Entre a panela de pressão psicológica e a sutileza humana, The Bear segue longe de queimar

Cena da série The Bear. No canto esquerdo, temos o ator Jeremy Allen White, um homem branco de cabelos loiros escuros. Ele está virado com a cabeça para baixo e os olhos fechados. Ao fundo, temos luzes azuis em neon e outras luzes amareladas, que indicam o cenário de uma conveniência. A cena acontece durante a noite.
O retorno de The Bear ocorreu antes da série ser reconhecida com 10 vitórias no Emmy 2023, por sua primeira temporada (Foto: Star+)

Nathan Nunes

AVISO: Este texto contém spoilers

Beef, episódio que marca o retorno de The Bear, abre com Marcus (Lionel Boyce, de Hap and Leonard) tomando conta da mãe acamada em um hospital. Seus gestos são pequenos, mas simbólicos. Uma toalha molhada na testa da senhora, para abafar o calor. O esforço em contar sua rotina para mantê-la informada. Tudo isso sem obter reações, pois, para o confeiteiro, pouco importa a recompensa. Ele se contenta fazendo o que pode e, dessa forma, encontra um propósito. A cena pode parecer simples, mas carrega as principais temáticas que permeiam toda a segunda temporada: o cuidado, a sutileza e a humanidade. 

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The Great: nem mesmo o Emmy impediu o cancelamento de uma série primorosa em sua 3ª temporada

Peter está do lado direito usando trajes nobres de cor marrom com detalhes dourados, além de uma medalha com uma fita vermelha e branca em seu pescoço, já Catherine está ao lado esquerdo com um vestido azul e algum tipo de pele animal, bem felpuda e marrom em seu pescoço. Ambos olhando para a frente e atrás deles tem o que parece uma fonte com esculturas representando corpos humanos.
Entre tapas e beijos, esse com certeza é um casal que se ama (Foto: Lionsgate+)

Samuel Vinícius

Para os apaixonados por produções inspiradas em grandes figuras da realeza histórica, The Great enche os olhos e alegra corações. A série retrata, em meio a grandes bocados de ficção e liberdade poética, a história de Catarina, a Grande (Elle Fanning), a imperatriz Russa que exerceu seu reinado sob algumas influências iluministas, e do Rei Peter III (Nicholas Hoult), um Czar que não tem competência alguma para comandar um império, porém, não cede seu trono à amada esposa com facilidade, mesmo em meio a tentativas de assassinato de ambas as partes. 

A série original da Hulu teve sua terceira temporada lançada em 2023 e, no Brasil, os episódios foram disponibilizados na Lionsgate+ no final de Setembro. A comédia segue com a disputa entre a vontade impetuosa de Catherine de obter um reinado um pouco mais igualitário e menos violento, ao qual a Rússia de meados de 1762 estava subjugada. Porém, percalços aparecerem e a nova Imperatriz tem que guiar seu império pensando muito bem em sua razão e coração – o que não é muito fácil, tendo em vista as várias voltas que a monarca dá sem chegar a lugar nenhum. 

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Os grandes conflitos das Pequenas Coisas da Vida

Cena da série As Pequenas Coisas da Vida. Na imagem, a atriz Kathryn Hahn faz a protagonista Clare Pierce. Ela é uma mulher branca, de olhos claros e possui cabelo castanho claro. Está escorada em um carro azul, ela usa uma blusa verde-oliva, uma saia caramelo, cinto marrom e uma camisa azul listrada.
De mal a pior: aparentemente, tudo dá errado na vida de Clare (Foto: Star+)

Laura Hirata-Vale

A vida é feita de detalhes, de instantes. Eles podem ser repletos de felicidade ou de tristeza. Trazem consigo o luto e a dor, mas também são acompanhados do amor e da alegria. O nascimento de um bebê, a morte de um parente ou o fim de um casamento são tipos de momentos-chave na história de alguém. Os erros e acertos acompanham o ser humano durante seu tempo na Terra, desde o seu início até o seu fim. Em As Pequenas Coisas da Vida (2023), vemos como Clare Pierce (Kathryn Hahn) se comporta perante suas ações passadas e presentes, e como as pequenas coisas podem virar grandes conflitos, que mudam o rumo do futuro.

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O Conto da Aia não sabe a hora de se despedir

Cena da série O Conto da Aia. Serena (Yvonne Strahovski), centralizada na tela dos ombros para cima. A personagem veste um traje todo preto, com um véu sobre o rosto.]
A quinta temporada de O Conto da Aia deixa vários ganchos em aberto, para evitar que os fãs que restaram virem as costas antes da conclusão final (Foto: Paramount+)

Giovanna Freisinger

Na televisão, a regra é clara: quanto mais tempo no ar, mais dinheiro para a emissora. Há pelo menos duas temporadas, O Conto da Aia vem tentando encontrar maneiras de adiar ao máximo seu inevitável fim. A conclusão da quarta renovou os ares para o enredo, com June (Elisabeth Moss) finalmente escapando de Gilead e alcançando sua liberdade, mas, ao arrastar o desenrolar desse novo cenário durante toda a extensão da quinta, a história caiu em mais um ciclo repetitivo. A série, que antes prendia a atenção mesmo diante das sequências mais difíceis de digerir, agora não consegue manter o espectador interessado o suficiente para o próximo episódio. 

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A 2° temporada de Only Murders in the Building mostra que o Edifício Arconia é mais misterioso do que parece

Cena da série Only Murders in the Building. Os três personagens principais - Oliver, Charles e Mabel - aparecem nessa ordem, atrás de uma gaiola, na sala de estar de Oliver. Oliver é um homem branco, de cabelos castanhos desbotados. Charles é um homem branco, de cabelos brancos e óculos. Mabel é uma mulher branca, de cabelos castanhos e usa um brinco de argola grossa e dourada.
“Eu sei quem foi”, disse Senhora Gambolini (Foto: Hulu)

Laura Hirata-Vale

Quem matou Bunny Folger? É essa a pergunta que abre a segunda temporada de Only Murders in the Building, série da Hulu lançada no Brasil em Junho de 2022 pelo streaming Star+. Depois de solucionarem o assassinato de Tim Kono (Julian Cihi), os moradores Mabel Mora (Selena Gomez), Charles-Haden Savage (Steve Martin) e Oliver Putnam (Martin Short) se juntam novamente após o corpo da mais querida e detestada síndica do edifício Arconia ser encontrado com uma agulha de tricô no peito, no apartamento de Mora. Em dez episódios, o público descobre informações sobre a história dos três protagonistas e do prédio, enquanto tenta desvendar o mistério da morte de Bunny (Jayne Houdyshell).

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The Bear: Como assim tem um urso na cozinha do Star +?

Cena da série The Bear. No canto inferior esquerdo, temos o ator Jeremy Allen White, um homem branco de cabelos loiros escuros, vestindo camisa branca e avental azul. Ele tem tatuagens difíceis de identificar em seu braço esquerdo. No centro, temos o ator Lionel Boyce, um homem preto vestindo gorro vermelho, camisa preta e avental branco. No canto inferior direito, temos o ator Ebon Moss-Bachrach, um homem branco de cabelos curtos pretos, barba por fazer, vestindo uma camisa azul com um logotipo branco estampado no peito direito e uma blusa branca amarrada em sua cintura. Ao fundo, temos o cenário de uma despensa de alimentos de metal acinzentado, a qual Lionel está segurando a porta e Jeremy está na frente de uma estante com alimentos em caixas. A cena acontece durante o dia.
Assim como qualquer edição do MasterChef, The Bear mostra que a cozinha também pode ser um inferno (Foto: Star+)

Nathan Nunes

Um dos reality shows mais famosos do canal Food Network é o S.O.S. Restaurante, apresentado pelo chef de cozinha Robert Irvine. Nele, o anfitrião tenta salvar restaurantes em situação crítica, seja financeira, sanitária ou emocional. O grande charme do programa é a possibilidade de imersão no cotidiano da gastronomia, nem sempre tão atrativo e tampouco saudável para os profissionais quanto os pratos de comida são para nós. Felizmente, tudo dá certo ao final de cada episódio e Irvine consegue cumprir sua missão de mudar a rotina dentro desses estabelecimentos, coisa que os trabalhadores da casa de sanduíches The Beef provavelmente sonham desde os minutos iniciais de O Urso

Tendo Christopher Storer (Bo Burnham: Make Happy) como showrunner, a série, original da Hulu nos Estados Unidos e do Star+ no Brasil, é figurinha carimbada nas premiações do começo desse ano, com projeções até mesmo para o Emmy. Além da indicação na categoria de Melhor Série de Comédia ou Musical, o projeto se destacou principalmente através de seu único membro vitorioso: Jeremy Allen White (Shameless e Homecoming), vencedor do Globo de Ouro e do Critic’s Choice como Melhor Ator em Série de Comédia pelo desempenho como o protagonista Carmy.

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The Great: Com elegância e estratégia, Catarina molda seu império

Fotografia da série The Great. A imagem é retangular e mostra a personagem Catherine da cintura para cima, centralizada. Ela está em um salão fechado, com paredes detalhadas e douradas. Catherine é interpretada por Elle Fanning. Elle é uma mulher jovem, loira, branca com um nariz pequeno e traços delicados. Ela usa um vestido dourado, de época. Em sua cabeça há uma coroa grande, de rainha. Ao fundo só há uma parede atrás de si.
I am terrifying” (“Eu sou aterrorizante”) – Catherine, A Grande (Foto: Hulu)

Mariana Nicastro

HUZZAH! A Rússia é de Catherine na segunda temporada de The Great (ou A Grande, em seu título original). Proveniente do Hulu e disponibilizada no Brasil pelo Starzplay, a série chegou de mansinho, sem muito alarde. Porém, basta uma olhadinha na premissa instigante da ascensão do poder feminino na monarquia russa do século dezoito somada a um tom satírico, divertido e muito atual para conquistar o público com um equilíbrio incrível entre Comédia e Drama, e atuações dignas de um Emmy.

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Com um olhar aconchegante, Crush é uma revolução espontânea dos jovens queer nas telas do cinema

Jovens abertamente queer, medos e um amor fofo preencheram a narrativa de Crush e o coração do telespectador (Foto: Hulu)

Monique Marquesini

Os romances adolescentes nas telas são como deliciosas histórias confortáveis, com seus clichês e casais. Na comédia romântica Crush, a narrativa é centrada em uma receita antiga: aquela em que a personagem busca atenção de sua suposta alma gêmea, quando, na verdade, seu amor está mais perto do que se imagina. Porém, seu grande diferencial é que somos transportados para as aventuras e amores do Ensino Médio ao lado de uma jovem queer.

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Bobbi amava Frances que ama Nick que ama Melissa

Moldura vermelha retangular. No canto superior esquerdo e no canto inferior direito, vemos o logotipo do Persona, o desenho de um olho com um símbolo de play ao centro. Ao centro do retângulo, vemos a capa do livro Conversas entre amigos. A capa tem o fundo verde azulado. Na parte superior central, vemos a palavra "conversas" em uma fonte branca sem serifa, alinhada à esquerda. Abaixo, vemos a palavra "entre" na mesma fonte, alinhada à direita. Abaixo, vemos a palavra "amigos" centralizada. Centralizada na capa, vemos as palavra "Sally Rooney", na mesma fonte, na cor preta. Na parte inferior da capa, vemos uma mulher branca de cabelos castanhos lisos, de costas, à esquerda. À direita, vemos uma mulher branca de cabelos pretos presos em um rabo de cavalo e usando óculos rosa, de perfil.
Lançado em 2017, Conversas entre amigos completa 5 anos no mês de lançamento da série adaptada (Foto: Editora Alfaguara)

Vitória Lopes Gomez

Frances e Bobbi são melhores amigas que já namoraram. Frances tem uma queda por Nick, e Bobbi, por Melissa. Nick e Melissa são casados. É partindo desse emaranhado que Sally Rooney, em seu livro Conversas entre amigos, encontra terreno fértil para dissecar relacionamentos contemporâneos e seus envolvidos, assim como as dinâmicas sociais e de poder das relações interpessoais modernas. Se a irlandesa escreve, essencialmente, sobre pessoas normais vivendo sua realidade – mesmo que seja uma realidade inventada, somente baseada na vida real da autora ,- essa obra de estreia  mostra que, mesmo antes do fenômeno Pessoas normais, Rooney já mostrava a potência de suas histórias fictícias reais.

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Dopesick é cirúrgica, mas sem anestesia

Cena da série Dopesick. Nela, o personagem de Keaton, acompanhado de 3 pessoas, está olhando para frente com a cabeça levemente inclinada para cima, provavelmente para um palco. Keaton é um homem de meia idade, branco, olhos azuis e calvo. Ele usa uma camisa listrada que aparece somente a gola, pois também está usando uma jaqueta bege. As outras pessoas, da esquerda para a direita são respectivamente: uma mulher branca, também de meia idade, de cabelos pretos médios e que está ao lado esquerdo de Keaton. Ela usa um vestido azul-marinho com estampa de flores. Um homem branco também de meia idade que está atrás de Keaton e desfocado, tem cabelos brancos e usa uma camisa e um terno preto. E por último, outro homem de meia idade que aparece na extremidade direita e está cortado, aparecendo somente parte esquerda de seu óculos quadrado e a ponta de seu nariz.
Estrelada e produzida por Michael Keaton, a minissérie conseguiu 3 indicações ao Globo de Ouro, incluindo a vitória em Melhor Ator em Minissérie, 3 indicações ao Critics Choice Awards e a recente conquista de Michael Keaton no SAG Awards por Melhor Ator em Minissérie ou Filme Para TV (Foto: Hulu)

Guilherme Veiga

Recentemente, um curioso fenômeno tem ocorrido na indústria audiovisual, em que nomes estão saindo do seio cinematográfico hollywoodiano e se aventurando no segmento televisivo. Kate Winslet é um exemplo, com a excelente Mare of Easttown; o diretor Adam McKay é um dos responsáveis pela surpresa que foi Succession; e Nicole Kidman virou figura recorrente nas séries. Mas qual a razão desse chamariz? Qualidade, sem dúvida, é uma das respostas, o que pode fazer com que categorizemos essa época como uma nova Era de Ouro da TV e do streaming. Outros fatores podem ser listados, como liberdade criativa, roteiros desafiadores, diversidade de histórias e apostas das plataformas no formato. Todos esses ingredientes estão presentes na bula de Dopesick.

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