Em sua última temporada, The Marvelous Mrs. Maisel é apresentada pela primeira vez

 Imagem da série The Marvelous Mrs. Maisel. Na imagem está a atriz Rachel Brosnahan interpretando a personagem Midge Matel. A atriz é branca de cabelos na altura dos ombros, ondulados e castanhos. Ela usa batom vermelho e tem uma expressão séria no rosto. Ela está falando em um microfone de carbono, olhando pra frente, enquanto uma mão segura o suporte do microfone a outra aponta para frente. Ela veste um vestido regata preto, com um laço dourado no peito. Ao fundo está um cenário montado de um palco, as cores predominantes são tons pastéis laranja, amarelo e roxo. Estão em segundo plano dois homens, um sentado em um banco segurando uma guitarra e outro está segurando um violoncelo.
“Quero quebrar cada regra que existe” (Foto: Amazon Prime Video)

Costanza Guerriero

Há cinco anos, The Marvelous Mrs. Maisel nos conta como é ser uma mulher comediante nos anos sessenta. Não apenas uma mulher, mas uma mulher divorciada que decide trabalhar. Não apenas trabalhar, mas trabalhar com comédia. O fim da série confirma que a produção sempre tentou trazer uma mensagem para além do que é conviver com o machismo, sendo sobre a possibilidade de quebrar as regras que a sociedade nos impõe – não porque se deve, mas porque se deseja. A produção conta uma história sobre ter coragem de fazer o que deve ser feito, para chegar nos lugares que se deseja, mesmo carregando um enorme fardo: ser uma mulher ambiciosa. Vencedora de vinte Emmys, este ano a produção chegou mais uma vez na premiação concorrendo a quatorze prêmios, incluindo Melhor Série de Comédia, e tornando-se uma das preferidas pelo seu brilhante desfecho.

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Folhas de Outono é uma comédia romântica sem paixão

Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, Folhas de Outono integrou a seção Perspectiva Internacional da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (Foto: O2 Play)

Vitória Gomez

Em um dia cinza, uma trabalhadora de um supermercado é demitida por furtar uma refeição vencida, que iria para o lixo. Pouca diferença faz, já que um serviço tão mecânico poderia ser melhor aplicado em qualquer outro lugar. Na mesma cidade, mas aparentemente sem conexão nenhuma, um homem alcoólatra é dispensado por beber no trabalho. Para ele, a mesma coisa: com exceção do salário no fim do mês, pouco importa. É nesse cenário de desilusão e desesperança total que ambos se encontram, e Folhas de Outono mostra que é possível fazer comédia romântica sem nenhuma paixão ou graça.

Presente na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e no Festival de Cannes, o longa do finlandês Aki Kaurismäki parte de um lugar comum: uma demissão – ou melhor, duas demissões. No entanto, com a constante frieza do trabalho assombrando o dia a dia, as risadas se fazem no absurdo e na solidão compartilhada entre dois protagonistas que igualmente buscam por conexão humana (ou animal) em meio a um cotidiano de sobrevivência.

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Jennifer Lawrence estrela a pergunta de um milhão de dólares: Que Horas Eu Te Pego?

Cena do filme Que Horas Eu Te Pego?. Na imagem, Jennifer Lawrence, uma mulher branca que interpreta Maddie, veste uma camiseta branca. Andrew Barth, um homem branco que interpreta Percy, também veste uma camiseta branca. Eles estão em uma sala, sentados em um sofá com almofadas vermelhas. Ele está no colo dela.
O longa-metragem é um dos melhores de 2023 e precisa da sua atenção (Foto: Sony Pictures)

Guilherme Machado Leal

Estrelas de Hollywood e o incrível percurso de uma montanha-russa são o combo perfeito para se estudar a trajetória da carreira de um ator. Todos, sem exceção alguma, possuem seus altos e baixos, períodos em que são muito requisitados e tempos sombrios nos quais são esquecidos. Tal caminho, inerente à fama, também encontrou a atriz Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes). A nossa eterna Katniss Everdeen, que já foi o talento mais bem pago por dois anos seguidos, se afastou dos holofotes para se concentrar na maternidade. No entanto, após ler o roteiro de um certo filme, a ganhadora do Oscar decidiu retornar ao mundo da atuação. Afinal, o que em Que Horas Eu Te Pego? a colocaria de volta às telonas? 

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Barry não redime Barry: a quarta e última temporada concebe um manifesto anti-anti-herói

Cena da série Barry. Imagem em close do protagonista olhando para frente, dos ombros para cima e à frente de um fundo preto. O rosto dele está com sangue e machucados espalhados, além de um curativo sobre o nariz e um dos olhos inchado, quase fechado.
Barry chegou ao fim em uma nota fria, dura e irônica, que garantiu o lugar da série na corrida pelo Emmy 2023 (Foto: HBO Max)

Giovanna Freisinger

A quarta e última temporada de Barry responde às perguntas existenciais levantadas pela obra até então e leva a história, que parecia estar em uma rua sem saída, ao seu desfecho. Seus momentos finais a consolidam como uma das melhores produções de televisão dos anos recentes. Os fãs da série estão na torcida para que esse seja o ano em que ela finalmente conquiste o título de Melhor Série de Comédia no Emmy 2023, após três indicações nesta categoria, mas nenhuma vitória até então. O obstáculo é a concorrência pesadíssima da categoria, com Abbott Elementary, A Maravilhosa Sra. Maisel, Jury Duty, Only Murders in the Building, Ted Lasso, The Bear e Wandinha.

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Em Vai Ter Troco, as diversas facetas do brasileiro são representadas na dinâmica patrão x empregado

Cena do filme Vai Ter Troco. Nela, observa-se as personagens Zildete (à esquerda) e Tonha (à direita). Ambas estão com um uniforme cinza com faixas brancas, além de usarem uma espécie de touca branca. Zildete usa óculos.
Em Vai Ter Troco, Nany People e Evelyn Castro esbanjam carisma com suas personagens Zildete e Tonha (Foto: Amaia Produções)

Guilherme Machado Leal

A música Xibom Bombom do grupo As Meninas é marcada pelo padrão de vida de pobres e ricos. Nela, os versos “Quero me livrar dessa situação precária” e “onde o pobre cada vez fica mais pobre e o rico cada vez fica mais rico” explicitam um tema recorrentemente abordado na cultura brasileira: a desigualdade social. Produtos audiovisuais sobre esse assunto são vastos, mas o que diferencia Vai Ter Troco de tudo que já foi explorado? O filme dirigido por Maurício Eça (A Menina que Matou os Pais) é centrado em duas protagonistas carismáticas: Tonha (Evelyn Castro), uma mulher com pavio curto, e Zildete (Nany People), uma senhora dócil e piedosa. Juntas, elas trabalham na casa dos ricaços Sarita (Miá Mello) e Afonso (Marcos Veras) – um casal superficial à décima potência. 

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Aprendendo com seus acertos, a 2ª temporada de Abbott Elementary ensina a fazer comédia

Cena de Abbott Elementary. Nela vemos a personagem de Quinta Brunson, Janine, uma mulher negra, adulta, de cabelo cacheado. Janine usa uma camiseta branca com um personagem de um notebook, com olhos e braços. Janine está sorrindo e com a mão direita na cintura. Ela está na biblioteca da escola e ao fundo, há um gráfico verde e ao lado, uma foto do Elon Musk, com sua então esposa na época, Grimes, porém, na imagem a foto está cortada.
A carreira da showrunner Quinta Brunson começou quando ela viralizou com uma série de vídeos em seu Instagram enquanto ainda era funcionária de uma loja da Apple (Foto: ABC)

Guilherme Veiga

Se existe uma coisa que é intrínseca à grande parcela de nós, é a escola. Presente em uma parte considerável de nossas vidas, é nela que desenvolvemos a totalidade de quem somos. Dos professores que amamos aos que odiamos, dos amigos que duram para a vida inteira aos que nos despedimos a cada formatura, dos discursos de ‘vocês são a pior sala da escola’ às provas aparentemente impossíveis de ciências para a época; sem dúvidas, aquele ambiente quase que fabril a lá Tempos Modernos, das filas, do hino nacional antes da aula e das decorebas de fórmulas, é um dos grandes responsáveis por nos moldar.

Um ambiente tão factível também é uma faca de dois gumes nas telas. Se, por um lado, a representatividade é quase instantânea – vide os corredores das séries teen da Nickelodeon como ICarly e Victorious ou as aulas da Srta. Morello em Todo Mundo Odeia o Chris -, por outro, é extremamente complicado ir além dessa visão comum de tantos. Porém, é exatamente esse desafio que Abbott Elementary, o novo e já queridinho nome das sitcoms, se propõe.

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A segunda temporada de A Vida Sexual das Universitárias canta em notas lascivamente cômicas

Cena da série A Vida Sexual das Universitárias. Na imagem estão Whitney, Leighton, Bela e Kimberly, da esquerda para a direita. Whitney é uma mulher negra de tranças castanhas, ela veste uma camiseta branca e uma jaqueta rosa. Leighton é uma mulher branca de cabelos longos e lisos. Bela é uma mulher indiana de cabelos longos, pretos e lisos, ela veste uma camiseta vermelha com um casaco bege. Kimberly é uma mulher branca de cabelos curtos, lisos e castanhos claros, ela veste uma camiseta listrada com uma jaqueta laranja. Todas fazem cara de surpresa.
Sob as subjetividades de suas protagonistas, A Vida Sexual das Universitárias repousa em um retorno maduro e coerente (Foto: HBO Max)

Jamily Rigonatto 

Quatro meninas de personalidades completamente diferentes em um quarto de universidade e a possibilidade de explorar o que o desejo permitir? Já vimos algo parecido antes, mas a receita de A Vida Sexual das Universitárias tem um tempero a mais. Com dramas sinceros e o sopro da juventude contemporânea, a série original da HBO Max chegou ao seu segundo ano pronta para conquistar os corações e corpos da Essex College.

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O Menu abocanha o terror psicológico e não deixa nada no prato

Cena do filme O Menu. Da esquerda para a direita na imagem, Margot escuta o que o chef Slowik tem a dizer. Ela é uma jovem branca de cabelos ruivos e olhos claros. Ele é um homem branco de cabelos e olhos claros. Margot está sentada em uma mesa do restaurante de Slowik que, por sua vez, está de pé ao seu lado. O chef veste um avental característico da profissão na cor branca. Ao fundo, o cenário é um restaurante pouco iluminado e repleto de clientes
O novo longa de Mark Mylod traz Anya Taylor-Joy e Ralph Fiennes como protagonistas de uma experiência gastronômica transformadora (Foto: Searchlight Pictures)

Nathalia Tetzner 

Salpique uma jovem fumante sem apetite, ferva um ator latino esquecido, cozinhe alguns empresários corruptos, tempere um fanático por gastronomia, corte uma crítica sem papas na língua e adoce um chef de cozinha assombrado pelo próprio trabalho, faça todas as etapas no desconforto de um restaurante rodeado pelo mar e pronto: a receita de terror psicológico está servida. Na direção do seu primeiro filme de grande investimento, Mark Mylod prepara para as telas do Cinema o sabor transformador da sátira unida ao suspense com O Menu.

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The White Lotus te convida para mais uma temporada de férias, aceita?

DESCRIÇÃO: Cena da segunda temporada da série The White Lotus. A imagem é uma cena da série em que todos os funcionários do hotel estão acenando para os hóspedes que chegam em um barco. Valentina está no primeiro plano da imagem, é uma mulher branca de cabelo castanho escuro que usa um terno rosa e acena para o oceano. Atrás dela estão Isabella, uma mulher branca com cabelo castanho claro, e Rocco, um homem branco com cabelo encaracolado e grisalho. Além deles, também há, no segundo plano da imagem, quatro funcionários homens com paletós amarelos, calças pretas e luvas brancas.
Agora na Itália, a série premiada de Mike White retorna com novos personagens e dinâmicas (Foto: HBO Max)

Gabriel Saez

Se a primeira temporada de The White Lotus não foi o suficiente para entender que Mike White domina a arte de contar histórias, o seu retorno com certeza é. Com uma forma incomum de desenvolver seus personagens, o segundo ano da série da HBO Max reforçou as qualidades do diretor. Agora na Itália, o resort White Lotus recebe mais uma vez um grupo de turistas que, com toda a certeza, irá desfrutar de sua hospitalidade, deixando uma marca única em Sicília e seus residentes. 

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Crime e castigo são o veredito da 3ª temporada de Barry

Indicada ao Emmy 2022, Barry se distancia ainda mais da Comédia em seu terceiro ano (Foto: HBO Max)

Bruno Andrade

É sempre curioso observar a forma como a violência é veiculada no Audiovisual. Historicamente, a ideia de um assassino de aluguel deprimido não é tão inovadora; na realidade, continua explorada após décadas de representação em videogames e filmes de adaptação. A bem da verdade, é algo sempre deixado nas entrelinhas dos roteiros do gênero, cujas cenas finais giram em torno das redenções platônicas e apaixonadas dos frios matadores, que se rendem ao sentimentalismo e à reivindicação das próprias condições individuais (O Justiceiro [2004], Hitman [2007], Max Payne [2008]).

Parece estar imposta, de forma silenciosa, uma condição depressiva na qual o sentido reside na incansável busca pela “justiça” – improvável, abstrata, distante e egoísta. Mas é aqui que Barry se distancia de todas essas realizações: a condição melancólica do protagonista se estabelece, desde o princípio, como o mote para suas ações, e o ato de cometer os crimes visa, na verdade, preencher seus dias para que ele não pense nos problemas que envolvem sua condição existencial.

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