Eraserhead: a grotesca história de um pesadelo real

Eraserhead1

Elisa Dias

Quarenta anos atrás, David Lynch lançava ao mundo seu primeiro longa-metragem: Eraserhead. Com roteiro de 21 páginas e cinco anos de filmagens, devido a problemas de financiamento, o filme já começa a revelar, mesmo que de maneira não intencional, uma onda de contrastes – que vão desde a oposição entre claro e escuro aos universos do onírico e do real. Continue lendo “Eraserhead: a grotesca história de um pesadelo real”

Harry Styles e as novas direções

Harry Styles

Lara Ramos Ignezli

Pouco mais de um ano após a pausa da One Direction, Harry Styles volta ao mundo da música com seu primeiro álbum solo autointitulado. O disco foi lançado oficialmente no dia 12 de maio: uma junção das músicas que um Harry Styles pré-adolescente ouvia sozinho no quarto, a experiência pop que teve na boyband e o que pretende fazer daqui pra frente; uma agradável bagunça musical que exalta a indefinição do seu criador. Continue lendo “Harry Styles e as novas direções”

13 Reasons Why: os abusos sistemáticos a uma adolescente

11185

Gabriela Abreu e Camila Rodero

(Essa crítica contém spoilers!)

Se você frequentou redes sociais nos primeiros dias depois do lançamento de 13 Reasons Why, é possível que você tenha visto mais alertas de gatilho nesse período do que em uma vida de programas policiais sensacionalistas. O motivo, e na verdade é importante que isso esteja claro, são as temáticas de suicídio na adolescência e estupro.
Continue lendo “13 Reasons Why: os abusos sistemáticos a uma adolescente”

Corra! não assusta, mas incomoda

corra! filme poster

Egberto Santana Nunes

Apropriação cultural, racismo institucional, a solidão da mulher negra, relacionamentos inter-raciais. Podemos dizer que, pelo menos nos últimos 20 anos, nunca essas questões foram tão debatidas e tiradas do tabu quanto tem sido agora. E é claro que tais pautas seriam usadas – como sempre foram – pela sétima arte. Os últimos bons exemplos foram Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016) que debate a busca por identidade enquanto homem negro e gay e o documentário indicado ao Oscar Eu Não Sou Seu Negro, que conta a história de James Baldwin a partir de um manuscrito inacabado do escritor, tal como a trajetória de luta de Malcolm X, Medgar Evers e Martin Luther King Jr., ativistas pelos direitos dos negros nos EUA. Agora o mais novo lançamento nos cinemas americanos inova ao debater o racismo disfarçado e os relacionamentos inter-raciais por uma ótica diferente, o terror.

Continue lendo “Corra! não assusta, mas incomoda”

Criolo na espiral do samba

criolo espiral de ilusão samba

Rapper lança seu quarto autoral com referências do samba raiz e critica a atual política brasileira

Heloísa Manduca

No dia 28 de abril, o rapper Criolo lançou seu mais recente trabalho. O novo disco leva como título Espiral de Ilusão. Agora, com uma pegada totalmente nova, trouxe todas as faixas em ritmo de samba. Bem, pensando melhor, o ritmo não foi tão inédito assim; o que foi surpreendente é o fato de todas as 10 faixas do álbum se basearem nele.   Continue lendo “Criolo na espiral do samba”

Slowdive no Balaclava Fest: das demoras que valem a pena

Jovens tímidos da década de 90: Scott, Nick, Rachel, Chris e Neil
Jovens tímidos da década de 90: Scott, Nick, Rachel, Chris e Neil

Nilo Vieira

Após a estreia com Just For a Day (1991), o Slowdive levou dois anos para colocar a obra-prima Souvlaki (1993) na praça. Para os parâmetros atuais não parece muito tempo, mas muita coisa aconteceu nesse meio tempo: o relacionamento entre os vocalistas Neil Halstead e Rachel Goswell acabou, os parceiros de gravadora My Bloody Valentine quase levaram a Creation Records à falência com Loveless (1991) e a imprensa já esnobava o shoegaze – enquanto o grunge atingia seu ápice na América do Norte, o britpop começava a ganhar força na terra da rainha. Os resultados vieram catastróficos, com avaliações agressivas (“Slowdive? More like slow death!”, “Eu odeio o Slowdive mais que Hitler” e afins) e shows praticamente vazios. Continue lendo “Slowdive no Balaclava Fest: das demoras que valem a pena”

10 anos após Riot!, Paramore se encontrou ou se perdeu em After Laughter?

paramore after laughter

Bárbara Alcântara

Quem ouviu de cabo a rabo o álbum Riot!, em 2007, e se apaixonou por Paramore, ficou no mínimo surpreso com o recém-lançado After Laughter. O 5º álbum de estúdio não se distancia só do repertório da banda: também foge completamente das tendências atuais. Em meio a um revival dos anos 90, e de um relativo retorno da popularidade do pop punk e do emo – estilos que fizeram a banda deslanchar – o lançamento traz baladinhas oitentistas, entre o new wave, o synthpop e o pop tropical. Continue lendo “10 anos após Riot!, Paramore se encontrou ou se perdeu em After Laughter?”

Dissecando estereótipos: Dear White People e a vivência negra

Poster

Leonardo Teixeira e Matheus Dias

“Eles estão pouco se fodendo para a Harriet Tubman!”, grita Coco Conners (Antoinette Robertson) na desesperadora cena de abertura de Cara Gente Branca (Dear White People), produção da Netflix concebida por Justin Siemen e lançada em abril deste ano. A referência à importante figura do ativismo negro é apenas um exemplo do alerta importante que a série faz: temos medo de tocar nos assuntos espinhentos. Uma festa de blackface (em que se pinta o rosto de preto, numa tentativa infeliz de incorporar uma identidade visual negra) é o ponto de partida da obra para dissecar o racismo institucional nas universidades, a militância negra e, por tabela, a sociedade pós-moderna. Continue lendo “Dissecando estereótipos: Dear White People e a vivência negra”

Fahrenheit 451: Alienação, ideologia e fogo

fahrenheit451

Vitor Guatelli Portella

“Onde se lançam livros as chamas, acaba-se por queimar também os homens”.

A leitura é ferramenta mais poderosa de esclarecimento da humanidade. Livros são objetos de valor inestimável para uma sociedade. Um mundo sem livros é um mundo à mercê do supérfluo, da ignorância e da submissão. Somos formados pelo o que lemos, pelo o que nossos pais leram e pelo o que os pais de nossos pais leram. A emancipação vem da reflexão. Continue lendo “Fahrenheit 451: Alienação, ideologia e fogo”

Olhares distantes na Exposição “Arte Contemporânea no acervo Sesc”

capa
Reprodução/SESC

Adriano Arrigo

Os olhos de Ana Júlia Lucarelli não paravam de acompanhar os traços de carvão que a artista Letícia Sekito desenhava no chão da entrada do Sesc Bauru. Letícia era convidada do Sesc para a abertura da mostra Arte Contemporânea no Acervo Sesc, apresentação itinerante que chegou a Bauru em 30 de Abril e permanecerá até 2 de Julho. Assim como Ana Júlia, outras crianças permaneciam no local, bem no limiar entre a performance de Letícia e o espaço dedicado ao público. Continue lendo “Olhares distantes na Exposição “Arte Contemporânea no acervo Sesc””