A luta contra a dependência está longe de ser uma caminhada tranquila. De acordo com o levantamento de 2013 feito pela Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, mais de 8 milhões de brasileiros são dependentes de drogas como o álcool, a cocaína e derivados. Luz Acesa, documentário do cineasta Guilherme Coelho, seleciona 5 dessas pessoas para coletar relatos sensíveis e acolhedores sobre o vício e sua recuperação – o começo, o fundo do poço, a busca por ajuda e o apoio da família.
Exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o português Mosquito reúne dois importantes componentes dos filmes de guerra. Primeiro, apresenta uma figura central que passa por todos os infortúnios, próprios e dos demais, para chegar ao tão sonhado objetivo, nesse caso alcançar seu pelotão na selvagem Moçambique de 1917, passando por entre as entranhas da Primeira Guerra Mundial. E em segundo lugar, o longa faz uso da mente humana como inimiga de si mesma, pregando peças tanto no protagonista quanto no espectador.
Mesmo que seja considerado um fracasso, o filme Showgirls merece ser revisitado décadas depois. A obra, que estreava 25 anos atrás, explora de forma provocadora um mundo corrompido. Dirigido por Paul Verhoeven (Robocop), conta com cenas de dança marcadas por muita nudez gratuita, podendo ser descrito por muitos como desagradável e incômodo. Contudo, deve ser aclamado, principalmente, por sua grosseria.
“Os mais velhos dizem que um dia, cansado da solidão do poder, Zambiapungo, o Ser Supremo dos cultos angolo-congoleses, foi tomado pela tristeza e cogitou desistir da criação do mundo.”
Essas são as primeiras frases da sexta faixa do lado A de Assim tocam os MEUS TAMBORES, o novo trabalho revolucionário de Marcelo D2, gravado durante o período de isolamento social com sua família. Os versos podem ser entendidos como a síntese da trajetória do disco, que é o mais ousado da carreira do rapper carioca.
“Violência é qualquer ação por meio da qual você trata o outro como objeto dos seus desejos, negando a ele elementos que chancelam sua própria condição de ser humano: sua liberdade, sua consciência, sua integridade, sua autoridade e emancipação sobre si mesmo…” disse mais ou menos assim minha professora de filosofia do ensino médio uma vez, apresentando uma definição pra esse termo que, às vezes de forma invisível, se faz quase onipresente na nossa realidade.
E compartilho ela aqui – junto de uma memória profundamente pessoal – porque Never Rarely Sometimes Always (Nunca Raramente Às Vezes Sempre, numa tradução livre, assim mesmo sem pontuação) exemplifica perfeitamente essa definição. Além de apresentar uma narrativa sensível e (ainda) necessária sobre aborto e direitos reprodutivos, o filme é também um conto sobre violência, em suas mais diversas formas e em seus mais profundos impactos.
A família Holmes vive há séculos no imaginário e coração de muitas pessoas ao redor do mundo. Sherlock, o personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle em 1887, já viveu inúmeras histórias e foi interpretado por diversos rostos, tornando-se uma figura amada do público. Foi sua influência que inspirou Nancy Springer a criar a irmã mais nova do famoso detetive, Enola Holmes. Agora, a história da caçula foi adaptada a um filme pela Netflix, trazendo uma narrativa não muito original, mas divertida, envolvente e repleta de assunto importantes para se refletir.
Durante a primeira década do século XXI, o mundo cinematográfico e literário foi tomado por grandes franquias. Desde a representação de uma sociedade bruxa até um mundo pós-apocalíptico, as histórias sobre revoluções com ruptura de padrões antiquados e preconceituosos estavam captando cada vez mais a atenção dos jovens-adultos. Incentivando-os a lutar por uma sociedade melhor e mais justa, tomar a iniciativa e se levantar contra as injustiças. Dez anos atrás, o livro Jogos Vorazes chegou ao Brasil trazendo consigo esses mesmos conceitos.
O Diabo de Cada Dia (The Devil All The Time) é um filme que tenta corresponder à experiência literária da obra original e, com isso, perde a sua essência. Esta adaptação do primeiro romance de Donald Ray Pollock, traduzido como O Mal Nosso de Cada Dia, gerou grandes expectativas no público, e o fez acreditar no investimento de sua produção, que escolheu nomes em alta para compor o elenco.
O documentário recém-lançado da Netflix, O Dilema das Redes,dirigido por Jeff Orlowski, se inicia com um questionamento a todos os personagens dessa história. “Qual é o problema?” parece ser a pergunta que guia os entrevistados e, embora todos apontem os erros com certa facilidade, não conseguem manter a mesma assertividade quando tentam apontar a solução do problema.
Não falta conceito para a era Chromatica e para Lady Gaga. Lançada em fevereiro de 2020, a primeira faixa divulgada do novo álbum da cantora foi Stupid Love, na qual os fãs foram convidados a entrarem em um mundo criado pela Mother Monster. O clipe, entretanto, falhou na hora de entregar a ideia. O excesso de chroma key e os looks toscos comprometeram o conteúdo do vídeo. Com Rain On Me não foi muito diferente: a parceria com Ariana Grande resultou em um hit aclamado pelos fãs, porém deixou a desejar ao focar demasiadamente na coreografia e não pensar na construção de uma narrativa. No entanto, o mesmo erro não ocorreu no curta-metragem de 911. Dirigido por Tarsem Singh (Dublê de Anjo, 2006), o vídeo traz história, figurinos bem produzidos e muito conceito.