Magdala: os últimos dias de Maria Madalena foram monótonos e sensíveis

Cena do filme Magdala. Da esquerda para a direita na imagem: Jesus Cristo, um homem branco de cabelos escuros e Maria Madalena, uma mulher negra de cabelos escuros. A fotografia capta os dois somente a partir do pescoço, no entanto, é notável que ambos estão desnudos. Jesus e Madalena se olham enquanto encostam as faces. O cenário é a natureza verde.
Magdala foi disponibilizado gratuitamente na plataforma do Sesc Digital durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, como parte da seção Perspectiva Internacional (Foto: Best Friend Forever)

Nathalia Tetzner

Pecadora e santa. Prostituta e apóstola dos apóstolos. São inumeráveis os adjetivos antagonistas que constroem a imagem sagrada de Maria Madalena, a principal devota de Jesus Cristo. Atordoado pelo devaneio sobre os seus últimos dias de vida, o diretor francês Damien Manivel coloca em perspectiva a personalidade mais misteriosa e discutível do Novo Testamento no filme Magdala, participante da seção Perspectiva Internacional na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e, previamente, exibido na seção L’ACID do Festival de Cannes 2022.

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O fantasma da gentrificação assombra Distopia

Cena do documentário Distopia. A foto é uma captura de um dos trechos do filme Distopia. Quatro prédios amarelos — parte do conjunto habitacional do bairro do Aleixo — estão sendo demolidos. O prédio da direita cai em meio a fumaça, abaixo se encontram outras habitações e um terreno verde.
O documentário chega à Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo carregando o prêmio HBO Portugal para Melhor Filme da Competição Portuguesa no DocLisboa International Film Festival 2021 (Foto: Bando a Parte)

Enzo Caramori

Se a vida real, capturada em seu fluxo, for passível de ser ficcionalizada para ser compreendida, o documentário português Distopia (2021) é um filme de terror que desde seu início já desmascara os seus monstros. Representando Portugal no repertório da Perspectiva Internacional da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o filme introduz o fantasma da gentrificação como o motor dos desterramentos e demolições que atravessam a cidade do Porto, em um retrato de treze anos da vida dos bairros de Bacelo, Aleixo e Fontainhas. Dirigido por Tiago Afonso, a forma documental encontra sua força ao direcionar a câmera tanto aos sujeitos atravessados por essa desterritorialização quanto aos espaços e ruínas, o que constitui uma espécie de anti-documento nessa condição de filmar o que está na iminência de não mais existir.

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Persona Entrevista: Anita Rocha da Silveira

Diretora de Medusa relembra o processo de produção do filme e comenta sobre a experiência no Festival de Cannes

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco da diretora Anita Rocha da Silveira. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Medusa, e acima, foi adicionado seu nome, "anita rocha da silveira".
Finalizando os trabalhos de cobertura da 45ª Mostra de Cinema em São Paulo, o Persona Entrevista recebe Anita Rocha da Silveira, diretora de Medusa (Foto: Reprodução/Arte: Jho Brunhara)

Caroline Campos e Vitor Evangelista

Em formato híbrido, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo possibilitou oportunidades de ouro para a equipe do Persona. Entre cabines de imprensa de filmes com sonho de reconhecimento no Oscar e um esperado encontro presencial dos membros da Editoria, tivemos a oportunidade de não apenas conferir a vibração descomunal de Medusa, como também de entrevistar sua realizadora, a majestosa diretora Anita Rocha da Silveira.

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Persona Entrevista: Jonas Bak

O diretor de Madeira e Água conta como foi filmar em dois continentes e ter a própria mãe como protagonista

Arte retangular horizontal de fundo vermelho. No lado esquerdo, foi adicionado o texto "PERSONA ENTREVISTA" na vertical, repetidas vezes. No centro, foi adicionada uma foto em preto e branco do diretor Jonas Bak. No lado direito, foi adicionada uma imagem do poster de seu filme, Madeira e Água, e acima, foi adicionado seu nome, "jonas bak".
Jonas Bak é o segundo entrevistado pelo Persona na cobertura da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo  (Foto: Jonas Bak/Arte: Jho Brunhara)

João Batista Signorelli

Entre filmes premiados em Cannes e pré-candidatos ao Oscar, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo trouxe uma grande amostra do Cinema mundial em 2021. Em meio a tantos lançamentos badalados que ainda vão dar muito o que falar, também surgiram muitas pérolas escondidas que também foram dignas de atenção, e Madeira e Água certamente é uma delas. Contando a história de uma mãe que busca se encontrar com seu filho distante, o diretor alemão Jonas Bak levou seu filme de Berlim para festivais no mundo todo, e vem agora ao Persona Entrevista contar como foi a produção de seu primeiro longa-metragem. 

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Persona Entrevista: César Cabral

Diretor de Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente conta de seu trabalho com a obra do cartunista Angeli, e explica porque o punk permanece relevante até hoje

Arte do Persona Entrevista com César Cabral. À esquerda, o nome do quadro está na vertical em quatro linhas, duas brancas e pretas. No centro, há uma fotografia recortada em preto e branco de César, um homem branco que tem por volta de 50 anos, que usa uma camisa social preta. À direita, há o poster do filme Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente, e, em cima, o nome do diretor em preto.
O Persona entrevista César Cabral, diretor da premiada animação em stop-motion Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente (Foto: Vitrine Filmes/Arte: Jho Brunhara)

João Batista Signorelli

Raro exemplar de longa-metragem realizado com a técnica de stop-motion no Brasil, Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente foi um dos grandes destaques da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, chegando ao Brasil já com um prêmio em mãos, da Mostra Contraponto do Festival de Cinema de Animação Annecy. O Persona assistiu ao filme, e com muito prazer retoma o quadro de entrevistas para conversar com o diretor César Cabral, que também é sócio-fundador da Coala Filmes, produtora paulistana focada em produzir animações em stop-motion. 

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Não tem como se blindar de Titane

Cena do filme Titane. Na imagem, vemos a protagonista, Alexia, uma mulher branca, de cabeça raspada, aparentando cerca de 30 anos, de ponta cabeça, com o corpo nu arqueado e com uma expressão de dor no rosto.
Comprado pela plataforma de streaming MUBI e com data de estreia marcada para 28/01/2022, Titane foi exibido no Brasil primeiro na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, onde participa como Apresentação Especial (Foto: Kazak Productions)

Vitória Lopes Gomez

Opte por separar o artista da Arte ou não, Julia Ducournau já cravou seu nome em suas produções. Titane, a mais nova empreitada da cineasta francesa, estreou no Festival de Cannes, onde fez história ao levar a honraria máxima da premiação, a Palma de Ouro, e chegou ao Brasil na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. O segundo projeto veio antecipado depois do sucesso do polêmico Grave, mas a sangrenta e canibalesca estreia da diretora vira só a porta de entrada para os horrores que vem depois. E não adianta, nem Cannes conseguiu: não tem como se blindar de Titane.

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O fogo não cessa em Assim Queimamos

A imagem é uma cena do filme Assim Queimamos. Nela, a atriz Madeleine Coghlan, que interpreta Rae, está de olhos fechados, em frente a um fundo amarelo iluminado. Rae é uma mulher branca, de cabelos castanhos lisos na altura dos ombros, ela veste uma regata branca.
O longa estadunidense integra a Competição Novos Diretores da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: Armian Pictures)

Vitória Silva

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito de proporções globais, que resultou na morte de, pelo menos, mais de 60 milhões de pessoas. Entre os mais diretamente atingidos por essas estatísticas está a população judaica. Sob o regime nazista de Hitler na Alemanha, os judeus foram perseguidos, colocados em campos de concentração, e poucos sobreviveram dessa tortura para contar a história. A guerra já acabou, mas o mesmo não se pode dizer desse sofrimento e fuga constante. Assim Queimamos, longa exibido na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, traz um olhar mais do que atual para essa situação. 

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O movimento de Olga é cravado: o pessoal é político

Cena do filme Olga.
Antes de chegar à 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o drama venceu o Prêmio SACD na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2021 e foi escolhido para representar a Suíça no Oscar 2022 (Foto: Pulsar)

Raquel Dutra

Em novembro de 2013, a população civil da Ucrânia entrou em conflito direto com o governo de Víktor Yanukóvytch. Numa onda de protestos liderados por jornalistas e estudantes que se estendeu até fevereiro de 2014, o povo denunciava a corrupção, o abuso de poder e a violação dos direitos humanos cometidos pelo governo. O estopim, de maneira geral, foi a frustração de um pedido popular por maior integração com União Europeia, que aconteceu quando o bloco se recusou a firmar acordos com o país aliado da Rússia enquanto ele não resolvesse a sua “deterioração flagrante da democracia e do Estado de Direito”. No meio do movimento que ficou conhecido como Euromaidan – ou, mais significativamente, Revolução da Dignidade – está o drama de amadurecimento de Olga e a sua participação na Competição Novos Diretores da 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

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Annette é um conto de fadas turbulento

Cena do filme Annette. Vemos homens, mulheres e crianças parados na calçada de uma rua de Los Angeles. As que estão na frente estão ajoelhadas, olhando para cima. As pessoas no fundo estão em pé. Duas delas, uma mulher branca com cabelo loiro e uma mulher negra, conversam no canto superior esquerdo.
O musical liderado por Adam Driver e Marion Cotillard faz parte da Perspectiva Internacional da 45ª Mostra de Cinema de SP (Foto: MUBI)

Caio Machado 

O cinema de Leos Carax sempre teve uma relação íntima com a Música, indo da belíssima caminhada noturna ao som de David Bowie em Boy Meets Girl ao “intervalo” com uma impressionante versão instrumental de Let My Baby Ride em Holy Motors. Nesse sentido, Annette, novo trabalho do cineasta francês exibido na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, extrapola esse laço com a Música de uma forma nada convencional. 

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Curtas Jornadas Noite Adentro é o eterno delírio do compositor

Cena de Curtas Jornadas Noite Adentro. Na imagem vemos um bar, suas paredes são amarelas e suas portas azuis. Da esquerda para a direita há quadros na parede, uma geladeira branca, caixotes de cerveja e armários brancos. À direita há um grupo de quatro homens e uma mulher, todos negros, sentados em roda numa mesa. A mesa está cheia de garrafas de cerveja. Em pé ao lado deles tem um homem branco. À esquerda e mais ao fundo tem um homem e uma mulher sentados e uma criança correndo.
Passeando por botequins, Curtas Jornadas Noite Adentro chega na 45ª Mostra de Cinema em São Paulo (Foto: Memória Viva Cine)

Ana Júlia Trevisan

Um dos ritmos mais ricos do mundo, o samba é uma expressão artística e um patrimônio cultural imaterial brasileiro. No samba, até as composições mais tristes são encantadoras por sua melodia que conversa diretamente com a alma brasileira. Popular, negro, por muitos anos renegado e criminalizado, o gênero é espelho de um sociedade quase sempre esquecida, ou pelas palavras da madrinha Beth Carvalho: “O samba é do povo, que sofre, que sabe o que é a fome”. E, na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o samba é representado na Mostra Brasil por Curtas Jornadas Noite Adentro.

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