Dos 40 anos sem Elis Regina aos 20 anos de carreira de Maria Rita: a potência da herança genética e cultural

Nada é copiado, tudo é herdado 

Durante seus breves 18 anos de carreira, Elis produziu sete álbuns ao vivo e vinte e um em estúdio (Foto: Globo)

Ana Júlia Trevisan

Quero tanta coisa legal, sabe. Que ela ria muito, que ela não fique pesada nunca” desejava Elis Regina à sua filha, Maria Rita. De um lado, a dona dos discos mais importantes do país. Do outro, a brasileira com maior número de Grammys Latino. A progenitora atacada por proteger sua família, a caçula golpeada por uma trupe ignorante que faz o insano questionamento de “como uma filha pode ser tão parecida com a mãe?”. Aqui o intuito não é comparar, e sim celebrar as duas carreiras meteóricas, construídas por duas mulheres libertárias, inspiradoras, donas da própria produção e que estão eternamente ligadas pelo laço materno.

Continue lendo “Dos 40 anos sem Elis Regina aos 20 anos de carreira de Maria Rita: a potência da herança genética e cultural”

45 anos de Falso Brilhante: a vida de Elis Regina é a nossa joia mais preciosa

Fotografia de Elis Regina apresentando seu espetáculo Falso Brilhante. A artista está ao centro da imagem, numa passarela, cercada pelo público. Ela está de frente para a câmera mas contra a luz, que impede de exergarmos seu rosto. Ela segura uma bandeira grande na mão direita e um microfone na mão esquerda. Elis usa um vestido lingo, branco, de alças finas e estampado por estrelas prateadas. Ela também usa uma chapéu com uma pena grande e seus cabelos são curtos. A fotografia está colorida em tons de amarelo e um cinza azulado.
O disco que nasceu do espetáculo sobre a vida de Elis Regina é considerado um dos mais importantes da música brasileira e da carreira da artista (Foto: Reprodução)

Raquel Dutra

O legado na música brasileira não é o suficiente para eu me conformar. Vez ou outra, ainda me pergunto como é que alguém conseguiu convencer o sofrido povo brasileiro de que “viver é melhor que sonhar”. O sentido ensaia desenhar-se segundos depois, quando eu me lembro que quem cantou isso foi a sonhadora que é a concretização da ideia mais pura e completa do que pode vir a ser a vida. Mas mesmo assim, ainda é instigante, já que ela, em toda sua grandiosidade e relevância, ainda acrescenta que “qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa”.  

Quer profundidade mais condizente com a maior artista do Brasil do que a que ela mesma cria na obra que conta a sua história de vida, realiza seus maiores sonhos e desmistifica sua própria arte? Muito significado, muita intensidade e muita pulsão de vida: assim foi Elis Regina, e assim foi Falso Brilhante, cuja riqueza era autoexplicativa em 1976 e assim permanece até os dias de hoje – e muito provavelmente, assim será por todo o resto da nossa história.

Continue lendo “45 anos de Falso Brilhante: a vida de Elis Regina é a nossa joia mais preciosa”