Os melhores discos de Outubro/2016

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Matheus Fernandes e Nilo Vieira

Dentre halloween, eleições, shows e fins de semestre, outubro foi realmente um mês macabro. A aura desses últimos trinta e um dias foi tão bizarra que afetou até nossa curadoria mensal, bem divida: um lado selecionou as melhores trevosidades, enquanto o outro trouxe lançamentos mais ensolarados para balancear. Tem para todos os gostos, como você pode conferir abaixo.

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Slayer: 30 anos da epidemia sangrenta

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Nilo Vieira

“O que é a vida? É o princípio da morte. O que é a morte? É o fim da vida. O que é a existência? É a continuidade do sangue. O que é o sangue? É a razão da existência!” – Zé do Caixão

Lançado em outubro de 1986, Reign in Blood é o terceiro disco do Slayer, quarteto californiano de thrash metal. No entanto, apesar de possuir antecessores, é considerado pelo guitarrista Kerry King como o primeiro álbum “legitimamente Slayer”, onde o grupo enfim encontrou sua própria identidade e as influências da New Wave of British Heavy Metal (presentes na estreia Show No Mercy) ou do Mercyful Fate (crucial para as composições de Hell Awaits serem mais longas) não mais transpareciam.

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Joanne: Lady Gaga faz as pazes com o público

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Leonardo Teixeira

Quase uma década se passou desde que Lady Gaga surgiu no cenário musical. Com visual desafiador e produções contagiantes para as pistas, a nova-iorquina foi um sopro de ar fresco na cena pop, que à época encontrava-se saturada pela mistura prolífica de dance e hip hop, encabeçada por produtores como Timbaland e Jermaine Dupri — atualmente considerados datados, apesar de sua grande contribuição à cultura popular — e lugar comum da criação radiofônica da primeira década do século XXI.

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As Marias do hip hop

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As mulheres sempre presentes nos eventos, mostrando que o protagonismo é delas também (Foto: Bruno Figueiredo)

Bárbara Alcântara (com colaborações de Giovana Moraes, Daiane Tadeu e Ingrid Watanabe)

É pedrada atrás de pedrada: desde as duas séries da Netflix, “The Get Down” e “Luke Cage”, até a recente notícia do disco póstumo do Sabotage, que já está disponível no Spotify. O ano de 2016 está marcado por uma porção de lançamentos, referências e homenagens ao hip hop. Se, por um lado, toda essa repercussão colabora para a difusão dessa cultura de resistência e contestação social, os projetos de grande impacto também retratam o evidente protagonismo masculino na cena. Por essa perspectiva, infelizmente ainda não há nada novo sob o sol.

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Mayhem em São Paulo: uma celebração macabra

Nilo Vieira

Poucos artistas conseguem ter uma relação tão estreita com um gênero musical a ponto de serem capazes sozinhos de representá-lo, não somente no som, em sua integridade. As transformações de Madonna ao longo de sua carreira condensam boa parte da história da indústria pop, os Stones são a mais certeira representação do estereótipo “sexo, drogas & rock ‘n’ roll”. Todavia, é em um nicho bem mais obscuro que podemos observar o quão influente culturalmente uma banda pode ser: trata-se do black metal, cuja força mais representativa são os noruegueses do Mayhem.

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Regina Spektor – Remember Us to Life: um novo gosto à memória

Embora previsível, o sétimo álbum da cantora emerge sentimentos e faz convite ao cultivo de lembranças

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Luis Felipe Silva, estudante de jornalismo da UNESP-Bauru

Como quem musicou um velho diário, Regina Spektor lançou, no último dia 30 de setembro, seu mais recente álbum. Sem muitas surpresas, Remember us to life – o sétimo de estúdio da cantora – vem a público depois de um pseudo-hiato de mais de quatro anos. Nesse meio tempo, Regina foi mãe e emplacou “You’ve Got Time” como tema de Orange is the new Black (série original da Netflix), que lhe rendeu a indicação de Melhor Canção Composta para Mídia Visual no Grammy Awards em 2014. Continue lendo “Regina Spektor – Remember Us to Life: um novo gosto à memória”

Os melhores discos de Setembro/2016

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Após quatro meses de seca, enfim habemus discos de real destaque em 2016 novamente! Vários lançamentos aguardados estavam agendados para este mês, e felizmente não fizeram feio – alguns já se mostram concorrentes fortes para as derradeiras listas do final do ano. Confira abaixo a nossa seleção, com os mais variados gêneros.

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Legião Urbana XXX anos: Ainda é cedo para dizer adeus

Criticidade, emoção e nostalgia marcaram a passagem da banda por Bauru

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Tão correto e tão bonito: Legião Urbana em ação na cidade de Bauru (Foto: Rogério Avelino/JCNET)

Heloísa Manduca

Um show clássico e atual, foi assim que a banda Legião Urbana marcou presença pela primeira vez na noite bauruense do último  17 de setembro, no Sagae Eventos. O espetáculo faz parte do projeto especial que a banda começou em 2015, com previsão de término para este ano, sendo uma comemoração dos 30 anos do lançamento do seu primeiro disco. Com capa branca e uma foto enegrecida dos integrantes, o álbum homônimo foi lançado em 1985 contendo 11 faixas, tais como: ‘Será’, ‘A Dança’, ‘Geração Coca-Cola’, ‘Soldados’ e ‘Por enquanto’.

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Nirvana: 25 anos depois, o espírito adolescente permanece mais forte que nunca

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Você deveria ter um exemplar desse álbum em casa

Nilo Vieira

Apenas colocar Nevermind como o disco mais importante da década de noventa não apenas é redundante, como se revela um reducionismo. É justamente pelo fato do álbum ter se tornado “vaca sagrada” em tão pouco tempo que reside o grande conflito de ser mais discutido do que, propriamente, ouvido. Os embates nem sempre são prolíficos: existem os detratores sórdidos, que opinam que uma banda citada como influência por um segmento de qualidade questionável no rock (o “pós-grunge”, cujos maiores representantes são os odiados Nickelback e Creed) não pode ter credibilidade, ao mesmo passo em que tem-se os admiradores ferrenhos ou até os pouco críticos (do tipo que opina “eu detesto esse disco, mas ele é sensacional, porque é importante”). Continue lendo “Nirvana: 25 anos depois, o espírito adolescente permanece mais forte que nunca”

Vitor Assis Brasil: entre Berklee e o beco das garrafas

Eli Vagner F. Rodrigues

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No seleto grupo de colecionadores de LPs da música instrumental brasileira, aqueles que possuem o álbum Desenhos, de Vitor Assis Brasil, podem se vangloriar de ter um dos documentos fonográficos mais importantes do jazz brasileiro. A gravação de 1966 completa 50 anos e é uma das primeiras mostras do talento daquele que foi considerado o maior saxofonista brasileiro. O álbum foi gravado pelo quarteto integrado pelo pianista Tenório Júnior, morto pelo regime militar argentino em 76, Edison Lobo, no contrabaixo (com apenas 19 anos) e Chico “Batera”, cujo nome dispensa a menção ao instrumento. Continue lendo “Vitor Assis Brasil: entre Berklee e o beco das garrafas”