Vivemos a vida à sombra do grande mistério da morte. Por mais que as religiões tentem explicar o que acontece conosco depois que o coração para de bater, só saberemos a verdade quando chegar a hora. Armugan, filme exibido na 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, utiliza a sutileza visual para elaborar um conto impactante sobre como o ser humano se apoia em lendas para conseguir lidar com a finitude da existência.
Um homem e uma mulher estão parados em um campo. A grama verde reluz ao sol. Pela distância, não conseguimos ver direito o rosto de nenhum dos dois. Parecem estátuas paradas em um palco e conversam, imóveis. Esses são os minutos iniciais de Higiene Social, filme francês exibido pela 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Diretor de “Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição” comenta sobre o filme dentro da sua geração e relembra o trabalho com Mary Twala
Caroline Campos
Fechando definitivamente a cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o Persona apresenta hoje uma conversa com o simpaticíssimo Lemohang Jeremiah Mosese, que conta um pouco sobre como enxerga seu trabalho de cineasta e a importância da unificação entre as pessoas como força política.
Responsável pelo magnífico Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição, que discute a perda e o luto no processo de resistência, o diretor lesotiano ainda relembra seu trabalho com a falecida Mary Twala e revela os motivos pelo qual espera ansioso pela nova geração ainda não nascida.
Diretor de “Os Nomes das Flores” detalha a importância da memória e do legado da arte e ainda revela o segredo da sopa da professora
Caroline Campos e Vitor Evangelista
Como é que um diretor nascido no Irã e atual residente do Canadá acabou estreando na ficção fazendo um filme em espanhol na Bolívia? Bahman Tavoosi, o tal cineasta, esbanja talento e versatilidade. Ainda na leva de entrevistas provindas da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Tavoosi é o foco do texto de hoje.
Realizador do estupendo Os Nomes das Flores, filme sensível que usa a figura de Che Guevara para debater legado e memória, Bahman conversou com o Persona sobre as influências que angariou ao longo de sua jornada na área, além de revelar, com exclusividade, qual o sabor da quase mítica sopa que Che provou antes de sua morte.
Diretor de “A Morte do Cinema e do Meu Pai Também” destrincha o caráter biográfico da obra
João Batista Signorelli
Dando continuidade à série de entrevistas realizadas pelo Persona durante a cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o entrevistado da vez é o diretor israelense Dani Rosenberg. Rodando festivais ao redor do mundo com seu seu segundo longa A Morte do Cinema e do meu Pai também, e inclusive marcando presença na Seleção Oficial do Festival de Cannes, o diretor compartilhou um pouco do seu processo de criação, que mistura documentário e realidade para construir um relato pessoal sobre perda e memória familiar.
O diretor narrou sua trajetória desde sua graduação na Jerusalem Film School, passando pela produção e circulação de seu filme, chegando às dificuldades criativas decorrentes do momento atual de pandemia. De maneira muito simpática e empolgada, ele se abriu para falar tanto sobre as questões familiares pessoais retratadas no filme, quanto sobre sua paixão e influências no cinema.
Diretor de “Meu Coração Só Irá Bater Se Você Pedir” conta as influências do filme vampiresco e revela sua paixão pelos Irmãos Coen (e pelo Adam Sandler)
Vitor Evangelista
Ainda no recém-nascido quadro de entrevistas do Persona, dessa vez a conversa é internacional. Jonathan Cuartas vive em Miami, se formou na faculdade de cinema em 2016 e Meu Coração Só Irá Bater Se Você Pedir é o seu filme de estreia. Exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e ovacionado por esse que vos escreve, o longa abre uma porção de debates sobre doença, vulnerabilidade e sobre o amor familiar.
O jovem cineasta bateu um papo honesto conosco e abriu o próprio coração, contando a sensibilidade de sua criação e o que ele almejava no primeiro trabalho em longa metragem. Como de praxe, ao fim do texto temos um bate-bola mais descontraído, e Jonathan até revela seu time dos sonhos para trabalhar futuramente no cinema.
A cineasta, co-roteirista do comentado Democracia em Vertigem, fala sobre sua experiência com a anorexia que motivou Êxtase, seu primeiro longa-metragem e sobre a indicação ao Oscar 2020
Raquel Dutra
Semana passada, estreamos uma novidade aqui no site: o Persona Entrevista. O quadro ainda tem o gostinho da nossa cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo porque traz para seu início conversas que tivemos com alguns diretores de filmes exibidos no festival. A abertura se deu com João Paulo Miranda Maria, diretor de Casa de Antiguidades, filme que representou o Brasil no Festival de Cannes este ano.
Dessa vez, o Persona recebe Moara Passoni, roteirista de Democracia em Vertigem que, depois de nos representar entre os Melhores Documentários do Oscar 2020, estreia na direção com Êxtase, seu primeiro longa-metragem premiado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) na Mostra SP deste ano. Ela conversou conosco sobre o longo processo de criação do filme que, brincando com a linha tênue existente entre a ficção e a realidade, atravessa a experiência da própria com a anorexia e dá voz a relatos de muitas outras mulheres que participaram de sua concepção compartilhando suas vivências.
Diretor de “Casa de Antiguidades” comenta suas inspirações e o impacto do filme, único brasileiro na seleção de Cannes 2020, no exterior
Caroline Campos e Vitor Evangelista
Como parte da cobertura da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o Persona entrevistou realizadores de alguns dos filmes presentes no festival. Nos próximos dias, os leitores do site poderão ter acesso na íntegra a essas conversas exclusivas (coordenadas pela nossa equipe), e que foram realizadas através de videochamadas. Assim, mesclamos o texto clássico narrativizado do Persona com as perguntas e respostas em forma de pingue-pongue, chegando à uma leitura mais fácil e menos carregada.
Se ficou curioso, é só acompanhar abaixo o resultado da nova empreitada da editoria: apresentamos o Persona Entrevista. E, para iniciar com o pé direito, que tal conhecer um pouco mais sobre o filme e o diretor que representaram o Brasil virtualmente em Cannes neste ano?
O luto é uma figura de muitas faces. Talvez exista um limite para o número de pessoas amadas que podemos perder sem passarmos a excomungar toda e qualquer força superior que rege a ordem natural da vida. Quando conhecemos Mantoa, protagonista de Isso Não É um Enterro, É uma Ressurreição, passamos a duvidar, junto com ela, da benevolência do Deus-Todo-Poderoso. Exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, a obra do diretor lesotiano Lemohang Jeremiah Mosese é um retrato duro e belo do clamor pela morte em harmonia com o direito à vida.
Não tem jeito, somos nossos maiores inimigos. Jana, a calejada protagonista de Walden,prova dessa verdade da pior maneira possível, a do coração quebrado. Ela se lembra do antigo namorado da época da adolescência, e cria um escudo ao redor da memória desse amor, mantendo-se obstinada à voltar para sua terra de origem, de onde esteve exilada por trinta anos. Parte da seção Perspectiva Internacional da 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Walden é um filme simples de dor e arrependimento.