5 anos de Dua Lipa: com quanta ousadia se faz Música pop?

A imagem mostra a cantora Dua Lipa, uma mulher branca e jovem. Seus cabelos longos e castanhos estão soltos e molhados. Ela usa batom rosa suave nos lábios e veste uma jaqueta preta, estampada com escamas e de colarinho recortado. A mão esquerda de Dua segura a parte frontal da roupa, enquanto seu braço direito se apoia inteiramente em seu queixo. Ela olha fixamente para o foco da fotografia. No canto inferior central da imagem, está escrito “DUA LIPA” com letras vazadas e de cor branca. Ao fundo, um degradê que varia entre roxo e azul.
Terceiro álbum mais transmitido da história do Spotify, o debut da britânica é o primeiro trabalho de uma artista feminina a contabilizar 9 bilhões de streams (Foto: Warner Bros. Records/Rankin)

Vitória Vulcano

O ano de 2017 foi marcado pelo início da mais recente reviravolta a atingir o berço de Lady Gaga em cheio. Dialogando com uma crise de identidade, ou surfando na onda de reinvenções prostradas, o gênero que aprendeu a fazer história dominando o topo das paradas vivia uma representação insossa, desmedidamente guiada pelo instantâneo e fragilmente centrada no sucesso de personalidades masculinas. Então, quando o rap assumidamente superou o pop, todos sabiam que não era questão de longevidade; mas, sim, de poder popular.

Manifestada como frescor musical, Dua Lipa foi um dos dezenas de nomes designados para aguar o tal deserto criativo. Os primeiros singles da inglesa já agitavam as rádios europeias um ano antes, investindo em experimentações que uniam metáfora à melodia. Só que mudar – ainda que minimamente – as rédeas da derrocada do ritmo chiclete exigia se colocar para jogo além do compromisso de nivelar sua estreia na indústria sonora. A típica exploração visual e lírica do pertencimento, responsável por estruturar personas novatas nos acordes, dependia da precisão tomada no processo. Curiosamente, entre formas e testemunhas, a caloura Lipa decidiu pela coragem de se autointitular a nova via do pop.

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