Sob as subjetividades de suas protagonistas, A Vida Sexual das Universitárias repousa em um retorno maduro e coerente (Foto: HBO Max)
Jamily Rigonatto
Quatro meninas de personalidades completamente diferentes em um quarto de universidade e a possibilidade de explorar o que o desejo permitir? Já vimos algo parecido antes, mas a receita de A Vida Sexual das Universitárias tem um tempero a mais. Com dramas sinceros e o sopro da juventude contemporânea, a série original da HBO Max chegou ao seu segundo ano pronta para conquistar os corações e corpos da Essex College.
(Seja na ação policial de Bom dia, Verônica, no terror genial de Yellowjackets ou na aventura de She-Hulk, as mulheres arrebentam em todos os gêneros presentes no Melhores do Ano do Persona. Arte: Aryadne Xavier/Texto de abertura: Nathália Mendes)
A competição entre os streamings para conquistar o público no conforto de quatro paredes aumenta cada vez mais. Em 2022, não só assistimos às Melhores Séries, mas também o drama da perda bilionária da Netflix, a busca incessante pelo lucro com a introdução dos anúncios nas plataformas e a caminhada de ascensão da HBO até dentro das premiações. Talvez, no ano que vem, o Persona tenha que abarcar até os esportes que adentraram nesse mundo.
É nítido que a Netflix segue sendo a mandachuva: das 64 séries indicadas pela nossa Editoria, 25 pertencem à dona do tudum. Para além disso, a novela mexicana que a empresa vive após 200 mil assinantes pularem fora, e consequentemente as ações despencaram em 35%, nos alcançou. Se antes era divertido ver a vermelhinha fazer de tudo para que suas séries originais brigassem por prêmios, agora tivemos dor de cabeça ao descobrir a novidade polêmica e irritante de que o compartilhamento de conta na plataforma será cobrado.
Dentro desse cenário, vivemos um paradoxo: enquanto Wandinha, Heartstopper e Stranger Things foram as mais lembradas pelo Persona, mencionadas nove vezes cada uma, as melhores produções não são da nossa camarada Netflix. The Beare Ruptura (Severance, em seu nome original) empataram na liderança dos rankings, ambas com três menções na primeira posição de melhor série do ano. Parece que estamos divididos ou que a competição das empresas tem resultado em produções mais esplêndidas?
A coletânea da nossa Editoria também está alinhada com as maiores premiações da Televisão, mesmo sem ter a intenção. Enquanto aguardamos a lista de indicados ao Emmy 2023, fazemos nossas especulações. Desbancando suas concorrentes em uma competição interna, a HBOMax também preencheu um grande espaço na nossa lista. Com o lançamento estrondoso de A Casa do Dragão, o spin-off de Game Of Thrones enfiou o dedo na ferida de sua produção materna e foi mencionado oito vezes por nossos colaboradores. Em seu cangote está a segunda temporada de The White Lotus, com a mesma quantidade de menções e ganhando em número de troféus do Globo de Ouro deste ano por 2 a 1 da novela da família Targaryen.
Vale ressaltar que outras grandes produções premiadas ou aclamadas pelas críticas também foram lembradas, seja a polêmica história de Dahmer: Um Canibal Americano, a comédia de Hacks ou o terror genial de Yellowjackets. No entanto, não é isso que prezamos. Enquanto estiver despejando sua curiosidade e tempo na leitura de nossas indicações de Melhores Séries de 2022, saiba que priorizamos nos aventurar. Você encontrará produções nacionais extremamente políticas, como Rota 66, irá se deparar com romances britânicos, dois volumes de Atlanta muito esperados, e mais. Essa espontaneidade de obras é essencialmente quem somos, uma diversidade em construção. Aproveite, até Pantanal entrou na dança!
Wandinha alcançou 341,2 milhões de horas assistidas em sua primeira semana, quebrando o recorde da 4ª temporada de Strangers Things (Foto: Netflix)
Clara Sganzerla
Se você ver Jenna Ortega na tela do cinema, é muito provável que ela estará coberta de sangue. Batalhando por relevância no mundo hollywoodiano desde 2012 – e não demorando muito tempo para conquistá-la -, a norte-americana mostrou ser uma brilhante scream queen e atuou em papéis de grandes sucessos em 2022, sendo muito elogiada por Pânico 5 e X – A Marca da Morte. Sem decepcionar, a atriz guardou o melhor para o final e protagonizou uma das maiores produções da Netflix: Wandinha.
Assim como qualquer edição do MasterChef, The Bear mostra que a cozinha também pode ser um inferno (Foto: Star+)
Nathan Nunes
Um dos reality shows mais famosos do canal Food Network é o S.O.S. Restaurante, apresentado pelo chef de cozinha Robert Irvine. Nele, o anfitrião tenta salvar restaurantes em situação crítica, seja financeira, sanitária ou emocional. O grande charme do programa é a possibilidade de imersão no cotidiano da gastronomia, nem sempre tão atrativo e tampouco saudável para os profissionais quanto os pratos de comida são para nós. Felizmente, tudo dá certo ao final de cada episódio e Irvine consegue cumprir sua missão de mudar a rotina dentro desses estabelecimentos, coisa que os trabalhadores da casa de sanduíches The Beef provavelmente sonham desde os minutos iniciais de O Urso.
Tendo Christopher Storer (Bo Burnham: Make Happy) como showrunner, a série, original da Hulu nos Estados Unidos e do Star+ no Brasil, é figurinha carimbada nas premiações do começo desse ano, com projeções até mesmo para o Emmy. Além da indicação na categoria de Melhor Série de Comédia ou Musical, o projeto se destacou principalmente através de seu único membro vitorioso: Jeremy Allen White (Shameless e Homecoming), vencedor do Globo de Ouro e do Critic’s Choice como Melhor Ator em Série de Comédia pelo desempenho como o protagonista Carmy.
Logo em sua estreia, House of the Dragon bateu o recorde de maior estreia de um produto televisivo na América Latina, com aproximadamente 10 milhões de telespectadores (Foto: HBO Max)
Guilherme Veiga
Se tem uma coisa que George R.R. Martin, DB Weiss, David Benioff e a HBO souberam criar, além de um mundo fantástico, foi uma tradição. Nos anos finais de Game of Thrones, uma religião praticamente nasceu em torno da série, na qual dominicalmente entoávamos o rito de sentar à frente das telas para passar a próxima hora imersos naquele mundo. Não é à toa que GoT se tornou um produto de seu tempo que influenciou e ainda influencia a cultura pop.
Graças ao seu final extremamente duvidável e a procrastinação do autor para finalizar os livros, é natural que a série deixasse alguns órfãos para além Westeros. O que não se esperava era que o próprio HBO Max fosse um desses abandonados. A emissora, dona de obras primas como TheSopranose The Wire, não viu nenhuma produção ascender como a história dos 7 reinos, logo, estar vivendo seu ápice aos poucos coloca na produtora o medo de “como superar isso?”, o que ocasionou uma sombra gigantesca em suas produções. Para espantar essa dúvida, eclodiu do ovo de dragão a primeira série de spin-offs ambientados em Westeros: contando a história dos adorados Targaryen no início do que seria sua derrocada no trono, A Casa do Dragão alçou seu primeiro voo em 2022.
Assim como Nova Iorque, Gossip Girl nunca dorme e está sempre pronta para novas intrigas (Foto: Mark Seliger)
Gabrielli Natividade
Há pouco mais de 15 anos, Gossip Girl ia ao ar pela primeira vez. A série, que tinha como meta colocar os luxos da elite de Manhattan em foco e explorar todos os pecados de um grupo de adolescentes levando a vida como adultos, comemora sua década e meia de existência mantendo uma consolidada base de fãs nostálgicos e o gosto de ter influenciado uma geração e muitas produções posteriores. Claro que nem tudo envelheceu como vinho: apesar de diversas pautas importantes serem tratadas ao longo das seis temporadas, é possível perceber que nem todos os temas foram abordados com a sensibilidade necessária, reflexo da mentalidade da época.
O reality show das Kardashians teve 20 temporadas, 3 diretores e 2 roteiristas ao decorrer da sua história (Foto: Tinseltown)
Nathalia Tetzner
Ao longo da história do mundo, impérios foram erguidos e derrubados, se alastraram pela imensidão e perderam territórios, derramaram sangue e no mesmo vermelho se afogaram. Desde os romanos, passando pelos mongóis até os britânicos, a humanidade parece naturalmente se inclinar sob a influência de uma força dominadora comum, apesar de passageira. Em 2007, o reality showKeeping Up with the Kardashians marcou a ascensão de um império liderado por mulheres que, pelo bem e pelo mal, moldaram a cultura de seu tempo e continuam à frente das áreas por enquanto não invadidas por bárbaros.
A HBO Max divulgou que o documentário se tornou o mais visto do serviço de streaming nacionalmente em apenas um mês (Foto: HBO Max)
Isis da Silva Bianco
Trinta anos após o assassinato de Daniella Perez, Glória Perez, a mãe da atriz, participa de Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, documentário que disseca a breve vida e morte da filha, assassinada no dia 28 de dezembro de 1992. Em uma tentativa de reviver a memória da primogênita, a escritora reuniu uma dose de coragem e, junto com a HBO Max, produziu a emocionante série documental de cinco episódios. A produção revive a memória do público sobre quem realmente foi Daniella e como, na época, a defesa dos assassinos e a grande mídia criaram uma narrativa que distorceu a sua verdadeira imagem.
Todos precisamos começar de algum lugar (Foto: Disney+)
Gabriel Oliveira F. Arruda
É até um pouco difícil acreditar que demorou mais de uma década para que a Marvel introduzisse uma personagem obcecada com seu próprio universo. Diferente de Kate Bishop (Hailee Steinfeld), que viveu o sonho de encontrar seu herói e assumir seu manto em Gavião Arqueiro, Kamala Khan (Iman Vellani) precisa aprender a se virar sem a ajuda de nenhum dos Vingadores que passou a vida admirando, nem mesmo de seu ídolo, Carol Danvers. Mas isso não significa que Ms. Marvel esteja sozinha, já que seus verdadeiros super-poderes são a família e a comunidade.
Mesmo com o elenco de peso, The First Lady não chegou a ser citada nas categorias principais do Emmy de 2022 (Foto: Showtime)
Jamily Rigonatto
Trazer figuras importantes diretamente do cenário político-social norte-americano para os holofotes dos palcos do audiovisual tem sido uma estratégia explorada pelos roteiristas e diretores da indústria cinematográfica. Seguindo a linha de produções como Mrs. América e Gaslit, The First Lady escolhe retratar os eventos de três presidências dos Estados Unidos pelo outro lado da moeda. Na antologia lançada em 2022 pela emissora Showtime, a Casa Branca abre os portões para visitas com anfitriãs que não poderiam ser mais ilustres.