Colette é um curta sobre dor e perdas

Cena do curta Colette. Na imagem vemos duas mulheres, Colette Marin-Catherine, que está sentada, e Lucie Fouble que está ao lado segurando um quadro com a foto preta e branca de Jean Pierre, homem jovem que veste uma camisa e um chapéu. Colette é uma mulher de 90 anos, branca e com cabelo branco, ela veste um casaco branco com listras marrons e óculos. Lucie é uma jovem mulher branca que veste uma blusa azul com listras brancas de mangas longas e óculos. O fundo da imagem é um quarto branco com quatro janelas.
Lucie Fouble é uma historiadora que pesquisa sobre o Holocausto (Foto: The Guardian)

Ana Beatriz Rodrigues

Em tempos sombrios, há uma necessidade de relembrarmos o passado para que os mesmos erros não se repitam, e assistir Colette exerce essa função. O curta produzido pelo The Guardian acompanha Colette Marin-Catherine, integrante da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. Ela é convencida por Lucie Fouble a visitar o campo de concentração que seu irmão foi morto. Essa viagem dolorosa concorre ao Oscar como Documentário em Curta-Metragem.

Colette Marin-Catherine sobreviveu após a invasão de nazistas na França. Mas ela não assistiu apenas o sofrimento de seu povo e lutou junto com a sua família. Jean Pierre, seu irmão, foi preso e levado para o Mittelbau-Dora, campo de concentração em Nordhausen, na Alemanha. A Alemanha Nazista levou 60 mil prisioneiros para esse campo para a construção de foguetes V2. 20 mil deles morreram, e um deles era o irmão de Colette.

Cena do curta Colette. Nela vemos Collete, uma mulher de 90 anos, branca e com cabelo branco que veste um casaco marrom e está sentada numa cadeira de rodas. Quem está conduzindo a cadeira é Lucie, uma jovem mulher branca que veste um casaco preto e uma calça bege. O fundo da imagem é uma caverna onde eram feitas as produções de foguetes durante a Segunda Guerra Mundial.
Colette vai para o campo de concentração que seu irmão foi morto após 75 anos (Foto: The Guardian)

Dirigido por Anthony Giacchino, o ganhador do Emmy em 2008 por Great Moments From The Campaign Trail, o curta concorre ao Oscar de Melhor Documentário. A gravação desde a casa da protagonista te aproxima ainda mais da história. Acompanhar Colette é doloroso e a produção deixa transparecer cada sentimento. 

 A utilização das imagens reais dos campos de concentração e da família da integrante da resistência francesa deixa escancarado o sofrimento causado pela Alemanha nazista. Infelizmente, com os companheiros desta categoria, Collete não possui chances de levar o prêmio. Porém, ele cumpre vários papéis, e um deles é algo que segue com a protagonista. O erro do Turismo Mórbido, a visitação desses locais que carregam histórias horríveis como uma simples viagem, além de mais uma vez mostrar as atrocidades do passado para que no futuro não se repita. 

Cena do curta Colette.Nela vemos Collete, uma mulher de 90 anos, branca e com cabelo branco que veste um casaco marrom e está apoiada na janela de um trem. A vista é de várias árvores.
Colette é a primeira indicação ao Oscar de Anthony Giacchino (Foto: The Guardian)

As cicatrizes da protagonista são retratadas de uma maneira emocionante e sentimos juntos pela perda de Jean Pierre e outras milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. Não há maneira de não chorar com o curta, ainda mais na visita ao campo de concentração. Recolocar os pés onde tantos sofreram de maneiras inexplicáveis traz mais uma vez crueldade que não pode se repetir. 

Colette diz, ao visitar o local em que acontecia a construção dos foguetes, que se aquelas colinas pudessem falar, elas gritariam. E é isso que sua história tem a capacidade de ver. Um grito de dor e de resistência por tudo que nos assombra e pode nos fazer mal. Colette é um filme urgente, um relato angustiante e necessário.

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