Um mergulho no retorno cinematográfico do Radiohead

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Radiohead em 2016 (Foto: Alex Lake)

Nilo Vieira

Desde que o Radiohead, no último natal, enfim interrompeu o longo hiato silencioso de quase cinco anos pelo qual a banda atravessava, algo além das canções chamou a atenção: a relação delas com a sétima arte. “Spectre” era uma música rejeitada para a trilha do último filme da franquia James Bond, “Burn the Witch” veio ilustrada com uma animação que remete ao filme O Homem De Palha e, por fim, “Daydreaming” ganhou um belo videoclipe dirigido pelo diretor Paul Thomas Anderson. Todavia, quando o aguardado novo álbum da banda enfim foi lançado no último dia 8, um outro filme, bem distante do sucesso dos supracitados, veio à tona.
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Lê Almeida e a cena independente que cresce com o noise rock brasileiro

Entre efeitos saturados, riffs de guitarra e som propositalmente barulhento, Lê Almeida vem movimentando o cenário independente do Rio de Janeiro.

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Lê Almeida (segundo da direita pra esquerda) e banda do projeto solo (Foto: Isabela de Souza)

Angelo Cherubini e Daniel Sakimoto

Carioca da baixada fluminense, Lê Almeida começou sua carreira musical tocando bateria em diversas bandas. Atualmente, ainda participa de vários projetos musicais, seja como guitarrista e vocalista, como baterista ou mesmo produtor. Em sua carreira solo, o músico possui dois álbuns e alguns EPs, todos gravados e produzidos pelo próprio Lê, em seu Escritório, onde o multi-instrumentista grava e produz não apenas suas obras, mas também de diversas outras bandas.

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“Crucificados Pelo Sistema”: um documento histórico relançado

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Gabriel Leite Ferreira

Tempos turbulentos originam manifestações culturais turbulentas. Em 1984, a palavra de ordem no Brasil era “crise”. A Ditadura Militar chegava aos vinte anos desestabilizada pela inflação e o povo, já com certa liberdade se comparado aos primórdios do regime, sentia-se ainda mais impelido a combater as autoridades. Daí o movimento das “Diretas Já”, que reivindicava o voto direto para presidente e serviu de prenúncio da redemocratização posterior.

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Bauroots Bloody Roots: Sepultura no Sesc

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Nilo Vieira

Para o bem e para o mal, pode-se afirmar que existe uma inconstância nos trinta anos de carreira do Sepultura. Discos irregulares, problemas com gravadoras, saídas de integrantes, fãs puristas e polêmicas que a imprensa insiste em incitar são alguns dos fatores que contribuíram para que a banda não fosse ainda maior do que é. Porém, esses mesmos desafios forçaram o grupo a sempre buscar novas alternativas – tanto sonoras quanto profissionais – e a permanecerem inquietos, mesmo que nadando contra a corrente. Continue lendo “Bauroots Bloody Roots: Sepultura no Sesc”

Weezer: dois discos e duas faces da indústria cultural

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Nilo Vieira

Lançado no último dia 1, o décimo álbum do Weezer (o quarto homônimo, apelidado de “álbum branco”) mostra o quarteto de Los Angeles voltando às origens. No intuito de transmitir ao ouvinte as ensolaradas vibrações do verão californiano, o rock com melodias pegajosas que alçou a banda ao sucesso retornou ao front, e as guitarras novamente ditam o rumo das canções. Com letras descontraídas e curta duração – 34 minutos distribuídos em 10 músicas -, o produto final é um disco simples, sólido e muito divertido. Continue lendo “Weezer: dois discos e duas faces da indústria cultural”

Belchior: quarenta anos de um delírio com coisas reais

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Nilo Vieira

A ditadura militar, imposta no ano de 1964 e acabando só mais de duas décadas depois, foi um dos períodos mais sinistros da história brasileira: direitos humanos violados, inflação quebrando recordes e censura geral sobre imprensa e manifestações artísticas são alguns exemplos dos males da época – e apenas para ficar nos mais conhecidos. Entretanto, é curioso reparar que grande parte dos discos tidos como os mais representativos da cultura brasileira foram produzidos e lançados justamente nesses anos de chumbo. Continue lendo “Belchior: quarenta anos de um delírio com coisas reais”

BadBadNotGood no Nublu Festival: a nova geração do Jazz

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Matheus Fernandes

Ainda que o jazz possa parecer morto para os que não acompanham, o ritmo continua se transformando, como fez em toda sua história, das Big Bands ao Bebop, do Free Jazz e do Fusion à decadência artística (comercialmente bem-sucedida) do Smooth Jazz.

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The Rolling Stones: a satisfação continua garantida

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(Créditos: Divulgação)

João Pedro Fávero

O mês de fevereiro marcou a quarta passagem da lendária banda The Rolling Stones pelo Brasil. Em suas apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre o grupo mostrou shows recheados de clássicos, porém sempre alterando um pouco o setlist – inclusive deixando uma música ser escolhida pelo público, a partir de uma votação na página da banda no Facebook. Continue lendo “The Rolling Stones: a satisfação continua garantida”

Kendrick Lamar venceu

Kendrick Lamar se apresenta no Grammy
Kendrick Lamar se apresenta no Grammy

Nilo Vieira

O Grammy, assim como o seu primo cinematográfico, é uma premiação criada e controlada pelos mais ricos executivos da indústria cultural. Um evento que depende de, vende e reforça anualmente os mesmos padrões sonoros e estéticos que lhe são convenientes – e tome cantoras despejando vocalizações pomposas, cantores requentando músicas manjadas para homenagear artistas consagrados, dentre outros pedantismos -, impondo escolhas comercialmente viáveis como o crème de la crème artístico. Com o mínimo de apuro crítico, tamanho elitismo cultural é perceptível a olho nu, até porque não se trata de um fenômeno recente. Continue lendo “Kendrick Lamar venceu”