“Eu tenho os melhores amigos neste lugar” é a frase que resume o que é a 5 Seconds of Summer. Amigos desde a escola, Luke Hemmings, Calum Hood, Michael Clifford e Ashton Irwin começaram a trajetória do grupo com covers publicados no YouTube em 2011, na cidade de Sidney. Em Setembro de 2022, a banda australiana lançou o seu quinto álbum de estúdio, 5SOS5, que mostra toda a evolução e maturidade adquirida pelo quarteto durante mais de uma década de carreira.
Para quem gosta de música, 2022 foi um ótimo ano, com diversos lançamentos incríveis de vários grandes artistas. Entre os novos projetos, está o segundo álbum do britânico Louis Tomlinson, Faith In The Future, que chegou ao público no dia 11 de Novembro. O disco é, desde de seu título até a última faixa, um exemplo de otimismo, esperança, mudança e maturidade, além de demonstrar perfeitamente que Louis finalmente se encontrou como artista solo, que sabe o que quer e está pronto para crescer cada vez mais como pessoa e como cantor.
Um ano após o lançamento do brilhante Dancing with the Devil… The Art of Starting Over, Demi Lovato mostra mais uma vez sua potência em começar de novo. Lançado em 19 de agosto, o seu oitavo álbum de estúdio,Holy Fvck, traz a artista retomando suas origens do rock e do punk em arranjos mais pesados. Além das novas sonoridades, é fácil notar uma mudança genuína em Lovato – as fases da vida da cantora são reflexos de seus sentimentos, e parece que em cada uma das 16 faixas do disco ela está realmente se redescobrindo.
A Música é o tom indispensável da vida. No amor, na alegria, na tristeza, na solidão, as canções preenchem playlists embalando a vida e refletindo a alma. As composições são o espelho de como artista e ouvinte enxergam a existência, fazendo com as mudanças sejam necessárias e novidades refresquem o imaginário auditivo de quem aguarda ansiosamente por um single, quiçá um disco de seu intérprete favorito. É impossível me conformar com a potência transformadora da Música. Assim como é inevitável usar tanto floreio para introduzir esse que reúne o melhor do que foi feito em 2022.
Com o formato de vendas modificado pelas plataformas digitais, os álbuns se tornam cada vez mais inviáveis para cantores inseridos na indústria, que coage produções única e exclusivamente voltadas a músicas virais para o TikTok. Quebrando aquilo que parece ter virado regra, o Persona emerge os ossos do ofício e abocanha 73 produções que marcaram o ano na Música.
Dominando a tarefa de trazer um novo fôlego para sua arte, The Weeknd lançou a rádio Dawn FM, vislumbrando dias melhores. Coroando o topo dos rankings, ROSALÍA acelerou com muita autenticidade sua MOTOMAMI. Ao lado da catalã, montada em seu cavalo prata, a musa-mor do pop renasceu. Kendrick Lamar ficou entre a cruz e a espada, SZA pediu socorro, Björk celebrou os recomeços, Sabrina Carpenter finalmente enviou seus e-mails, Florence and the Machine renovou seu nome na lista das netas das bruxas e a loirinha mais querida cantou seus terrores noturnos.
A música haitiana foi lembrada em notas do Topical Dancer. Cruzando o oceano, no mundinho do k-pop, enquanto 2022 serviu para SEVENTEEN se consolidar de vez como uma das maiores boybands da Coreia, artistas de outros grupos tão grandes quanto embarcaram em viagem solo, com novas perspectivas, sonoridades exuberantes e trabalhos coesos que entregam turbilhões de sentimentos. No território russo a boa surpresa veio do metal vampiresco da dupla IC3PEAK.
Em solo brasileiro Acorda, Pedrinho caiu na boca do povo, Bala Desejo ganhou o grande público, Ludmilla mais uma vez provou que nasceu para interpretar pagode, Maria Rita cantou para Xangô, e os calos de Alaíde Costa a fizerem – merecidamente – a cantora nacional mais citada nos rankings. Em meio a isso, o amargo das perdas imperaram no território com os álbuns póstumos de Marilia Mendonça e Elza Soares, o adeus a Erasmo Carlos, e aquela que foi a despedida mais cruel do ano, Gal Costa, a Doce Bárbara, se encantou.
O Melhores Discos de 2022 é dedicado a Gal Costa. Coisas sagradas permanecem!
No meio de 2022, antes de lançar o então recente SOS, Solána Rowe comemorou os 5 anos de Ctrl, seu potente trabalho de estreia. Em meio às festividades, SZA impressionou novamente ao lançar, em 9 de junho, a versão deluxe do CD, provando que mesmo em obras aclamadas ainda há como melhorar. Relembrando um dosmelhores álbuns de 2017, sua nova versão é composta por mais sete faixas até então inéditas, trazendo uma completude ao álbum como se sempre estivessem ali, prolongando a melancólica experiência de R&B que deu tão certo meia década atrás.
Vivemos em um mundo rápido. Inconstante. Frenético. Instável, incerto, veloz, desordenado, apaixonado, desencantado. É sobre esse mesmo mundo que Rex Orange County reflete – de forma impessoal, sem se importar com outras opiniões – em WHO CARES?, seu quarto álbum, lançado em março.
Construído em um período de dez dias, durante uma viagem do cantor à Amsterdam, o projeto de onze músicas nasceu de maneira espontânea em uma rapidez quase inconsciente: não houve tempo para pensar, repensar e refletir muito sobre as sonoridades, musicalidades e letras das canções. Co-produzido com o músico Benny Sings, o disco ainda possui a participação do rapperTyler, The Creator.
Agosto de 2012, Citibank Hall, São Paulo. Luzes apagadas, músicos subindo ao palco, plateia extasiada. Em seguida vem ela, Maria Rita, grávida de 7 meses, usando roupa branca e carregando a missão de eternizar a memória de sua mãe. A caminhada da coxia até o palco é silenciosa. Não há holofotes ou um grande tapete vermelho para a cantora. Peça essencial do espetáculo, a artista interage de maneira íntima com o mecanismo da banda, deixando explícito que a verdadeira estrela da noite é a única e onipotente Elis Regina. A chegada ao microfone é marcada por uma respiração funda, um frio na espinha e os acordes de um potente piano. Nesse momento a sensação é uniforme, podemos sentir um caloroso abraço: mãe e filha se reencontram.
O The X-Factor UK de 2011 foi o fator determinante na caminhada de Harry Styles, Liam Payne,Louis Tomlinson, Niall Horan e Zayn Malik. Se os cinco jovens tinham pretensões de seguir carreira solo no mundo da música, Simon Cowell foi o responsável por não deixar isso acontecer, pelo menos não naquele momento. Assim nasce aOne Direction, que, meses após conquistar o pódio em terceiro lugar, estreou no mercado cultural com Up All Night.
Quase um ano depois,a boyband britânica estava prestes a descobrir se seu sucesso expoente perduraria ou se cairiam no esquecimento no ano seguinte: será que ainda poderia contar com a legião de fãs que os acompanhou desde sua formação? É sob essa pressão que o quinteto lança Take Me Home, seu segundo álbum de estúdio, em 9 de novembro de 2012.
Lançar uma moda não é das tarefas mais fáceis e premeditadas. Ela simplesmente acontece, como uma aurora boreal ou a formação de um tornado. Repetir esse sucesso e criar uma tendência, então? É extremamente mais difícil e inúmeros são os fatores, como originalidade, proposta, apelo e mercado já estabelecido. Na música, podemos colocar os festivais nesse balaio. Encabeçados pelo pai dos megaeventos musicais, Woodstock, passando pelo rural e flamulado Glastonbury, o apocalíptico Burning Man, o descolado Coachella, o psicodélico Tomorrowland e o desastroso Fyre Festival; os festivais hoje são uma realidade na indústria do entretenimento.
Em terras brasileiras, que tinham uma experiência próxima com o Festival de Música da Record – de festival não tinha nada, pois era um concurso -, foi o apoteótico Rock in Rio de 85 que iniciou os trabalhos. Isso, além de dar margem para outras vertentes nacionais surgirem nos anos seguintes, colocou o Brasil no mapa dos eventos. Foi somente em 2013 que o reinado do festival carioca foi ameaçado com a chegada do já estabelecido Lollapalooza, criado em 92. Com um cenário extremamente polarizado, parecia difícil adentrar esse público – o próprio Tomorrowland arriscou algumas edições, sem sucesso. Porém, em novembro de 2022, uma brisa de primavera trouxe novos ares para esse cenário, com a primeira edição do Primavera Sound.
“Não adianta pedir, que eu não vou te chupar escondida no banheiro”. É com este primeiro verso, na faixa (+ Muito) Talento, que Linn da Quebrada abre as cortinas de Pajubá, instituindo desde o princípio o tema central que perdura por todo o projeto: ela não será mais escusa. Rejeitando um posicionamento conciliador e desafiando o conservadorismo, é declarado que, não interessa o incômodo e constrangimento que lhe cause, a sociedade será obrigada a enxergá-la. Lançado em 6 de outubro de 2017, o primeiro álbum de estúdio da artista completa cinco anos em 2022 e, depois de fazer seu nome na Música, reivindicando espaços que corpos trans nunca ocuparam, se ressignifica no próprio tempo.