A 2° temporada de Only Murders in the Building mostra que o Edifício Arconia é mais misterioso do que parece

Cena da série Only Murders in the Building. Os três personagens principais - Oliver, Charles e Mabel - aparecem nessa ordem, atrás de uma gaiola, na sala de estar de Oliver. Oliver é um homem branco, de cabelos castanhos desbotados. Charles é um homem branco, de cabelos brancos e óculos. Mabel é uma mulher branca, de cabelos castanhos e usa um brinco de argola grossa e dourada.
“Eu sei quem foi”, disse Senhora Gambolini (Foto: Hulu)

Laura Hirata-Vale

Quem matou Bunny Folger? É essa a pergunta que abre a segunda temporada de Only Murders in the Building, série da Hulu lançada no Brasil em Junho de 2022 pelo streaming Star+. Depois de solucionarem o assassinato de Tim Kono (Julian Cihi), os moradores Mabel Mora (Selena Gomez), Charles-Haden Savage (Steve Martin) e Oliver Putnam (Martin Short) se juntam novamente após o corpo da mais querida e detestada síndica do edifício Arconia ser encontrado com uma agulha de tricô no peito, no apartamento de Mora. Em dez episódios, o público descobre informações sobre a história dos três protagonistas e do prédio, enquanto tenta desvendar o mistério da morte de Bunny (Jayne Houdyshell).

A série continua com sua proposta de ser um podcast de true crime bem-humorado, sendo sempre narrado por um personagem. Por terem relação com a vítima, e por serem pessoas de interesse para a polícia, o trio protagonista decide – em um primeiro momento – não investigar o caso. Mas, conforme as evidências começam a surgir e a serem plantadas em seus respectivos apartamentos, o grupo percebe que não há como ficar parado: eles precisam correr contra o relógio para achar o assassino, antes que a podcaster rival, Cinda Canning (Tina Fey), e sua assistente, Poppy White (Adina Verson), montem um falso quebra-cabeça e os coloquem como culpados.

Cena da série Only Murders in the Building. Uma mão branca segura uma peça de quebra-cabeça, que contém o rosto de Bunny Folger, uma mulher branca idosa, de cabelos grisalhos curtos e óculos de grau redondos. Ao fundo, várias peças de quebra-cabeça aparecem, desfocadas.
O assassinato de Bunny Folger é um quebra cabeça a ser montado (Foto: Hulu)

Durante a temporada, conhecemos ainda mais o que acontece por dentro das paredes do Arconia. Moradores – antigos e novos – têm suas histórias apresentadas e, dessa forma, tentamos resolver o mistério junto a Charles, Mabel e Oliver. Além disso, os capítulos permanecem com o conceito de recontar o passado enquanto se está no presente. A série utiliza flashes com vislumbres de cenas para mostrar alguns acontecimentos, que, por causa do recurso escolhido, dão um ar de dúvida para a investigação. Por causa da grande quantidade de fatos e momentos contados ao longo da trama, o espectador pode ficar confuso em relação à sequência da narrativa. Porém, Only Murders in the Building mantém sua trilha sonora ótima, feita por Siddhartha Khosla, responsável pelo mesmo departamento em This Is Us: são músicas bem-humoradas, escolhidas a dedo, que beiram a metalinguagem por falarem sobre assuntos tratados durante os episódios.

A história do segundo ano se desenvolve em idas, vindas e reviravoltas, além de possuir flashbacks que voltam para a noite do crime. Depois de uma celebração da vida e morte da síndica, Oliver recebe uma herança inusitada de Bunny Folger: o papagaio Senhora Gambolini. A ave é um ser intrigante, boca suja e até ranzinza, como era sua falecida dona, e, com uma frase, torna o fim do episódio Incriminados chocante. As quatro palavras que formam a fala “eu sei quem foi” também guiam o terceiro capítulo, intitulado O último dia de Folger. Nele, vemos ‘tim-tim por tim-tim’ o que Bunny fez no seu último dia de vida. Assim, conhecemos ainda mais a mulher que estava por trás do gerenciamento do Arconia, quais eram seus segredos, hábitos e tradições, enquanto vemos, em detalhes, o que poderia ter levado ela à morte. 

Cena da série Only Murders in the Building. Mabel Mora, personagem vivida por Selena Gomez aparece no centro da imagem, segurando uma carta de jogo, que contém uma silhueta de um homem, e o escrito ‘Son of Sam’ (filho de Sam, em inglês). Selena é uma mulher branca, de cabelos castanhos na altura do ombro, olhos castanhos escuros e usa um suéter azul escuro.
Quem é o assassino filho de Sam? (Foto: Star+)

O quinto capítulo, O Indício, é um dos melhores. Ambientado quase que inteiramente no apartamento de Mabel, vemos uma festa feita por Alice (Cara Delevingne) que, para o trio de podcasters-detetives, serve para revelar segredos e mentiras. Oliver propõe aos convidados uma diversão: um jogo parecido com “Cidade Dorme”, que jogava durante os seus anos de juventude e usava para descobrir qual era o vestígio que seus amigos e colegas davam quando estavam mentindo. Putnam procura quem é o “assassino filho de Sam” em uma sequência de cenas bem montadas, que misturam o tempo real e a brincadeira. Por causa disso, vemos os figurinos corriqueiros e atuais da série se intercalarem com roupas feitas para remeter aos anos 70. O episódio ainda é regado com a música Psycho Killer, dos Talking Heads, fazendo uma grande conversa entre a cena, a série, o jogo e os acontecimentos recentes das vidas dos protagonistas.

Enquanto processamos esses acontecimentos, a primeira temporada da produção criada por Steve Martin e John Hoffman recebeu 17 indicações ao Emmy 2022, e venceu três, incluindo Melhor Ator Convidado em Série de Comédia, pela atuação de Nathan Lane no papel de Teddy Dimas. Além disso, Meryl Streep, Paul Rudd, Ashley Park e Jesse Williams entraram para o elenco, e dessa forma, o seriado televisivo começa a preparação para seu terceiro ano. 

A segunda temporada de Only Murders in the Building é genial, cheia de muitos detalhes. Em um whodunnit bem feito, a série consegue se encaixar, sempre deixando uma ponta solta – ou uma peça faltando – para iniciar uma nova fase. Bem escrita, possui suas reviravoltas e seus instantes que deixam o espectador boquiaberto, em choque, quase sem reação, e continua com a proposta de ser como uma montanha-russa, possuindo momentos de tensão e relaxamento, de comédia e risadas, e de drama e lágrimas. É um bom podcast visual, que nos faz tentar resolver, junto a Charles, Mabel e Oliver, esse grande quebra-cabeça que habita o Arconia. 

 

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