20 anos atrás, A Viagem de Chihiro ensinava através do silêncio

Cena do filme de animação “A Viagem de Chihiro”. À frente, vemos Chihiro, uma garota asiática, pele branca, bochechas rosadas e cabelo castanho preso em um rabo de cavalo. Ela usa uma camisa branca e verde, um short vermelho e tênis amarelos. Ela está sorrindo eufórica, correndo em cima de uma ponte de madeira, enquanto uma multidão acalorada atrás dela se despede e comemora. Todos estão em um grande prédio de arquitetura japonesa, pintado de vermelho e branco, com os tetos esverdeados. A cena se passa de dia.
Chihiro atesta: ainda vale a pena ser criança (Foto: Studio Ghibli)

Enrico Souto

Entre as jornadas monumentais, épicas e maiores que a vida de Princesa Mononoke e O Castelo Animado, e as histórias mais comedidas, intimistas e descaradamente infantis de Meu Vizinho Totoro e O Serviço de Entregas da Kiki, A Viagem de Chihiro é a amálgama perfeita dessas duas facetas de Hayao Miyazaki. Não que Mononoke não tenha retratos de serenidade e um forte prisma emocional, nem que Kiki não disponha de cenas grandiosas e homéricas – o diretor costuma trabalhar em uma zona cinzenta que uma categorização meramente dualista não seria capaz de cobrir –, porém, olhando para trás 20 anos depois, é indiscutível que, nesse título, essas potências, provenientes do gênero de realismo mágico, encontram seu equilíbrio definitivo, a partir de uma narrativa sensível e tocante sobre os infortúnios de crescer e se tornar adulto, rompendo barreiras culturais e de linguagem como nenhuma outra mídia fez antes.

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Mesmo 25 anos depois, Sussurros do Coração consegue dialogar e emocionar o público atual

“A pedra bruta está dentro de você. É seu dever achar e poli-la. Leva tempo e esforço.” – Shiro (Foto: Reprodução)

Anna Clara Leandro Candido

Os filmes do estúdio Ghibli são bem conhecidos por suas histórias cercadas de detalhes, reflexões sobre a vida e, principalmente, sobre os sentimentos que a compõem. Seja a trama sobre uma guerreira loba, um castelo animado ou o peculiar vizinho de duas garotinhas, é quase certeza de que, ao fim de cada filme, o espectador saia com um sentimento de paz e felicidade dentro de si. Segundo seu cofundador Hayao Miyazaki, o estúdio tem como principal objetivo demonstrar a beleza da vida através das pequenas coisas de nosso cotidiano. É por esse motivo que as obras marcam tão profundamente o espectador e os fazem carregá-las consigo por tantos anos. Com Sussurros do Coração não é diferente. Continue lendo “Mesmo 25 anos depois, Sussurros do Coração consegue dialogar e emocionar o público atual”

O Túmulo dos Vagalumes e Meu Vizinho Totoro: na tristeza e na alegria

Os protagonistas de ambas animações: as crianças, o Totoro e os vagalumes (Foto: Nerdist)

Egberto Santana Nunes

As animações do Estúdio Ghibli sempre foram conhecidas por terem em seu escopo mundos de fantasia que aparentemente são infantis, quase sempre protagonizados por crianças, mas com um fundo de dramaticidade que afasta os pequenos. Não chega a ser uma regra, mas grandes clássicos como A Viagem de Chihiro e Princesa Mononoke carregam discussões problemáticas que nos deixam fascinados e até mesmo assustados. Bem nos primórdios da companhia, Isao Takahata e Hayao Miyazaki lançaram Meu Vizinho Totoro e O Túmulo dos Vagalumes, uma estreia dupla que trouxe um clássico dominado por toda a cultura pop e um drama de sobrevivência que emociona até hoje.
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