Mesmo após 15 anos, Breaking Bad tem a combinação química que explode em sucesso

 Foto com fundo em um deserto com céu azul. Ao centro, o personagem Walter White, um homem branco de cabelos castanhos e bigode, veste uma camisa verde, óculos de grau, uma cueca branca, tênis marrom e meia preta. Ele está segurando uma pistola. Do lado esquerdo, um trailer branco saindo fumaça vermelha. Do lado direito, uma máscara de gás preta jogada no chão.
O legado de Heisenberg corrói com ácido fluorídrico a natureza humana (Foto: Sony Pictures Television)

Leticia Stradiotto

Cidade de Albuquerque, Novo México. To’hajiilee, uma reserva indigena em Navajo. Um trailer parado no meio do deserto. Um homem de meia idade vestindo apenas uma cueca branca, uma camisa verde e uma máscara de gás. Assim, há 15 anos, Breaking Bad nos apresentou ao primeiro laboratório de metanfetamina de Walter White, o falido professor de química do Ensino Médio, que acabou de ser diagnosticado com câncer terminal.

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A Baleia é um retrato sobre tudo o que nos faz humanos

Cena do filme The Whale. Na imagem, o personagem do ator Brendan Fraser está dentro de uma casa. Ele está sentado em um sofá, usa uma camiseta cinza e sorri. Ao seu lado direito, há um abajur de luz amarela. A iluminação é baixa e os tons são frios.
Além de indicações no Oscar, The Whale recebeu indicações em premiações como Critics Choice Award, Cannes, Globo de Ouro e SAG Awards (Foto: A24)

Clara Sganzerla 

Moby-Dick, ou The Whale, é um famoso romance publicado em 1851 pelo escritor estadunidense Herman Melville, que conta a famosa saga do capitão Ahab atrás da baleia que arrancou sua perna. A semelhança com A Baleia, um dos filmes mais comentados do Oscar 2023, não é apenas no nome. A nova obra do diretor Darren Aronofsky nos leva em uma triste trajetória de um outro protagonista atrás de algo que vai além da forma física: uma redenção para si mesmo.

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Os Banshees de Inisherin: tão próximos, mas também tão distantes

Cena do filme Os Banshees de Inisherin. No centro esquerdo da imagem, temos o ator Brendan Gleeson, um homem branco de cabelos loiros, vestido de camisa azul escura, colete marrom abotoado e calças pretas. Ele está sentado em cima de uma cadeira de balanço marrom. No centro direito da imagem, temos o ator Colin Farrell, um homem branco de cabelos pretos, vestido de terno preto e camisa levemente rosada, olhando para Gleeson através de uma janela de bordas vermelhas. Ao fundo, temos o cenário de uma parede branca deteriorada. A cena acontece durante o dia.
O filme reúne o diretor Martin McDonagh com os atores Colin Farrell e Brendan Gleeson 15 anos depois de sua primeira parceria em Na Mira do Chefe (Foto: Searchlight Pictures)

Nathan Nunes

O cenário é a ilha remota e fictícia de Inisherin, na Irlanda. O ano é 1923, logo no final da Guerra Civil que devastou o país. O conflito é, em tese, corriqueiro. Pádraic (Colin Farrell, de Batman), a procura do amigo de longa data Colm (Brendan Gleeson, de A Tragédia de Macbeth), acaba o encontrando no bar onde costumam sempre beber juntos. O segundo se distancia, enquanto o primeiro se pergunta o que aconteceu. A resposta é curta e grossa: Colm não quer mais ser amigo de Pádraic por considerá-lo “chato” e querer se dedicar mais à paixão pela Música. 

Esses são Os Banshees de Inisherin que dão nome ao novo longa de Martin McDonagh, de volta ao posto de diretor cinco anos depois de seu prestigiado Três Anúncios para um Crime, que rendeu o Oscar a Frances McDormand (Nomadland) e Sam Rockwell (O Grande Ivan). A disputa pela estatueta dourada marca novamente o trabalho do cineasta irlandês. Dessa vez, através das nove indicações recebidas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para o Oscar 2023, incluindo lembranças para Farrell, Gleeson, Barry Keoghan (Eternos) e Kerry Condon (Better Call Saul) nas categorias de atuação principal e coadjuvante, e para o próprio McDonagh em Melhor Roteiro Original, Direção e, claro, Filme. 

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Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo realmente é o que diz ser

Cena de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Nela, vemos Evelyn, interpretada por Michelle Yeoh. Ela é uma mulher asiática de meia idade e de cabelos pretos. Evelyn veste uma camisa florida e um colete vermelho. A câmera dá um close em seu rosto, onde há um sangramento no nariz e um corte do lado esquerdo de seu rosto, que também sangra. Há um googly eye, um olho típico de bonecos de pelúcia colado em sua testa. Ao fundo e desfocado, há uma repartição pública
Sendo a maior bilheteria do estúdio, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo foi o responsável por fazer a produtora furar a bolha de vez (Foto: A24)

Guilherme Veiga

Quanto vale entrar para a História? Quanto vale não ser esquecido jamais? Indo além, na questão cinematográfica, quanto vale fazer parte da História, seja como idealizador ou como mero telespectador? Não faltam exemplos em que essa visão não foi estimulada, como em Blade Runner (1982), The Rocky Horror Picture Show (1975) ou, até mesmo, The Room (2003) – obras injustiçadas ou que deram a volta em sua própria ruindade, mas, a princípio, foram incompreendidas. Essa poderia ser a sina de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, longa lançado em Março mas que só chegou ao Brasil em Junho. Porém, tivemos a sorte de ver a História sendo (re)escrita no Cinema.

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Há 5 anos, Margot Robbie fez tudo ser sobre ela em Eu, Tonya

Cena do filme Eu, Tonya. Na imagem, a atriz Margot Robbie olha diretamente para o gelo sob os seus pés. Ela é uma mulher branca de olhos e cabelos claros. A câmera capta a protagonista de baixo para cima, com apenas os seus ombros e face aparecendo. Robbie veste um figurino de patinação no gelo preto com listras e outros detalhes em dourado. Ao fundo, o cenário é o teto de um rinque de patinação escuro.
No ano de 2022, o longa I, Tonya celebra o seu quinto aniversário (Foto: Neon)

Nathalia Tetzner

Em 1991, Tonya Harding entrou para a história da patinação no gelo ao se tornar a primeira mulher estadunidense a cravar o salto triple axel em competição. Porém, o brilho dos troféus e o estouro dos confetes logo foram apagados e silenciados. No imaginário popular, ela não está marcada pelo momento de maior glória de sua carreira, mas pelo ato hediondo cometido contra a sua principal rival dentro do rinque, Nancy Kerrigan. Há 5 anos, o diretor Craig Gillespie enxergou em Harding uma jornada de anti-herói digna de filme e, em Margot Robbie, a atriz perfeita para eternizá-la. Assim, (re)nasceu Eu, Tonya

Afiada como as lâminas dos seus patins, Tonya Harding sempre foi tida como o Patinho Feio do universo de movimentos graciosos. A sua força e músculos somente deixaram de ser um problema quando a congelaram no ar durante três rotações e meia, pela primeira vez derretendo os corações dos jurados e de sua nação, ambos extremamente contaminados pelo tradicionalismo. De certa forma, a responsável por interpretá-la mostrou ter o mesmo olhar cortante; Robbie nunca tentou quebrar a perna de outra atriz para além do desejo de boa sorte, mas em cena, carregou consigo um bastão invisível que fez tudo ser sobre ela.

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Sob um olhar sublime, Steven Spielberg refaz o amor perfeito

Cena do filme Amor, Sublime Amor. A cena mostra um close-up dos rostos de Mike Faist e David Alvarez, e no meio deles está o ator Ansel Elgort.
No filme de Steven Spielberg indicado a 7 Oscars, a vida tenta ser mais importante que o amor (Foto: 20th Century Studios)

Vitor Evangelista

Algo está vindo, algo bom… Para o cineasta que já realizou de tudo (dos tubarões assassinos aos soldados resgatados e os cavalos de guerra), o desafio de recriar seu musical favorito foi ideal para Steven Spielberg modelar, com as mãos e o coração, uma história clássica. A reimaginação de Romeu e Julieta, que foi batizada de West Side Story em referência ao cenário nova-iorquino e periférico da obra, surgiu em 1957 nos palcos do teatro. Quatro anos depois, Jerome Robbins e Robert Wise fizeram da peça um filme.

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Quem são as mães das filhas perdidas?

Cena do filme A Filha Perdida. Nela, a atriz Jessie Buckley, que interpreta Leda, está abraçando duas meninas, em que não é possível ver seus rostos. Jessie é uma mulher branca, de cabelos castanhos claros.
Após levar o Leão de Ouro de Melhor Roteiro em Veneza, A Filha Perdida garantiu 3 indicações no Oscar 2022 (Foto: Netflix)

Vitória Silva

Dos tipos de representações que temos em relação à maternidade no Cinema e na TV, podemos citar vários. A mãe superprotetora, a mandona, a descolada, e, é claro, a clássica mãe que abdica de todas as suas vivências pessoais pelas conquistas dos filhos, ou até mesmo para encontrá-los no mundo. Pense em quantas personagens mães você conhece, e quantas delas não estão associadas diretamente ao papel materno que as nutre. E, quando o renegam, na maior parte das vezes são movidas por uma maldade sobrenatural ou pela construção de um aspecto vilanesco de sua personalidade. Afinal, que tipo de mãe não amaria seus filhos incondicionalmente?

Transpondo para a realidade, a retórica continua a mesma. Em A Filha Perdida, a misteriosa Elena Ferrante mergulha por inteiro neste que é apenas um dos papéis da feminilidade presentes em sua Literatura. E Maggie Gyllenhaal decide abraçar a mesma narrativa para construir o que seria a sua primeira obra na direção. A trama do filme homônimo segue Leda, interpretada pela magnífica Olivia Colman, que decide passar um período em uma ilha paradisíaca da Grécia, após deixar suas duas filhas, Bianca e Martha, com o ex-marido no Canadá.

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2 de 20 não é o bastante

O Oscar 2022 marca a primeira edição em que duas pessoas queer concorrem nas categorias de atuação

Montagem retangular de fundo preto. À esquerda está kristen stewart, uma mulher branca, de cabelos ondulados, loiros e na altura dos ombros. Ela veste um cropped e uma saia, ambos pretos e de látex. Atrás foi feita a silhueta da imagem com uma textura dourada. Ao centro está a imagem da animação de uma jovem. Ela é branca, tem cabelos curtos e castanhos, usa óculos, blusa branca e moletom laranja. Atrás foi feita a silhueta da imagem com uma textura dourada. À direita está uma mulher negra. Seus cabelos são curtos e pretos. Ela está sorrindo e suas mãos estão na altura da cintura. Ela veste um vestido brilhante e cinza. Atrás foi feita a silhueta da imagem com uma textura dourada.
Além das duas atrizes queer indicadas esse ano, filmes como Ataque dos Cães, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas e Spencer trazem subtextos ao tema (Arte: Nathália Mendes)

Vitória Lopes Gomez

Pela primeira vez em 94 edições de Oscar, duas pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+ disputam em categorias de atuação no mesmo ano. Kristen Stewart, indicada a Melhor Atriz por Spencer, e Ariana DeBose, em Atriz Coadjuvante por Amor, Sublime Amor, ambas assumidamente queer, fazem da nonagésima quarta temporada do evento histórica. Somando ao avanço, o maior mencionado da premiação, Ataque dos Cães, e o documentário Flee, que também fez história esse ano, tratam de temas ligados à homoafetividade. Tudo isso em 2022, antes tarde do que ainda mais tarde para uma Academia de Artes e Ciências Cinematográficas atrasada em reconhecer a diversidade.

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Belfast: vá agora e não olhe para trás

Cena do filme Belfast. Na cena, em preto e branco, da esquerda para a direita, vemos a personagem de Judi Dench, Buddy e o personagem de Ciarán Hinds sentados em um sofá, em uma sala de estar de uma casa. Judi Dench é uma mulher branca de cerca de 80 anos, com cabelos curtos e lisos, usando óculos de grau, um casaco escuro e um vestido claro, sentada na ponta esquerda do sofá e segurando um jornal aberto. Sentado no meio do sofá, vemos Buddy, um menino de cabelos claros, aparentando cerca de 9 anos, vestindo um suéter e um casaco escuro. Ele tem seus pés esticados sob uma mesa, à frente dele. Na ponta direita do sofá, vemos o personagem de Ciarán Hinds, um homem branco, de cerca de 70 anos, vestindo um casaco, suéter e calça escuros. Ele encara Buddy e tem um jornal aberto sob suas pernas.
Vencedor do importante Prêmio do Público no Festival de Toronto, Belfast chega como um forte concorrente no Oscar 2022 (Foto: Universal Pictures)

Vitória Lopes Gomez

Belfast ainda estará aqui quando você voltar”. Dito e feito: o bom filho à casa torna e o ator, diretor, roteirista e produtor Kenneth Branagh usou seu espaço na Sétima Arte para reviver a infância na sua familiar vizinhança. Irlandês, o cineasta se mudou para a Inglaterra aos nove anos de idade, em um período em que seu país e cidade natal enfrentavam os conflitos entre católicos e protestantes. Branagh, um dos principais entusiastas shakespearianos da indústria cinematográfica, entre outras diversas produções no currículo, se voltou, agora, à sua própria história. Com um molde autobiográfico, Belfast relembra os dias de seu idealizador na cidade, mesmo que a nostalgia não seja tão simples.

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King Richard: o manual para criar campeãs

Cena do filme King Richard: Criando Campeãs, na imagem estão Jon Bernthal (Rick Macci), Will Smith (Richard), Saniyya Sidney (Venus) e Demi Singleton (Serena). Rick tem a pele branca, seus cabelos são curtos e lisos e de tons castanho escuro, veste uma bermuda branca curta, camisa polo azul escura com detalhes brancos e vermelhos e segura uma raquete. Richard é negro, tem barba grisalha, seus cabelos são curtos, crespos e grisalhos, veste camisa polo rosa, bermuda vermelha, meias brancas longas e tênis esportivo. Venus é negra, seus cabelos são pretos, médios, crespos e enrolados em pequenos twistys, veste uma camisa branca, short com listras vermelhas e brancas. Serena é negra, seus cabelos são pretos, curtos e tranças nagô, veste uma camisa branca, short com listras amarelas e brancas. Eles estão em uma quadra de tênis.
King Richard: Criando Campeãs disputa 6 categorias do Oscar 2022 (Foto: Warner Bros. Pictures)

Nathalia Tetzner e Thuani Barbosa

“Se você fracassar em planejar, planeje-se para o fracasso”. Richard Williams começou o planejamento do sucesso para suas filhas dois anos antes delas nascerem, e se fosse necessário resumi-lo em uma palavra, seria “determinação”. King Richard: Criando Campeãs foi produzido pela Warner Bros. Pictures, e chegou às salas de cinema e ao HBO Max no final de 2021. O filme biográfico sobre o pai de Venus e Serena Williams, grandes sucessos do tênis, proporciona ao público a chance de entender como uma família do subúrbio de Compton conseguiu produzir duas das maiores jogadoras de um esporte ainda tão elitista. De olho no Oscar 2022, a obra garantiu indicações nas principais categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator.

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