“Não adianta pedir, que eu não vou te chupar escondida no banheiro”. É com este primeiro verso, na faixa (+ Muito) Talento, que Linn da Quebrada abre as cortinas de Pajubá, instituindo desde o princípio o tema central que perdura por todo o projeto: ela não será mais escusa. Rejeitando um posicionamento conciliador e desafiando o conservadorismo, é declarado que, não interessa o incômodo e constrangimento que lhe cause, a sociedade será obrigada a enxergá-la. Lançado em 6 de outubro de 2017, o primeiro álbum de estúdio da artista completa cinco anos em 2022 e, depois de fazer seu nome na Música, reivindicando espaços que corpos trans nunca ocuparam, se ressignifica no próprio tempo.
Tranquilo como um vulcão, setembro chegou com um restinho de inverno que mais parecia uma sauna ao ar livre. Com temperaturas elevadas, o fim da estação tipicamente fria logo deu lugar à elegância da primavera – e nos fez lembrar de que, infelizmente, nem tudo são flores na vida. Entre erupções vulcânicas e medo de tsunamis, talvez nada tenha assustado tanto os brasileiros quanto os atos antidemocráticos que escancararam a fragilidade de nossa recente democracia. Mantendo-se firme ao lado da Cultura, e não permitindo que esses absurdos sejam esquecidos, o Persona respeitosamente introduz a nona edição do Nota Musical.
Se, no fim de agosto, Kanye West bateu recordes na Apple Music com o álbum Donda, é verdade que ele também viu essa conquista durar pouco. Com Certified Lover Boy, lançado no comecinho de setembro, Drake assumiu a posição de seu rival, garantindo o posto de álbum mais ouvido na plataforma nas primeiras 24h em 2021. Apesar dos números elevados, esse projeto se mostrou ambicioso demais, e embora alcance seus pontos altos, é um disco que peca pelo excesso de ideias. De qualquer forma, nada deslegitima o sucesso do trabalho imersivo – e cheio das dores – de Drake.
Mergulhando igualmente em si mesma, Liniker lançou o primeiro álbum solo da carreira. Repleto de referências musicais, Indigo Borboleta Anil é um bom primeiro passo para a nova etapa da cantora, que obteve inclusive o reconhecimento de verdadeiras lendas nacionais, como Milton Nascimento. E se estamos falando de trabalhos bem sucedidos ao se assumirem pessoais, não podemos deixar de mencionar o disco Dai a Cesar o que é de Cesar. Abordando do racismo à religião, o primeiro álbum de Cesar Mc é, com certeza, uma estreia muito notável para o rap nacional.
Ainda em solos brasileiros, Gaby Amarantos fica responsável por um dos melhores álbuns nacionais do ano. Com parcerias invejáveis, como Elza Soares, Alcione e Ney Matogrosso, Purakê extrapola o tecnobrega ao reunir novos sons da Região Norte do Brasil. Enquanto isso, no Nordeste, observamos diariamente uma das maiores polarizações da atualidade: com incontáveis fãs e hatersna internet, Juliette entrega doçura, leveza e origem paraibana em seu primeiro EP, mostrando que, fora do BBB, ela pode viralizar com uma inusitada relação entre preconceito e farinha. Já Luana Flores, também da Paraíba, funde tradição e inovação em Nordeste Futurista, um excelente Extended Play de estreia.
Misturas sonoras e experimentalismos, aliás, estão por toda parte. Em The Dune Sketchbook, por exemplo, Hans Zimmer aprofunda os trabalhos musicais desenvolvidos para a nova adaptação cinematográfica de Duna, chegando a criar inclusive uma espécie de som de outra galáxia. Ao mesmo tempo, Lady Gaga torna o universo de Chromaticairregular, sem deixar, contudo, de executar, ao lado de BloodPop, uma curadoria diversificada e rica para Dawn of Chromatica. O álbum de remixes tem, por sinal, um de seus auges em Fun Tonight, colaboração com a nossa Pabllo Vittar.
Mas a Mother Monster não foi a única a realizar grandes curadorias no mês. Comemorando os 30 anos de The Black Album, a banda Metallica lançou o disco The Metallica Black List, marcado por números colossais e diversas releituras das faixas do clássico, em uma reunião de artistas e bandas para todos os gostos. Embora seja um pouco inusitado, um desses nomes é J Balvin, que também se destacou em setembro ao lançar José, o sétimo álbum de estúdio da carreira. Com mais de 20 participações especiais, o CD de tom intimista do embaixador global do reggaeton conquistou um bom desempenho no agregador de notas Metacritic, além de razoáveis reproduções no Spotify.
Falando em rankings, quem também se sobressaiu no mês foi a rapper LISA. Depois de 5 anos em cena com o grupo BLACKPINK, ela finalmente estreou sua carreira solo com o singleLALISA. Faixa-título do álbum ainda inédito, a canção alcançou o surpreendente segundo lugar na Billboard Global 200. E entre hits e polêmicas, não podemos esquecer que Lil Nas X deu à luz o tão aguardado MONTERO. Colaborando com grandes nomes da Música, como Elton John, Kanye West e Miley Cyrus, o atual ícone da comunidade LGBTQIA+, e promessa para o futuro do rap, se mostrou bem eclético em seu disco de estreia.
Nessa importante valorização da diversidade, Phoebe Bridgers e a banda MUNA vivem um romance queer em Silk Chiffon. O single ganhou um videoclipe baseado no filme Nunca Fui Santa, de 1999, demonstrando que os anos 90 ainda estão em alta. Prova disso é também The 90s, de FINNEAS, canção que fará parte do álbum de estreia Optimist. Nela, o irmão de Billie Eilish canta as saudades de um mundo sem internet e com esperança no futuro, retrato explícito desse tempo passado.
Além disso, quase na mesma atmosfera, Radiohead transporta todo mundo para os anos 2000 com If You Say the Word, primeira música inédita do vindouro CD KID A MNESIA, edição especial que comemora os aniversários de duas obras clássicas da banda. Mas as novidades para os fãs de rock não param por aí. Oasis atacou em dose dupla, dando pistas do futuro álbum ao vivo Oasis Knebworth 1996 ao lançar os registros das canções Live Forever e Champagne Supernova, ambos presentes no disco. No entanto, como todo gênero musical, algumas decepções foram inevitáveis, e a culpa agora é da banda norte-americana Imagine Dragons. Em Mercury – Act 1, primeira parte de uma obra dividida em dois álbuns, o que encontramos é um trabalho sem coesão, confuso e diferente dos discos anteriores.
Mas para quem gosta dessas viagens ao passado, ouvir as novidades dos veteranos talvez seja uma boa escolha. Sendo assim, depois da dupla Lady Gaga e Tony Bennett, com o singleLove For Sale, um dos maiores destaques de setembro é com certeza a volta do ABBA. Após 40 anos ausente, o grupo pop sueco retorna com as canções I Still Have Faith In Youe Don’t Shut Me Down, anunciando um álbum novo e um show especial. Não bastasse tamanha alegria, aqui no Brasil, Caetano Veloso chega com Anjos Tronchos, primeiro gostinho de um disco de composições inéditas – o ainda aguardado Meu Coco – desde 2012.
Além desses retornos, uma junção inesperada de nomes grandiosos da Música brasileira foi uma das belas surpresas do mês. Edi Rock, Ney Matogrosso e Linn da Quebrada regravaram o clássico Nada Será Como Antes para a trilha sonora da nova temporada de Segunda Chamada, e o resultado desse encontro está bem interessante. Ainda para as telinhas, St. Vincent presenteia o mundo com três canções originais, dentre outras faixas, na trilha sonora de The Nowhere Inn. Cynthia Erivo, por sua vez, lança Ch. 1 Vs. 1, seu primeiro disco completamente autoral, que transita entre pop, soul, R&B e gospel – e reforça o lado cantora da artista indicada a Melhor Atriz em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme no Emmy 2021.
Na mesma linha, o astro de Teen Wolf Tyler Posey estreia como artista solo no EP Drugs, trabalho no qual narra o uso exagerado e sua consequente luta contra as drogas. Já Alexa Demie, famosa por seu papel em Euphoria, dá seus primeiros passos no mundo da Música com o single Leopard Limo. E avançando no processo de recuperação de seus direitos autorais, Taylor Swift lança oficialmente a nova versão de Wildest Dreams, hit do álbum 1989, de 2014, que já tinha aparecido na trilha do filme Spirit: O Indomável. Igualmente no universo audiovisual, mas agora nos games, mxmtoon lança true colors, obra que faz parte da trilha sonora do jogo Life is Strange, e é formada por dois covers e duas composições originais.
Sendo a vida estranha ou não, é bom poder aproveitá-la. E Alicia Keys faz isso muito bem em LALA, sua parceria com Swae Lee. Criando um clipe luxuoso para o single, a cantora esbanja alegria em uma festa invejável. Algumas celebrações, no entanto, são um pouco macabras. É o caso de Charli XCX, que dança no funeral do próprio namorado no vídeo de Good Ones, música que narra o processo de acostumar-se com relacionamentos ruins. E falando em dança, é impossível não mencionar a nova canção de Glass Animal. EmI Don’t Wanna Talk (I Just Wanna Dance), a banda britânica não só aparece nas paradas da Billboard, como também cria uma atmosfera totalmente dançante, psicodélica e elétrica.
Numa onda de tantos festejos, os detalhes mais sutis da vida também garantem seus espaços especiais. Em Te Ao Mārama, Lorde dá continuidade à fase mais iluminada de sua carreira, regravando algumas faixas de Solar Power em Maori, a língua nativa da Nova Zelândia – país onde a cantora nasceu e cresceu. Já Lana Del Rey se afasta das redes sociais para focar na Música, mas não sem antes deixar um presentinho para os fãs: Arcadia, single presente no ainda tão aguardado álbum Blue Bannisters, ganhou um clipe dirigido pela própria artista. E em Angel Baby, sua mais recente balada, Troye Sivan tem o coração completamente tomado por uma paixão avassaladora.
Infelizmente, os amores estonteantes nem sempre são eternos ou duradouros. E Kacey Musgraves sabe bem disso. Após o sucesso e aclamação de Golden Hour, a cantora norte-americana vencedora do Grammy retorna com star-crossed, seu quarto álbum de estúdio. Influenciado pelo divórcio entre a artista e o músico Ruston Kelly, o trabalho foi até mesmo descrito como “uma tragédia moderna em três atos”. Aliás, nesse clima de traumas e outros elementos extremamente particulares, a rapper Little Simz se destaca ao lançar o disco Sometimes I Might Be Introvert, trabalho que pode vir a ser classificado como um dos melhores CDs do mês, ou até mesmo do ano.
Se algumas pessoas têm sorte disco após disco, outras não são tão queridas pelo destino. Ao lançar gg bb xx, o quarto álbum de estúdio da banda, LANY cai numa criação genérica e repetitiva, entregando uma obra um pouco frustrante. Ao mesmo tempo, alguns trabalhos, antes de serem bons ou ruins, são apenas totalmente inesperados. Foi o que aconteceu com o EP YELLOW TAPE, de ZAYN. Lançado sem qualquer aviso, e fora das plataformas oficiais de streaming, as três novas músicas do ex-One Direction mergulham no rap, entregando letras profundas, marcadas por indiretas e algumas questões particulares.
Aliás, lançamento inusitado foi o que não faltou no mês. Entre o EP Take a Stand (The Noam Chomsky Music Project) – homenagem ao linguista norte-americano Noam Chomsky – e a aparição da mãe de Beyoncé no clipe do primeiro single solo oficial de Chlöe, Have Mercy, o maior destaque dentre as surpresas de setembro pode ter sido facilmente Life of the Party, colaboração entre Kanye West e Andre 3000. Se essa faixa foi um dos descartes do álbum Donda, Drake achou uma boa ideia vazá-la em um programa de rádio. Aumentando a rivalidade entre os rappers, Kanye West logo deu sua resposta, compartilhando publicamente o endereço de Drake.
Mas os ecos do famigerado álbum lançado no fim de agosto não param por aí. Baby Keem, que também fez parte do disco, agora reúne seu primo Kendrick Lamar e Travis Scott no álbum The Melodic Blue. Apesar de novato, os passos de Keem têm se mostrado tão dignos quanto os de muitos veteranos. E por falar em veteranos, aqui no Brasil, Manu Gavassi inova em sub.ver.si.va – segundo single de seu quarto álbum de estúdio, previsto para sair em novembro – ao gravar, para essa música, um clipe somente em filme, sem versões digitais.
Já Anitta se tornou a primeira artista brasileira a se apresentar no VMA. Com uma performance simples e breve, marcada por uma parceria com o Burger King e muito playback, a nossa girl from Rio teve seus merecidos momentos de brilho. E embora tenha começado há menos tempo, Pabllo Vittar arrasou no clipe de Bang Bang. Homenageando a artista Mylla Karvalho, a drag queen mais popular do mundo entregou muita coreografia no vídeo dirigido por Vinícius Cardoso – e o mais recente foco dentro de seu último álbum, Batidão Tropical.
Fazendo uma cobertura cautelosa e bastante ampla do que rolou no mundo da Música no nono mês de 2021, o Nota Musical reúne os melhores e piores lançamentos musicais de Setembro. Compromissados com a valorização da Arte e de informações e dados de qualidade, a Editoria e os Colaboradores do Persona tentam trazer um pouco de respiro a quem (sobre)vive no Brasil de 2021, já que falar de Cultura nesta terra devastada é, ao mesmo tempo, luta e resistência.
Estamos no país que mais mata transexuais e travestis no mundo. De acordo com um relatório anual publicado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA), o país teve um total de 175 pessoas transexuais assassinadas em 2020. Esse número equivale a uma morte a cada dois dias, de vítimas que eram mulheres trans/travestis, em sua maioria negras, pobres e prostitutas. E não, Manhãs de Setembro não retrata a realidade de uma estatística, pelo contrário, a série nos permite vivenciar um drama que foge dessas fatalidades, mas sem esconder a dura realidade do que é pertencer a esse recorte num país como o Brasil.
O segundo semestre do ano finalmente chegou. No meio dos dias dolorosamente frios de Julho, o que faltou de calor teve de lançamentos – alguns ótimos, e outros nem tanto. As músicas e álbuns lançados no último mês já marcaram 2021, e com certeza vão entrar nas listas de playlists de quarentena. Então, para não deixar nada passar batido, o Persona lhes presenteia com mais um Nota Musical.
Se em Junho Doja Cat fugiu para seu próprio planeta, em Julho, foi a vez de Coldplay dar o fora da Terra em Coloratura. A música mais longa da banda, com 10 minutos de duração, já anima os ouvintes para sua próxima era que promete correr longe dos problemas mundanos. Outro fandom presenteado com um ótimo single foi o de Lorde. Com a melancólica faixa Stoned at the Nail Salon, a ex-sumidanos deixa cada vez mais ansiosos para Solar Power, seu novo disco a ser lançado no fim de agosto.
E entre os admiradores da neozelandesa está Conan Gray, que depois de anos cantando sobre a mesma pessoa, diz nunca ter se apaixonado em People Watching. Sério, Conan? Por outro lado, quem não esconde se sentir sufocada por um amor tão nocivo quantos seus vícios é Letrux. A artista bilíngue conta do ano mais difícil da sua vida no single I’m Trying To Quit. Ambos os cantores parecem concordar com a sueca Lykke Li quando ela diz que às vezes tudo que a gente precisa é chorar de noite em Wounded Rhymes (Anniversary Edition).
Enquanto isso, Jack Antonoff manda a tristeza embora em Take the Sadness Out of Saturday Night, o terceiro disco de seu projeto solo como líder do Bleachers. Fora do mainstream, o produtor queridinho do mundo indie pop libera toda a sua criatividade musical em álbuns ricos em referências, camadas, sentimentos e energia. Agora, para os que querem gritar no quarto às 3 da manhã, o álbum da WILLOW promete te fazer sentir tudo. O rock alternativo de lately i feel EVERYTHING é honesto em todas as suas faixas, que viajam entre seu coração partido e amadurecimento.
Além da filha do icônico Will Smith, Billie Eilish é outra jovem que liberta suas emoções para quem quiser ouvir. O impecável Happier Than Ever expressa mais sinceridade do que a cantora já fez em toda sua carreira, em um dos discos mais esperados de 2021. A queridinha do Grammy bem que merece um segundo Álbum do Ano, não é mesmo?
Já aqui no Brasil, que está mais unido do que nunca para assistir aos angustiantes jogos das Olimpíadas, nada como boa Música para celebrar o nosso país ganhando – ou perdendo. Luísa Souza comemorou seu aniversário lançando DOCE 22, tão bem recebido pelo público que entrou na lista dos Top 10 Debuts de sua semana de lançamento no Spotify Global. Mas entre acertos e bastante erros na internet, quem merece o seu título de mulher do ano é a inovadora e talentosa Linn da Quebrada. O quem soul eu? é perfeito para quem precisa viajar dentro de si mesmo, assim como todas as faixas intrigantes de Trava Línguas.
O radar de novidades nacionais do Persona também entrou na vibração do jazz de Amaro Freitas em Sankofa, curtiu o rock do novo EP de Ovedrive Saravá, e sentiu o Drama de Rodrigo Amarante. O destaque maior da música brasileira em julho, no entantanto, foi para Marisa Monte, que retorna abrindo as Portas do seu talento para que possamos entrar em seus universos e sermos abraçados por um pouco de otimismo em um ano tão infernal.
Emicida é outro que nos ilumina com sua versão ao vivo de AmarElo. Ouvir as faixas que foram gravadas em um São Paulo de 2019 nos deixa nostálgicos e ansiosos para poder logo voltar a cantar e dançar na companhia de uma multidão. Quando isso for possível, por favor, toquem Borogodó nas festas, pois todos precisamos rebolar ao som de MC Carol novamente.
Falando em festas, o Ander de Elite provou que como cantor é um ótimo ator. Torcemos para que Aron Piper perceba logo que deveria ficar apenas atrás das câmeras, e não do microfone. Ao lado do alemão na lista de decepções do mês, estão Camila Cabello e John Mayer, que pelos méritos de seus novos trabalhos, mostram que já podemos deixar seus lançamentos caírem no esquecimento.
Mas o que não dá e nem se deve esquecer é que ainda vivemos uma pandemia. E em um dos períodos mais dolorosos da humanidade, mais de 4 milhões de vidas foram perdidas. Vidas de parentes, de amigos e de pessoas amadas por outras pessoas. O sentimento tão solitário está, para o bem ou para o mal, juntando cantores e seus ouvintes em faixas que tentam explicar como é tenebroso passar pelo luto.
Em julho, Imagine Dragons e Eliza Shaddad mergulharam em letras que confortam os corações de quem perdeu alguém. A banda estadunidense faz isso através de Wrecked, prenunciando seu novo álbum, enquanto a artista indie sente o luto em In the Morning (Grandmother Song), parte importante de The Woman You Want, disco que é uma das melhores descobertas do ano.
Completando o sétimo mês de Nota Musical, a Editoria do Persona e nossos Colaboradores se uniram, ao lado dos recém-chegados na equipe de Redação, para entregar o apanhado de tudo que rolou em Julho. Para começar bem o segundo tempo desse jogo estressante que está sendo 2021 – não dava para não ter referências de esporte, sabe? -, pegue o lápis e o papel e se prepare para anotar muitas indicações musicais incríveis.
Junho é o mês de enaltecer o amor, e acima disso, é o mês da celebração, da luta e do Orgulho LGBTQIA+. Para marcar a data, o Persona apresenta esta edição do Nota Musical valorizando o trabalho de artistas que fazem parte da comunidade, com destaque especial para os que representam os tons de rosa e azul da bandeira. Nem nos dias que são dedicados à reivindicação de direitos o preconceito do país dá trégua, e ainda hoje, é necessário gritar que Vidas Trans Importam!
Para quem quer ressoar o grito, um primeiro passo é dar play em Liniker, uma das maiores referências da comunidade LGBTQIA+ brasileira, que nos presenteou com o caloroso clipe de seu mais novo single. O mesmo vale para potencializar as palavras e existência de Linn Da Quebrada, que prepara o terreno para seu novo álbum com muito conceito, coesão e aclamação.
Para quem procura novos artistas, Joy Oladokun canta sua vivência como mulher negra, pessoa gorda e LGBTQIA+, em letras biográficas transformadas pelo seu tato singular com as canções. Também falando sobre suas vivências, Home Videode Lucy Dacus é a história de amor e amadurecimento da cantora, que reflete sua própria existência.
Em CALL ME IF YOU GET LOST, Tyler, The Creator, que já explorou sua sexualidade em álbuns anteriores, revisita outras décadas do hip-hop para seu novo trabalho. Ainda assim, o cantor não deixa de passear entre o R&B e o soul e inspirar com sua autenticidade e destreza musical.
O mês firmou nomes que serão lembrados como os Melhores do Ano. No indie rock – com influência do jazz -, Rostam supera a Changephobia com um disco completo e original. No rock alternativo, a grandiosa Wolf Alice lançou o emotivo Blue Weekend. No pop, a revelação Griff se desprendeu da mesmice do gênero com One Foot In Front Of The Other. No pop alternativo, Japanese Breakfast marca 2021 com Jubilee e toda pureza de Michelle Zauner.
O pop brasileiro veio para esquentar o frio de Junho. IZA leva todo seu imenso poder para Gueto, que engrandece a cultura periférica. Marina Sena une o melhor da música nacional em VOLTEI PRA MIM. E com cringe entrando em nosso vocabulário, Garbo sai diretamente do Tumblr e nos apresenta a juventude softpop.
E se estamos sofrendo com as baixas temperaturas por aqui, na Coreia do Sul o girlgroup TWICE esbanja o clima tropical, trazendo um gostinho caloroso para nossas bocas. Ainda do lado oriental da Terra, o calor do verão dá espaço às sombras, no dolorido álbum da chinesa Pan Daijing.
Já Pabllo Vittar prova por a + b que piranha não sente frio, e nos deixa triste e com T em seu Batidão Tropical. O lançamento é uma prova de amor e orgulho por Maranhão, terra natal da cantora. Com regravações e inéditas, um dos melhores álbuns nacionais do ano é criado, dominando o Top 50 do Spotify Brasil.
Mas mais uma vez, é preciso lembrar que a pandemia ainda não acabou. E é para escapar desse ambiente de angústia gerado pelo isolamento social que vemos artistas florescerem e, até mesmo, se reinventarem. É o caso da rapper K.Flay que escuta todas suas Inside Voices e as solta como grito de guerra. De forma mais passivo-agressiva, mas ainda capaz de acolher, Cavetown externaliza seus atormentados sentimentos. Usem máscara, se cuidem e cuidem dos seus.
Seja pelas alterações climáticas, seja pela interminável pandemia, o mundo beira o inabitável. Para fugir disso, Doja Cat cria seu próprio planeta em um disco que divide opiniões. Reafirmando a influência do TikTok no cenário musical, Planet Her lidava com grandes expectativas e entregou os extremismos, entre músicas que vieram para habitar o repeate outras que não queremos na porta de casa.
Junho veio também para ajudar as cantoras a saírem do meio do mato. Na Nova Zelândia, o fogo no rabo de Lorde nos deixou saudosos por verão e praia, e ainda trouxe o gostinho do novo álbum, Solar Power, que virá em agosto. Em solo brasileiro, Marisa Monte nos pediu Calma, pois, depois de uma década, o disco de inéditas está saindo do forno.
Dois anos depois do temível Love + Fear, MARINA volta revigorada com sons do tabu quebrando em Ancient Dreams In A Modern Land. Já Maroon 5 retornou de maneira oposta, batalhando para que JORDI não fosse um trabalho completamente esquecível. Billie Eilish se aproxima de estar mais feliz do que nunca com seu vindouro álbum e aposta numa versão mais debochada de si no single Lost Cause.
O mês das festas juninas foi propício para bolo, guaraná e muito doce. Dois discos gigantes da Música Internacional comemoraram seus aniversários, ganhando de presente edições especiais. O mais velho é o disco de estreia de Alicia Keys, Songs In A Minor, que inovou o R&B e o soul há 20 anos. Além dela, Lady Gaga convida a comunidade LGBTQIA+ para Born This Way The Tenth Anniversary, reinventando o álbum que marcou toda uma geração.
O fenômeno da internet,boy pablo já se tornou figurinha carimbada dos posts mensais. Dessa vez, o jovem chileno-norueguês aparece para finalizar sua trilogia e nos deixar atentos para quais podem ser os próximos passos. Quem também dá as caras de novo é Kali Uchis que, mais uma vez, espreme seu fenomenal trabalho Sin Miedo. Agora podemos apreciar a cantora em versão acústica e vê-la cavalgando em seu cavalo branco. Good Morning Sunshine.
Outra que não larga o osso é Dua Lipa, que ainda vive seu Future Nostalgia. Foi na sola da bota que a cantora lançou o clipe de Love Again, permitindo que fãs e haters criassem teorias sobre um ovo. Relacionamentos falhos? Relacionamento novo? Foto mais curtida do Instagram? Todas essas hipóteses passaram pela cabeça do fandom, mas nenhuma foi confirmada pela artista.
Para os amantes das mídias físicas, BROCKHAMPTON surpreendeu positivamente com o deluxe do psicodélico ROADRUNNER: NEW LIGHT, NEW MACHINE. Com quatro novas faixas para acompanhar vinis e CDs, a banda mantém o alto padrão de qualidade proposto no disco.
A queridíssima Olivia Rodrigo – Olivia Rogéria, para os chegados – nos leva para o mágico mundo da Disney com The Rose Song, parte da trilha sonora da 2ª temporada de High School Musical: The Musical: The Series. A jovem ainda convidou seus amigos para a formatura online. Seguindo os típicos padrões estadunidenses, Olívia apresenta SOUR entre limusine e líderes de torcida.
Para um mês tão importante e recheado de novidades, a Editoria e os colaboradores do Persona encerram a primeira metade de 2021 reunidos para fuxicar os melhores e os piores de Junho e para celebrar o Orgulho LGBTQIA+. O guia mensal de CDs, EPs, músicas, clipes e performances acompanha uma playlist fresquinha pra escutar no carro, no banho ou onde quiser.