the record: uma é pouco, duas é bom, três é boygenius

Capa do disco the record. Na imagem, três mãos de mulheres brancas distintas estão erguidas ao céu. O fundo é um plano azulado.
boygenius é o grupo que queríamos e precisávamos (Foto: Interscope)

Guilherme Veiga

O três, seja na numerologia ou não, é cheio de significados. A representação da trindade paira desde a Igreja Católica até mesmo à triforce de Zelda e carrega com si uma enorme carga, explicada ou não. Ele também simboliza um novo caminho, em que, na melhor de três, a inserção de um terceiro elemento ultrapassa a tirania do um e traz um novo horizonte para o impasse do dois. Da mesma forma em que juntamente significa o fechamento, quando é nesse conjunto ímpar que a maioria dos arcos, seja na literatura ou no audiovisual, se arranja em trilogias.

Na Música, porém, é difícil algo que fuja da unidade. Você deve estar pensando agora em milhares de bandas ou groups, estes últimos impulsionados pelo K-pop. Sim, eles existem, mas é de se analisar que, no caso das bandas, elas são personificadas muitas vezes em seu frontman e, com os boy ou girl groups, a persona criada para seus integrantes é tão forte que, às vezes, ultrapassa a própria organização da qual fazem parte. No entanto, é mais uma vez no três que as coisas funcionam de modo diferente. 

É dessa arrumação que surgiu o termo power trio, popularizado na década de 1960 e que difundiu a formação guitarra, baixo e bateria. Na lógica de que três cabeças pensam melhor do que uma, surgiram grandes nomes desde Nirvana à Tribalistas e, nesse sentido, o trio composto por Phoebe Bridgers, Julien Baker e Lucy Dacus já mostrou a que veio em seu primeiro disco, the record.

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Sobre a Terra Somos Belos por Um Instante: Ocean Vuong e a escrita como coragem de quem não tem escolha

A estreia de Ocean Vuong na prosa, após a aclamada reunião de poemas Céu noturno crivado de balas, é um complexo testemunho autobiográfico escolhido pelo Clube do Livro do Persona (Foto: Rocco/Arte: Francisco Tigre)

Mariana Freire de Moraes

Estou escrevendo para você de dentro de um corpo que era teu. O que é o mesmo que dizer: estou escrevendo como um filho.

Nas primeiras páginas de Sobre a terra somos belos por um instante, o autor Ocean Vuong constrói sua posição durante toda a narrativa na tentativa de se refazer, se ver e perdoar por meio da alteridade de uma comunicação ao mesmo tempo concreta e hipotética. Através do resgate analítico da memória e da apresentação do ambiente, Vuong, chamado de Cachorrinho pela avó, escreve cartas para sua mãe, analfabeta funcional, revisitando episódios da infância no Vietnã e de sua adolescência nos Estados Unidos.

Colonialismo, maternidade, identidade, sexualidade, violência e luto são os pilares do livro, cujos episódios de trauma rememorados traçam um caminho linear para o entendimento da história de três gerações da família do escritor, e as complexidades recalcadas de pessoas estruturadas em meio à guerra, ao preconceito, ao refúgio e à vulnerabilidade. 

Começando pelas memórias quando criança em um Vietnã desestabilizado pela guerra, Cachorrinho – a maneira que Vuong também se retrata em sua escrita – inicia o romance relembrando das primeiras vezes em que sua mãe foi violenta com ele. No acesso à infância, o escritor lembra alguns momentos em que ensina a matriarca a escrever, reproduzindo o que aprendeu naquele dia no jardim de infância. Esse é o momento em que a vulnerabilidade de quem o cria é escancarada para ele e que percebe que possui o que ela precisa para resolver esse problema. De uma forma sutil e perturbadora, esse episódio demonstra a maneira que o autor consegue colocar os dois se olhando do mesmo lugar. 

Você é uma mãe, Mãe. Você também é um monstro. Mas eu também sou – e é por isso que eu não posso me afastar de você. E é por isso que eu peguei a mais solitária criação de deus e te coloquei dentro dela.

Na foto, duas mulheres e uma criança estão sentadas em um banco de madeira. As mulheres ficam nos cantos, enquanto o bebê no meio. Estão dentro de uma casa, ao fundo, aparece o vulto de outra mulher, do lado de fora do cômodo. Atrás, percebe-se uma janela, uma porta e roupas penduradas. No primeiro plano, uma mulher, ao canto esquerdo, está sentada ao lado de uma criança pequena. Sua pele é amarela, seus cabelos pretos estão presos. Ela veste um macacão branco, com estampa de flores azuis. Está descalça e sorri fixadamente à câmera. Assim como a criança ao seu lado, que também tem cabelos e olhos pretos. Veste uma camiseta branca com uma gola laranja e estampada com desenhos, que está enfiada dentro de um shorts roxo claro. Ao lado da criança, à direita, uma outra mulher, de cabelo curto e preto, na altura do pescoço e com uma franja cortada, também sorri à foto. Ela usa uma blusa rosa clara e uma calça branca. Está de pernas cruzadas.
A foto que ilustra a edição estadunidense de Céu noturno crivado de balas retrata o autor com dois anos, ao lado de sua mãe e sua tia no campo de refugiados nas Filipinas (Foto: Ocean Vuong)

Passando pela situação de refugiado quando criança, em um paralelo sensível com o nascimento e morte de sua avó – entre o Vietnã e Estado Unidos –, a narrativa se torna mais política e identitária. A partir do momento que Cachorrinho conta a história das mulheres que o criaram, frutos de um estupro de guerra, nada segue sem que pautas sociais sejam colocadas de forma explícita, no entanto, nunca deixando com que a poética fique em segundo plano. Assim, Vuong cria uma atmosfera sólida de questionamento, ao mesmo tempo que deixa claro as complexidades subjetivas geradas a partir desses contextos, e quão decisivas são essas condições para que ele seja ele mesmo, a mãe seja a mãe e o país seja o país. 

Chegando aos Estados Unidos, na casa de seu pai com quem nunca conviveu, o escritor tem um espaço para descobrir e explorar sua sexualidade (atualmente se identifica como uma pessoa queer). No livro, Vuong relata suas primeiras experiências com um homem pobre como ele, porém branco: Trevor, a única pessoa com quem ele realmente desenvolve uma relação além de sua mãe e avó. De uma forma totalmente analítica, o escritor apresenta todas as fases dessa relação, passando pelo estranhamento, o escatológico, as drogas, o entendimento, a identidade, o amor e a morte. Cachorrinho pôde conhecer a vulnerabilidade e a violência do amor e de uma relação que requer um entendimento político, social, subjetivo e identitário que não foi apresentado a nenhum dos dois, tornando tudo mais difícil e mais intenso na mesma medida.

 Sob o fundo de um arbusto flores vermelhas, o autor, criança, é segurado no colo por sua mãe, que tem seu cabelo cacheado cortado curto e usa uma camisa manga longa vermelha, com uma estampa preta na frente. A criança usa uma camiseta polo branca com listras azuis claras e escuras, e uma parte de baixo azulada. Segura um coelho de pelúcia branco, com detalhes lilases.
Quando sua mãe faleceu de complicações de um câncer de mama, Vuong demonstrou seu luto nas redes sociais: ‘‘(…) você me ensinou que nossa dor não é nosso destino – mas nossa razão.’’ (Foto: Ocean Vuong)

O resgate da memória nas passagens da infância no meio da narrativa linear da história do Cachorrinho é o traço mais analítico de Sobre a Terra Somos Belos por um Instante. Ocean Vuong usa a escrita como ferramenta de articulação e busca, narrando sempre em primeira pessoa e, diretamente com a sua mãe, faz com que o objetivo de suas cartas nunca seja esquecido: dizer que se é. As coisas mais duras são lembradas de um jeito poético e grotesco, e quase sempre seguidas de uma imagem que bate de frente com a beleza apresentada de forma visual pela escrita. 

“Uma vez você me perguntou o que é ser um escritor. Então vamos lá. Sete dos meus amigos estão mortos. Quatro de overdose.”

Cachorrinho tem acesso ao significado social de sua existência a partir do momento em que começa a reunir os episódios traumáticos de sua vida e colocá-los em uma posição de questionamento: ser um homem vietnamita refugiado, queer, adicto e pobre nos Estados Unidos significa algo. Além disso,as pessoas em volta dele fazem parte desse significado e a escrita tem o papel de síntese de sua própria vida. É como se, caso não fosse um escritor, Vuong jamais poderia contar quem é a ninguém, nem mesmo a sua mãe.

A busca pela identidade nunca acaba, mas toma um outro caráter. Depois que Cachorrinho entende sua existência, quem sua mãe e sua avó foram, e quem seu novo país abriga, o fluxo se torna outro e assume uma calma assustada de quem sabe que seu lugar está predefinido. Então, a subjetividade assume, mais que nunca, o papel de resgate do que nunca foi dado e uma possibilidade de se reconhecer no mundo. A escrita é o que salva: é o que salvou Cachorrinho de sua relação com sua mãe, que termina o livro rindo enquanto se lembra. 

“Porque o pôr do sol, assim como a sobrevivência, existe apenas à beira de seu desaparecimento. Para ser belo, você primeiro precisa ser visto, mas ser visto sempre permite que você seja caçado.”

Heartstopper, meu coração é que para por você!

Cena da série Heartstopper. Na imagem estão Nick Nelson e Charlie Spring. Nick é um homem branco de cabelos lisos e loiros, ele veste uma calça de moletom cinza, uma camiseta azul e um casaco marrom. Charlie é um homem birracial de cabelos ondulados e pretos, ele veste uma calça preta, camiseta azul, casaco preto e uma touca marrom. Os dois estão deitados na neve. A cachorra Nelie está entre os dois, ela tem pelagem marrom e branca. Bolas de neve ilustradas aparecem nas bordas da imagem.
Com um quê de conto de fadas, Heartstopper foi lançada pela Netflix em Agosto de 2022 (Foto: Netflix)

Jamily Rigonatto

Uma caneta estoura manchando as mãos de um garoto, o tom de azul cintila e deixa no ar aquela típica reação envergonhada acompanhada de um sorrisinho de canto. É essa a cena que dá o tom de toda a narrativa carregada por Heartstopper: coisas sobre as quais não se tem controle e deixam marcas difíceis de tirar. O garoto é Nick Nelson, interesse romântico de Charlie Spring, e os dois formam o tipo de casal que nunca daria certo. Um jogador de rugby popular e um jovem doce e sensível? Impossível. Mas na 1ª temporada da série lançada em 2022 pela Netflix, o inesperado é dono de um protagonismo apaixonante. 

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A celebração do passado e do presente de Beyoncé em Renaissance

Na imagem, vemos Beyoncé, uma mulher negra, adulta, ao centro, vestindo uma roupa prateada com brilhantes, um chapéu branco e sapatos de salto. Ela está com a postura ereta e observa a câmera que a fotografa. Seu rosto possui uma maquiagem na qual o destaque está para seus lábios, com um batom escuro. Ela está sentada sobre um cavalo prateado que reluz e, ao fundo, tem um grande quadro.
Em seu sétimo álbum, Beyoncé confirma a superstição popular: sete é realmente o número da perfeição (Foto: Carlijn Jacobs)

Aryadne Xavier

Que Beyoncé se consolidou como uma das mais importantes figuras do cenário pop nas últimas duas décadas, todo mundo já sabe. Citar o nome da cantora é a porta de entrada para conversas sobre singles que marcaram épocas e provaram como a Música pode ir além de qualquer fronteira física, se espalhando pelo globo. Seu trabalho artístico, que começou com o grupo Destiny’s Child e progrediu para uma carreira solo no início dos anos 2000, evoluiu a cada novo lançamento, criando a expectativa da mídia e dos fãs ao redor de todo novo passo da vocalista. Em Renaissance, Beyoncé alcança o seu próprio renascimento, provando como uma artista que vivenciou todas as mudanças da indústria fonográfica nos últimos 30 anos consegue se manter relevante, atual e soar ainda mais potente em suas criações.

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A estratégia do charme merece tanto amor quanto seus protagonistas

A estratégia do charme foi publicado em 2022 no Brasil e é um dos livros recebidos pelo Persona na parceria com a Companhia das Letras (Foto: Paralela/Companhia das Letras/Arte: Ana Clara Abbate)

Jamily Rigonatto 

Eu não acho que felizes para sempre é uma coisa que acontece com a gente, Dev, acho que é uma coisa que a gente escolhe fazer acontecer.

Príncipes e princesas são protagonistas quando o assunto são amores perfeitos. Por baixo das coroas, os relacionamentos são fixados em sorrisos brilhantes e atitudes cavalheirescas. Isso é tudo o que Dev Deshpande vê aos 10 anos de idade ao assistir Para Todo o Sempre na televisão da sala e se imaginar fazendo parte daquele universo mágico. O reality show tem uma proposta simples: colocar várias mulheres para conquistar um príncipe e a mais sortuda ganha o casamento dos sonhos. Em A estratégia do charme – livro publicado sob o selo Paralela pela Companhia das Letras – os encantados perdem a pose e a verdadeira trama prova que imperial é ser de verdade. 

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A beleza de Vinco está na incerteza de si

Livro recebido através da parceria do Persona com a Companhia das Letras, Vinco é o primeiro romance da autora a ser publicado pela editora (Foto: Companhia das Letras)

Enzo Caramori

‘‘(…) para lugar algum meu filho, tu podes

ir e ainda que se mova o trem

tu não te moves de ti.’’

    – Hilda Hilst

O celebrado livro Orlando, de Virginia Woolf, que de tudo tem um pouco — biografia, romance histórico e carta de amor — afirma-se na Literatura enquanto um marco zero. Mesmo às lentes críticas do filósofo Paul B. Preciado, que, ao ler os diários de Woolf, destaca o caráter classicista da escritora, reside um deslumbramento acerca do afeto em suas palavras à transitoriedade materializada no corpo do texto. A história de personagens em estado de trânsito, seja entre diferentes espaços ou no limiar de construções como nacionalidade e gênero, são temas costurados à escritura de si. Para narrativas como as de Orlando, Muriel — alter-ego da cartunista Laerte que enquadra sua transição social — e Manu, protagonista de Vinco (2022), o terceiro romance da escritora gaúcha Manoela Sawitzki, Preciado possui um questionamento chave: ‘‘O que acontece com o relato de uma vida quando é possível modificar o sexo do personagem principal?’

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Há 5 anos, Linn da Quebrada cristalizou o Pajubá

Capa do CD Pajubá, de Linn da Quebrada. Imagem quadrada e colorida. Em foco, está uma travesti negra, usando um vestido branco florido e chinelos brancos nos pés. A câmera a capta somente do pescoço para baixo, de forma que seu rosto não esteja à mostra. Ela se apoia em uma mesa branca, enquanto passa uma peruca de cabelos escuros e lisos com um ferro de passar. O cenário é uma casa humilde, com chão e portas de madeira.
Aniversariante do mês de outubro, Pajubá é o primeiro álbum de estúdio da cantora, rapper, atriz e agitadora cultural Linn da Quebrada (Foto: Linn da Quebrada)

Enrico Souto

Não adianta pedir, que eu não vou te chupar escondida no banheiro”. É com este primeiro verso, na faixa (+ Muito) Talento, que Linn da Quebrada abre as cortinas de Pajubá, instituindo desde o princípio o tema central que perdura por todo o projeto: ela não será mais escusa. Rejeitando um posicionamento conciliador e desafiando o conservadorismo, é declarado que, não interessa o incômodo e constrangimento que lhe cause, a sociedade será obrigada a enxergá-la. Lançado em 6 de outubro de 2017, o primeiro álbum de estúdio da artista completa cinco anos em 2022 e, depois de fazer seu nome na Música, reivindicando espaços que corpos trans nunca ocuparam, se ressignifica no próprio tempo.

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Joyland aponta a esperança, mas não consegue alcançá-la

Cena do filme Joyland, mostra uma mulher e um homem em frente a um pôster de papelão com o desenho de outra mulher. Eles estão usando roupas claras e dobram um tecido branco. O papelão mostra uma mulher de vermelho, com as mãos na cintura e olhando para frente.
Escolha do Paquistão para a disputa do Oscar 2023, Joyland integra a Competição Novos Diretores da 46ª Mostra de SP (Foto: Khoosat Films)

Vitor Evangelista

Sozinhos em um quarto escuro da noite paquistanesa e iluminados apenas pela luz neon em formato de flores e borboletas que beijam seus corpos, Haider (Ali Junejo) e Biba (Alina Khan) não conseguem encostar um no outro. A tensão que os envolve é forte demais para isso. Mas, quando o homem toma coragem e estica o braço a fim de pegar um copo d’água da mulher, uma faísca atravessa o ambiente, quebrando o vidro e, junto dos cacos, a barreira que existe entre ambos.

Essa é apenas uma pequena porção do que serve Joyland, filme presente na Competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e representante do Paquistão no Oscar 2023. Primeira produção do país a integrar a seleção de Cannes, ele foi além das expectativas e venceu dois prêmios em terras francesas: o Grande Prêmio do Júri da seção Um Certo Olhar e a Palma Queer, destinada a obras que articulam temas e personagens LGBQIA+ com maestria. 

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O deserto coletivo assola Paloma

Cena do filme Paloma, mostra a protagonista, uma mulher negra, sorrindo com um véu branco na cabeça.
Entre grandes títulos nacionais, Paloma faz parte da rica seleção da 46ª Mostra de São Paulo, na seção Mostra Brasil (Foto: Pandora Filmes)

Vitor Evangelista

Paloma trabalha colhendo mamões em uma plantação, faz bico de cabeleireira, namora com Zé e, junto dele, cria a pequena Jenifer no interior do Pernambuco. Ela é espirituosa, bondosa e amada por todos da cidadezinha, e no fundo, tem um desejo próximo ao coração: se casar na igreja, vestida de noiva, com buquê e chuva de arroz. Mas, quando enfim toma coragem e chega ao padre com o singelo pedido, ouve um sonoro ‘não’. Por ser uma mulher trans, o sonho de Paloma não pode ser concretizado. 

Na trama, presente na seção Mostra Brasil da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e inspirada por acontecimentos reais, quem interpreta Paloma é a grandiosa Kika Sena. Arte-educadora, diretora teatral, poeta e performer, graduada em Licenciatura em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília (UnB) e mestranda em Teoria em Prática das Artes Cênicas pela Universidade Federal do Acre, Sena é pesquisadora nas áreas de gênero, sexualidade, raça e classe, e autora dos livros Marítima (2016) e Periférica (2017) e da zine Subterrânea (2019).

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Arregace a manga e tome essa fabulosa vacina, porque Queer Eye é muito mais eficaz do que cloroquina

Imagem da série Queer Eye. Nela, 5 pessoas estão paradas a frente de uma placa em que está escrito o nome do estabelecimento El Arroyo ao lado do mapa do estado do Texas em letras vermelhas e fundo branco. Mais abaixo, está escrito em letras pretas "Queer Eye, a coisa mais fabulosa no Texas desde Chaps", também em fundo branco. Três homens estão fazendo pose do lado direito da placa, um deles está mais perto da placa, ele é um homem preto que usa boné azul e camisa jeans. Ao seu lado, um homem branco de camisa xadrez e colete marrom de franjas faz pose, e, agachado embaixo deles, um homem branco de jeans e casaco listrado colorido também posa. Do lado esquerdo da placa um homem indiano está de braços cruzados, encostando na placa. Ele veste camisa com estrelas vermelhas. Sentado no ferro inferior da placa, uma pessoa não binária branca está sorrindo com o rosto encostado nos braços, a pessoa veste saia preta e camisa azul.
Lá vem os Cinco Fabulosos novamente: Queer Eye arrebata o prêmio de Melhor Reality Estruturado no Emmy 2022 e comemora a quinta vez consecutiva ganhando na categoria (Foto: Netflix)

Nathália Mendes

Lá pela 3ª temporada, Queer Eye já fazia mais do mesmo: replicava sua receita de sucesso, espalhando o valor do autocuidado com alegria e empatia. Mas se em time que está ganhando não se mexe (sim, o contexto merece uma piada do meio futebolístico heteronormativo), uma pandemia de coronavírus desafiou o reality da Netflix a fazer ainda mais pelo amor próprio dos outros. E foi assim, abraçando a fragilidade de seus participantes recém vacinados, que Antoni Porowski, Bobby Berk, Karamo Brown, Jonathan Van Ness e Tan France entregaram uma 6ª temporada para se engasgar de tanto chorar.

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