Neurosis no Brasil: tempos de (des)graça

Gente como a gente: Neurosis no Carioca Club (Foto: Fernando Yakota)

Nilo Vieira

Foi estranho descobrir que os membros do Neurosis têm empregos fora da música. Como é possível? Uma das bandas mais influentes do metal! O disco mais famoso do Sepultura foi influenciado por eles. Mastodon e Converge, dois nomes metálicos celebradíssimos da década passada, têm relações estreitas com o quinteto. Até na música do Slipknot é possível sentir traços do grupo californiano. Continue lendo “Neurosis no Brasil: tempos de (des)graça”

Thriller: o topo ainda pertence a Michael Jackson

Estilera foda: fotografado por Dick Zimmerman, “Thriller” é Michael Jackson em sua mais extravagante forma vista até então (Foto: Divulgação)

Leonardo Teixeira

Escrever sobre Michael Jackson é sempre um desafio. Isso porque, considerando o tamanho do artista, fica difícil não querer abraçar o mundo dentro de uma dezena de parágrafos para fazer jus ao tema. Fugir de clichês é outra tarefa intrincada, considerando que o talento Rei do Pop já foi dissecado e exaltado cerca de um milhão de vezes por cerca de um milhão de pessoas e veículos. Continue lendo “Thriller: o topo ainda pertence a Michael Jackson”

Cidade de Deus e Tropa de Elite: as duas faces de uma guerra

Gabriel Leite Ferreira

Fazer cinema no Brasil é uma batalha. De um lado, há a supremacia de Hollywood na maioria das salas de cinema, que domina o gosto do público; de outro, o monopólio da Globo Filmes sobre os lançamentos nacionais mainstream. Superar ambas barreiras é um feito para poucos. Dois aniversariantes desse ano conseguiram tal proeza: Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007).

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Melhores discos de Novembro/2017

Craque Neto pistola: mesmo após o título do Corinthians, este meme ainda é a melhor tradução de 2017 (Band/Reprodução)

Adriano Arrigo, Leonardo Teixeira, Matheus Fernandes, Nilo Vieira

Em novembro, o mundo perdeu o rapper Lil Peep e o ex-guitarrista do AC/DC, Malcolm Young. Embora de faixas etárias e ritmos diferentes, os dois convergem pelo público cativado por suas músicas, majoritariamente jovem. Também pela situação triste do falecimento: o primeiro morreu de overdose aos 21 anos, enquanto o segundo se encontrava abatido pela demência e se foi aos 64.

Enquanto isso, a curadoria mais bolada da internet brasileira tentou não se abalar e fechar o ano com chave (qualquer uma serve, não precisa ser de ouro). Entre os destaques dos últimos 30 dias e discos que resgatamos para a sua lista de melhores do ano não ficar feia, cá estão nossas escolhas: Continue lendo “Melhores discos de Novembro/2017”

A universalidade do Sigur Rós em São Paulo

(Foto: Fabricio Vianna)

Nilo Vieira

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o baixista Georg Hólm afirmou que se surpreende com a popularidade do Sigur Rós. Numa primeira análise, essa incredulidade faz muito sentido: apesar do forte senso melódico, o som do grupo é caracterizado por estruturas longas, que variam entre a melancolia esparsa e crescendos ruidosos no estilo do Godspeed You! Black Emperor. É música de picos extremos, com letras cantadas no idioma nativo da gélida Islândia. Continue lendo “A universalidade do Sigur Rós em São Paulo”

Liga da Justiça carece de traços autorais e cai no ordinário

Filme relega a visão de Zack Snyder do Universo DC, mas tampouco é atraente como obra cinematográfica.

Lucas Marques

Dentre tantos defeitos que o primeiro longa-metragem da Liga da Justiça poderia ter, ele possui o pior: ser esquecível. Não há nada mais triste do que presenciar filmes eventos exorbitantemente caros serem tímidos e não despertarem fortes emoções. Também dirigido por Zack Snyder, o antecessor Batman v Superman é uma das obras mais esquizofrênicas que o mainstream já viu – objetivamente pior que Liga da Justiça -, mas ao menos se parece com um filme caro, capaz de gerar amor e ódio. Até hoje as pessoas discutem BvS. De Liga da Justiça não podemos esperar o mesmo. Continue lendo “Liga da Justiça carece de traços autorais e cai no ordinário”

A maturidade do Converge em The Dusk in Us

Nilo Vieira

The Dusk in Us, nono álbum do Converge, não traz novidades à carreira do quarteto de Massachusetts. Os integrantes são os mesmos, design gráfico e produção são novamente assinados, respectivamente, pelo vocalista Jacob Bannon e o guitarrista Kurt Ballou. A dinâmica musical também não mudou: vocais urrados, timbres sujos e controlados, estruturas tortas e dissonâncias. Continue lendo “A maturidade do Converge em The Dusk in Us”

Vikings: uma carta de amor para a mitologia nórdica

Lucas Lombardi

Na manhã de 8 de junho de 793, longos navios desembarcaram na costa do mosteiro da ilha de Lindisfarne, localizado no território onde hoje é a Inglaterra. Sem forma alguma de defesa, os monges do mosteiro foram massacrados. Os autores desse ato brutal então velejaram de volta para casa, carregando consigo tudo de valor que haviam encontrado: metais preciosos, arte e escravos. Eram guerreiros pagãos, normandos, oriundos da Escandinávia. Esse evento ecoaria por toda a Inglaterra, dando início à Era Viking.

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De Janet Jackson a Kelela, o poder da representação negra

Leonardo Teixeira

São muitos os fatores que conferem a um grande artista o status de ícone. Madonna traduziu vanguardas para a linguagem da MTV e as usou para provocar e desconcertar; Prince tirou de sua cabeça genial um terço do que hoje entendemos como música pop; Stevie Wonder oferecia orgulho e excelência negra pra todo mundo que estivesse pronto para ouvir. Continue lendo “De Janet Jackson a Kelela, o poder da representação negra”