Pavement e o impulso para seguir em frente

screw the RIAA (não fui eu que botei isso aí mas concordo)

Nilo Vieira

Discutir música é um negócio complicado, seja pelo nível de abstração da arte ou pelo quão obsessivo (tradução: mala) você seja em relação ao assunto; “música é difícil de explicar porque ela é muito fácil de se entender”. Não sei se é uma citação real, mas faz sentido o suficiente: às vezes, exercícios solitários acerca da arte são mais proveitosos do que discussões coletivas. Se divertir com as próprias interpretações é um belo alimento pro ego e divertidíssimo, afinal. Continue lendo “Pavement e o impulso para seguir em frente”

Melhores discos de Junho/2017

Divine, em uma clássica cena de Pink Flamingos (1972)
Divine, em uma clássica cena de Pink Flamingos (1972)

Adriano Arrigo, Gabriel Leite Ferreira, Matheus Fernandes e Nilo Vieira

Em sintonia com as comemorações LGBTQ+, a curadoria de junho está bem mais colorida em relação ao mês anterior. Não que os álbuns sejam todos serelepes e upbeat – afinal, como a foto acima sugere, o niilismo também é cada dia mais universal -, mas a paleta está bastante diversificada. Temos opções de trilha para dançar loucamente e/ou para curtir com seu amorzinho no frio, como você pode conferir abaixo.

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Woodgothic 2017: a tradição e a resistência do gótico

A entrada do festival, na Pousada das Magas
A entrada do festival, na Pousada das Magas (Crédito: João Ricardo Ribeiro)

Camila Araujo (com colaboração de João Ricardo Ribeiro)

São Thomé das Letras, cidade pacata sulminense, cercada por natureza e misticismo, é o cenário propício para abrigar o festival Woodgothic, que aconteceu nos dias 15, 16 e 17 de Junho. O festival é um dos mais importantes da música gótica e pós-punk do Brasil e, esse ano, nem mesmo problemas de organização impediram que o evento acontecesse.

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Em Melodrama, Lorde dança com a tristeza

lorde-2017
Lorde cresceu e está cheia de histórias tristes, eufóricas e coloridas pra contar: que Melodrama seja só a primeira de muitas outras (Foto: Universal Music New Zealand Limited)

Leonardo Teixeira

Na madrugada de seu aniversário de 20 anos, Lorde publicou uma carta aberta para seus fãs. Matando a jovem introvertida e quase blasé que surgiu em 2013 e pondo-a num “mausoléu adolescente”, Ella Marija Lani Yelich-O’Connor descrevia os últimos tempos como cruciais para a novíssima pessoa que o mundo estava prestes a conhecer. “Pure Heroine foi o meu jeito de consagrar a nossa glória adolescente, iluminando-a para sempre para que essa parte de mim nunca morra, e esse álbum — bem, este é sobre o que vem depois”. Continue lendo “Em Melodrama, Lorde dança com a tristeza”

Is This the Life We Really Want?: nostalgia com imposição

Roger_Waters_-_Is_This_the_Life_We_Really_Want_-_2017_capa

Victor Pinheiro

No dia 20 de maio, Roger Waters surpreendeu os fãs brasileiros ao postar em seu perfil oficial no Facebook uma foto do presidente Michel Temer acompanhada da escrita: “essa é a vida que realmente queremos?”. A publicação atingiu 32 mil reações na rede social e causou discussões de cunho político nos comentários. Embora tenha sido uma estratégia de marketing, o episódio reflete características do músico e de seu novo álbum solo, Is This The Life We Really Want?. Continue lendo “Is This the Life We Really Want?: nostalgia com imposição”

Ziggy Stardust: há 45 anos, David Bowie entrava de vez para a história

Nilo Vieira

Bastante rústico e ainda obscuro ao grande público, o curta-metragem The Image (1967) é uma produção peculiar na carreira de David Bowie. Primeira aparição do camaleão no cinema, o filme dirigido por Michael Armstrong já mostrava o cantor no papel que marcaria sua trajetória: uma entidade fantástica – bem antes das fábulas de Major Tom no espaço sideral e indagações sobre a existência de vida em Marte. Continue lendo “Ziggy Stardust: há 45 anos, David Bowie entrava de vez para a história”

Sepultura Endurance é um exercício de autoafirmação pela metade

O Sepultura do presente: orgulho e resistência
O Sepultura do presente: orgulho e resistência

Gabriel Leite Ferreira

Manter-se relevante por mais de três décadas no show business é proeza para poucos. O Sepultura, mais do que ninguém, tem plena noção disso. Do início precário em Minas Gerais ao posto de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo e os atritos posteriores, a banda fundada pelos irmãos Cavalera superou barreiras até então intransponíveis – e ainda hoje, sob a batuta do guitarrista Andreas Kisser, não pode se dar ao luxo de se acomodar como outras bandas do segmento. Logo, batizar um documentário sobre a trajetória do grupo como Sepultura Endurance (do inglês “resistência”) é, no mínimo, adequado; o problema é que o material não faz jus à carreira do Sepultura do Brasil.  Continue lendo “Sepultura Endurance é um exercício de autoafirmação pela metade”

A divertida impronunciabilidade de Koenjihyakkei

banda koenjihyakkei

A banda japonesa completa 25 anos, com quatro discos experimentais sem nenhuma necessidade de coerência lírica. No lugar desta, entra a transcendência com instrumentais exóticos e divertidos, como conta o tecladista da banda exclusivamente para o Persona.

Adriano Arrigo

Eu sei, eu sei. Ninguém conhece Koenjihyakkei, o estanho grupo japonês que toca estranhas músicas. Como poderiam conhecer? Nos confins da Internet, em um grupo de experimental e rock progressivo, eu os conheci. Estava lá, escrito: Koenjihyakkei. Parecia feitiço. E uma imagem com muitos seres pequenos construindo uma ponte. Músicas com títulos ainda mais bizarros. “Molavena”, “Avedumma”, “Zoltan”. Todas pertencentes a um estilo musical ainda mais enigmático, o Zeuhl.

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The Get Down parte 2: do Bronx ao mundo

Imagem The Get Down

Matheus Rodrigo

Atualmente, o enfoque da indústria de entretenimento é atingir todos e todas. O plano é incluir, mas, às vezes, não necessariamente incluir representatividade. No momento da produção de conteúdo, procura-se atingir todos os nichos, ter demanda, falar com o público sobre assuntos complexos de forma simples. The Get Down é uma das séries da Netflix que aposta nisso. Continue lendo “The Get Down parte 2: do Bronx ao mundo”

50 anos de Sgt. Pepper’s: alento para os corações solitários

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Mariana Faria

Lançado em 1° de junho de 1967, entre tantos discos que marcaram a história desse simbólico ano, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles é para muitos o maior álbum já feito. Disse para muitos pois há quem discorde, inclusive no ramo musical, como Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones. Em entrevista à Esquire, o guitarrista afirmou: “Algumas pessoas acham que [Sgt. Pepper’s] é um disco genial, mas eu acho que é uma mistura de lixo, mais ou menos como Their Satanic Majesties’ Request (disco dos Rolling Stones)”.

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