O retorno de The Bear ocorreu antes da série ser reconhecida com 10 vitórias no Emmy 2023, por sua primeira temporada (Foto: Star+)
Nathan Nunes
AVISO: Este texto contém spoilers
Beef, episódio que marca o retorno de The Bear, abre com Marcus (Lionel Boyce, de Hap and Leonard) tomando conta da mãe acamada em um hospital. Seus gestos são pequenos, mas simbólicos. Uma toalha molhada na testa da senhora, para abafar o calor. O esforço em contar sua rotina para mantê-la informada. Tudo isso sem obter reações, pois, para o confeiteiro, pouco importa a recompensa. Ele se contenta fazendo o que pode e, dessa forma, encontra um propósito. A cena pode parecer simples, mas carrega as principais temáticas que permeiam toda a segunda temporada: o cuidado, a sutileza e a humanidade.
A atriz deve parte de seu reconhecimento à Marianne, personagem que interpretou em 2020, em Normal People (Foto: Searchlight Pictures)
Amabile Zioli
Quem nunca achou que sua vida amorosa não tinha mais salvação? Fresh abraça esse sentimento, junto com a tensão, angústia e aflição comumente provocados pelo suspense e cria uma atmosfera diferente da que estamos acostumados: o terror vem acompanhado de uma comédia leve e usa o romance como seu coadjuvante.
Em seu longa de estreia, Mimi Cave dirige um verdadeiro show de horrores. Mantendo a fotografia e edição como cúmplices, a diretora monta um thriller sem ter tanta coisa nova para contar. Já saturados, o roteiro e o encaminhamento sofrem alguns ajustes nas mãos de Cave. Afinal, quem quer ver mais uma história sobre a vítima indefesa nas mãos de um homem perverso?
Quem não ama uma boyband? (Foto: Universal Pictures)
Agata Bueno
O terceiro filme da saga Trolls não é só para crianças e nem para quem chegou de paraquedas na relação entre os Bergens e as pequenas criaturas de cabelo colorido. A terceira animação da franquia acerta, mais uma vez, em abordar situações complexas do mundo real a partir do ponto de vista dos seres fãs de abraços. Com trocadilhos bem colocados entre as aventuras dos personagens e um amadurecimento das relações vistas inicialmente, Trolls 3 – Juntos Novamente mescla um humor um tanto mais crescido com cores vibrantes.
No segundo ano, os garotos mais fofos do mundo têm o seu amor ampliado e escancarado da forma como deve ser: aos quatro cantos do mundo (Foto: Netflix)
Guilherme Machado Leal
Após o estrondoso sucesso da primeira temporada de Heartstopper, ficou claro que a criadora Alice Oseman possuía uma árdua tarefa pela frente: entregar ao público um segundo ano que não só mantivesse a série no mesmo nível da sua estreia, como também a superasse. Com um orçamento maior, novos personagens e locações, a história centrada no amor de Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor) está mais viva do que nunca.
Num futuro em que a terra se torna inabitável e os humanos migraram para outro planeta em busca de um recomeço, uma dúvida surge: se no espaço não se propaga o som, como as gerações futuras irão escutar música? (Foto: Fábio Augusto)
Aryadne Xavier
Fabrício Soares, mais conhecido como FBC, já trilhava seu caminho na Música há um longo tempo quando seus versos viraram sucesso nacional, no álbum BAILE, parceria com o produtor VHOOR. Tendo como carro chefe as canções Se Tá Solteira e De Kenner, os maiores triunfos do disco, o conjunto direciona o ouvinte diretamente para o passado ao se utilizarem de batidas que ecoam o Furacão 2000 e o funk brasileiro dos anos 1990, mesclando a nostalgia sonora com versos muito bem estruturados e performados. Após essa explosão, não é de se assustar que alguma expectativa sobre um novo projeto existisse. Em 2023, dez anos depois de seu primeiro EP intitulado C.A.O.S, o padrim retorna com um de seus trabalhos mais potentes e que reafirma seu nome entre os maiores artistas brasileiros da atualidade.
Em O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão nos Levar para Outro Planeta, o artista faz um caminho no mínimo inusitado: em uma era onde quanto mais passível de viralizar no TikTok melhor o seu lançamento será, FBC mira em Jorge Ben Jor e aposta em um respiro no meio de tanta informação. O que parecia ser andar na contramão para muitos produtores, foi a maneira que o autor encontrou de ser fiel a como enxerga sua Arte e como quer transmitir suas mensagens nos dias atuais – e, se vier a viralizar, foi consequência não planejada. Como o próprio já assumiu em recentes entrevistas, não se prender a um único nicho tem sido o guia dessa nova fase de seu trabalho, agora já muito mais amadurecido.
Richard Curtis é o roteirista de comédias românticas famosas como Quatro Casamentos e um Funeral (1994), Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) e Simplesmente Amor (2003) [Foto: Universal Pictures]Henrique Marinhos
Lançado em 2013, Questão de Tempo foi um experimento muito bem-vindo. Dirigida e roteirizada por Richard Curtis, a comédia romântica, que completa uma década em 2023, explora as possibilidades e os limites das viagens no tempo, tanto como um recurso narrativo quanto uma metáfora para as escolhas e os arrependimentos da vida. O maior acerto do clássico moderno e despretensioso é não se preocupar em explicar mirabolantemente as ciências da viagem no tempo, mas usar seu espaço para relacionar a temporalidade – que quase se personifica – aos afetos dos personagens e suas relações com o mundo.
Uma das cenas mais esperadas do ano também é uma das mais lindas (Foto: Apple TV+)
Guilherme Veiga
“Fundamentalmente é algo que, por alguma razão, permanece. Algo que você pode ver anos depois ou 10 anos depois você irá ver e será diferente. Em outras palavras, há algo a mais para aprender sobre si próprio e sobre a vida”
Foram com essas palavras que Martin Scorsese definiu sua percepção sobre Cinema. Fatores como sua própria filmografia ou seu instituto The Film Foundation, responsável por restaurar mais de 1000 filmes, colocam o diretor como uma espécie de guardião vivo da Sétima Arte.
O próprio idealizador já afirmou que foram os filmes que moldaram sua percepção da vida enquanto criança, por isso, nada mais justo que florescesse nele o ímpeto por contar e eternizar histórias. Isso resultou em uma carreira ímpar, primorosa e incontestável, fazendo que somente Scorsese fosse a única pessoa possível para, desta vez, dar voz a toda a vivência de um povo através de sua nova obra-prima, Assassinos da Lua das Flores.
The Wolf of Wall Street arrecadou mais de 400 milhões de dólares em bilheteria (Foto: Paramount Pictures)
Nathalia Tetzner
Poucos diretores sabem explorar o lado mau dos homens como Martin Scorsese e, no campo dos atores, são raros aqueles que, à la Leonardo DiCaprio, sabem se despir para viver na pele uma figura ‘8 ou 80’. Na floresta do capitalismo selvagem, O Lobo de Wall Street surge, em 2013, sem escrúpulos ou moralismo para retratar a trajetória de Jordan Belfort pelos edifícios carnívoros do distrito financeiro mais cobiçado do mundo.
Spider-Man foi lançado em Setembro de 2018 e teve edições remasterizadas lançadas em 2020 para PS5 e em 2023 para PC (Foto: Insomniac Games)
Nathan Sampaio
O herói, na definição clássica da literatura, é aquele capaz de se sacrificar pelo bem comum e mudar o cenário em que está inserido. Porém, mesmo tendo qualidades louváveis, ainda assim é preciso que existam falhas e defeitos em sua personalidade para torná-lo mais humano e realista. Não há nenhum personagem que se encaixe tão bem nessa definição quanto o Homem-Aranha, aquele que em sua origem aprendeu que “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”e na atualidade se tornou um símbolo do heroísmo. Poucas mídias conseguiram transpor essa sensação tão bem quanto o jogo Spider-Man, que completa cinco anos em 2023.
Após oito anos de atuação como Homem-Aranha, dessa vez Peter Parker terá que enfrentar a gangue liderada pelo Senhor Negativo, que busca matar o Prefeito Norman Osborn e causar o caos em Nova York. Ao mesmo tempo, o herói precisará lidar com questões pessoais, como o trabalho na Octavius Industries, a ação voluntária na organização F.E.S.T.A e a relação com sua ex-namorada Mary Jane.
Nada prepara alguém para estar na pele de Jimmy Keene (Foto: Apple TV+)
Agata Bueno
Às vezes, o rumo de uma história leva um personagem comum do céu ao inferno, transformando-o num mocinho ou num bandido. Em certos enredos, dois passados ordinários podem se cruzar e dar lugar a um único e excruciante presente, que vai além do maniqueísmo dos livros de faz de conta. Em Black Bird, por sua vez, a angústia que acompanha cada indivíduo da trama não foca em heróis ou vilões, mas deixa claro o que é certo e o que é errado; e como os caminhos se cruzam, independentemente do seu passado. Uma percepção que ultrapassa as ideias de bem e mal – se é que é possível separá-las -, e questiona o quão ingênuo ou arrogante alguém pode ser.