Young Royals: o romance queer chega na realeza causando um escândalo

Cena da série Young Royals, na imagem está o casal de protagonistas, Wilhelm interpretado por Edwin Ryding e Simon, interpretado por Omar Rudberg. Wilhelm tem a pele branca, seus cabelos são curtos e lisos e de tons loiro escuro, veste o uniforme de Hillerska um blazer vinho, camiseta branca e gravata. Simon é negro claro, seus cabelos são curtos e ondulados de tons castanho escuro, também veste o uniforme Hillerska, um veste blazer vinho, camiseta branca e gravata, a imagem não mostra calças. Os dois estão em um quase beijo, com seus lábios próximos e entreabertos. A imagem tem tons roxos azuis cintilantes sobre eles
Ao longos dos 6 episódios, a química eletrizante do casal de Young Royals deixa todos de queixos caídos e coração quentinho (Foto: Netflix)

Thuani Barbosa

Escândalos na realeza, desde uso de drogas, romances escondidos, crises financeiras e familiares até preconceito e morte. Todas essas vertentes você vai ver em Young Royals, o novo romance LGBTQIA+ queridinho da Netflix. Seguindo a linha de raciocínio de outros seriados como The Crown, a obra mostra o lado difícil de ser parte da monarquia e, ainda assim, nos contempla com a aventura da adolescência muito similar a Elite. Dever, status, lealdade e amor é tudo que esperamos do romance sueco. 

Lançado em 2021, o seriado acompanha uma onda de crescimento nas produções suecas, ao lado do romance Amor & Anarquia de Helena Bergström, e do drama queer Dancing Queens de Lisa Langseth. A estreia da primeira temporada de Young Royals não teve a recepção avassaladora que merecia do público, portanto ainda não se sabe sobre a produção de uma segunda parte. Assim, a Netflix vem trazendo a diversidade que frequentemente falta no catálogo, e a exibição da obra teen ajuda na credibilidade, uma vez que chegou arrasando.

Cena retirada da série Young Royals, com o casal de protagonistas, Wilhelm interpretado por Edwin Ryding e Simon interpretado por Omar Rudberg. Wilhelm tem a pele branca, seus cabelos são curtos e lisos e de tons loiro escuro, veste uma camiseta cinza, por cima uma camisa vinho desabotoada e calça jeans. Simon é negro claro, seus cabelos são curtos e ondulados de tons castanho escuro, ele veste uma camisa lilás e jaqueta verde militar, a imagem não mostra calças. Ao fundo tem-se um castelo moderno, com janelas de vidro e um relógio grande, o céu é violeta com tons de rosa.
Um dos momentos apaixonados em que os olhares de Wilhelm e Simon quase soltam faíscas (Foto: Netflix)

A trama se inicia com um escândalo envolvendo o Príncipe Wilhelm (Edvin Ryding), que é enviado pela família para o famoso colégio interno Hillerska. Lá, ele conhece Simon (Omar Rudberg), com quem vive um romance ardente e divide suas incertezas em relação à monarquia. Em certos momentos o relacionamento deles se assemelha com o romance Me Chame Pelo Seu Nome dirigido por Luca Guadagnino. No longa-metragem, os jovens Elio (Timothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer) vivem uma paixão ardente; o filme e a série se assemelham quando você sente que a tensão sexual entre eles está palpável no ar e o casal tenta evitá-la, ambos tratam de temas queer, e o final feliz não chega tão fácil, mas ainda assim, são abordagens extremamente diferentes. 

Young Royals se passa “no agora”, tem personagens mais jovens, ainda no colegial e em busca de uma certa aceitação social, já Me Chame Pelo Seu Nome acontece em 1983 e mostra um estilo de vida, modo de vestir e se comportar oposto ao que vivemos na atualidade. A condução dos dois também é inegavelmente divergente, começando pelo ponto que uma se passa em Estocolmo, Suécia e tem uma paleta de cores mais neutras, optando por tons mais sombreados, mornos, exibindo as florestas e castelos antigos e em alguns casos cintilantes, e a outra em Crema, Itália e possui uma paleta mais vibrante, alegre e de tons fortes, exaltando os raios de sol e longos momentos a beira rio.

Após uma perda na família, Wilhelm se torna o príncipe herdeiro e o primeiro na linhagem de sucessão ao trono sueco, o que deixa sua relação com Simon ainda mais complicada. A morte de um membro da realeza mostra um lado sensível dos pais de Wilhelm, ainda que a Coroa sueca pareça sempre mais importante que qualquer coisa. Além disso, um evento tão marcante como o luto não tem o impacto esperado, até porque é uma morte tão importante, o que deixa o enredo fraco em relação à convivência da família real. Para completar a lista de drama parental, a família de outros personagens demonstra certa instabilidade, como os Arnas, que além de lidar com a perda do patriarca enfrentam a falência.

Os familiares de Simon também tem adversidades mal desbravadas no roteiro, dado que a relação com o pai sempre se mostra problemática devido ao álcool e uso de drogas, mas o assunto é sempre vago e deixa o espectador com a impressão de não saber exatamente o que se passou para o corte de laços acontecer. E há a os pais de Felice, que tem para a filha expectativas que ela não consegue cumprir, deixando a relação pessoal da família defasada. 

Cena da série Young Royals, onde estão os os pais do protagonista, rei e rainha da Suécia, o irmão Erick e o Príncipe Wilhelm. O rei e Wilhelm vestem ternos de tons acinzentados escuros, Erick veste uma farda azul e relógio, a rainha veste um vestido azul real, com um broche dourado, ambos tem cabelos castanhos. estão sentados em um sofá rosa claro com bordas douradas, ao fundo uma parede dourada com estampas de folhas vinho e á um homem em pé ao canto.
A família real sueca de Young Royals ainda não garantiu a segunda temporada, mas já conquistou seu lugar no coração dos fãs (Foto: Netflix)

Os personagens secundários, como August (Malte Gardinger) e Sara (Frida Argento), vem pra trazer altas emoções, algumas boas, outras terríveis. A beleza e o jeito melindroso de August deixa o quase vilão ainda mais interessante, mas a imaturidade e impulsão fazem com que suas atitudes afetem o casal principal negativamente. Mas, ainda assim, é fácil ver o quão necessários são os conflitos para o desenvolver da história. 

Diferentemente de Sara, que parece sempre confusa mas, quando é conveniente, sabe ser ousada e favorecer a si mesma. Já Felice (Nikita Uggla) traz a dose exata de  simpatia para se tornar a preferida do público, é uma personagem gente como a gente! Para todos, ela parece perfeita e intocável, mas tem problemas com o próprio corpo, conflitos com os pais, e o melodrama adolescente que toda produção teen pede, mas isso não a impede de sempre empenhar para melhor e ajudar quem precisa dela. Young Royals tem o tipo de trama que te deixa com vontade de viver o que se passa na tela, onde você gosta de alguns personagens e odeia outros.

Foto dos atores principais de Young Royals. Malte Gårdinger (August) têm pele branca e cabelos pretos, está vestindo blusa preta, jaqueta de couro preta, calça branca, tênis vermelhos com detalhes laranjas e um gorro laranja, Pernilla August (Kristina) têm pele branca e cabelos pretos, está vestindo calça preta, sobretudo preto e brincos pequenos, Edvin Ryding (Wilhelm) têm pele branca e cabelos loiros escuros, está vestindo moletom azul, sobretudo preto de couro, calças pretas jeans e um colar prata, Frida Argento (Sara) têm pele branca e cabelos castanhos claros está vestindo blusa cinza, moletom preto de zíper aberto, calça jeans clara e tênis brancos, Omar Rudberg (Simon) têm pele negra clara e cabelos ondulados castanhos escuros, está vestindo moletom branco com gorro, calça jeans clara, tênis preto e cachecol xadrez ao redor dos ombros e Nikita Uggla (Felice) têm pele negra clara e tem cabelos longos pretos, está vestindo camisa preta, calça legging preta e tênis preto. Todos estão em pé no gramado à frente de um castelo.
A realeza de Young Royals esbanjando carisma, talento e beleza (Foto: Netflix)

Com cenários de perder o fôlego, a série dirigida por Rojda Sekersöz e Erika Calmeyer exala sofisticação, diante de rios vastos e castelos antigos, que fazem com que o telespectador seja teletransportado para a Suécia e sinta o frescor do vento e o frenesi de ser um jovem da realeza vivendo um romance proibido. Ambientada com tons neutros e espaços amplos, Young Royals dá a sensação de quietação e liberdade, entretanto a autonomia dos personagens está sempre reduzida ao terreno do colégio e, raramente, à cidade mais próxima. E a quietação comumente é preenchida pelos burburinhos dos estudantes nos corredores e as festas organizadas às escondidas pelos veteranos.

O seriado, criado por  Lisa Ambjörn, Lars Beckung e Camilla Holter, mostra de maneira extremamente realista e calma os problemas que muitos adolescentes têm enfrentado na atualidade. Um exemplo é August, que frequentemente usa entorpecentes para manter seu alto desempenho nos esportes, outro é Wilhelm, que se droga após um grande abalo emocional. Felice, que por mais que seja popular e considerada perfeita por todos, ainda tem problemas com sua autoestima, enquanto Sara precisa lidar diariamente com a pressão social e o preconceito acerca do Asperger que convive e não a permite se encaixar perfeitamente entre outros jovens.

Esbanjando delicadeza e romantismo, o enredo também tem sua pitada de crítica social, já que traz um príncipe, presença que tem forte influência política em vários países até os dias atuais, em um relacionamento homoafetivo. O que é de extrema importância para a visibilidade da comunidade LGBTQIA+ no mundo; por mais que o casal não fique junto “pelo bem da realeza”, ato que demonstra o quão antiquado e preconceituoso tem sido o tratamento de certos governos em relação a relacionamentos gays, o drama de Young Royals é uma das formas de fazer a sociedade olhar ao redor é perceber o quão doce e suave é o amor, independente de como é.

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