Os melhores discos de 2018

Arte: Carlos Botelho

O fim do ano está próximo e com ele chega nossa tradicional seleção do que foi feito de melhor na indústria musical nos últimos 12 meses. Nessa edição, fizemos diferente e perguntamos aos personas como foi o ano musical de cada um, e de quebra elencar o seus 5 melhores discos de 2018. Sem mais delongas, vamos aos comentários:

Alô, galera de cowboy: nova queridinha do country, Kacey Musgraves surpreendeu ao figurar dentre os indicados na principal categoria do Grammy desse ano (Divulgação)

Carlos Botelho

Analisando tudo que consumi musicalmente este ano, fica evidente uma predominância feminina no que mais ouvi e destaquei como emblemático para o contexto de 2018. Seja com Mitski trazendo em Be The Cowboy o ápice do refinamento de seu trabalho, ou Kacey Musgraves com total controle da narrativa que entregou ao público em Golden Hour, ou ainda Ariana Grande dominando os charts com um single honesto e despretensioso em thank u, next; 2018 foi marcado pelas mulheres reafirmando seu papel essencial na indústria musical.

Ainda poderia citar Rosalía, Kali Uchis, SOPHIE, Robyn, Janelle Monaé, Snail Mail, dentre tantas outras artistas que mostraram que não é necessário anos de carreira e bons rendimentos as gravadoras para concretizar conceitualmente suas obras sem amarras. O grande ponto a ser citado é: apesar de todo sexismo que ainda assombra a indústria, 2018 foi um ano de grandes discos onde mulheres puderam colocar seus pontos de vista de forma integral e entregar trabalhos incríveis.

Discos favoritos: 1. Be the Cowboy – Mitski / 2. El Mal Querer – Rosalía / 3. Golden Hour – Kacey Musgraves / 4. Oil of Every Pearl’s Un-Insides – SOPHIE / 5. Isolation – Kali Uchis


Cardi fala o que precisa ser dito sem perder a graça e sem deixar a peteca cair (Divulgação)

Douglas Françoza

Os trechos de After de Storm foram palavras de conforto para um ano tão complicado como esse. O timing foi perfeito e, durante muito tempo, foi aquela canção que eu colocava para tocar logo no início do dia, para dar uma aquecida no coração. A Kali tem esse dom, né? O Isolation é um álbum que tem essa vibe de trazer os sentimentos a tona com uma doçura sinestésica. Outra coisa bacana sobre ele é a mistureba organizada de ritmos. Muita bossa nova, jazz e R&B.

Agora precisamos falar sobre Cardi B, que não é só polêmicas. Ela lançou um dos álbuns mais divertidos e agressivos do ano, Invasion of Privacy. Lembro que quando escutei I Like It pela primeira vez, quando ainda não tinha sido escolhida para single, pensei que aquilo precisava ser um hit (tipo, “escolhe essa, Cardi”). Tem muita coisa para se falar sobre esse álbum, mas concluo dizendo que Cardi fala o que precisa ser dito sem perder a graça e sem deixar a peteca cair.

E em 2018, tivemos a volta da Lilly Allen, que nos presenteou com o No Shame, álbum que escutei repetidas vezes. É sincero, triste e irônico. Ela colocou o dela na reta, fez críticas a mídia e falou sobre relacionamentos adultos, filhos e carreira. Passou tudinho a limpo de um jeito bem Lilly Allen, sabe? Gostosinho. Minhas preferidas são Family Man, Everything to Feel Something, What You Waiting For? e Lost My Mind.

Discos favoritos: 1. Isolation – Kali Uchis / 2. Dirty Computer – Janelle Monáe / 3. No Shame – Lily Allen / 4. Bloom – Troye Sivan / 5. Invasion of Privacy – Cardi B


Apesar de créditos em produções de nomes como Madonna, 2018 foi o ano de revelação do talento de SOPHIE (Divulgação)

Egberto Santana Nunes

Abri o caminho para o pop e conheci a já conhecida Ariana Grande, que mesmo com grandes perdas esse ano, não abalou a carreira e nos deu de presente thank u, next, com um clipe que homenageia grandes clássico da cultura pop. Um bônus para seu ótimo Sweetener, que não desagrada ao flertar com o trap.

Resolvi afundar ainda mais a cabecinha com o  pop experimental dançante do duo Let’s Eat Grandma em seu excelente I’m All Ears, cujo single Hot Pink foi produzido pela rainha do gênero.

SOPHIE nos apresentou esse ano um mundo que deixaria Aphex Twin instigado com Oil of Every Pearl’s Un-Insides. Menos divertido e mais assombroso, Tim Hecker nos deu Konoyo, apresentando um ambient, esse sim, sinistro e tenebroso.

No terreno do rap, Kanye West, que não satisfeito em entregar seu nono trabalho, nos deus mais 4 produções. Destaco duas: seu solo, ye, que não chega a ser um de seus melhores, mas marcou por conta de toda a questão de saúde embutida no encarte; e Daytona, responsável por fazer nascer a melhor diss desse ano. Menção honrosa para o ápice da parceria com Kid Cuid em Kids See Ghosts, sem desapontar novamente.

E como esquecer do talentosíssimo Earl Sweatshirt renascendo das cinzas do undergound com o clássico (?) Some Rap Songs, longe dos amigos do Odd Future, lançando seu projeto mais cru, triste e pessoal possível. Um desabafo e uma homenagem merecida à sua família.

Uma resolução para 2019? Manter a cabeça aberta e continuar conhecendo coisa nova e coisa boa, e focar mais no nacional, rs.

Discos favoritos: 1. Daytona  –  Pusha T / 2.  Kanye West – ye / 3. MC Igu – Subiminar  / 4. SOPHIE – Oil of Every Pearl’s Un-Insides / 5.  Tim Hecker –  Konoyo


“Flushin’ thru the pain / Depression, this is not a phase, ayy”: o Some Rap Songs de Earl Sweatshirt é o álbum da geração millennial por excelência – curto, absurdo e deprimido (Reprodução)

Gabriel Leite Ferreira

Graças ao Spotify, este foi o ano em que ouvi mais lançamentos. Foram 100 discos ao todo, que culminaram em um top 30 de Aphex Twin a Kyary Pamyu Pamyu.

O top 5 pode ser menos eclético, mas é representativo o suficiente: 3 nomes em ascensão no rap brasileiro e norteamericano e 2 novatos no rock nacional e internacional.

Earl Sweatshirt e MC Igu surpreenderam em suas novas empreitadas, dois álbuns originais sem medo de homenagear suas inspirações (Madvillain e Wu-Tang Clan, respectivamente.) Mitski entregou em Be the Cowboy um dos álbuns mais coesos do rock atual (junto com Bark Your Head Off, Dog do Hop Along e Lush da Snail Mail), revelando-se concorrente à altura de St. Vincent e Car Seat Headrest.

A Lupe de Lupe sucedeu o polêmico Quarup com o polêmico Vocação, um novo pico na carreira ascendente, mais sério e complexo, assim como nosso pobre país. Por fim, S. C. A., do rapper mineiro FBC, foi a maior surpresa do ano (leiam mais aqui.)

Conclusões? Um baita ano que assegurou pelo menos duas coisas: a nova geração do rap brasileiro tá superando os gringos, e o rock é das mulheres. Cinco discos que levarei pra vida. Que venha 2019!

Discos favoritos: 1. Some Rap Songs – Earl Sweatshirt / 2. Be the Cowboy – Mitski / 3. Vocação – Lupe de Lupe / 4. Subliminar – MC Igu / 5. FBC – S. C. A.


Jonghyun era membro de um dos grupos k-pop mais populares da Coreia do Sul (Reprodução)

Giovane Gabriel

Esse ano fiquei mais recluso no k-pop. Acho que, ao contrário do cenário estadunidense onde o pop está um pouco em baixa, na Coreia do Sul o gênero continua sendo bem trabalhado e se sobressaindo aos outros ritmos. Cada lançamento que escolhi tem sua identidade única, o que tornou mais divertido de acompanhar esse universo musical.

Poet | Artist é o segundo álbum de estúdio do cantor Jonghyun, lançado postumamente em janeiro. Ele já havia finalizado o álbum com todos os retoques antes de cometer suicídio em dezembro de 2017 e, assim como sua estreia, contém boas letras e arranjos, além do ótimo vocal pelo o qual era responsável no seu grupo  SHINee.

Pegando carona, o grupo masculino comemorou seus 10 anos com o lançamento do sexto álbum de estúdio The Story of Light, primeiro álbum também sem o integrante Jonghyun. É um trabalho bem diverso, indo do tropical house de I Want You até o R&B de Our Page. Boas letras, bons vocais, boas melodias e bons clipes, com certeza foi a minha era preferida do gênero esse ano.

As mulheres não ficaram para trás, Sunmi (ex-Wonder Girls) colocou na pista o seu segundo disco, Warning com o hit Heroine. Além de ter sido a k-idol solo de maior destaque em 2018, o trabalho foi um dos mais interessantes do ano.

O grupo feminino Red Velvet nunca repete seus conceitos e não foi diferente com o relançamento The Perfect Red Velvet. Lançando o single Bad Boy, o grupo reafirmou a maturidade musical que vem construindo desde o seu debut.

Outro grupo que mesmo novo mostrou ter uma sonoridade única foi o Loona. Debutou esse ano com o mini álbum [++] e já mostrou versatilidade musical transitando entre o som poderoso de favOriTe e pop chiclete Hi High.

Discos favoritos: 1. The Story of Light – SHINee / 2. WARNING – Sumni / 3. [++] – Loona / 4. Poet | Artist – Jonghyun / 5. The Perfect Red Velvet – Red Velvet


A britânica Fenne Lily misturou tristeza e fúria em seu primeiro registro de estúdio (Divulgação)

Guilherme Hansen

Que 2018 foi um ano de caos, isso ninguém precisa lembrar (as eleições que o digam). No entanto, a música foi uma daquelas coisas que nos trouxe mais esperança e gás para prosseguir nesses dias, principalmente pelo frescor trazido por novos artistas.

A britânica Fenne Lily, com seu álbum On Hold, foi o grande lançamento do ano. Lily une o poder de sua voz grave com letras melancólicas e cheias de negatividade com a vida, um prato cheio para quem gosta de músicas reflexivas.

Mas ela não é a única que vem com essa vibe. Também da Inglaterra, Blanco White traz um som folk com elementos da música flamenca. Seu EP, Nocturne também traz letras introspectivas, o contrário de Mt. Joy, que em seu álbum homônimo, traz um folk rock com uma pegada mais pop com canções que falam, entre outras coisas, dos desafios que a vida traz cedo (destaque para Silver Lining).

Ainda no cenário internacional, Florence and the Machine não decepcionou com High as Hope. Com batidas mais tranquilas, Florence Welch volta mais confessional do que nunca e fala sobre temas delicados como o transtorno alimentar e o alcoolismo que enfrentou em músicas como Hunger e June.

Por fim, Lenine volta mais afiado do que nunca em seu Em trânsito. Com músicas mais agitadas que o de costume, o cantor pernambucano traduz em suas letras um pouco do caos que estamos vivendo, tal qual como supracitado.

Os próximos anos podem não ser fáceis, mas estes e outros álbuns mostram que a arte resiste e assim continuará fazendo.

Discos favoritos: 1. On Hold – Fenne Lily / 2. Nocturne EP – Blanco White / 3. Mt. Joy – Mt. Joy / 4. High As Hope – Florence and the Machine / 5. Lenine em Trânsito – Lenine


A faixa-título, que ganhou um lindo clipe, é minha música mais ouvida do ano de acordo com o Spotify! (Reprodução)

Guilherme Luís

2018 foi um ano atípico para mim como fã de música pop. Isso porque, desde que consumo muita música, o pop sempre significou música internacional, e nesse ano terminei colocando 3 álbuns nacionais entre os meus favoritos do ano. Não só isso: os destaques de singles, clipes (e até turnês) ficaram totalmente com os cantores pop atuais do Brasil.

Meu álbum e single favoritos de 2018 são da IZA, grande revelação pop do ano. A melhor voz brasileira dos dias de hoje que, depois de uma série de singles soltos pouquíssimo inspirados e sem personalidade, lançou Pesadão, um grande hit de 2017. Quando seu primeiro disco, Dona de Mim, foi lançado, a surpresa foi grande: uma série de faixas com letras inspiradas, ritmos diversos, colaboradores bem escolhidos. Um álbum sem defeitos!

Pabllo Vittar lançou o Não Para Não, seu segundo álbum, e se consolidou como uma das artistas pop mais relevantes da atualidade. O clipe de Problema Seu é o melhor de sua videografia e as músicas não ficam para trás: as 10 faixas do disco fazem dele objetivo, conciso, mas não menos completo. Músicas como Disk Me e Seu Crime são grandes destaques para a carreira de Pabllo. A turnê é um espetáculo à parte: 1h15 de show com músicas dos dois álbuns, do EP, singles soltos e featurings com outros artistas estão no repertório com muita dança e fritação.

Lobos, álbum do cantor Jão, não é puro pop, mas navega entre gêneros de maneira orgânica. Outro grande destaque do ano, principalmente por conta das letras que contam lindas histórias e fazem do álbum quase um livro, de tão profundas. Os clipes também alavancaram o disco e fazem do Jão um grande destaque do ano e uma promessa para o futuro.

Discos favoritos: 1. Dona de Mim – IZA / 2. Não Para Não – Pabllo Vittar / 3. Sweetener – Ariana Grande / 4.  Lobos – Jão / 5. EVERYTHING IS LOVE – The Carters


O terceiro disco do Carne Doce representa o ápice musical do grupo goiano (Reprodução)

Isabelle Tozzo

Em relação ao meu ano musical, em 2018 acompanhei poucos lançamentos. Digo, ouvi pouco os artistas que já conhecia. Dei preferência por conhecer novos cantores e me surpreendi positivamente com que ouvi. Duda Beat é uma delas.

Entre a ambiguidade de ser uma pessoa que sente demais e a mulher que se desculpa pelo que sente, Sinto Muito, seu álbum de estreia, traz a dor dos relacionamentos amorosos atuais. Bédi Beat, faixa que abre o disco, define bem o estilo da pernambucana que traz letras melodramáticas em uma mistura de pop e brega.

Este ano também fiquei feliz de acompanhar o crescimento de bandas que já acompanho há um tempo, como Carne Doce. A banda goiana lançou Tônus, o terceiro álbum, mais maduro e harmônico de todos. Com sonoridade mais melancólica que os outros dois anteriores, o disco apresenta nas letras diversos temas, mas sem perder a relação entre elas. É o melhor álbum da banda e também o melhor que ouvi no ano.

Por fim, no meu hall de favoritos também está God’s Favorite Customer do Father John Misty. O álbum é o quarto do cantor norte-americano e, dessa vez, com temas menos apocalípticos e questionadores que o anterior, o artista trouxe mais intimidade e pessoalidade ao trabalho. Mesmo assim, não deixa a ironia e o seu típico humor ácido de lado.

Discos favoritos: 1. Tônus – Carne Doce / 2. God’s Favorite Costumer – Father John Misty / 3. Sinto Muito – Duda Beat / 4. High as Hope – Florence and the Machine / 5. Isolation – Kali Uchis


Com produção e conceitos frescos, Duda Beat concebeu o melhor álbum do ano (Reprodução)

Jho Brunhara

2018 foi um ano muito importante para a música pop brasileira: temos cada vez mais artistas comprometidos em sustentar o gênero, inovando nas produções e ajudando a consolidar o estilo em terras tupiniquins. Sem dúvidas, o pop br já tem suas próprias variações do gênero puro importado dos EUA e Europa. Podemos notar elementos nacionais, seja do forró, funk, sertanejo ou MPB, fundidos na música popular.

Como grandes exemplos desse ano tivemos o álbum Não Para Não, da cantora Pabllo Vittar; Sinto Muito, da DUDA BEAT (que considero o melhor álbum do ano, extremamente fresh na produção e conceito); Azul Moderno, da Luiza Lian; Dona de Mim, da IZA; jovens inseguros vivendo no futuro, do cantor GARBO; e claro, Lobos, do representante masculino do pop em ascensão, Jão. O mercado pop brasileiro só tem a crescer, e espero que o espaço para produções criativas e conceituadas seja cada vez maior.

Internacionalmente falando, o ano também foi muito positivo, por mais que os órfãos do pop de 2010 continuem em busca da volta daquele estilo (que talvez não retorne tão cedo, ou nem retorne), existem artistas se dedicando a trazer diferentes visões e produções para o estilo. Uma das forças de 2018 foram os artistas LGBT+, como Hayley Kiyoko com seu álbum Expectations, Troye Sivan com Bloom; SOPHIE com OIL OF PEARL’S UN-INSIDES; Years & Years com Palo Santo; e Kim Petras com sua mixtape TURN OFF THE LIGHTS, VOL. 1. Não dá para dizer que essas produções foram menos que pop perfection.

Outros destaques são o self-titled do The Neighbourhood; Lily Allen com No Shame; e ionnalee com EVERYONE AFRAID TO BE FORGOTTEN.

Quando me dizem que o pop morreu anos atrás, eu penso em todas as produções fantásticas e não genéricas que tivemos nos últimos anos e penso: bom, pelo jeito morreu para dar lugar a algo muito melhor.

Discos favoritos: 1. Sinto Muito – Duda Beat / 2. High as Hope – Florence and the Machine / 3. Azul Moderno – Luiza Lian / 4. Bloom – Troye Sivan / 5. The Neighbourhood – The Neighbourhood


Elvira, a personagem clássica do cinema de terror, é uma das colaboradoras da mixtape de Kim Petras (Reprodução)

Leandro Gonçalves

Num ano tão tempestuoso quanto este, pouco naveguei. Calma lá, eu explico… tanto no YouTube quanto no Spotify, não procurei por novos artistas, salvo um ou outro que me despertaram curiosidade. Definitivamente, não foi um ano de descobertas. Dentre as poucas novidades que me permiti conhecer, destaque para a inglesa Rina Sawayama e para a vizinha germânica Kim Petras.

Para flertar com o R&B, Rina utiliza de característicos vocais que, quando acompanhados de instrumentos como guitarras e sintetizadores, tornam a sonoridade das faixas algo que oscila entre o já conhecido e, talvez, futuras tendências. Ao lado de Charli XCX, Rina é uma das artistas da atual frente visionária inglesa, que promete resgatar a música pop do marasmo trazido pelo mercado americano.

Ainda na europa, Kim Petras é outro nome que agitou meu Last.fm. A artista me surpreendeu com os poderosos instrumentais da mixtape TURN OFF THE LIGHT, VOL. 1, principalmente os das faixas In The Next Life e Tell Me it’s a Nightmare. O trabalho, com temática de Halloween, conta com sonoridade pesada, para se acabar de dançar em um clube noturno ou na intimidade do quarto.

Além disso, funciona como uma bela introdução para aqueles que desejam explorar a PC Music, ainda que não seja tão característico do estilo. Todavia, nem tudo pode ser perfeito… Dr. Luke está por trás da produção. Por outro lado, como bem apontado por um amigo, a visibilidade que o trabalho trouxe para Kim, uma artista trans, se contrapõe a má impressão causada pela presença de um homem acusado de assédio sexual na produção.

Discos favoritos: 1. Caution – Mariah Carey / 2. TURN OFF THE LIGHT, VOL. 1 / 3. Joyride – Tinashe / 4. Isolation – Kali Uchis / 5. Não Para Não – Pabllo Vittar


Kali Uchis foi a luz no fim de túnel em um ano fraco para a música pop (Reprodução)

Leonardo Oliveira

Kali Uchis e seu Isolation (também conhecido como o melhor do ano), foi um grande refresco para música latina que segue saturada de tanto reggaeton. Kali não esquece de tirar uma casquinha desta sonoridade e entrega uma jornada maravilhosa sobre suas vivências em ritmos como bossa nova, R&B, soul de forma muito coesa e bem feita.

Pabllo Vittar seguiu numa crescente em sua carreira, depois de fazer inúmeras parcerias com artistas nacionais e internacionais, lançou seu segundo álbum Não Para Não no comecinho de outubro. Se com a política a gente sofre, com a Pabllo a gente chora só um pouquinho pela dor de cotovelo mas sem parar de dançar, nesse trabalho ela não explorou muitas sonoridades como no primeiro mas nos deu a melhor síntese de Banda Calypso com Banda Djavú numa roupagem toda popzinha e impecável.

Sinto Muito foi a surpresa de 2018, com letras que batem fundo no peito. Duda Beat foi a revelação que precisávamos, um indie pop delicioso que te põe para sentir cada verso.

Da terra da Rainha tivemos Lily Allen menos afrontosa e mais sentimental com o maravilhoso No Shame; já da terra do Tio Sam, a voz da maior borboleta viva, Mariah Carey, nos presenteou cautelosamente com o Caution, que sem dúvidas é o melhor lançamento dela em anos.

Sem nenhuma dúvida, álbuns memoráveis e com alta qualidade da concepção à finalização. Que 2019 nos permita mais conteúdo assim.

Discos favoritos: 1. Isolation – Kali Uchis / 2. Não Para Não – Pabllo Vittar / 3. Sinto Muito – Duda Beat / 4. No Shame – Lilly Allen / 5. Caution – Mariah Carey


O conceito de “Simulacre” é bastante simples: Potyguara ingeriu, por engano, cogumelos alucinógenos. O resultado nós ouvimos em seu primeiro disco de estúdio (Reprodução)

Leonardo Santana

Nas resoluções para 2018, prometi pra mim mesmo que ouviria mais música brasileira. E não deu outra: Gal Costa no topo das mais ouvidas e muito pop tupiniquim embalando o meu ano do karma. Os delírios holísticos da drag maranhense Potyguara Bardo deram o tom de um período bem doido. Além disso, nossa rainha Pabllo Vittar provou que dá pra rolar experimentações e misturas inusitadas em músicas feitas para a pista de dança (voto no kpop-forró-kizomba de Buzina para hino do Carnaval).

Em terras gringas, Janelle Monáe deu vazão a uma porrada de sentimentos sobre raça e sexualidade que eu nunca soube explicar direito. Robyn voltou depois de quase uma década e confirmou seu óbvio status de lenda, enquanto Kali Uchis me afogou em sua fantasia de decadência hollywoodiana.

E, apesar de algumas pisadas na bola, Azealia Banks foi a queridinha do ano com um presente forma de música: a maravilhosa Anna Wintour.

Discos favoritos: 1. Dirty Computer – Janelle Monáe / 2. Isolation – Kali Uchis / 3. Simulacre – Potyguara Bardo / 4. Honey – Robyn / 5. Oil of Every Pearl’s Un-Insides – SOPHIE


Quase sem divulgação prévia, a trupe do Alex Turner surprendeu em 2018, com um trabalho fora da curva para a banda (Reprodução)

Maria Carolina Gonzalez

Lá em janeiro, eu já imaginava que 2018 tinha potencial para ser musicalmente emocionante. Talvez eu esperasse mais do mesmo, mas percebi que me enganei. Logo no começo do ano, o Little Dark Age mostrou que o MGMT ainda conseguia fazer música boa depois de muito tempo. Em maio, o Arctic Monkeys lançou seu sexto álbum e trouxe junto muito assunto pra ser discutido. Talvez o Tranquility Base Hotel & Casino tenha dado mais trabalho para os fãs do que para a própria banda. Alguns torcem o nariz e outros dizem entender um conceito que às vezes nem existe e poderia me aprofundar no assunto, mas acho que já consegui deixar minha opinião a respeito.

Como se não bastasse o Arctic Monkeys, o parceiro do Alex Turner, Miles Kane, lançou seu terceiro álbum: Coup De Grace. Acredito que esse seja mais do mesmo, porém não deixa de ser cativante e sincero. E por falar em disco cativante, um que infelizmente não ganhou texto, mas não poderia passar despercebido na minha lista foi o Egypt Station, de Paul McCartney (acho que esse nome dispensa apresentações) e mostrou mais uma vez que um ex-beatle não precisa provar nada para ninguém.

A maior surpresa nessa lista e no meu ano musical – que dificilmente sai da zona de conforto – foi conhecer o som da colombiana Kali Uchis e apreciar o suficiente para colocar o Isolation no meu top 5. A expectativa para 2019 é que os ritmos latinos tenham o mesmo destaque que tiveram em 2018. Este ano agitado e um tanto conturbado já está acabando, feliz ou infelizmente. Talvez tenha pouca expectativa na música para 2019, mas, como disse logo no início, espero estar enganada.

Discos favoritos: 1. Tranquility Base Hotel + Casino – Arctic Monkeys / 2. Egypt Station – Paul McCartney / 3. Little Dark Age – MGMT / 4. Coup de Grace – Miles Kane / 5. Isolation – Kali Uchis


Mitski se comparando a um gêiser prestes a explodir foi o auge do meu 2018 (Reprodução)

Natália Schiavon

O que eu mais ouvi esse ano se resume em músicas com letras vulneráveis muito bem produzidas por artistas majoritariamente mulheres. Talvez o ápice dessa descrição seja a Mitski se comparando a um gêiser prestes a explodir na canção de abertura do Be the Cowboy, um álbum sobre uma personagem reprimida com uma erupção de sentimentos dentro de si. Talvez sejam as confissões da Snail Mail em Lush, um trabalho que soa como o diário de uma adolescente que observa do seu canto as pessoas ao redor numa festa. Talvez seja a Noname refletindo sobre religião e racismo com a mesma sagacidade que reflete sobre suas falhas e ex-namorados em Room 25.

No espectro brasileiro, Carne Doce veio com Tônus, o álbum mais melancólico da banda, que no meio de melodias dançantes revela a angústia e o medo de envelhecer. E aí vem Lupe de Lupe com Vocação, um disco intenso, que segue um fluxo tão caótico quanto sensível. Que a vulnerabilidade sem medo (ou com medo mesmo) continue sendo a maior força dos artistas em 2019.

Discos favoritos: 1. Be the Cowboy – Mitski / 2. Room 25 – Noname / 3. Tônus – Carne Doce / 4. Vocação – Lupe de Lupe / 5. Lush – Snail Mail


Mistério e subjetividade foram elementos chave no quinto registro do duo americano (Divulgação)

Rafaela Martuscelli

Confesso que em 2018 não estive tão a par do que aconteceu na indústria musical em geral. Me atentei, claro, aos meus estilos favoritos, e por isso os destaques para mim se mantiveram no estilo alternativo e indie.

O maior destaque para mim foi o Trench da banda Twenty One Pilots, e não só por ser minha banda favorita. Todo o conceito utilizado na produção do álbum, junto com o mundo que o vocalista Tyler Joseph criou através das músicas.

Um álbum que não entrou na minha lista mas chamou atenção foi o novo da Anavitória, O Tempo é Agora, que não ouvi com tanta atenção mas o que consegui dar uma olhada não deixou a desejar. Esse ano não foi musicalmente aproveitado por mim, mas prometo que 2019 eu melhoro!

Discos favoritos: 1. Trench – Twenty One Pilots / 2. My Dear Melancholy, – The Weeknd / 3. The Neighbourhood – The Neighbourhood / 4. M A N I A – Fall Out Boy / 5. High as Hope – Florence and the Machine

Um comentário em “Os melhores discos de 2018”

Deixe uma resposta