Os melhores discos de Dezembro/2016

I'm never gonna dance again :'(
I’m never gonna dance again :'(

Não foi nada fácil, mas sobrevivemos ao ano de 2016! Para comemorar, elaboramos esta edição especialíssima de nossa incansável curadoria mensal com bons álbuns para embalar seu réveillon e, como bônus, ainda citamos alguns discos de outros meses que merecem sua atenção.

E feliz ano novo!

childish gambino awaken my love jimmy fallon parliament

Childish Gambino – “Awaken, My Love!”

funk / soul

No ano em que se destacou na televisão com o humor surrealista de Atlanta, Donald Glover também transformou sua carreira musical, trocando o hip-hop cômico de seus trabalhos anteriores pelo funk e o soul dos anos 70.

Fortemente influenciado pelos trabalhos de Funkadelic e Sly and the Family Stone, o disco evita se tornar derivativo ou exageradamente homenageativo com alguns toques modernos e a influência de próprio Glover, principalmente nas letras. Destaque para Redbone, uma das faixas mais exuberantes e passionais do ano, que ganhou uma memorável performance no programa de Jimmy Fallon. (MF)


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Clint Mansell – San Junipero OST

soundtrack

Com raras exceções, as séries televisivas não costumam dar a atenção devida à seu score, elemento essencial para a narrativa audiovisual. Esse ano algumas de nossas produções favoritas resolveram ir na direção contrária e apostar em trilhas sonoras envolventes: Stranger Things, com os synths retrôs de Survive e Black Mirror, com uma antologia de grandes compositores, como Max Richter, Geoff Barrow e Clint Mansell.

É Mansell porém que se destaca, com a música de “San Junipero”, um trabalho nostálgico e etéreo que se encaixa perfeitamente no sensível romance tecnológico do episódio. (MF)


denzel curry imperial the needle drop lil ugly mane

Denzel Curry – Imperial

trap, southern hip hop

A inspiração principal de Denzel é a escola sulista de rap, mas em um passado recente o prodígio de 21 anos fez experimentos cloud com o excêntrico Lil Ugly Mane. Neste álbum, mergulha no trap, mas com uma pegada social à la To Pimp a Butterfly (basta ver a capa).

Se no papel já parece ambicioso, faça as contas: o disco tem menos de 40 minutos, em dez faixas. Pois é, Curry consegue abranger todas essas vertentes de modo competente em pouquíssimo tempo. Seu flow veloz divide o microfone com participações excelentes (até mesmo Rick Ross não faz feio), com referências de cultura pop e a produção cirúrgica fornecendo belas surpresas ao ouvinte. Um dos mais subestimados do ano. (NV)


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Gucci Mane – The Return of East Atlanta Santa

trap

Ano ocupado para o pioneiro de Atlanta: saiu da prisão, garantiu presença no maior hit de 2016, foi homenageado em uma das melhores mixtapes que destacamos aqui e ainda lançou TRÊS – eu repito: três – álbuns.

Este é o mais recente e, como de praxe, é recheado de bangers. Feito por quem tem prioridade e competência no assunto, é uma celebração não apenas ao natal ou à sua liberdade recente, mas à história do trap, que cada vez mais se mostra multifacetado e onipresente na sociedade contemporânea. Em um mundo onde papais Noel morrem pela corrupção e falta de esperança, só nos resta crer em Gucci Mane como novo messias presenteador. As palavras de Nelson Gonçalves não foram de graça, afinal: “Jovens, ouçam trap.(NV)


Mano Brown – Boogie Naipe

boogienaipe

soul/hip-hop

Em seu primeiro disco solo, o líder dos Racionais MCs vai atrás de suas inspirações no soul, disco e funk, acompanhado de seu amigo e produtor Lino Krizz e de uma série de colaboradores como Wilson Simoninha, Seu Jorge e o americano Leon Ware, da Motown.

Boogie Naipe peca na duração e na repetição, mas ainda assim é um dos destaques do ano  com seu clima de festa madrugada paulistana. (MF)


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Solange – A Seat at the Sky

neo-soul, r&b classudo

Ok, um mea culpa antes de tudo: este disco saiu no exato dia em que lançamos a seleção de setembro, e no mês seguinte fiquei empolgado com tanta coisa diferente que esqueci de mencioná-lo. Nem sempre conseguimos acompanhar o ritmo da Internet, amigos! Desculpas por isso.

Quanto ao álbum, é digno de todos os elogios que recebeu. Enquanto sua irmã mais velha fez dos limões uma limonada em um álbum grandioso, Solange apostou suas forças em um disco mais contido, mas de igual poder de fogo. Intimista e direto na ferida, A Seat at the Table é uma verdadeira celebração da cultura afro, que não poupa alfinetadas e nem esforços para criar arranjos memoráveis. Não deixe a tracklist longa te enganar: o álbum não deixa a peteca cair em um único segundo e, quando você menos esperar, já estará apertando o play novamente. Evite cometer meu erro e não deixe passar! (NV)


Vários Artistas – N O I S E

noise

Os mais leigos costumam dividir os sons do mundo entre música e “barulho”. Ainda assim, é pelo lado do barulho, fora das estruturas convencionais, que boa parte das inovações e experimentos acontecem, de John Cage à Metal Machine Music de Lou Reed.

Pensando nisso o canal televisivo Adult Swim, lar de programas como Aqua Teen Hunger Force, Rick and Morty e Eric Andre Show, lança uma compilação de músicas noise, indo do hip-hop industrial do Clipping ao rock dos japoneses do Melt-Banana às paredes de som de Merzbow, em busca de um panorama acessível das possibilidades do noise contemporâneo. (MF)

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