Presente na seleção do Festival do Rio 2021, Caros Camaradas! traz em sua narrativa um dualismo documental (Foto: Production Center of Andrei Konchalovsky)
Gabriel Gatti
A Revolução Russa de 1917 ocorreu em dois levantes, sendo o primeiro em fevereiro, no qual os revolucionários lutaram contra a monarquia do czar Nicolau II. O segundo, que aconteceu em outubro, começou a implantar os ideais socialistas. Porém, o sonho da igualdade foi muito mais conturbado do que as massas russas poderiam imaginar. O aumento do preço dos produtos do dia a dia e a redução do salário fez com que milhares de trabalhadores fossem às ruas de Novocherkassk, no dia 2 de junho de 1962. É justamente a história desse protesto que Andrei Konchalovsky conta no filme Caros Camaradas!, presente no Festival do Rio 2021.
A jornada pela mente fragmentada de um protagonista não-confiável e a busca pela superação
Um espelho flutuante; seus amigos sorriem carinhosamente atrás de você (Foto: OMOCAT)
Isabela Batistella
Com a produção do jogo datando desde 2014, OMORI foi publicado na Steam (plataforma de jogos online para PC/Mac) no dia 25 de dezembro de 2020, pela desenvolvedora e ilustradora independente OMOCAT. Baseado na webcomic da diretora,hikikomori – termo em japonês que se refere a um indivíduo que escolheu se isolar socialmente por extensos períodos de tempo – a história segue a trajetória de Sunny e seu alter ego Omori, explorando um mundo de sonhos surreais e a realidade.
Tay Ferreira conquista o público de new adult com Nebulosos (Foto: Tay Ferreira)
Mariana Chagas
Talvez o único sentimento tão forte quanto o amor seja o ódio. E é o combo dessas duas emoções que guia, fortalece e, por vezes, até enlouquece Maxine Woods. Sucesso tremendo no booktwitter, o livro nacional Nebulosos é de deixar sem fôlego. Quando se envolve em um mundo de drogas e violência, em busca de vingança pelo irmão, o que Maxine não esperava era se apaixonar por seu maior alvo.
O jogo, lançado em Março de 2020, conquistou uma legião de fãs graças ao seu impecável caráter artístico associado à ótima aplicação do gênero metroidvania (Foto: Nintendo)
Elisa Romera de Freitas
Mais uma vez, a Moon Studio não poupou nossas lágrimas. A sensibilidade carregada pela continuação da história de Ori preenche nossos corações e transborda por nossos olhos que, após acompanharem as dores e anseios em Blind Forest, são cativados, novamente, pela trama igualmente encantadora de Ori and the Will of the Wisps.
No Brasil, nós temos o costume de assistir novelas e séries como forma de entretenimento. Na Turquia, eles assistem as famosas dizis, que são basicamente novelas/séries com bölüns (episódios) que tem em média duas horas de duração. Os programas passam semanalmente e alcançam um grande público, tanto nacional quanto internacionalmente. Uma dessas tantas dizis é Bay Yanlis (Senhor Errado), uma comédia romântica protagonizada pelo ator Can Yaman e a atriz Özge Gürel, que já fizeram par romântico em Dolunay (Lua Cheia), outra produção muito famosa.
Jude Law e Carrie Cow interpretam um casal assombrado por seus problemas conjugais em The Nest (Foto: BBC Films)
Ma Ferreira
The Nest ou O Refúgio, como ficou adaptado o nome em português, é um thriller psicológico dirigido por Sean Durkin, que está presente no catálogo do Prime Video. O longa, a princípio, parece ser um episódio da primeira temporada de American Horror Story, apresentando um casal aparentemente no início de uma crise que se muda para uma casa grande e afastada. A residência é mal iluminada, antiga, preserva características originais de sua estrutura e possui uma aura sombria.
Do Not Split está indicado ao Oscar 2021 na categoria Melhor Documentário em Curta-Metragem (Foto: Field of Vision)
Jho Brunhara
Poder e território estão atrelados desde que o primeiro homem cercou um pedaço de terra e chamou de seu. Em meu texto mais recente publicado no Persona, discuti sobre os problemas que o nacionalismo gera. Coincidentemente, Do Not Split (不割席)é mais uma produção que retrata perfeitamente os perigos de nações soberanas e minorias execradas. Nesse documentário em forma de curta-metragem dirigido pelo norueguês Anders Hammer e produzido pela americana Charlotte Cook, acompanhamos os protestos de Hong Kong de 2019 e 2020 contra a tentativa de criação de uma Lei de Extradição entre a ilha e a China continental, que ameaçaria a autonomia e liberdade jurídica honconguesa.
Eventualmente, as manifestações evoluíram para o lema “cinco demandas, nenhuma a menos”: retirar completamente o projeto da Lei de Extradição; não caracterizar os protestos como motins; retirar acusações contra manifestantes que foram presos; organizar uma comissão independente para investigar abuso de força policial; e a renúncia de Carrie Lam, atual chefe executiva, e a implementação de um sufrágio universal para eleição do Conselho Legislativo e chefe executivo.
Depois de 36 submissões, Colectiv é o primeiro filme da Romênia que conseguiu ser indicado ao Oscar (Foto: Alexander Nanau Production)
Vitor Evangelista
Em 30 de outubro de 2015, a boate Colectiv, situada em Bucareste, capital da Romênia, pegou fogo. 27 pessoas perderam a vida durante o concerto da banda Goodbye to Gravity, e mais 180 saíram feridas, queimadas e em situação crítica. O documentário de Alexander Nanau leva o nome da casa de shows, mas vai além do traumático evento, investigando uma crise política de corrupção na rede de saúde do país europeu.
Joey Bada$$ deslanchou na carreira de ator e protagoniza o curta-metragem indicado ao Oscar 2021 (Foto: Netflix)
Caroline Campos
Eric Garner, Breonna Taylor, George Floyd. Diga o nome deles. Quase um ano depois do assassinato de George Floyd, o ex-policial Derek Chauvin foi declarado culpado pelo júri popular. Exceção, claro, já que pouquíssimos agentes da polícia estadunidense são processados por matar alguém durante uma ação de trabalho. A decisão histórica calhou de acontecer alguns dias antes da cerimônia do Oscar 2021, em que Dois Estranhos, curta da Netflix que denuncia a violência sofrida pela população negra, está cotado como o favorito para levar a estatueta para casa.
The Present está concorrendo ao Oscar 2021 na categoria Melhor Curta-Metragem em Live Action (Foto: Philistine Films)
Jho Brunhara
São quatro da manhã. Você, palestino e morador da Cisjordânia, toma seu café, se arruma para o trabalho e começa uma jornada de três a quatro horas para chegar em uma obra de construção civil em Jerusalém, território atualmente controlado por Israel. Os 32km, que poderiam ser percorridos em 1h30, parecem ter o dobro da distância. Em certa parte do caminho, você precisa atravessar a fronteira, e, para isso, enfrentar um dos pontos de checagem de Israel. Nesse checkpoint, palestinos são tratados como se fossem animais. Caminham em túneis cercados por grades, abarrotados em centenas. Alguns escalam como podem, para fugir da multidão sufocante. Outros chegam a ser pisoteados, ou saem com uma costela quebrada.
Ao fim do funil, a única passagem é por uma catraca torniquete. Depois, um detector de metal, onde se tira qualquer vestimenta solicitada considerada suspeita. E, então, finalmente, um militar israelense verifica seu documento de identidade e seu visto de trabalho. A permissão para trabalhar em construções só é dada para homens maiores de 23 anos, casados, e que possuam pelo menos um filho. Ocasionalmente, um soldado entediado pode te humilhar antes de autorizar sua entrada no país, por pura ‘graça’. Essa é a realidade enfrentada por 70 mil palestinos, que necessitam dos empregos depois da fronteira para sobreviver, diariamente. Todos os dias.