Você pisa em território indígena e O Estranho expõe isso

Cena do filme O Estranho. Ao fundo, vemos um avião no lado direito da imagem. Em primeiro plano, uma grade divide o aeroporto das duas mulheres que estão do lado de fora da grade. Ao lado esquerdo, Sílvia está apoiada na grade. Utiliza uma tiara colorida, uma blusa vermelha com uma abertura nas costas e calça jeans. Mais a direita, Alê está de braços cruzados. Utiliza uma camisa cinza, calça jeans e seu cabelo está amarrado com uma trança.
Ao longo de 1 hora e quarenta minutos, vemos a história de Guarulhos por diversas perspectivas (Foto: Embaúba Filmes)

Marcela Lavorato

Qual seria o seu sentimento se, ainda criança, tivesse o território invadido, a casa demolida e a vida inteiramente mudada, para sempre, para dar lugar a um aeroporto? O Estranho se apresenta dessa forma, como uma ficção, mas entrega um caráter mais documental pelo motivo de que essa é a história de muitas pessoas que são afetadas pela colonização, seja a de 500 anos atrás ou a de ontem. 

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Zona de Interesse: o mal mora ao lado

Cena de Zona de Interesse.
Além da indicação à Palma de Ouro, Zona de Interesse saiu vencedor do Grande Prêmio no Festival de Cannes (Foto: Diamond Films)

Vitória Gomez

Uma tela preta com um som grave ao fundo inicia e encerra Zona de Interesse. A introdução subversiva dá o tom provocante da obra de Jonathan Glazer, que, ao invés de filmar os horrores dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, aposta no senso ético dos espectadores para interpretar a dissonância entre o que se vê e o que se escuta. Curiosamente, a melhor aposta para o longa-metragem no Oscar, no qual foi indicado em cinco categorias, não é Melhor Som.

Nesse ponto, a aparição de The Zone of Interest escancara algo ainda mais perturbador. Junto de outras produções nomeadas este ano, como o iminente vencedor Oppenheimer (também sobre a Segunda Guerra) e o merecedor Assassinos da Lua das Flores, a premiação parece ter uma predileção por passar a limpo tragédias movidas pelo dedo humano (coincidentemente, em que o dedo é estadunidense). No entanto, a preferência é seletiva: enquanto homenageia documentários propagandísticos, como aconteceu no ano passado com Navalny e pode se repetir esse ano com o manipulador 20 Dias em Mariupol (sobre a guerra na Ucrânia), o país berço do Oscar não só nega um genocídio em andamento, como o financia.

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Bradley Cooper orquestra o seu Maestro interior

Cena do filme Maestro. Na imagem, o protagonista Leonard Bernstein aparece conduzindo uma orquestra. Ele é interpretado pelo ator Bradley Cooper, um homem branco de cabelos escuros e olhos claros. A câmera captura em cores e a partir da cintura o maestro angulado para o lado com suas mãos realizando gestos para cima enquanto segura uma batuta com uma delas. Ele veste um terno preto por cima de uma camiseta branca. Ao fundo, é possível ver de forma desfocada os membros da orquestra tocando seus respectivos instrumentos e a esposa de Bernstein com seu vestido azul.
Bradley Cooper usou 137 próteses de nariz ao longo de Maestro (Foto: Netflix)

Nathalia Tetzner

Todo ator é, no fundo, movido pela atenção. Acostumado a esconder a ambição por trás de performances gloriosas, seu maior pesadelo é transparecer pela pele do personagem. Essa situação terrífica acontece com Bradley Cooper que – pela segunda vez assumindo o cargo de diretor em um filme que também protagoniza –, orquestra o seu maestro interior em uma cinebiografia que parece dizer bem mais sobre ele do que o objeto de estudo, o lendário Leonard Bernstein. Ainda que tenha bons momentos, Cooper não consegue desaparecer por completo na pele do compositor do musical West Side Story, fato previsto quando acusações de antissemitismo surgiram por todos os lados pelo uso questionável de uma prótese de nariz.

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Oppenheimer: a explosão e os destroços de uma mente brilhante

Herói ou vilão? Algumas pessoas riram, outras choraram, mas a maioria ficou em silêncio (Foto: Universal Pictures)

Pâmela Palma 

O novo filme de Christopher Nolan (Tenet) estreou de um jeito diferente de tudo produzido pelo cineasta até hoje. Oppenheimer chegou às telas com um teor crítico e extremamente didático, algo raramente produzido por outros grandes nomes da atualidade. De forma densa, realista e rica em detalhes, a obra nasce com a intenção de retratar biograficamente a vida do físico e cientista J. Robert Oppenheimer, responsável pelo Projeto Manhattan e pelas duas grandes bombas atômicas utilizadas pelos Estados Unidos nas cidades de Hiroshima e Nagasaki como ultimato para cessar a Segunda Guerra Mundial em 1945.

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Em Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1, Tom Cruise é o agente que o Cinema precisa

Foto de cena do filme. Os 4 personagens principais da franquia estão sentados em um barco de cor laranja. É pôr do sol, o céu está todo alaranjado. No canto direito da foto está o ator Tom Cruise, é o único personagem com foco na foto. Ele é um homem de 60 anos, de pele clara e cabelo liso na cor escura. Ele veste uma jaqueta de couro preta que está aberta revelando que usa uma camisa também na cor preta. Atrás dele, está Rebecca Ferguson. Ela é uma mulher sueca na faixa dos 40 anos, tem pele clara e cabelos loiros. Ela veste um casaco na cor vinho, por dentro uma camisa de botões na cor cinza. Em seguida, está Ving Rhames, ele é um homem negro na faixa dos 60 anos, veste uma jaqueta preta e está com todas peças de roupa na cor preta, inclusive usa uma touca na cabeça também desta cor. Do lado esquerdo, dirigindo o barco, está Simon Pegg, homem branco de cabelo liso, com barba e cabelo ruivos.
O orçamento de Missão: Impossível 7 foi de US$290 milhões, o mais caro de toda franquia (Foto: Paramount Pictures)

Davi Marcelgo

Ex-espiões que se voltaram contra organizações, agentes duplos, traficantes de armas, bombas nucleares e risco biológico. Ethan Hunt (Tom Cruise) enfrentou todo tipo de perigo desde que a história se iniciou em 1996, mas nem ele nem o público estavam prontos para a missão do sétimo filme da franquia: deter uma Inteligência Artificial. 

Na trama de Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1, uma IA chamada Entidade desenvolveu consciência e desapareceu sem deixar pistas. Sabendo do poder furtivo da máquina, várias nações iniciam uma corrida para encontrar duas chaves que, juntas, podem controlar a arma. O rebelde Ethan Hunt e sua equipe nadam contra a corrente para impedir que esse poder caia em mãos erradas, ao mesmo tempo que precisam lidar com as armadilhas da tecnologia.

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Há 30 anos, Jurassic Park marcava a história do Cinema e a memória de gerações

Cena do filme Jurassic Park. A foto mostra o elenco principal. John Hammond, um idoso com barba e cabelos grisalhos, usa uma camisa branca, óculos de grau e um chápeu. Mais para trás, Ian Malcolm, usa camisa e casaco pretos e óculos escuros. Depois, Alan Grant, de camisa jeans, chapéu e uma bandana vermelha no pescoço e Ellie Satler, de camisa azul, blusa rosa por cima, óculos de grau e cabelo preso, loiro. Todos com uma expressão de surpresa no rosto.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros completa 30 anos em 2023 (Foto: Universal Pictures)

Lara Fagundes

Bem vindos ao Jurassic Park!” É com essa frase que o casal de apaixonados por dinossauros, Alan Grant (Sam Neil) e Ellie Satler (Laura Dern), é recebido na Ilha Nublar. Também é dessa forma que Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros foi apresentado ao público nos cinemas em 1993, por Steven Spielberg. O grande cineasta, já conhecido por Tubarão, E.T.: O Extraterrestre e os primeiros Indiana Jones, dirigiu o filme que revolucionou a história do Cinema com uma equipe de efeitos visuais dedicada em levar o telespectador de volta a 66 milhões de anos atrás, quando os dinossauros ainda habitavam o planeta. 

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Longe dos altares, Elvis faz seu espetáculo nos conflitos e contrastes

Cena do filme Elvis. A imagem é retangular e mostra o cantor Elvis no centro da foto, em um primeiro plano. Ele está representado do quadril para cima, com o corpo inclinado para trás e olha diretamente para a câmera enquanto canta, com a sua mão direita segurando o microfone. Ele usa uma jaqueta preta de couro e sua guitarra vermelha está pendurada no pescoço. Elvis é interpretado por Austin Butler. Ele tem cabelos escuros, lisos e penteados para trás, olhos azuis e uma pele clara, mas bronzeada. Em segundo plano é possível ver a plateia assistindo ao show. A maioria dos presentes é composta por mulheres que observam Evis encantadas.
Retorno de Baz Luhrmann às telonas após um hiato de nove anos, a cinebiografia de Elvis Presley arrematou indicações nas principais premiações dos Sindicatos estadunidenses da Sétima Arte (Foto: Warner Bros. Pictures)

Mariana Nicastro e Vitória Vulcano

Como se dá a ascensão de uma estrela? E sua queda? Representar uma figura real respeitando seus contrastes não é uma tarefa simples, nem contar uma história desse calibre com originalidade. Baz Luhrmann poderia facilmente ter encaixado Elvis nos moldes narrativos típicos do gênero: lineares, focados na perspectiva do artista e, como se isso garantisse um selo de aprovação, investindo em uma homenagem. Mas o longa – que disputa oito estatuetas no Oscar 2023 – se inspira no próprio ídolo ao procurar problemas. Revelando conflitos profundos, perspectivas que fogem do unidimensional e muita identidade, a cinebiografia avessa do rei do Rock n’ Roll constrói seu espetáculo entre linhas dramáticas, sensíveis e indiscutivelmente musicais.

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Avatar: O Caminho da Água oferece um banquete aos olhos, mas não ao coração

Cena do filme Avatar : O Caminho da Água. O mar está rodeado de pedras flutuantes enquanto o sol e seu reflexo brilham no horizonte. Na água estão cinco alienígenas da raça Na’vi do Planeta Pandora. Seus olhos são grandes e amarelos, e uma estrutura corporal que equivale a dois humanos com uma cauda longa e fina. Seu corpo é coberto por uma pele azul brilhante com listras mais escuras, e seu cabelo é longo e preto. A fisionomia do rosto do avatar tem características como testa alta, nariz achatado e bochechas salientes.
O primeiro Avatar ajudou a popularizar produções em 3D estereoscópico de alta definição, sendo um dos pioneiros na utilização (Foto: 20th Century Studios)

Henrique Marinhos

Em Avatar: O Caminho da Água, não há como negar uma qualidade técnica impressionante, que nos leva ainda mais fundo no mundo de Pandora que revolucionou o Cinema com a tecnologia CGI em 2009. O diretor James Cameron e o produtor Jon Landau criaram um marco ao proporcionar um nível de realismo nunca antes visto. A sequência de 2022 é também uma experiência cinematográfica única, com uma meticulosa atenção aos detalhes e uma riqueza de elementos visuais que são aprimorados pelos efeitos em 3D, imergindo o espectador e garantindo indicações ao Oscar 2023 nas categorias de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção.

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Top Gun: Maverick prova que ainda queremos voar com Tom Cruise

Cena do filme Top Gun: Maverick. Na imagem, o protagonista Maverick, um homem branco de cabelos e olhos escuros, está pilotando um avião de caça. Ele veste um uniforme militar na cor verde escura e equipamentos de segurança, entre eles, dois cintos, um máscara de oxigênio e um capacete decorado com o seu nome e as cores da bandeira dos Estados Unidos: branco, azul e vermelho. Ao fundo, o cenário é o céu azul em cima das nuvens brancas, onde três outros aviões o perseguem com mísseis.
Dono de uma indicação ao Oscar 2023 de Melhor Filme, Top Gun: Maverick já é a 12ª maior bilheteria da história do Cinema (Foto: Paramount Pictures)

Nathalia Tetzner

36 anos após tirar o fôlego de uma geração inteira com Top Gun: Ases Indomáveis, Tom Cruise está de volta na direção dos aviões de caça, dessa vez, apontando o alvo da trama diretamente para si na pele do protagonista e dono de um dos codinomes mais conhecidos do Cinema, Maverick. A sequência do clássico coloca nas lentes de Joseph Kosinski a missão de dar continuidade ao legado do falecido diretor Tony Scott. Assim, com quase 1,5 bilhão de dólares arrecadados em bilheteria mundial e 6 indicações ao Oscar 2023, Top Gun: Maverick revive os tempos de glória do audiovisual e prova que ainda queremos voar com Cruise.

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Nada de Novo no Front: um filme de guerra humanista em que falta humanidade

Cena do filme Nada de Novo no Front. No lado direito da imagem, temos um homem branco não identificado, vestindo blusa preta, touca cinza e uma máscara facial branca. Ele está abraçando o ator Felix Kammerer, um homem branco de expressão triste, vestindo um casaco cinza e um capacete preto. Ao fundo, temos algumas estacas e o resto do cenário está desfocado. A cena acontece durante o dia, mas a foto está tratada em preto e branco.
Na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a nova versão de Nada de Novo no Front, exibida na seção Perspectiva Internacional, mantém a mensagem anti-guerra do material original (Foto: Netflix)

Nathan Nunes 

Nada de Novo no Front é um livro escrito por Erich Maria Remarque, baseado nas suas próprias experiências como veterano alemão na Primeira Guerra Mundial. Publicado em 1929, o texto não demorou a ser transposto para o Cinema, com a adaptação Sem Novidade no Front sendo lançada um ano depois. Dirigido por Lewis Milestone, o longa fez tanto sucesso que venceu o Oscar de Melhor Filme em 1931, consagrando-se como a primeira adaptação literária a conquistar essa honraria, bem como a primeira vitória conjunta da categoria principal com o prêmio de Melhor Diretor. Agora, 91 anos depois, o diretor Edward Berger (Patrick Melrose e Your Honor), em parceria com a Netflix, traz uma nova versão de mesmo nome do material base para o streaming, exibida na programação da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na seção Perspectiva Internacional. 

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