Estante do Persona – Maio de 2023

 

Nas profundezas de um intimismo visceral, Sobre a terra somos belos por um instante foi a leitura do Clube do Livro de Maio (Foto: Rocco/ Arte: / Texto de abertura: Jamily Rigonatto)

Depois de apreciar a vida da gente fina Rita Lee, em Rita Lee: uma autobiografia, o Clube do Livro do Persona alçou voo para trajetos marcados por cicatrizes profundas. Em Maio de 2023, nossos leitores tiveram a oportunidade de conhecer os relatos melancólicos do primeiro Romance do poeta Ocean Vuong, Sobre a terra somos belos por um instante

Carregando uma carga emocional de proporções ímpares, o texto chegou ao Brasil em 2021 pela editora Rocco, e conta com tradução de Rogério Galindo. Na trama, narrada melodicamente pelo protagonista Cachorrinho, somos apresentados a uma história sobre lembranças familiares, amores silenciados e revelações angustiadas que por muito tempo estiveram em cativeiro. 

O livro apresenta uma linguagem bastante singular e caminha por um espaço fluido entre a convencionalidade dos romances e a indefinição literária. Através de termos rítmicos e bastante poetizados, a sensação é de fazer parte de um espaço tão consciente quanto imprevisto. As 224 páginas não podem se classificar diretamente como poesia, mas absolutamente repousam sobre os limites de uma vulnerabilidade encantadora. 

A obra ainda reflete espectros sociais, econômicos e raciais, já que trata sobre os laços familiares de imigrantes vietnamitas vivendo nos Estados Unidos. Os tons das discussões relacionadas a papéis de gênero e sexualidade também ganham grandes doses de protagonismo, lembrando que a sinceridade de ser e sentir é bela por muito mais que um instante. 

E enquanto o tempo continua seu trabalho marcando as vidas no eterno mistério dos momentos, as palavras continuam compondo a emoção daqueles que as apreciam. Por isso, o Estante do Persona de Maio de 2023 segue com suas dicas e opiniões sobre os mais variados temas abordados pela Literatura

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Há 20 anos, Spike Lee e Edward Norton contavam A Última Noite de um homem em Nova York

Monty quase foi interpretado por Tobey Maguire, que, apesar de ter recusado o papel para estrelar Homem-Aranha, acabou sendo um dos produtores do longa (Foto: Touchstone Pictures/The Walt Disney Company)

Nathan Nunes

Nos vinte anos que separam os dias atuais da estreia de A Última Noite (25th Hour) nos cinemas brasileiros, em 23 de Maio de 2003, talvez nenhuma cena tenha marcado tanto quanto o monólogo que Edward Norton (Glass Onion) recita em frente ao espelho de um banheiro, no qual reflete sobre como odeia tudo e todos em sua cidade. Esse momento não estava presente no roteiro inicial de David Benioff, mas sim em seu livro homônimo, objeto da adaptação. O diretor Spike Lee (Infiltrado na Klan) encorajou o futuro showrunner de Game of Thrones a colocá-lo de volta nos planos, além de tê-lo filmado a contragosto da Disney, que o queria fora do corte final. 

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Estante do Persona – Março de 2023

Imergindo na subjetividade, o Clube do Livro de Março conheceu a franqueza de Aurora Venturini em As Primas (Foto: Fósforo/Arte: Aryadne Xavier/Texto de Abertura: Jamily Rigonatto)

“Mas tudo passa neste mundo imundo. Por isso não faz sentido se afligir demais por nada nem ninguém. Às vezes penso que somos um sonho ou um pesadelo realizado dia após dia que a qualquer momento não será mais, que não aparecerá mais no telão da alma para nos atormentar.”

– Aurora Venturini

Aprofundando os laços familiares, o Clube do Livro do Persona escolheu os ares argentinos para guiar os ventos no terceiro mês do ano. Sob as linhas de uma protagonista de personalidade forte, as páginas de As Primas, de Aurora Venturini, encaminharam uma leitura curiosa e repulsivamente divertida. Definida como uma espécie de autobiografia, a obra é narrada por Yuna, uma mulher com deficiência vivendo rodeada de um contexto trágico em que a violência e a vulnerabilidade social abraçam mulheres e seus laços sanguíneos. 

Com características únicas, o livro não performa o mais politicamente correto dos textos. Sob os pensamentos, julgamentos e o nojo voraz carregados pela personagem principal, somos afundados em uma narrativa sem filtros na qual o incomum ganha forma em linhas curvas e manchas de tinta. O movimento atípico se reflete na construção de uma escrita que considera a pontuação secundária e dá holofotes à sinceridade liberta. 

Em 160 páginas, Yuna detalha as figuras de sua família e os eventos assombrados que a perseguem enquanto registra tudo em cor e sombra através de suas pinturas. Sob as pinceladas, aborto, prostituição, morte e abuso ganham retratações ácidas. Entre a mãe, a irmã Betina, a tia Nenê e as primas Carina e Petra, o grotesco e o desatino remontam um viés peculiar da vivência de vítimas da opressão oferecida pelo destino. 

O romance é o primeiro e único das mais de 40 publicações de Aurora e marca sua estreia no universo literário da América Latina. Em um deslumbramento brutal, o escrito consagrou a literata aos 85 anos com o prêmio Nueva Novela em 2007. No Brasil, a obra ganhou a primeira versão em setembro de 2022 pela Editora Fósforo e foi traduzida por Mariana Sanchez. 

Em tons insólitos, As Primas causou um rebuliço comicamente miserável. Para não perder o costume, os membros da nossa editoria não falham em dar opções aos que querem adentrar relações similarmente complicadas, mas também contemplam os interessados em conhecer outras das infinitas possibilidades oferecidas pela Literatura. Por isso, o Estante do Persona de Março deixa suas primorosas indicações para estampar o cinza outonal.

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70 anos depois de Ikiru, a importância de viver continua a mesma em Living

Por Living, Bill Nighy recebeu a primeira indicação ao Oscar de sua carreira, ativa há mais de 40 anos (Foto: Number 9 Films)

Nathan Nunes

Em 1952, o cultuado cineasta japonês Akira Kurosawa (Ran) lançou ao mundo Ikiru. 70 anos depois, o pouco conhecido diretor sul-africano Oliver Hermanus (O Rio Sem Fim) se reuniu ao vencedor do prêmio Nobel de Literatura Kazuo Ishiguro, autor de best-sellers como Vestígios do Dia e Não Me Abandone Jamais, para prestar tributo ao longa original através de um remake chamado Living. O resultado dessa empreitada é sentido nas expressivas indicações do filme ao Oscar 2023 de Melhor Roteiro Adaptado para o escritor e Melhor Ator para Bill Nighy (Simplesmente Amor, Piratas do Caribe) no papel principal. 

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Os Melhores Filmes de 2022

Entre as múltiplas facetas de Jobu Topaki, a estrela Pearl e a singularidade da conchinha Marcel, 84 filmes apareceram no ranking de Melhores do Ano do Persona (Arte: Nathália Mendes/Texto de abertura: Vitória Gomez)

A trajetória de retomada dos eventos presenciais consolidou-se em 2022. Na recuperação do pós-pandemia da covid-19 – que não nos deixou, mas, em um alívio, permitiu o relaxamento de algumas medidas de proteção -, o Cinema viu seus ávidos fãs retornarem às salas de forma irrestrita. Desde o Oscar até a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, os eventos da indústria cinematográfica internacional e brasileira também abraçaram a possibilidade da realização totalmente presencial, e deram alento àqueles que encontram conforto na pipoca quentinha e nas subidas rumo às poltronas aveludadas. 

Apenas no primeiro semestre do ano passado, o número de pessoas que compareceu aos cinemas presencialmente foi maior do que o contabilizado em 2021 inteiro, segundo levantamento da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Apesar do retorno seguir lento e gradual, com expectativa de voltar a níveis normais e continuar a crescer em 2023, o restabelecimento do hábito também se refletiu no Melhores Filmes de 2022. Das 84 produções citadas no tradicional ranking anual do Persona, que reúne membros da Editoria e colaboradores, 42 estrearam ou passaram pelos circuitos brasileiros. Após um ano em que os streamings dominaram os grandes lançamentos, o cenário volta a se reequilibrar.

A união das redes de cinema às plataformas, porém, garantiu a diversidade da programação de 2022. A animação Pinóquio de Guillermo del Toro, o whodunnit Glass Onion: Um Mistério Knives Out, e os dramas Nada de Novo no Front, da Alemanha, e Argentina, 1985, da Argentina, foram alguns dos destacados pelos colaboradores, que os assistiram exclusivamente nos formatos digitais. Já os campeões de menções desse ranking, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo e Marte Um, estrearam nos cinemas e levaram os espectadores às salas.

Diferentemente do que aconteceu com lançamentos anteriores, a presença opressiva de grandes empresas, como Marvel e Disney, foi obrigada a dividir sua programação com produções mais diversas. Apesar de Batman, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura conseguirem suas menções, foi o independente Aftersun que não saiu de cartaz (até o momento desta publicação), ultrapassando três meses nos cinemas nacionais. O sensível primeiro longa-metragem da diretora irlandesa Charlotte Wells aborda uma relação entre pai e filha, e chegou ao Brasil pela 46ª Mostra de SP.

Os gêneros das produções também refletiram diversidade. Os filmes de super-heróis tiveram sua vez e os de aventura também – Avatar: O Caminho da Água e Gato de Botas 2: O Último Pedido receberam boas indicações -, mas foram as produções de Terror que marcaram 2022. Com alguns ganhando grandes lançamentos no Cinema, como foi o caso de Pânico 5 e O Telefone Preto, e outros não surpreendentemente deixados de lado, como X – A Marca da Morte, Aterrorizante 2, Pearl, Até os ossos e Morte Morte Morte, as obras de gênero mereceram 15 nomeações como Melhores do Ano.

Elevando o número em relação ao ano passado, as produções dirigidas ou co-dirigidas por mulheres alcançaram a marca de 20 indicações – menos de ¼ do total. Já nas obras nacionais, a quantidade foi ainda mais negativa: dos 84 filmes citados, apenas 6 eram brasileiros, com destaques como Carvão, Regra 34, Eduardo e Mônica e A Mãe. Ao todo, foram citadas obras de 17 diferentes idiomas e nacionalidades.

E falando em nomeações, 22 títulos indicados ao Oscar 2023 também apareceram no ranking. Da categoria de Melhor Filme, que inclui apenas uma mulher indicada, apenas Entre Mulheres e Triângulo da Tristeza não foram mencionados aqui. Os Fabelmans, Elvis, Top Gun: Maverick e Os Banshees de Inisherin receberam múltiplas indicações. No Melhores Filmes de 2022 do Persona, você confere todas as obras destacadas pela nossa Editoria e colaboradores.

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Circuito Cineclubes Sesc – Desamparados, os mais fracos fazem a própria lei no Brasil de Pixote

O longa figurou em 12º na lista dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, a Abraccine, e abriu a Mostra “Cinema é Direito” no Sesc Bauru (Foto: Embrafilme)

Nathan Nunes

Em 25 de Agosto de 1987, morreu Pixote. Fernando Ramos da Silva tinha 19 anos, era casado e pai de uma filha pequena quando foi morto por policiais militares, após ter supostamente assaltado uma empresa em Piraporinha, na região de São Bernardo do Campo. A família viveu para contestar a versão dos agentes, que foram apenas demitidos, mas nunca condenados. 

Anos antes, em 26 de Setembro de 1980, Fernando estava alcançando fama e reconhecimento pelo seu desempenho no papel que dá título a Pixote, a Lei do Mais fraco, de Hector Babenco (Carandiru, 2003). O longa, que abriu a Mostra Cinema é Direito do Persona em parceria com o Sesc Bauru na quinta-feira, dia 2 de Março, não poderia ter se misturado à realidade de forma mais trágica, pois o que aconteceu com o intérprete de seu protagonista pouco se difere do descaso do Estado com a vulnerabilidade social denunciada pelos realizadores. 

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Animação não é coisa de criança, mas para a Academia…

Homenagem tendenciosa? Woody e Buzz apresentam o Oscar de Melhor Animação em 2016 para Divertida Mente, do mesmo estúdio que lhes deu vida (Capa: Ana Clara Abatte)

Nathan Nunes

Na manhã do dia 15 de Janeiro de 2015, Hollywood ficou em polvorosa com a falta do então favorito Uma Aventura Lego entre os indicados ao Oscar de Melhor Animação. Lembrado, ainda assim, na disputa de Canção Original com Everything is Awesome, o longa de Phil Lord e Christopher Miller (que seriam premiados anos depois por Homem-Aranha no Aranhaverso) foi preterido em razão de dois candidatos menos conhecidos: O Conto da Princesa Kaguya, do cultuado Studio Ghibli, e A Canção do Oceano, da pequena produtora irlandesa Cartoon Saloon. Completavam a lista Como Treinar o Seu Dragão 2, da DreamWorks, Os Boxtrolls, da LAIKA Studios, e o eventual vencedor Operação Big Hero da Disney. Apesar do esnobe, é notável que havia um equilíbrio na disposição dos estúdios por trás dos concorrentes naquele ano, abraçando tanto os gigantes quanto os independentes e estrangeiros

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Os Banshees de Inisherin: tão próximos, mas também tão distantes

Cena do filme Os Banshees de Inisherin. No centro esquerdo da imagem, temos o ator Brendan Gleeson, um homem branco de cabelos loiros, vestido de camisa azul escura, colete marrom abotoado e calças pretas. Ele está sentado em cima de uma cadeira de balanço marrom. No centro direito da imagem, temos o ator Colin Farrell, um homem branco de cabelos pretos, vestido de terno preto e camisa levemente rosada, olhando para Gleeson através de uma janela de bordas vermelhas. Ao fundo, temos o cenário de uma parede branca deteriorada. A cena acontece durante o dia.
O filme reúne o diretor Martin McDonagh com os atores Colin Farrell e Brendan Gleeson 15 anos depois de sua primeira parceria em Na Mira do Chefe (Foto: Searchlight Pictures)

Nathan Nunes

O cenário é a ilha remota e fictícia de Inisherin, na Irlanda. O ano é 1923, logo no final da Guerra Civil que devastou o país. O conflito é, em tese, corriqueiro. Pádraic (Colin Farrell, de Batman), a procura do amigo de longa data Colm (Brendan Gleeson, de A Tragédia de Macbeth), acaba o encontrando no bar onde costumam sempre beber juntos. O segundo se distancia, enquanto o primeiro se pergunta o que aconteceu. A resposta é curta e grossa: Colm não quer mais ser amigo de Pádraic por considerá-lo “chato” e querer se dedicar mais à paixão pela Música. 

Esses são Os Banshees de Inisherin que dão nome ao novo longa de Martin McDonagh, de volta ao posto de diretor cinco anos depois de seu prestigiado Três Anúncios para um Crime, que rendeu o Oscar a Frances McDormand (Nomadland) e Sam Rockwell (O Grande Ivan). A disputa pela estatueta dourada marca novamente o trabalho do cineasta irlandês. Dessa vez, através das nove indicações recebidas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para o Oscar 2023, incluindo lembranças para Farrell, Gleeson, Barry Keoghan (Eternos) e Kerry Condon (Better Call Saul) nas categorias de atuação principal e coadjuvante, e para o próprio McDonagh em Melhor Roteiro Original, Direção e, claro, Filme. 

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The Bear: Como assim tem um urso na cozinha do Star +?

Cena da série The Bear. No canto inferior esquerdo, temos o ator Jeremy Allen White, um homem branco de cabelos loiros escuros, vestindo camisa branca e avental azul. Ele tem tatuagens difíceis de identificar em seu braço esquerdo. No centro, temos o ator Lionel Boyce, um homem preto vestindo gorro vermelho, camisa preta e avental branco. No canto inferior direito, temos o ator Ebon Moss-Bachrach, um homem branco de cabelos curtos pretos, barba por fazer, vestindo uma camisa azul com um logotipo branco estampado no peito direito e uma blusa branca amarrada em sua cintura. Ao fundo, temos o cenário de uma despensa de alimentos de metal acinzentado, a qual Lionel está segurando a porta e Jeremy está na frente de uma estante com alimentos em caixas. A cena acontece durante o dia.
Assim como qualquer edição do MasterChef, The Bear mostra que a cozinha também pode ser um inferno (Foto: Star+)

Nathan Nunes

Um dos reality shows mais famosos do canal Food Network é o S.O.S. Restaurante, apresentado pelo chef de cozinha Robert Irvine. Nele, o anfitrião tenta salvar restaurantes em situação crítica, seja financeira, sanitária ou emocional. O grande charme do programa é a possibilidade de imersão no cotidiano da gastronomia, nem sempre tão atrativo e tampouco saudável para os profissionais quanto os pratos de comida são para nós. Felizmente, tudo dá certo ao final de cada episódio e Irvine consegue cumprir sua missão de mudar a rotina dentro desses estabelecimentos, coisa que os trabalhadores da casa de sanduíches The Beef provavelmente sonham desde os minutos iniciais de O Urso

Tendo Christopher Storer (Bo Burnham: Make Happy) como showrunner, a série, original da Hulu nos Estados Unidos e do Star+ no Brasil, é figurinha carimbada nas premiações do começo desse ano, com projeções até mesmo para o Emmy. Além da indicação na categoria de Melhor Série de Comédia ou Musical, o projeto se destacou principalmente através de seu único membro vitorioso: Jeremy Allen White (Shameless e Homecoming), vencedor do Globo de Ouro e do Critic’s Choice como Melhor Ator em Série de Comédia pelo desempenho como o protagonista Carmy.

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Nada de Novo no Front: um filme de guerra humanista em que falta humanidade

Cena do filme Nada de Novo no Front. No lado direito da imagem, temos um homem branco não identificado, vestindo blusa preta, touca cinza e uma máscara facial branca. Ele está abraçando o ator Felix Kammerer, um homem branco de expressão triste, vestindo um casaco cinza e um capacete preto. Ao fundo, temos algumas estacas e o resto do cenário está desfocado. A cena acontece durante o dia, mas a foto está tratada em preto e branco.
Na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a nova versão de Nada de Novo no Front, exibida na seção Perspectiva Internacional, mantém a mensagem anti-guerra do material original (Foto: Netflix)

Nathan Nunes 

Nada de Novo no Front é um livro escrito por Erich Maria Remarque, baseado nas suas próprias experiências como veterano alemão na Primeira Guerra Mundial. Publicado em 1929, o texto não demorou a ser transposto para o Cinema, com a adaptação Sem Novidade no Front sendo lançada um ano depois. Dirigido por Lewis Milestone, o longa fez tanto sucesso que venceu o Oscar de Melhor Filme em 1931, consagrando-se como a primeira adaptação literária a conquistar essa honraria, bem como a primeira vitória conjunta da categoria principal com o prêmio de Melhor Diretor. Agora, 91 anos depois, o diretor Edward Berger (Patrick Melrose e Your Honor), em parceria com a Netflix, traz uma nova versão de mesmo nome do material base para o streaming, exibida na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na seção Perspectiva Internacional. 

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