selecionadas, Succession lidera o número de menções (8) em primeiro lugar.  Logo depois, o apocalipse de The Last Of Us (4) e a cozinha caótica de The Bear (3) aparecem como destaque em meio às favoritas. Na batalha entre streamings, a Netflix assume a liderança absoluta com 16 aparições. Em sequência: Max (7),  Amazon Prime Video (6), AppleTV+, Globoplay e Disney+ (3), e Paramount+ (2).

A grande parte das produções são dos Estados Unidos, porém, alguns seriados brasileiros deram a cara por aqui com novelas e minisséries. Dentre elas, Cangaço Novo, Elas Por Elas e Vai Na Fé. Nós sempre acompanhamos as principais premiações da Televisão, o que explica 19 dos títulos escolhidos terem sido indicados ao Emmy de 2023 como The Other Two, Jury Duty e Dead Ringers.

Os realities roubaram a cena em 2023, seja tratando de moda, esporte, namoro ou sobrevivência. Next In Fashion, Casamento às Cegas: Brasil, A Batalha dos 100 e RuPaul’s Drag Race são alguns dos nomes bastante citados. Spin-Offs também marcaram presença forte, como os derivados de Bridgerton e Hora de Aventura: Rainha Charlotte e Fionna & Cake.

A nossa seleção conta com os mais diversos gêneros, com séries para a família toda como o heroísmo de Minhas Aventuras com o Superman e outras um tanto quanto explícitas à la Sex Education. Para além do adeus à família Roy, Maravilhosa Sra. Maisel, Ted Lasso e Barry vão deixar saudade. Abaixo você confere a lista mais que especial das melhores séries de 2023, escolhidas a dedo pela nossa Editoria e colaboradores.

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Os Melhores Discos de 2023

Arte para o texto Os Melhores Discos de 2023. Nela vemos, da esquerda para a direita: Troye Sivan, um homem branco de cabelos loiros, Marina Sena, uma mulher branca de cabelos pretos, Lana Del Rey, uma mulher branca de penteado preto, Bad Bunny, um homem latino de cabelo raspado e Sabrina Carpenter, uma mulher branca de cabelos loiros. Todos estão em preto e branco. O fundo é rosa e centralizado em cores brancas está escrito "OS MELHORES DISCOS DE 2023". No canto superior direito, há o logo do Persona, um olho com o meio em roxo claro e um play no lugar da íris
No campo ou na cidade, do indie ao samba, a Música é onipresente (Arte: Henrique Marinhos/ Texto de abertura: Guilherme Veiga)

O ato de ouvir Música se tornou tão imprescindível que pode até ser confundido com uma banalidade. Banal não no sentido ruim, mas sim de algo tão essencial, que, por assumir uma parcela gigantesca de nossas vidas, à medida que cresce em escala, não consegue acompanhar o tamanho em definição. Chega um momento em que ele se torna apenas… ouvir Música. Para não cair nesse limbo chamado lugar comum, o Persona retorna com sua já tradicional lista de Melhores Discos.

Se 2023 nos reservou um retorno ao início do século graças à Saltburn e Todos Menos Você, aqui focamos essencialmente no que foi criado no ano que passou e, assim como os grandes players da indústria, deixamos o TikTok de lado para embarcar no ato arcaico de se ouvir um álbum de cabo a rabo. O resultado foram 93 produtos que embalaram e deram sentido para o ano.

Não podemos negar que foi o ano de Taylor Swift. Mesmo sem um trabalho de inéditas, o pomposo Speak Now (Taylor’s Version), o agora litorâneo na mesma medida que cosmopolita 1989 (Taylor’s Version) e os resquícios de insônia de Midnights – claro, aliados a gigantesca The Eras Tour – serviram para ecoar o sucesso estrondoso que ela calcou. Ainda na ditadura loira do pop, sua pupila Sabrina Carpenter apareceu para o mundo também com obras repaginadas: primeiro, enviando os anexos que esqueceu no corpo do e-mail e, no fim do ano, trazendo um pouco de malícia para o Natal.

Quem retornou de forma inédita foi a rival de Carpenter, Olivia Rodrigo. Após a acidez de SOUR, a artista volta a expor seus sentimentos de uma forma nada ortodoxa: arrancando suas entranhas. O sentimentalismo, dessa vez mais bonito, mas igualmente doloroso, está presente no alinhamento estelar das boygenius, ao mesmo tempo que Mitski declamava todo seu amor para as paredes de um galpão vazio.

Ao longo das 93 obras, temas conversam entre si, mas a homogeneidade é proibida. Troye Sivan e Pabllo Vittar querem festejar, mas enquanto um é a efervescência do durante, a outra é o desejo do pós. Os latinos KAROL G e Bad Bunny falam sobre o amanhã de formas diferentes: ela com esperança, ele com incerteza. Letrux abordava o reino animal e Ana Frango Elétrico se transmuta em feline. Marina Sena se viciava na selva de pedra enquanto Chappel Roan se assustava com os prédios. Jão quer ser cada vez mais superlativo, à medida que Post Malone se recolhe em suas origens. Metallica sente a passagem de tempo, diferente de Kylie Minogue, que nem o vê passar.

Tal cenário só é possível pois a Música e toda sua imensidão atuam como um espaço de diversidade e liberdade, no sentido mais amplo das palavras. E nada mais justo do que celebrá-las no ano de passagem da Padroeira da Liberdade. O Melhores Discos de 2023 é por Rita Lee, que é gente fina na Música e na eternidade.

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Deus acima de tudo, O Convento acima de todos

 Cena do filme "O Convento”. Na imagem, é possível ver, em meio a diversas freiras trajadas em branco, a protagonista Grace, uma mulher branca e de cabelos acobreados, estes cobertos por um manto branco, com as suas roupas ensanguentadas, encara uma espécie de baú preto. O fundo da imagem é escuro e composto por imagens próprias da temática religiosa.
O Convento vai da culpa do luto à morte do Ego (Foto: IFC Midnight)

Rebecca Ramos 

Dirigido por Christopher Smith, um cineasta britânico, O Convento é apresentado como um filme aterrorizante, marcado por momentos de tensão sublime, mas, ainda assim, com cenas repletas de medo e sangue. Na trama, Grace (Jena Malone) recebe a notícia de que seu irmão mais novo morreu em um convento em que vivia, na Escócia. 

Tendo pouco contato com a religiosidade, tampouco com ele, imediatamente viaja até o local e investiga as estranhas ocorrências acerca do falecimento. Apesar da ambiciosa premissa, o longa não agradou a crítica de forma geral, e, ainda que todos possuam o seu ponto de vista artístico em relação a obra, sem dúvida pode-se refletir fortemente acerca das questões de obsessão com crenças individuais, especialmente no contexto contemporâneo.

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Estante do Persona – Novembro 2023

Em Novembro de 2023, a seleção do Estante do Persona se debruça em rememorar (Texto de abertura: Jamily Rigonatto/ Artes: Aryadne Xavier)

“Eu não terei a minha vida reduzida. Eu não vou me curvar ao capricho ou à ignorância de outra pessoa” -bell hooks

O Estante do Persona de Novembro chega com um tom de reflexão. No mês da consciência negra, nada mais justo que fazer de um povo secundarizado desde os primeiros passos da colonização, o protagonista. Nesta edição, relembramos a importância de resistir e não esquecer que as cicatrizes são profundas e reverberam suas dores na atualidade.

Assim, alçamos voo sobre a Literatura Negra, na qual os autores e objetos integram o universo da racialidade e percorrem laços com vivências que, infelizmente, se colidem com os nós da branquitude. Em escritos de diversas épocas, o enfoque é para a crítica à estrutura racial em diversos contextos e seus prejuízos aos recortes que envolvem desde as mulheres até a população LGBTQIA+.

Seja no discurso empoderador e questionador de bell hooks, ou nas linhas ficcionais – mas ainda reconhecíveis no mundo real – de Daiane Borges, a negritude grita em palavras sinceras e expõe discursos na mais subjetiva linguagem da arte: a literária. Aqui, o espaço fica para dizer que em uma mistura globalizada, os buracos do percurso são assinados por um mesmo autor, aquele que escreve as linhas da supremacia branca.

No ato educativo e, mais ainda, revolucionário de ler, as mensagens gritam para aquilo que nunca deve ser deixado de lado: a importância de não apagar. Em meio aos registros da memória, da experiência e da divida histórica, ficam nas dicas do mês a busca por uma sociedade cada vez mais decolonial. Continue lendo “Estante do Persona – Novembro 2023”

Estante do Persona – Setembro de 2023

Capa: O fundo é laranja. No centro, acima, está o logo do persona, um olho com íris vermelha e um pupila no formato de um play. Abaixo estão três livros empilhados; o primeiro diz “estante do”, o segundo “persona” e o terceiro está o mês, Setembro de 2023.
Em Setembro, o Estante chega com novidades e velhos hábitos” (Texto de abertura: Jamily Rigonatto/ Arte: Raira Tiengo)

Em Setembro de 2023, o Estante do Persona se despede de um velho amigo, o amado por muitos, Clube do Livro. Mas a separação não termina um ciclo e, sim, inicia dois novos. A partir desta edição, as nossas publicações seguem caminhos diferentes em busca de um mesmo propósito: expandir os horizontes da Literatura no Persona. 

A nossa seleção mensal de dicas literárias continua aqui para atender todos os apaixonados pelos mistérios da escrita e suas óticas, sejam elas encantadoras ou grotescas. Com muito cuidado e caminhando pela pluralidade do espaço-tempo, os membros da Editoria seguem indicando mensalmente obras capazes de despertar mistos de emoção e marcar trajetórias. 

Enquanto isso, o Clube do Livro vai reunir nossos leitores e colaboradores em datas mais que especiais para debates impactantes, trocas de experiências e o melhor da aventura que é ler e compartilhar. Nos nossos encontros, agora abertos ao público que nos acompanha, mora o convite para uma oportunidade de vivenciar a livre expressão fora das linhas de um texto corrido. 

Agora, como costume bom vira tradição, deixamos títulos selecionados a dedo para quem quer apreciar os doces de uma boa escrita. Nos próximos meses, nossa estante ganha autores novos e muita informação sobre um universo que nunca vai se prender ao limite das páginas.

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