As experiências visuais do 5º Festival Ecrã

Entre longas, médias, curtas, videoartes, artes imersivas e games, Julho de 2021 nos trouxe as experimentações artísticas e sensoriais do 5º Festival Ecrã (Arte: Vitor Tenca/Texto de Abertura: Caio Machado e João Batista Signorelli)

Depois da jornada através do Cinema Fantástico que foi o Fantaspoa XVII, o Persona volta para o mundo dos festivais de Cinema, mas desta vez se aproximando ainda mais do experimental e incomum. A 5ª edição do Festival Ecrã de Experimentações Audiovisuais nos levou por caminhos dos mais abstratos, passando pelo intrigante, profundo, ou simplesmente incompreensível. De narrativas estruturadas à experiências puramente estéticas, o Ecrã foi online, gratuito e apresentou, além de longas e curtas, outras das inúmeras possibilidades proporcionadas pelo audiovisual: videoartes, performances, instalações, artes interativas e até mesmo games marcaram presença no festival que aceita tudo, menos o convencional e o conformista. 

O Festival surgiu timidamente em 2017, com apenas 10 obras ao longo de 2 dias, e cresceu a cada ano até explodir em 2020, em sua primeira edição online, quando deu a uma enorme quantidade de cinéfilos, órfãos das salas de cinema e sedentos por novidades, a chance de descobrir dezenas de obras audiovisuais inovadoras. Em sua 5ª edição, realizada de 15 a 25 de julho, o jovem festival permanece independente de patrocinadores e sem cobrar um único centavo de seus espectadores, o que significa que o evento precisa buscar meios alternativos para se manter financeiramente. Por isso, o Ecrã abriu uma campanha de financiamento coletivo para esta edição, com a qual é possível contribuir até o dia 15 de agosto. 

Através de uma plataforma própria, a quinta edição teve uma curadoria heterogênea como toda seleção de um Festival experimental deve ser. Trazendo desde obras de cineastas essenciais para o Cinema de vanguarda mundial, como James Benning e Ken Jacobs, à produções estudantis saídas diretamente das universidades brasileiras, o Ecrã ofereceu um panorama amplo de produções nacionais e internacionais das mais diversas, que buscam romper as fronteiras e arrebentar as caixinhas do tradicional e do óbvio. 

Das 120 produções presentes na programação do Festival, o Persona assistiu 40, todas comentadas a seguir por Caio Machado, Caroline Campos, Gabriel Gatti, Gabriel Oliveira F. Arruda, João Batista Signorelli e Vitor Evangelista. Nos 10 dias de Festival, vimos um pouco de tudo: filmes macabros, engraçados, surpreendentes, incômodos, ou apenas abstratos demais para serem descritos. Se você quer sair do óbvio e passar longe do previsível, pode ter certeza que logo abaixo encontrará material de sobra para se interessar. 

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Como uma borboleta: Navillera ensina que nunca é muito tarde para voar alto

Foto Promocional do drama Navillera. Na imagem se vê à esquerda o ator Song Kang, que interpreta Lee Chae Rok. Ele usa uma blusa branca e calça social cinza enquanto faz uma posição de balé olhando para o lado. A direita está o ator Park In Hwan, que interpreta Shim Deok Chool. Ele usa um conjunto de moletom marrom claro e observa Song Kang fazendo posição de dança.
Navillera estreou na Netflix no dia 22 de março (Foto: Netflix)

Ana Nóbrega

Um sonho em comum e anos de diferença. A relação de amizade entre Deok Chool (Park In Hwan) e Chae Rok (Song Kang) começou com um sonho de infância no novo drama coreano da Netflix. Navillera trilha a história do patriarca Shim Deok Chool, um ex-servidor público de 70 anos que decidiu se tornar bailarino. Para que pudesse sustentar sua família, o coreano decidiu deixar de lado sua fantasia de um dia apresentar Lago dos Cisnes. Isso tudo muda depois que ele decide ir atrás do que o faz feliz, encontrando pelo caminho o bailarino Lee Chae Rok, de 23 anos.

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Call: eu avisei para não desconectar o telefone

A imagem é o cartaz de divulgação do filme. No canto superior esquerdo, há o rosto de uma mulher de traços asiáticos e cabelo curto, ela aparenta estar assustada. Do lado superior direito, há o rosto de uma mulher, também de traços orientais, mas com uma feição séria, com o olhar voltado para a direita. Abaixo dela, no canto inferior direito, há o rosto de uma mulher de traços orientais, ela usa batom vermelho e está com um olhar sério voltado para a esquerda.  No lado inferior esquerdo, há o rosto de uma mulher de traços orientais, com cabelos castanhos claros e que está olhando assustada para a esquerda, ela tem algumas manchas de sangue no rosto. Em cima de cada rosto há uma das letras que formam a palavra CALL, que é o nome do filme.
“Call não envolve homens e mulheres. É um filme centrado em personagens femininas e suas relações, e um bem feito”, disse a atriz Park Shin Hye sobre o longa (Foto: Reprodução)

Bianca Penteado

O silêncio absoluto. As respirações baixas. Os movimentos lentos. O súbito toque de telefone.

Todos os amantes do terror já contemplaram essa cena. Desde O Chamado (2002), com a Samara prenunciando sua morte em ‘sete dias’, passando por Pânico (1996), que sabe muito bem como nos arrepiar com o vagaroso e intenso ‘hello, Sidney’. E, finalmente, a corrida genérica pela busca do aparelho enquanto alguém o persegue. Convenhamos, as ligações no terror já decaíram ao título de clichê. Porém, sempre existindo a exceção, vamos concordar em discordar de Call (2020).

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Parasita e os monstros que alimentamos

A Coreia do Sul escolheu Parasita como seu representante ao Oscar 2020 (Foto: Neon)

Vitor Evangelista 

O Cinema sul-coreano fez barulho ao ganhar o prêmio máximo de Cannes alguns meses atrás. Parasita, obra prima do diretor Bong Joon-Ho, quebra a barreira da língua e orquestra um espetáculo de tirar o fôlego. As nuances violentas de uma família pobre e sua simbiose à classe rica são idealizadas num longa que não se cansa de passar a perna em seu espectador.

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